domingo, 4 de agosto de 2019

Papa no Angelus:

Que os bens materiais não desviem do verdadeiro tesouro
Uma vida realizada segundo o estilo evangélico - amar a Deus com todo o nosso ser e amar o próximo como Jesus o amou - "é a fonte da verdadeira felicidade, enquanto a procura desmedida de bens e de riquezas materiais é muitas vezes fonte de inquietação, de adversidade, de prevaricação, de guerra."
Cidade do VaticanoOs bens materiais são necessários para a vida, são um meio para viver honestamente e na partilha com os mais necessitados.  As riquezas, no entanto,  podem aprisionar o coração e distraí-lo  do verdadeiro tesouro que está no céu.
Foi o que disse o Papa aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro no Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, ao inspirar sua reflexão no Evangelho proposto pela liturgia do dia: "Seria belo se vocês lessem hoje o capítulo 12 de São Lucas, capítulo 13. É uma bela parábola que nos ensina muito", recomendou. 
Francisco começa explicando a cena narrada por São Lucas, em que um homem que se levanta entre a multidão e pede a Jesus para elucidar uma questão jurídica sobre a herança de família. Mas Ele não trata da questão na resposta, e exorta a permanecer distante  da ganância, isto é, da avidez de possuir”.
Jesus então, “para dissuadir seus ouvintes dessa busca frenética pela riqueza”, conta a parábola do rico louco, “que acredita estar feliz porque teve a sorte de uma colheita excepcional e se sente seguro pelos bens acumulados”.
De um lado, o rico, que coloca diante de si “os muitos bens acumulados, os muitos anos que esses bens parecem assegurar a ele, a tranquilidade e o bem-estar desenfreados.”
De outro, Deus que se dirige a ele, desfazendo todos estes projetos: “em vez dos "muitos anos", Deus indica o imediatismo de "nesta mesma noite"; no lugar do "gozo da vida" apresenta-lhe o "devolver a vida", com o consequente julgamento."
"Louco", por ter renegado a Deus
Diante da realidade dos muitos bens acumulados que eram a base sobre a qual o rico alicerçava a sua vida, a pergunta: "E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?"
É nesta contraposição – explica o Papa – “que se justifica a denominação de "louco" com a qual Deus se dirige a este homem. Ele é louco, porque na prática ele renegou a Deus, ele não contava com ele”.
Ao final a advertência do evangelista que “que revela o horizonte para o qual todos somos chamados a olhar”: "Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus":
“Os bens materiais são necessários para a vida, mas não devem ser o fim de nossa existência, mas um meio para viver honestamente e na partilha com os mais necessitados. Jesus hoje nos convida a considerar que as riquezas podem aprisionar o coração e distraí-lo  do verdadeiro tesouro que está no céu.”
Buscar as coisas que têm um verdadeiro valor
Também na segunda leitura proposta pela liturgia do dia, da Carta aos Colossenses, São Paulo nos recorda a buscarmos as coisas do alto, e nas as coisas da terra, o que não significa “fugir da realidade”, explica o Santo Padre:
“Isso não significa fugir da realidade, mas buscar coisas que têm um verdadeiro valor: a justiça, a solidariedade, a acolhida, a fraternidade, a paz, todas coisas que constituem a verdadeira dignidade do homem. Trata-se de direcionar para uma vida realizada não segundo o estilo mundano, mas segundo o estilo evangélico: amar a Deus com todo o nosso ser e amar o próximo como Jesus o amou, isto é, no serviço e no dom de si mesmo. O amor assim entendido e vivido, é a fonte da verdadeira felicidade, enquanto a procura desmedida de bens e de riquezas materiais é muitas vezes fonte de inquietação, de adversidade, de prevaricação, de guerra”.
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Assista:
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O Cura d'Ars e a Misericórdia
"O ligorismo, a misericórdia da doutrina do fundador dos redentoristas, trouxe em primeiro lugar a capacidade dele experimentar a misericórdia e experimentando a misericórdia de Deus, agir com misericórdia em relação aos seus paroquianos", explica padre Paulo Dalla Déa.
Cidade do Vaticano - No Angelus deste domingo, 4 de agosto, o Papa Francisco recordou do Cura D’Ars, falecido há 160 anos, como “modelo de bondade e de caridade para todos os sacerdotes (...). Que o testemunho deste pároco humilde e totalmente dedicado ao seu povo – foi seu pedido – ajude a redescobrir a beleza e a importância do sacerdócio ministerial na sociedade contemporânea”.
