domingo, 21 de janeiro de 2024

Papa Francisco na missa deste domingo:

a Palavra de Deus
suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas

Voltemos às nascentes para oferecer ao mundo aquela água viva que ele não encontra; e, enquanto a sociedade e as redes sociais acentuam a violência das palavras, concentremo-nos na mansidão da Palavra que salva: foi o convite do Papa este V Domingo da Palavra do Senhor, na Missa presidida na Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o ministério de Leitor e nove o de Catequista, representando o povo de Deus e oriundos do Brasil, Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas.

Que o Domingo da Palavra de Deus nos ajude a regressar com alegria às nascentes da fé, que brota da escuta de Jesus, Verbo do Deus vivo. Que, por entre as palavras que se dizem e leem continuamente sobre a Igreja, nos ajude a redescobrir a Palavra de vida que ressoa na Igreja! Caso contrário, acabamos por falar mais de nós que d’Ele; e, no centro, permanecem os nossos pensamentos e os nossos problemas em vez de Cristo com a sua Palavra.

Foi o que disse o Papa este domingo, 21 de janeiro, V Domingo da Palavra do Senhor, na Missa presidida pela manhã na Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o ministério de Leitor e nove o de Catequista, representando o povo de Deus e oriundos do Brasil, Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas. O Domingo da Palavra de Deus deste ano tem como lema "Permanecei na minha Palavra" (Jo 8, 31).

Refletindo sobre a Palavra de Deus na liturgia deste III Domingo do Tempo Comum, Francisco ressaltou que grande é a força da Palavra do Senhor, dela irradia a força do Espírito Santo.

 

Um momento da Missa presidida pelo Papa Francisco


A Igreja é chamada por Cristo, atraída por Ele

A Palavra atrai a Deus e envia aos outros: tal é o seu dinamismo. Não nos deixa fechados em nós mesmos, mas alarga o coração, faz inverter o rumo, altera os nossos hábitos, abre novos cenários, desvenda inesperados horizontes.

A Palavra de Deus, continuou o Santo Padre, pretende operar isto em cada um de nós. Tal como aconteceu com os primeiros discípulos que, acolhendo as palavras de Jesus, deixam as redes e embarcam numa maravilhosa aventura, assim também nas margens da nossa vida, ao pé dos barcos de familiares e das redes do trabalho, a Palavra suscita o chamado de Jesus. Chama para, com Ele, nos fazermos ao largo ao encontro dos outros.

Sim, a Palavra suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas de Deus num mundo cheio de palavras, mas sedento daquela Palavra com maiúscula que muitas vezes ignora. A Igreja vive deste dinamismo: é chamada por Cristo, atraída por Ele, e é enviada ao mundo para dar testemunho d’Ele.

Papa entrega a Cruz a leigos e leigas que recebem o ministério de Catequista


A escuta da Palavra e a adoração do Senhor

Não podemos prescindir da Palavra de Deus, da sua força suave que – como num diálogo – toca o coração, imprime-se na alma, renova-a com a paz de Jesus, que nos desinquieta em prol dos outros. Se olharmos para os amigos de Deus, frisou o Pontífice, para as testemunhas do Evangelho na história, vemos que, para todos, foi decisiva a Palavra.

Pensemos no primeiro monge, Santo Antão, que, tocado durante a Missa por um trecho do Evangelho, deixou tudo por amor do Senhor; pensemos em Santo Agostinho, que deu uma reviravolta na vida quando uma palavra divina lhe curou o coração; pensemos em Santa Teresinha do Menino Jesus, que descobriu a sua vocação lendo as Cartas de São Paulo. E penso no Santo cujo nome adotei, Francisco de Assis, que, em oração, lê no Evangelho que Jesus envia os discípulos a pregar e exclama: «Isto eu quero, isto peço, isto anseio fazer de todo o coração!». Vidas transformadas pela Palavra de vida, observou o Papa.

Mas por que não acontece o mesmo a muitos de nós? - Perguntou Francisco. Decerto porque, como nos mostram estas testemunhas, é preciso não ser «surdo» à Palavra. Este é o nosso risco: arrastados por mil palavras, passa-nos por cima também a Palavra de Deus: ouvimo-la, mas não a escutamos; escutamo-la, mas não a guardamos; guardamo-la, mas não nos deixamos provocar à mudança de vida. Sobretudo lemo-la, mas não a rezamos; ora «a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem». Não esqueçamos as duas dimensões fundamentais da oração cristã: a escuta da Palavra e a adoração do Senhor, exortou Francisco.

