sábado, 14 de setembro de 2019

Editorial do Vaticano:

Reconstruir o futuro dos jovens
A escolha da educação como terreno no qual realizar um pacto global, é um tema prioritário no horizonte dos cenários atuais e futuros. Na Igreja, isso constitui o fio condutor da sua ação.
Silvonei José - Cidade do VaticanoO Papa Francisco continua surpreendendo sempre. No âmbito das comemorações pelos 5 anos da Encíclica Laudato si', o Santo Padre lançou nos dias passados uma mais iniciativa mundial, que será realizada, aqui no Vaticano, no dia 14 de maio de 2020. Estão convidados profissionais que trabalham dentro da sala de aula ou na pesquisa, dirigentes e jovens.
Francisco convida ao Vaticano os representantes das principais religiões, os expoentes de organismos internacionais e instituições humanitárias, cientistas e pensadores, economistas, educadores, sociólogos e políticos, artistas e desportistas, para falar sobre o futuro do Planeta e para assinar o 'Pacto educativo global, "um pacto no qual investir os talentos de todos, para suscitar uma tomada de consciência e uma onda de responsabilidade pelo bem comum da humanidade, partindo dos jovens, para chegar a todos os homens de boa vontade". A Congregação para a Educação Católica explica as razões que estão na base da decisão do Papa de convocar ao Vaticano os grandes da Terra no próximo ano.
“A escolha da educação como terreno no qual realizar um pacto global, é um tema prioritário no horizonte dos cenários atuais e futuros. Na Igreja, - destaca a Congregação para a Educação Católica – isso constitui o fio condutor da sua ação em relação às jovens gerações e ao diálogo com a sociedade e com a cultura. A proposta do Papa Francisco retoma e relança os princípios que sempre nortearam a ação da comunidade cristã em seu compromisso em nível de formação nas escolas, nas universidades e em todas as iniciativas de educação informal e nos caminhos de diálogo inter-religioso e intercultural.
Além disso, a iniciativa promovida pelo Pontífice, quer valorizar o esforço que as organizações estão fazendo para garantir um futuro melhor às gerações mais jovens, intervindo nos sistemas educativos para torná-las mais capazes de responder aos desafios de uma sociedade cada vez mais complexa e em constante mudança. Considerando as questões relacionadas com o "Pacto global de educação”, a coordenação para a realização desta iniciativa foi confiada pelo Santo Padre à Congregação para a Educação Católica em colaboração com outros dicastérios vaticanos competentes".
O evento que terá lugar no Vaticano, em 14 de maio de 2020, no quinto aniversário da encíclica Laudato si, será precedido de uma série seminários temáticos relativos à área dos direitos humanos e das ciências da paz, à área do diálogo entre religiões, aos temas relativos ao pacto educativo entre jovens e adultos, o pacto com a natureza e com o ambiente, os temas da democracia, economia, da cooperação internacional, os aspectos da educação informal, e os que se relacionam com migrantes e refugiados.
Como explicou o próprio Pontífice numa mensagem divulgada para lançar o evento, trata-se de um “encontro para reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”.
“Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”, disse Francisco.
A iniciativa do Pontífice é motivada pela mudança de época que estamos vivendo, não só cultural, mas também antropológica. Esta mudança gera novas linguagens e descarta, sem discernimento, os paradigmas recebidos da história.
Portanto, a educação é colocada à prova num processo que o Papa define como rapidación, isto é, a rápida aceleração e transformação dos pontos de referência. A consequência desta aceleração é a perda de consistência da própria identidade e a desintegração da estrutura psicológica.
Convido – disse – Francisco - a cada um para ser protagonista desta aliança, assumindo o compromisso pessoal e comunitário de cultivar, juntos, o sonho de um humanismo solidário, que corresponda às expectativas do homem e ao desígnio de Deus."
Para alcançar esses objetivos globais, Francisco indica três passos, ou melhor, três “coragens”: a coragem de colocar no centro a pessoa, a coragem de investir as melhores energias e a coragem de formar pessoas disponíveis para se colocarem ao serviço da comunidade. O Papa pede coragem para construir um futuro melhor para as novas gerações.
............................................................................................................................................................
Papa Francisco:
"Se a esperança é fechada em uma cela,
não há futuro para a sociedade"
Ao receber na Praça São Pedro membros da Polícia Penitenciária e pessoal que trabalha nas prisões, o Santo Padre defendeu que ninguém deve ser privado do direito de recomeçar: "a prisão perpétua não é a solução para os problemas, mas um problema a ser resolvido".
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano - Foram três as palavras que o Papa dirigiu na manhã deste sábado, 14, aos cerca de 11 mil membros da Polícia Penitenciária e ao pessoal ligado à Administração Penitenciária e ao Juizado de menores e de comunidades, reunidos na Praça São Pedro:  “obrigado”, “em frente” e “coragem”.
"Obrigado"
Francisco começou agradecendo pelo trabalho da Polícia Penitenciária e pelo pessoal administrativo: “um trabalho escondido, muitas vezes difícil e mal pago, mas essencial”. “Obrigado por todas as vezes que vocês vivem seu serviço, não apenas como uma vigilância necessária, mas como um apoio àqueles que são fracos”:
“Sei que não é fácil, mas quando, além de serem guardiões da segurança, vocês são uma presença próxima daqueles que caíram nas redes do mal, vocês se tornam construtores do futuro, lançam as bases para uma convivência mais respeitosa e, portanto, para uma sociedade mais segura. Obrigado porque, ao fazer isso, vocês se tornam, dia após dia, artesões de justiça e esperança.”
