uma boa ação política pode contribuir para a paz
“Uma boa ação
política, que favoreça a distribuição equitativa de recursos, pode oferecer um
serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto a nível social quanto no âmbito
internacional”. Palavras do Papa Leão XIV aos Parlamentares presentes no
Vaticano neste sábado, 21 de junho, por ocasião do Jubileu dos Governantes.
Na programação
do Jubileu dos Governantes, na manhã deste sábado (21/06) o Papa Leão XIV
recebeu Parlamentares e suas delegações provenientes de 68 países. Ao iniciar
seu discurso o
Papa definiu a ação política como “a forma mais alta de caridade" por seu
serviço à sociedade e ao bem comum, compartilhando com os presentes três
considerações fundamentais para o atual contexto cultural.
Papel da
política ao serviço do bem comum
A primeira
destaca a tarefa dos políticos de promover e proteger o “bem da
comunidade”, especialmente em defesa dos mais fracos e marginalizados, tentando
superar a inaceitável desproporção entre riqueza e pobreza. Destacando que “uma
boa ação política, ao favorecer a distribuição equitativa dos recursos, pode
oferecer um serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto em nível social quanto no
âmbito internacional”.
Liberdade
religiosa e Lei natural
A segunda
reflexão feita pelo Pontífice aos Parlamentares, diz respeito à liberdade
religiosa e ao diálogo inter-religioso. Também neste campo, continuou o
Papa, “a ação política pode fazer muito, promovendo as condições para que haja
efetiva liberdade religiosa e possa se desenvolver um encontro respeitoso e
construtivo entre as diversas comunidades religiosas”. Reconhecendo que,
“acreditar em Deus, com os valores positivos que daí derivam, é uma fonte
imensa de bem e de verdade na vida dos indivíduos e das comunidades”.
Em seguida Papa
Leão introduziu o conceito de Lei natural “não escrita pelas mãos do
homem, mas reconhecida como universalmente válida e em todos os tempos,
encontrando na própria natureza a sua forma mais plausível e convincente”. “A
lei natural”, explicou o Papa, “universalmente válida para além e acima de
outras convicções de caráter mais opinável, constitui a bússola para se
orientar ao legislar e ao agir, em particular sobre delicadas questões éticas
que hoje se colocam de maneira muito mais premente do que no passado, tocando a
esfera da intimidade pessoal”.
Também foi
recordada a Declaração Universal dos Direitos Humanos que já
pertence ao patrimônio cultural da humanidade, disse ainda o Pontífice, pois “é
um texto fundamental que coloca a pessoa humana no centro da busca pela
verdade, devolvendo dignidade a quem não se sente respeitado”.
O desafio da
Inteligência Artificial
A terceira
consideração feita pelo Papa no Jubileu dos Parlamentares refere-se ao desafio
imposto pela inteligência artificial (IA). Embora se reconheça o seu potencial
de ajuda para a sociedade, adverte-se que a sua utilização não deve comprometer
a identidade, a dignidade e as liberdades fundamentais da pessoa humana. O Papa
neste ponto destacou que “a IA é um instrumento para o bem do ser humano, não
para diminuí-lo ou, pior ainda, para definir a sua derrota”.
“A vida pessoal
- evidenciou ainda o Pontífice - vale muito mais que um algoritmo, e as
relações sociais precisam de espaços humanos muito maiores do que os esquemas
limitados que qualquer máquina sem alma possa pré-fabricar”. Concluindo que a
política não pode ignorar tal provocação, ao contrário, é chamada a responder
aos desafios da nova cultura digital com visão e atenção.
O exemplo de São
Tomás Moro
Por fim, o Papa citou o exemplo de São Tomás Moro (Thomas More, Thomas Morus) para os políticos presentes. Recordando que foi um homem fiel às suas responsabilidades civis e um servidor do Estado, interpretando a política como uma missão para o crescimento da verdade e do bem. “A coragem com que não hesitou em sacrificar a própria vida para não trair a verdade, torna-o ainda hoje, para nós, um mártir da liberdade e da primazia da consciência. Que o seu exemplo seja também para cada um de vocês fonte de inspiração e de planejamento”.
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
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