A misericórdia
Um dos traços distintivos que passou a acompanhar São João Maria Vianney, foi seu profundo sentido de misericórdia, que se manifestava não só nos contatos com as pessoas que o procuravam vindas de vários lugares da frança, mas sobretudo no confessionário, “onde passou a vida”, como disse seu biógrafo abbé Alfred Monnin.
“Como poderíamos perder a esperança de Sua misericórdia, se Seu maior prazer é nos perdoar?”, escreveu o Cura em suas aulas de catecismo. Por isso, o tesouro da misericórdia divina é inesgotável, e não pode passar pela cabeça de ninguém contar os dons da graça, como se fossem dívidas que cedo ou tarde pagaremos, ficando quites com nossas ações. Afinal, para Deus perdoar é o prazer maior. E isso o faz tornar-se mendicante do coração do homem. “Sua paciência nos espera”, assegura, completando que “não é o pecador que volta a Deus para lhe pedir perdão, mas é Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar a Ele”. 
O Santuário a ele dedicado na França, acolheu nestes dias milhares de peregrinos, que de maneira particular, buscaram o Sacramento da Confissão. Ademais, durante a Novena em preparação à festa, rezou-se pelos sacerdotes que tiveram seus nomes enviados especialmente do Brasil e da França, mas também de várias outras partes do mundo.
Padre Paulo Dalla Dea, sacerdote fidei donum no Santuário, nos fala desta expressão da misericórdia na vida de São João Maria Vianney:
"O Cura d’Ars trabalhou muito para implantar a misericórdia na Igreja nos tempos em que ele vivia, porque o Cura d’Ars vivia em tempos de muito jansenismo, de muito rigorismo, de penitências extraordinariamente pesadas dadas às pessoas, porque ela tinha que pagar com rigor a sua ofensa a Deus. Era o Tribunal da Penitência. E o Cura D’Ars, um homem que já tinha sido bastante machucado, entrou nessa, tanto pelo contexto cultural e eclesial da sua época, como pelos ensinamentos de seu promotor vocacional, o padre Balley.  O padre Balley era extremamente rigoroso consigo mesmo e com os outros.  O Cura d’Ars já era um homem machucado, porque ele tinha, quando jovem, tinha perdido o alistamento militar e foi considerado desertor. Como desertor, ele precisou ficar dois anos escondido, com nome falso, até que Napoleão desse um indulto para as pessoas. Quando ele recebeu o indulto, quando Napoleão deu o indulto para todo mundo, ele foi visitar a sua família, e seu pai o barrou na porta e disse: “Você aqui não entra, porque você é a causa de todos os males que caíram sobre esta casa, sobre esta família, a sua mãe morreu de tristeza por sua causa e o seu irmão está na guerra.” De fato o irmão de João Maria Vianney, ele morreu na guerra, então João Maria Vianney se sentia culpado, especialmente por ter ‘matado a mãe’ como tinha dito o pai, por ter provocado a morte  de tristeza da mãe, e por ser responsável de alguma maneira pelo irmão ter ido lutar na guerra. Ele foi um homem extremamente machucado, até que descobriu nas atualizações do clero, da Diocese de Belley, o Monsenhor Devie, que era o bispo da época, trouxe para todos os padres a Teologia Moral de Santo Alfonso de Ligório.  E o ligorismo, a misericórdia  da doutrina do fundador dos redentoristas, trouxe em primeiro lugar a capacidade dele experimentar a misericórdia e experimentando a misericórdia de Deus, agir com misericórdia em relação aos seus paroquianos. Ele se tornou um padre extremamente conhecido na França, por ser uma pessoa que agia com misericórdia, mas que demandava, pedia, pela conversão das pessoas."
A Confissão
“Se soubéssemos bem o que é um padre na terra, morreríamos: não de medo, mas de amor". A vida de São João Maria Vianney pode ser resumida neste pensamento. Aos 17 anos, sentiu-se chamado ao sacerdócio. "Se eu fosse padre, queria conquistar muitas almas", disse ele. Mas, não era fácil atingir esta meta, por causa dos seus poucos conhecimentos culturais. Mas, graças à ajuda de sábios sacerdotes, entre os quais o Abbé Balley, pároco de Écully, recebeu a ordenação sacerdotal em 13 de agosto de 1815, aos 29 anos. 
Para ele, a Confissão é a dádiva inimaginável que Deus dá de surpresa para salvar seus filhos em perigo: “Meus jovens, é impossível compreender a bondade que Deus teve ao instituir esse grande Sacramento. Se tivéssemos de pedir uma graça a Nosso Senhor, jamais imaginaríamos pedir-lhe essa. Mas ele previu nossa fragilidade e nossa inconstância no bem, e seu amor o levou a fazer o que nós nunca teríamos ousado pedir-lhe”. 
