sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Leituras do

18º Domingo do Tempo Comum
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1ª Leitura: Ecl 1,2;2,21-23 
Leitura do Livro do Eclesiastes:
“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”. Por exemplo: um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso, vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça. De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade.
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Salmo: 89
Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
- Vós fazeis voltar ao pó todo mortal,/ quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”/ Pois mil anos para vós são como ontem,/ qual vigília de uma noite que passou.
- Eles passam como o sono da manhã,/ são iguais à erva verde pelos campos:/ de manhã ela floresce vicejante,/ mas à tarde é cortada e logo seca.
- Ensinai-nos a contar os nossos dias,/ e dai ao nosso coração sabedoria!/ Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?/ Tende piedade e compaixão de vossos servos!
- Saciai-nos de manhã com vosso amor,/ e exultaremos de alegria todo o dia!/ Que a bondade do Senhor e nosso Deus/ repouse sobre nós e nos conduza!/ Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.
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2ª Leitura: Cl 3,1-5.9-11
Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses:
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória.
Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria.
Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento.
Aí não se faz distinção entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos.
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Evangelho: Lc 12,13-21
Evangelho de São Lucas
Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”.
Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?”
E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’.
Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’
Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.
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Reflexão
O verdadeiro tesouro é Deus!
"Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração" (Mt 6,21).

A liturgia deste 18º Domingo do Tempo Comum nos questiona acerca da atitude que assumimos face aos bens deste mundo. Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens, que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.
“Onde está o teu tesouro, aí está o teu coração” (Cf. Mt 6,21). Este versículo bem poderia resumir todas as leituras de hoje. De fato, vivemos numa sociedade que põe a busca da felicidade no dinheiro, nas posses, no prazer, no poder, e que simplesmente não tem coragem de colocar Deus no centro da existência.
No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade ou dois modelos econômicos: o do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, por meio da solidariedade, da troca de produtos e da compaixão. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos. O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso naturalmente é fonte de exclusão e marginalidade. Isso gera mendicância, violência e roubo. O Evangelho deste domingo é atualíssimo e reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os que possuem riquezas.
Dom Eurico dos Santos Veloso 
No Evangelho (Cf. Lc 12,13-21), pela “parábola do rico insensato”, Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais: o homem que assim procede é um “louco”, que esqueceu aquilo que, verdadeiramente, dá sentido à existência.
O ensinamento de Jesus no Evangelho de hoje é claro: Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém. A parábola é um monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar. Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres, não pensa naqueles que são peregrinos e que batem em sua porta; é profundamente ganancioso e egoísta. Jesus chama-o de insensato, e afirma sua morte naquela mesma noite. Isso significa que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, por meio da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo que você tem nos celeiros, e ela o livrará de qualquer desgraça.”
Na primeira Leitura (Cf. Ecl 1,2,2,21-23), temos uma reflexão do Eclesiastes sobre o sem sentido de uma vida voltada para o acumular bens. Embora a reflexão do Eclesiastes não vá mais além, ela constitui um patamar para partirmos à descoberta de Deus e dos seus valores e para encontramos aí o sentido último da nossa existência. “Vaidade das vaidades” nos diz o Eclesiastes (Cf. Ecl 1,2). Devemos seguir o conselho de São Paulo e “procurar as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cf. Cl 3,1). Que são estas “coisas do alto”? Uma vida que se afasta dos vícios (Cf. Cl 3,5-10) e que se dispõe a por em prática, de verdade, o que Deus nos ensina nas Sagradas Escrituras: amar mais o próximo, doar um pouco mais do meu tempo, dos meus bens em favor dos outros, pedir e dar mais perdão.
A segunda Leitura (Cf. Cl 3,1-5.9-11) convida-nos à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e renascermos continuamente, até que em nós se manifeste o Homem Novo, que é “imagem de Deus”.
A partilha deve ser a nota fundamental da nossa vida cristã. Vamos pensar nos pobres, nos humilhados, nos migrantes, nos que estão à margem da sociedade e precisam da nossa atenção e da nossa ajuda material e espiritual. O importante é ser rico para Deus, pela justiça, partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (Cf. Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Quem oferece o perdão e se comporta sempre com compaixão em nome de Cristo encontrou um tesouro – um tesouro que não é capaz de caber em nenhum celeiro, mas só no coração daquele que crê em Jesus.
                             Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG
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