domingo, 21 de setembro de 2025

Papa Leão em missa deste domingo:

a riqueza escraviza;
não sejamos indiferentes à violência que extermina os povos

Para o Pontífice, o Evangelho deste domingo nos desafia a examinar atentamente a nossa relação com o Senhor e, portanto, entre nós. Ao dizer que não podemos servir a Deus e ao dinheiro, Jesus pede a nós para assumir uma posição clara e coerente. É preciso decidir por um verdadeiro estilo de vida.

O Papa Leão presidiu à missa na paróquia de Santa Ana, considerada uma paróquia “de fronteira” por se encontrar exatamente no ponto em que o território italiano dá lugar ao território pontifício, em um dos acessos ao Vaticano, ao lado da Praça São Pedro. Instituída em 1929, foi confiada à Ordem Agostiniana, a mesma de Leão XIV.

O Papa, portanto, se sentiu em casa e saudou especialmente o pároco, Pe. Mario Millardi, bem como o novo Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho, Padre Joseph Farrell. Pe. Robert Francis Prevost era o Prior quando o Papa Francisco celebrou nesta paróquia poucos dias depois de eleito, em 17 de março de 2013. Entre os concelebrantes, havia também o padre Gioele Schiavella, a quem o Santo Padre saudou com afeto pelos seus 103 anos há pouco completados.

Servir a Deus ou ao dinheiro é decidir por um estilo de vida 

Em sua homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, em que Jesus afirma que “nenhum servo pode servir a dois senhores”, portanto, “não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (cf. Lc 16,13). Este trecho nos desafia a examinar atentamente a nossa relação com o Senhor e, portanto, entre nós, disse o Papa. Jesus coloca uma alternativa muito clara entre Deus e a riqueza, pedindo a nós para assumir uma posição clara e coerente. Não se trata de uma escolha contingente nem de uma opção que pode ser revista no decorrer do tempo. É preciso decidir por um verdadeiro estilo de vida. 

A sede de riqueza leva ao risco de substituir Deus quando consideramos que é ela a salvar a nossa vida. A tentação, advertiu, é pensar que sem Deus podemos viver bem, enquanto sem riquezas estaríamos tristes e aflitos. Esses pensamentos transformam o próximo em um concorrente. Mas a palavra do Senhor, explicou Leão, não contrapõe os homens em classes rivais, mas impele todos a uma revolução interior, a uma conversão. Nossas mentes foram feitas para planejar uma sociedade melhor, não para buscar negócios ao melhor preço.

“Hoje, em particular, a Igreja reza para que os governantes das nações sejam libertados da tentação de usar a riqueza contra o homem, transformando-a em armas que destroem os povos e em monopólios que humilham os trabalhadores. Quem serve a Deus liberta-se da riqueza, mas quem serve a riqueza permanece escravo dela! Quem busca a justiça transforma a riqueza em bem comum; quem busca o domínio transforma o bem comum em presa da própria ganância.”

O anúncio da Boa Nova diante da "despudorada indiferença"

O Pontífice encorajou os paroquianos a perseverarem com esperança num tempo seriamente ameaçado pela guerra. "Povos inteiros são hoje esmagados pela violência e, mais ainda, por uma despudorada indiferença, que os abandona a um destino de miséria. Diante desses dramas, não queremos ser submissos, mas proclamar com a palavra e com as obras que Jesus é o Salvador do mundo".

"Que o seu Espírito converta nossos corações para que, nutridos pela Eucaristia, tesouro supremo da Igreja, possamos nos tornar testemunhas da caridade e da paz", foram os votos finais do Papa Leão.

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Angelus:
justiça e responsabilidade na gestão dos bens
para não espalhar o "veneno" dos conflitos

Após celebrar a missa na paróquia de Santa Ana, na "fronteira" entre Vaticano e Itália, o Papa assomou à janela de seu escritório para o tradicional Angelus dominical.

Leão XIV rezou a oração do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua alocução, comentou a parábola contida no Evangelho (Lc 16, 1-13) deste domingo, que propõe uma reflexão sobre o uso dos bens materiais e, de um modo geral, sobre como temos administrado o bem mais precioso de todos, que é a nossa própria vida.

Na narração, um administrador é chamado pelo seu senhor a "prestar contas". O mesmo acontecerá a nós, recordou o Papa, que um dia seremos chamados a prestar contas do modo como administramos a nossa vida, os nossos bens e os recursos da terra, tanto perante Deus como perante os seres humanos, a sociedade e, sobretudo, aqueles que virão depois de nós.

A parábola prossegue com o administrador que, mesmo na gestão da riqueza desonesta deste mundo, consegue encontrar uma maneira de fazer amigos, saindo da solidão do seu egoísmo. Mas nós, adverte o Pontífice, que somos discípulos e vivemos à luz do Evangelho, devemos usar os bens do mundo e a nossa própria vida pensando na verdadeira riqueza, que é a amizade com o Senhor e com os irmãos.

Para o Papa, a parábola é um convite a nos questionar como estamos administrando os bens materiais, os recursos da terra e a vida que Deus nos confiou.

“Podemos seguir o critério do egoísmo, colocando a riqueza em primeiro lugar e pensando apenas em nós mesmos; mas isto isola-nos dos outros e espalha o veneno de uma competição que muitas vezes gera conflitos. Ou podemos reconhecer tudo o que temos como um dom de Deus a ser administrado, e usá-lo como instrumento de partilha para criar redes de amizade e solidariedade, para edificar o bem, para construir um mundo mais justo, equitativo e fraterno.”

"Rezemos à Santíssima Virgem, para que interceda por nós e nos ajude a administrar bem o que o Senhor nos confia, com justiça e responsabilidade", concluiu o Pontífice.

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                                            Fonte: vaticannews.va   Vídeo e foto: (@Vatican Media

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