E uma boa confissão, recomendava, deve ser humilde, simples, prudente e total, evitando “todas acusações inúteis, todos os escrúpulos que nos fazem dizer cem vezes a mesma coisa, que levam o confessor a perder tempo e irritam as pessoas que estão na fila esperando para se confessar”. É preciso “confessar aquilo que é incerto como incerto, e aquilo que é certo como certo”.
O essencial é “evitar qualquer simulação: que o coração de vocês esteja em seus lábios. Vocês até podem enganar seu confessor, mas lembrem-se de que jamais enganarão ao bom Deus, que vê e conhece seus pecados melhor que vocês mesmos”.
 “Vou-lhes dizer a minha receita”, costumava dizer. “Dou uma pequena penitência a eles, e faço o resto em seu lugar”. O que conta, é ter ao menos um pouco de contrição por nossos pecados. Com uma contrição perfeita, a pessoa é perdoada “antes ainda de receber a absolvição”. Portanto, “é preciso dedicar mais tempo a pedir a contrição que ao exame de consciência”. 
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Na Missa presidida pelo cardeal filipino Luis Tagle, é dirigida uma saudação aos brasileiros. Veja:
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Redes sociais do Santuário d'Ars



















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Papa aos sacerdotes:
"Dou graças a Deus por todos vocês"
Papa Francisco enviou uma carta por ocasião dos cento e sessenta anos da morte do Cura d’Ars: apoio, proximidade e encorajamento a todos os padres que apesar das fadigas e desilusões celebram todos os dias os sacramentos e acompanham o Povo de Deus.
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco escreveu uma carta aos sacerdotes, recordando os cento e sessenta anos da morte do Cura d’Ars, padroeiro dos párocos. Uma carta que exprime encorajamento e proximidade aos “irmãos presbíteros, que sem fazer alarde”, deixam tudo para se empenhar na vida diária das suas comunidades; aos sacerdotes que trabalham na “trincheira”; também a todos aqueles que diariamente enfrentam desafios sem pensar em si mesmos, “para que o povo de Deus seja cuidado e acompanhado”.
“Dirijo-me a cada um de vocês – escreve o Papa – que, em muitas ocasiões, de modo inobservado e sacrificado, no cansaço ou na fadiga, na doença ou na desolação, assumem a missão como um serviço a Deus e ao seu povo e, mesmo com todas as dificuldades do caminho, escrevem as páginas mais belas da vida sacerdotal”.
Dor
A carta do Papa tem início com um olhar ao escândalo dos abusos: “Nos últimos tempos pudemos ouvir mais claramente o clamor, muitas vezes silencioso e silenciado, de irmãos nossos, vítimas de abusos de poder, de consciência e sexuais por parte dos ministros ordenados”. Mas, explica Francisco, mesmo sem “negar ou ignorar o dano causado”, seria “injusto não reconhecer que tantos sacerdotes que de maneira constante e íntegra, oferecem tudo o que são e que têm pelo bem dos outros”.  Os padres “que fazem da sua vida uma obra de misericórdia em regiões ou situações muitas vezes inóspitas, remotas ou abandonadas, arriscando sua própria vida”.
O Papa agradece todos “pela coragem e constante exemplo” e escreve que os “tempos da purificação eclesial que estamos vivendo, nos tornarão mais alegres e simples e em um futuro não muito distante, serão muito fecundos”.
Convida então a não desencorajar, porque “o Senhor está purificando a sua Esposa e a todos nos está convertendo a Ele. Permite-nos experimentar a prova para que comprendamos que, sem Ele, somos pó”.
Gratidão
A segunda palavra chave é “gratidão”. Francisco recorda que a “vocação, mais do que uma escolha nossa, é resposta de um chamado gratuito do Senhor”. O Papa exorta a “retornar aos momentos luminosos” em que experimentamos o chamado do Senhor para consagrar toda a nossa vida ao seu serviço, voltar “ao sim” crescido no seio de uma “comunidade cristã”.
Em momentos de dificuldade, de fragilidade, de fraqueza, “quando a pior de todas as tentações é a de ficar a ruminar a desolação”, é crucial – explica o Pontífice – “não perder a memória cheia de gratidão da passagem do Senhor na nossa vida” que “nos convidou a apostar n’Ele e pelo seu povo”.