Reconhecer a dignidade diante da humanidade ferida
Citando a passagem da Epístola aos Hebreus:  "Lembrai-vos dos presos, como se vocês estivessem juntamente com eles na prisão”, o Santo Padre recordou que estes agentes encontram-se na mesma situação, “ao atravessarem os limiares de tantos locais de dor todos os dias, enquanto passam muito tempo entre os diversos setores, enquanto se comprometem a garantir a segurança sem nunca perder o respeito pelos seres humanos”:
“Por favor, não esqueçam o bem que vocês podem fazer todos os dias. Seu comportamento, suas atitudes, seus olhares são preciosos. Sejam pessoas que, diante de uma humanidade ferida e muitas vezes devastada, reconheçam nela, em nome do Estado e da sociedade, a dignidade irreprimível.”
Ser ponte entre a prisão e a sociedade
Francisco agradeceu aos agentes por não serem apenas vigias, mas sobretudo protetores das pessoas que lhe são confiadas, porque, ao tomar consciência do mal praticado, acolhem as perspectivas de renascimento para o bem de todos. "Vocês são assim chamados a serem uma ponte entre a prisão e a sociedade civil: com seu serviço, exercitando uma reta compaixão, vocês podem contornar os medos recíprocos e o drama da indiferença”.
O Papa também os exortou a não perderem a motivação, mesmo diante das tensões que possam surgir nos centros de detenção, recordando ao mesmo tempo a importância do apoio das famílias, o incentivo recíproco e a partilha entre os colegas, o que permite enfrentar as dificuldades e ajudar a enfrentar as deficiências, como o “problema da superlotação nas instituições penitenciárias, que faz aumentar em todos a sensação de fraqueza e mesmo de exaustão.
“Quando as forças diminuem, a desconfiança aumenta”,  ressaltou o Papa. Neste sentido, “é essencial garantir condições de vida decentes, caso contrário, as prisões tornam-se depósitos de raiva em vez de locais de recuperação.
Aos religiosos, "em frente!"
Já aos capelães, religiosas, religiosos e voluntários que trabalham nas prisões, a palavra do Santo Padre foi: “em frente”.
“Em frente, quando vocês entram nas situações mais difíceis com a única força de um sorriso e de um coração que escuta, em frente quando vocês carregam os fardos dos outros e os levam na oração. Em frente quando, em contato com a pobreza que vocês encontram, vocês veem sua própria pobreza. É um bem, porque é essencial antes de tudo reconhecer-se necessitados de perdão. Então as próprias misérias se tornam receptáculos da misericórdia de Deus; então, perdoados, tornam-se testemunhas credíveis do perdão de Deus, caso contrário corre-se o risco de levar a si mesmo e as próprias presumidas autossuficiências. Em frente, porque com sua missão vocês oferecem consolo. E é tão importante não deixar sós aqueles que se sentem sozinhos.”
Pacientes semeadores da Palavra
Em frente então – foi a exortação final do Papa aos religiosos – com Jesus e no sinal de Jesus, que chama vocês a serem pacientes semeadores de sua palavra, buscadores incansáveis daquilo que está perdido, anunciadores da certeza que cada um é precioso para Deus, pastores que carregam as ovelhas mais fracas nos próprios ombros. Em frente com generosidade e alegria: com o ministério de vocês, vocês consolam o coração de Deus”.
Aos detentos, "coragem!"
Por fim, a terceira palavra – “coragem” – foi dirigida aos prisioneiros.
Coragem vem de coração, explicou Francisco. É o próprio Jesus que diz isso a vocês. "Coragem!", porque “vocês estão no coração de Deus, vocês são preciosos aos seus olhos, e mesmo que vocês se sintam perdidos e indignos, não desanimem. Vocês são importantes para Deus, que quer realizar maravilhas em vocês”:
“Nunca se deixem aprisionar na cela escura de um coração sem esperança, não cedam à resignação. Deus é maior do que qualquer problema e espera por vocês para amá-los. Coloquem-se diante do Crucifixo, sob o olhar de Jesus: diante d'Ele, com simplicidade, com sinceridade. Dali, da coragem humilde daqueles que não mentem para si mesmos, renasce a paz, floresce novamente a confiança de ser amados e a força para seguir em frente. Eu imagino olhar para vocês e ver a decepção e a frustração em seus olhos, enquanto no coração bate ainda a esperança, muitas vezes ligada à recordação de seus entes queridos. Coragem, nunca sufoquem a pequena chama da esperança”.
Nunca privar do direito de recomeçar
“Reavivar esta pequena chama é dever de todos”, enfatizou Francisco. “Cabe a toda a sociedade alimentá-lo, fazer de forma que a penalidade não comprometa o direito à esperança, que sejam garantidas perspectivas de reconciliação e de reintegração. Enquanto os erros do passado são remediados, não se pode cancelar a esperança no futuro.”
“A prisão perpétua não é a solução para os problemas, mas um problema a ser resolvido. Porque se a esperança é fechada em uma cela, não há futuro para a sociedade. Nunca privar do direito de recomeçar!”
“Vocês, queridos irmãos e irmãs – disse o Santo Padre ao concluir -  são testemunhas desse direito com seu trabalho e seu serviço: o direito à esperança, o direito de recomeçar. Renovo meu “obrigado” a vocês. Em frente, coragem, com as bênçãos de Deus, guardando os que foram confiados a vocêa. Rezo por vocês e também peço que rezem por mim.”
...............................................................................................................................................................
Assista:
................................................................................................................................................
                                                                                                               Fonte: vaticannews.va

Nenhum comentário:

Postar um comentário