Um momento da Missa do V Domingo da Palavra de Deus


Deixemo-nos conquistar pela beleza da Palavra de Deus

Concluindo sua reflexão, o Santo Padre apresentou algumas interrogações aos presentes, propondo-as também a nós para a nossa reflexão pessoal.

“Que lugar reservo para a Palavra de Deus na casa onde moro? Lá haverá livros, jornais, televisões, telefones, mas… onde está a Bíblia? No meu quarto, tenho ao alcance da mão o Evangelho? Leio-o cada dia para encontrar nele o rumo da vida? Carrego na bolsa um pequeno exemplar do Evangelho para lê-lo? Muitas vezes dei de conselho que se trouxesse sempre conosco o Evangelho: no bolso, na carteira, no celular. Se Cristo me é mais querido do que qualquer outra realidade, como posso deixá-Lo em casa e não trazer comigo a sua Palavra? E a última pergunta: Já li, na íntegra, pelo menos um dos quatro Evangelhos? O Evangelho é o livro da vida, é simples e breve, mas muitos crentes nunca leram um do começo ao fim.”

Deus – diz a Escritura – é «o próprio autor da beleza»: deixemo-nos conquistar pela beleza que a Palavra de Deus traz à vida, exortou por fim o Santo Padre.

Raimundo de Lima – Vatican News

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Assista:

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O Papa no Angelus:
anunciar o Evangelho não é tempo perdido

Anunciar o Evangelho não é tempo perdido: é ser mais feliz ajudando os outros a serem felizes; é libertar-se de si mesmo ajudando os outros a serem livres; é tornar-se melhor ajudando os outros a serem melhores: disse Francisco no Angelus ao meio-dia deste domingo, 21 de janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da Palavra de Deus

Um cristão que não é ativo, que não é responsável pelo trabalho de proclamar o Senhor e que não é o protagonista de sua fé não é um cristão ou, como minha avó costumava dizer, é um cristão do tipo "água de rosas": disse o Santo Padre no Angelus ao meio-dia deste domingo, 21 de janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da Palavra de Deus.

Comentando o Evangelho do dia, Francisco ressaltou que o mesmo narra a vocação dos primeiros discípulos (cf. Mc 1,14-20). Chamar outros para se juntarem à sua missão é uma das primeiras coisas que Jesus faz no início de sua vida pública: Ele se aproxima de alguns jovens pescadores e os convida a segui-Lo para "tornarem-se pescadores de homens". E isso nos diz algo importante - observou: o Senhor ama nos envolver em sua obra de salvação, quer que sejamos ativos com Ele, responsáveis e protagonistas.

Ele não precisaria disso, mas o faz, mesmo que isso signifique assumir muitas de nossas limitações. Olhemos, por exemplo, para a paciência que teve com os discípulos: frequentemente não compreendiam suas palavras, às vezes discordavam entre si, por muito tempo não conseguiam aceitar aspectos essenciais de sua pregação, como o serviço. No entanto, Jesus os escolheu e continuou a acreditar neles.

Mas isso é importante, o Senhor nos escolheu para sermos cristãos. E nós somos pecadores, aprontamos uma coisa atrás da outra... Mas o Senhor continua a acreditar em nós, a acreditar em nós. É maravilhoso isso do Senhor.

De fato, prosseguiu o Pontífice, trazer a salvação de Deus a todos foi a maior felicidade de Jesus, sua missão, o sentido de sua existência entre nós (cf. Jo 6,38). E em cada palavra e ação com as quais nos unimos a Ele, na bonita aventura de doar amor, a luz e a alegria se multiplicam: não apenas ao nosso redor, mas também dentro de nós.

Anunciar o Evangelho, portanto, não é tempo perdido: é ser mais feliz ajudando os outros a serem felizes; é libertar-se de si mesmo ajudando os outros a serem livres; é tornar-se melhor ajudando os outros a serem melhores!

Francisco concluiu deixando-nos algumas interrogações para nossa reflexão pessoal.

Então, perguntemo-nos: eu paro de vez em quando para recordar a alegria que cresceu em mim e ao meu redor quando aceitei o chamado para conhecer e testemunhar Jesus? E quando rezo, agradeço ao Senhor por ter me chamado para tornar os outros felizes? Por fim: desejo fazer com que outras pessoas experimentem, por meio do meu testemunho e da minha alegria, quão bonito é amar Jesus?

Raimundo de Lima – Vatican News

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                                                                                                                   Fonte: vaticannews.va

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