domingo, 29 de janeiro de 2017

Reflexão para seu domingo

Preferido de Deus

Parece um contrassenso a chamada Teologia da Prosperidade comparada com a preferência de Deus pelos pobres. De fato, a primeira promove a riqueza e o bem estar como finalidade de todo o trabalho humano e da própria vida terrena. Entra de cheio na mentalidade e na prática do consumismo materialista. Nela o dízimo tem o enfoque de dar a Deus para Ele fazer a barganha e retribuir o ser humano, como se Ele precisasse de algo humano.
Na manifestação de amor pelos mais frágeis Deus manda seu Filho, nascido pobre e vivendo assim, desapegado de tudo, mostrando que a vida tem o sentido absoluto e de riqueza plena em Deus. Paulo fala da quênose ou do esvaziamento do próprio egoísmo e das coisas materiais para se colocar dentro de si a maior riqueza, que é Deus. Mais: “Deus escolheu o que  no mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante” (1 Coríntios 1, 28). Quem coloca Deus como finalidade de vida, usa do que é material, cultural e espiritual para servir a quem não é servido.
Bem-aventuranças: caminho para a santidade
Jesus fala das bem aventuranças, destacando, em primeiro lugar, os pobres em espírito (Cf. Mateus 5,3), ou seja, felizes são os que colocam na vida a base de sustentação da verdadeira riqueza, que é Deus. O que é material e transitório não pode ser colocado como finalidade de vida. Até  a vida de mais simplicidade e de não muitas exigências na ordem material e de conforto deve ser buscado. A moderação não faz mal a ninguém. O supérfluo e exagerado, ou até o não estritamente necessário devem ser colocados a serviço dos mais carentes. Hoje temos, no Brasil e no mundo, um número bem pequeno de pessoas que detêm cerca de 50% de toda a riqueza de ambos. Até os impostos são pagos mais pelos assalariados, proporcionalmente, do que pelos que detêm fortunas.
A pobreza material é caracteriza pela falta ou o ganho do necessário para se viver dignamente. Há ricos material e ou intelectualmente que assumem a preferência evangélica pela defesa da causa dos pobres. Eles se juntam aos pobres social e materialmente falando, para defender sua promoção e dignidade. Hoje, mais do que nunca, precisamos promover os preferidos de Deus para sermos como o alongamento da pessoa e do Evangelho de Jesus, implantando mais na sociedade, o sentido e a prática dos bem aventurados, os pobres em espírito.
O profeta Sofonias lembra o valor dos pobres: “E deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. E no nome do Senhor porá sua esperança no resto de Israel” (Sofonias 2, 12.13). Os pobres, de fato, colocam sua esperança em Deus. A riqueza material e os outros tipos de riqueza são bons, mas quando usados responsavelmente para se fazer o bem, sendo-se solidário com a justiça e a promoção da dignidade humana. Então, se participa da pobreza em espírito, por se colocar a lei de Deus em prática.  Deus quer a vida terrena digna para todos. Por isso, é preciso viver-se a  pobreza evangélica de quem coloca em prática a justiça e a solidariedade, com uma vida simples e desapegada.
                                        Dom José Alberto Moura - Arcebispo de Montes Claros (MG)
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                                                         Fonte: cnbbleste2.org.br   Ilustração: franciscanos.org.br

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