A gratidão “é sempre uma arma poderosa”. Só se formos capazes de contemplar e agradecer por todos os gestos de amor, generosidade, solidariedade e confiança, bem como de perdão, paciência, suportação e compaixão com que fomos tratados, é que deixaremos o Espírito obsequiar-nos com aquele ar puro capaz de renovar (e não remendar) a nossa vida e missão”.
Francisco agradece os irmãos sacerdotes “pela fidelidade aos compromissos assumidos”. É “muito significativo” - observa – que em uma sociedade e em uma cultura que transformou o “gasoso” em valor, a existência de pessoas que apostem na felicidade de doar a vida.
Agradece pela celebração diária da Eucaristia e pelo ministério do sacramento da Reconciliação, vivido “sem rigorismos, nem laxismos”, ocupando-se das pessoas e “acompanhando-as no caminho da conversão”.
Agradece pelo anúncio do Evangelho “feito a todos com ardor”: “Obrigado por todas as vezes que, deixando-se comover por dentro, vocês acolheram os que caíram, curaram suas feridas… Nada é mais urgente do que isso: proximidade, vizinhança, ficar próximo da carne do irmão que sofre”.
O coração do pastor – afirma Francisco – é aquele que “aprendeu o gosto espiritual de se sentir um só com o seu povo, que não esquece que saiu dele… com estilo de vida austero e simples, sem aceitar privilégios que não têm sabor de Evangelho”. Mas o Papa agradece e convida a agradecer também “pela santidade do Povo fiel de Deus”, manifestada “nos pais que criam seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham para levar o pão para casa, nos doentes, nas religiosas idosas que continuam a sorrir”.
Coragem
A terceira palavra é “coragem”. O Papa quer encorajar os sacerdotes: “A missão à qual fomos chamados não significa que devemos ser imunes ao sofrimento, à dor e até mesmo à incompreensão, ao contrário, pede-nos para os enfrentar e assumir a fim de deixar que o Senhor os transforme e nos configure mais a Ele”.
Um bom teste para saber como se encontra o coração do pastor – escreve Francisco – “é perguntar-se como enfrentamos a dor”. De fato, às vezes pode acontecer, de se comportar como o levita ou o sacerdote da parábola do Bom Samaritano, que ignora o homem caído no chão, outras vezes aproxima-se da dor intelectualizando, e refugiando-se em frases comuns (“a vida é assim, não se pode fazer nada”) terminando por dar espaço ao fatalismo. “Ou então aproxima-se com um olhar de preferência seletiva gerando apenas isolamento e exclusão”.
O Papa adverte também o que Bernanos definiu como o “elixir mais precioso do demônio”, isto é, “a tristeza adocicada que os padres do Oriente chamavam acédia. A tristeza que paralisa a coragem de continuar no trabalho, na oração”, que “torna estéril todas as tentativas de transformação e conversão, propagando ressentimento e aversão”.
Francisco convida a pedir “ao Espírito Santo que venha despertar-nos”, para “dar uma sacudida na nossa sonolência”, para desafiar a habitualidade e “nos deixarmos mover pelo que acontece ao nosso redor e pelo clamor da Palavra viva do Ressuscitado”.
“Ao longo da nossa vida, pudemos contemplar que com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria”. Uma alegria, afirma o Pontífice, que “não nasce de esforços voluntariosos ou intelectualistas, mas da confiança de saber que continuam eficazes as palavras de Jesus a Pedro”.
Na oração – explica o Papa – “experimentamos aquela nossa bendita precariedade que nos lembra que somos discípulos carecidos do auxilio do Senhor e nos liberta da tendência prometeuca dos que confiam unicamente em suas próprias forças”.
A oração do pastor “nutre-se e encarna-se no coração do Povo de Deus. Traz as marcas da alegria e das feridas do seu povo”. Uma confiança que preserva-nos a todos de procurar ou querer respostas fáceis, rápidas ou pré-fabricadas, permitindo ao Senhor ser Ele (e não as nossas receitas e prioridades) a mostrar-nos um caminho de esperança”. Portanto “reconheçamos a nossa fragilidade, sim, mas deixemos que Jesus a transforme e nos projete sempre de novo para a missão”.
Para manter o coração animado, o Papa observa que não devem ser negligenciadas duas ligações constitutivas da nossa identidade. A primeira com Jesus. É o convite a não esquecer “o acompanhamento espiritual, tendo um irmão com quem falar, confrontar-se, debater e discernir o próprio caminho”.
