quarta-feira, 29 de maio de 2024

A importância da oração

em preparação ao Jubileu da Esperança

Em preparação ao Jubileu de 2025, com o tema “Peregrinos da Esperança”, este ano está sendo dedicado à oração. O Papa Francisco, em suas catequeses nas Audiências Gerais de 2020-2021, oferece valiosos ensinamentos sobre a oração que podem nos ajudar a celebrar o ano jubilar.

Em sua catequese de 21/04/2021, o Papa Francisco nos ensina que a oração é um diálogo com Deus. Este diálogo não se limita a momentos específicos, mas permeia toda a existência, transformando cada alegria e cada tristeza em temas de nossa conversa com Deus. A Palavra divina se fez carne e, na carne de cada ser humano, a palavra retorna a Deus pela oração.

A primeira oração do ser humano é sempre vocal, e embora saibamos que rezar não signifique simplesmente repetir palavras, a oração vocal é a forma mais segura e sempre disponível para todos e pode ser praticada a qualquer momento, proporcionando segurança nas dificuldades. Entretanto, rezar não é uma tarefa fácil! Na catequese de 19/05/2021, o Papa Francisco identifica as principais dificuldades na oração, como a distração, a aridez e a acídia.

Na distração, a mente humana tende a se dispersar, e manter a concentração na oração pode ser um grande desafio. Na aridez, são comuns períodos de secura espiritual, onde a oração parece desprovida de consolação. As razões para a aridez podem ser variadas e muitas vezes desconhecidas, podendo depender de nós ou de Deus. A vida de fé alterna entre momentos de consolação e desolação. Sentir-se abatido é comum, mas o perigo reside em permitir que essa sensação cinzenta tome conta do coração, impedindo a oração e a consolação.

Durante esses tempos, a fé pura e a perseverança são fundamentais para superar a aridez e manter o coração aberto para receber a luz do Senhor, aguardando-a com esperança. A acídia, ou preguiça espiritual, é a principal tentação contra a oração. Trata-se de uma espécie de depressão que surge do relaxamento da ascese, frequentemente alimentada pela presunção, e que pode levar à morte da alma.

Para superar essas dificuldades, é necessário: manter a fidelidade na oração, mesmo quando é difícil ou parece infrutífera; buscar a oração comunitária, pois essa pode fortalecer a experiência individual e ajudar a manter a constância; e ter humildade, reconhecendo nossas limitações e nos abrindo à graça de Deus para sustentar nossa vida de oração.

O Papa Francisco aborda várias formas de oração. Na catequese de 28 de abril de 2021, ele discorre sobre a oração de meditação e nos lembra que a sua prática não é exclusiva do cristianismo. A meditação pode ser encontrada em várias religiões e até entre pessoas que não têm uma concepção religiosa da vida, pois todos têm a necessidade de meditar e refletir.

No entanto, a meditação cristã possui uma especificidade: ela é um encontro com o Outro, Deus, através de Jesus Cristo. Diferente de uma busca introspectiva, a meditação cristã envolve a reflexão sobre a Palavra de Deus e busca um encontro profundo com Cristo, guiado pelo Espírito Santo. A prática da meditação cristã pode assumir vários métodos, todos importantes, desde que ajudem a pessoa a se relacionar integralmente com Deus, envolvendo mente, coração e vontade.

Na oração de contemplação, cessam as palavras. Ela se baseia na certeza de que nossa vida está cercada pelo amor fiel de Deus. É semelhante a um ato de fé e amor, um “respiro” da nossa relação com Deus, que purifica o coração e ilumina o olhar, permitindo que vejamos a realidade sob uma nova perspectiva. Na catequese do dia 05/05/2021, o Papa Francisco afirma que “ser contemplativo não depende dos olhos, mas do coração.

E nisto entra em jogo a oração, como um ato de fé e amor, como um ‘respiro’ da nossa relação com Deus”. Citando o Catecismo, ele lembra um famoso testemunho do Santo Cura d’Ars: «A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. ‘Eu olho para Ele e Ele olha para mim’ – dizia, no tempo do Santo Cura, um camponês d’Ars em oração diante do sacrário. […] A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens» (Catecismo da Igreja Católica, 2715). Esse olhar de amor mútuo, onde “eu olho para Ele e Ele olha para mim”, transforma a vida e revela um amor fiel que nos rodeia e do qual nada pode nos separar. A contemplação difere da meditação. Enquanto a meditação envolve a mente e a reflexão, a contemplação é uma expressão do coração que se sente visto e amado por Deus.

À medida em que se aproxima o Jubileu de 2025, que este ano dedicado à oração nos conduza ainda mais à intimidade com Cristo, renove nosso coração e alimente nossa esperança.

Dom João Santos Cardoso - Arcebispo de Natal (RN)

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                                                                                                                           Fonte: cnbb.org.br

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