segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Vale refletir

Viver o presépio

Recebi uma foto do meu sobrinho com seu presépio no jardim de casa nos Estados Unidos. Tem um tamanho que permite que as suas filhas pequenas entrem nele. Lembrei-me do primeiro presépio realizado por São Francisco no ano de 1223, quando, por indicação do Santo, se fez um presépio com a participação de pessoas e animais para celebrar a noite Santa de Natal. Uma cena em que todos presentes participavam naquela misteriosa noite que dividiu a história de toda a humanidade, porque Deus se fez homem entre nós. A grandiosidade de Deus assumiu toda a fragilidade humana nos braços de Maria, que não encontrou melhor lugar do que uma estrebaria para dar à luz.
Matriz de São José - Paraisópolis (MG) - Foto do arquivo deste blog
Não existe história mais universal do que o Natal. Um fato que nos acompanha desde a mais tenra idade, com todos os seus festejos, até os anos derradeiros da vida, em que continuamos a nos comover e voltar a ser crianças diante da gruta de Belém. Aqueles que nunca a ouviram não permanecem indiferentes diante de tanta simplicidade, que faz um alojamento frio e sem recursos tornar-se o palácio de um rei que acolhe a todos, revelando-nos no parto de uma criança o maior tesouro que possa existir. “No presépio contemplamos Jesus, recém-nascido, que não fala; mas é a Palavra eterna do Pai. Já se disse que o presépio é uma cátedra. Nós deveríamos hoje entender as lições que Jesus nos dá, já desde Menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram para esta bendita terra dos homens” (São Josemaria Escrivá, “É Cristo que passa”). 
A preparação para o Natal, portanto, deveria estar em procurarmos cada vez mais nos aproximarmos desses ensinamentos, principalmente neste período do Advento. Todo o nosso comportamento deveria estar voltado para essa celebração. Em todas as nossas atividades da vida familiar, do trabalho profissional, para os que aproveitam para tirar férias, no lazer... em tudo o Menino Deus está presente. E nessa convivência, vamos encontrar alegrias conhecidas, mas muitas vezes esquecidas nas correrias do ano. A alegria de podermos estar em família, com saúde, com condições dignas para viver, comer, vestir, trabalhar, estudar e estar com amigos. A alegria de poder ir buscar realizações de sonhos em 2018. Da alegria de ser amado e poder amar. Da alegria de estar em condições de dar mais do que receber.
Porém, nem sempre todos poderão ler as linhas acima com concordância plena. São muitos os que apresentam dificuldades nos diferentes aspectos mencionados. Talvez a saúde que não esteja bem, o desemprego que continua, as dificuldades de relacionamentos familiares, a falta de um lar e outros tantos. Nessas circunstâncias, surge o Natal com espírito de solidariedade reavivado pelo exemplo do Menino, que sem ter nada, entregou-Se por inteiro a cada um de nós para que descobríssemos, no Seu sorriso, a esperança por um tempo melhor. Aprender D’Ele faz com que também cada um de nós tenha alguma coisa para oferecer, compartilhar, conviver.
São nos gestos concretos em oferecer o que comer a quem tem fome, de vestir a quem está nu, dar esperança a quem se sente injustiçado, de orientar a quem está perdido, que cumprimos as bem-aventuranças na lição de Natal. Ensinando nossos filhos a rever os armários e retirar brinquedos, roupas e livros que já cumpriram ali suas funções, mas que, em bom estado, poderão alegrar a muitos como presentes. Visitar asilos e orfanatos com uma tarde de instrumentos musicais tocados por adolescentes, que certamente alegrarão aqueles que se sentiam esquecidos pelo mundo. Visitar os doentes. Entregar uma ceia ou cesta básica a uma família que nada tem. Convidar um parente distante que passaria a noite só e que agora terá companhia. Abrir-se aos que nada poderão retribuir.
Assim o Menino Deus faz conosco: entrega tudo, sabendo que não poderemos jamais retribuir o quanto nos dá. Para isso, deixa-nos a indicação de compartilharmos com o próximo o que temos em mãos. Dessa forma, estaremos nos comportando como aqueles que buscam compreender, após mais de 2000 anos, a mensagem de amor que Ele trouxe a todos os de boa vontade. Um feliz Natal e peçamos que Ele nos dê a paz na Terra.
                                                                                                        Dr. Valdir Reginato
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