A segunda ligação é com o povo. “Não se isolem do seu povo e dos presbíteros ou das comunidades. E muito menos não em grupos fechados ou elitistas… um ministro corajoso é um ministro sempre em saída”. O Papa pede aos sacerdotes para “estar perto dos que sofrem, de estar sem vergonha perto das misérias humanas e, porque não, vivê-las como próprias para as tornar Eucaristia”. Para serem “artesãos de relação e comunhão, abertos e confiantes e esperançosos da novidade que o Reino de Deus quer suscitar hoje”.
Louvor
A última palavra proposta na carta é “louvor”. É impossível falar de gratidão e encorajamento sem contemplar Maria que “nos ensina o louvor capaz de abrir o olhar para o futuro e devolver a esperança ao presente”. Porque “olhar Maria é voltar a crer na força revolucionária da ternura e do afeto”.
Por isso – conclui o Papa – “se alguma vez nos sentirmos tentados a isolar-nos e fechar-nos em nós mesmos e nos nossos projetos, protegendo-nos dos caminhos sempre poeirentos da história, ou se o lamento, a queixa, a crítica ou a ironias tomam conta das nossas ações sem vontade de lutar, esperar e amar … olhemos a Maria para que purifique os nossos olhos de todos os “ciscos” que nos possa impedir de estarmos atentos e despertos para contemplar e celebrar a Cristo que vive no meio do seu Povo”.
“Irmãos – são as palavras no final da carta – digo mais uma vez, não cesso de dar a graças a Deus por todos vocês… deixemos que seja a gratidão a suscitar o louvor e que nos encoraje mais uma vez na missão de ungir os nossos irmãos na esperança. A ser homens que testemunhem com a sua vida a compaixão e a misericórdia que só Jesus nos pode dar”.
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Editorial:
Uma carta aos irmãos sacerdotes para encorajá-los e apoiá-los
O agradecimento do Papa Francisco ao serviço diário dos sacerdotes que em todas as partes do mundo acompanham o Povo de Deus.
Cidade do Vaticano - O drama dos abusos, o grito assustado das vítimas de pessoas que jamais teriam imaginado, pesa como chumbo na vida de todos os sacerdotes. Há padres que são vistos com desprezo, com suspeita, por culpas que não têm, mas que permanecem como feridas abertas para todo o corpo eclesial.
Com a carta aos sacerdotes por ocasião dos cento e sessenta anos da morte do santo cura d’Ars, modelo de padre que viveu ao serviço do povo de Deus, Papa Francisco – que não deixou de enfrentar o dever da denúncia e da repreensão, quando necessário – responde agradecendo o exército silencioso dos sacerdotes que não traíram nem a fé nem a confiança. Nesta carta, assinada na Basílica de São João de Latrão, sede do Bispo de Roma, que parece evidenciar que a escreveu como pastor e Bispo de Roma, o Papa manifesta proximidade, apoio, conforto a todos os sacerdotes do mundo.
Aos padres que todos os dias, muitas vezes com dificuldades, desafiando desilusões e incompreensões, deixam as portas das igrejas abertas e celebram os sacramentos. Aos padres que vencendo a tristeza e a habitualidade, continuam a apostar n’Ele acolhendo os que precisam de uma palavra, de conforto, de acompanhamento. Aos padres que diariamente visitam seu povo, doando-se sem reservas, chorando com os que choram, alegrando-se com os que estão felizes. Aos padres que vivem na “trincheira”, que muitas vezes arriscam a própria vida para estar perto do seu povo. Aos padres que devem percorrer dias e dias de canoa para chegar a vilarejos e aldeias remotas para visitar as ovelhas isoladas do seu rebanho.
Há uma grandiosidade que se fala pouco na vida ordinária da Igreja. Uma grandiosidade capaz de fazer a história mesmo se jamais conquistará as páginas dos manuais ou as luzes da ribalta. É a grandiosidade do serviço no escondimento, de quem se doa sem protagonismos, confiando apenas na graça de Deus. É a grandiosidade da vida presenteada aos outros pelos padres “pecadores perdoados”, como o Papa define também a si mesmo, que tendo experimentado e continuando a experimentar a misericórdia, deixam a Deus a iniciativa e o seguem no serviço à sua comunidade.  
Precisava de uma palavra de encorajamento, de estima de proximidade. Precisava de um agradecimento como o que o Papa escreveu na sua carta. Porque a dor causada no corpo eclesial pela infidelidade de poucos – como ocorreu com a terrível tragédia dos abusos – não corresse o risco de fazer esquecer a fidelidade de muitos, vivida apesar das fadigas e dos limites humanos. Por isso o Papa Francisco quis agradecer aos padres que ainda hoje oferecem a própria existência a Deus servindo-o com o seu povo, e renova o “sim” inicial da própria vocação recordando do chamado recebido.
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