Se Deus é por nós, quem será contra nós?
| São Paulo |
A frase de
Paulo, na Carta aos Romanos, é um desafio e uma declaração de confiança: “Se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). Ela ecoa as palavras antigas
do profeta Isaías, que, falando de alguém perseguido e injustiçado, dizia: “O
Senhor Deus é quem me ajuda; quem me condenará?” (Is 50,9). É a voz de quem
confia que não está sozinho diante das dificuldades.
Paulo não
escreve a partir de uma vida tranquila. Ele conheceu perseguições, ameaças,
prisões e rejeição. Ainda assim, não perdeu a convicção de que nenhuma força
humana ou espiritual pode anular o amor de Deus. Ele afirma que, em tudo,
“somos mais que vencedores” graças àquele que nos amou. A vitória de que fala
não é sobre rivais ou inimigos, mas sobre o medo, a injustiça e a desesperança.
O apóstolo lista
tudo aquilo que, aparentemente, poderia afastar alguém de Deus: a morte, a vida
com seus altos e baixos, as forças invisíveis, o presente, o futuro, o que está
nas alturas ou nas profundezas — enfim, “qualquer outra criatura”. Nenhuma dessas
realidades, por maior ou mais ameaçadora que pareça, é capaz de romper o laço
de amor que Deus tem com cada pessoa.
Uma fé que gera
coragem e resistência
Essa é uma
mensagem que fala de coragem e resistência. Confiar em Deus não significa viver
sem problemas, mas ter um fundamento sólido para enfrentá-los. É o contrário do
conformismo: quem confia assim não se paralisa diante das dificuldades, mas se
sente motivado a fazer o bem, a defender a justiça e a cuidar dos mais frágeis.
Essa confiança
se traduz no cotidiano em atitudes concretas: perdoar em vez de guardar rancor,
manter a honestidade mesmo quando seria mais fácil ceder, ajudar quem precisa
sem esperar retorno. É um estilo de vida que não depende de vitórias externas,
mas da certeza de que a vida tem sentido e valor, mesmo nos momentos mais
duros.
Uma união que
sustenta a vida
Esperança ativa
em tempos difíceis
Vivemos um tempo
em que as notícias diárias parecem pesar sobre o coração: guerras prolongadas,
catástrofes ambientais, desigualdade crescente, violência urbana e incertezas
econômicas. Muitos se sentem desamparados diante de problemas que parecem
grandes demais para serem resolvidos.
É justamente nesse contexto que a mensagem “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” se torna ainda mais urgente. Ela nos lembra que a esperança não é ilusão, mas uma força real que nasce da confiança e se traduz em ações concretas. Mais do que esperar passivamente por dias melhores, trata-se de acreditar que, mesmo nas crises, é possível construir pontes, proteger vidas e manter viva a chama do bem.
Dom Leomar Brustolin - Arcebispo Santa Maria (RS)
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