domingo, 27 de janeiro de 2019

Papa Francisco na Missa do envio:

"Jovens, vocês são o 'agora' de Deus!"
Na missa de envio da JMJ do Panamá, Francisco alertou os jovens para o risco de pensar que a vida seja uma promessa que vale só para o futuro, que nada tem a ver com o presente.

Cidade do Vaticano Na mesma esplanada que acolheu 600 mil jovens para a festa da Vigília na noite anterior, o Papa celebrou na manhã deste domingo (27/01) a missa campal de envio da edição panamenha da Jornada Mundial da Juventude.
Chegando em papamóvel ao Metro Park, Francisco foi recebido pelo Arcebispo de Panamá,Dom José Domingo Ulloa Mendieta, e com ele a bordo, prosseguiu entre os fiéis até a Sacristia do Campo São João Paulo II. Telões foram instalados em pontos estratégicos do campo para uma melhor visibilidade das 600 mil pessoas presentes. Na área destinada às autoridades, estavam os presidentes de 5 países latino-americanos: Costa Rica, Colômbia, Guatemala, El Salvador e Honduras, além do português Marcelo Rebelo de Souza.
Jesus e o ceticismo da comunidade
Em sua homilia, o Papa refletiu sobre ‘o agora de Deus’, tema apresentado no Evangelho de Lucas:
Era o início da missão pública de Jesus e na sinagoga, circundado por conhecidos e vizinhos, Ele pronuncia publicamente as palavras “Cumpriu-se hoje”, que significavam a presença de Deus, o tempo de Deus que torna justos e oportunos todos os espaços e situações. Em Jesus, começa e faz-se vida o futuro prometido.
Mas nem todos aqueles que lá O ouviram, se sentiam convidados ou convocados; não estavam prontos para acreditar em alguém que conheciam e tinham visto crescer e que os convidava a realizar um sonho há muito aguardado. E o mesmo acontece às vezes também conosco, explicou o Papa:
“Nem sempre acreditamos que Deus possa ser tão concreto no dia-a-dia, tão próximo e real, e menos ainda que Se faça assim presente agindo através de alguém conhecido, como um vizinho, um amigo, um parente”.
Não subestimar, mas assumir
De fato, prosseguiu Francisco, é comum comportarmo-nos como os vizinhos de Nazaré, preferindo um Deus à distância: magnífico, bom, generoso mas distante e que não incomode, porque um Deus próximo no dia-a-dia, amigo e irmão, nos pede para aprendermos proximidade, presença diária e, sobretudo, fraternidade.
Francisco alertou os jovens para o risco de pensar que a vida seja uma promessa que vale só para o futuro, que nada tem a ver com o presente. Como se ser jovem fosse sinônimo de uma ‘sala de espera’ para o futuro, considerando que o seu ‘agora’ ainda não chegou; que são jovens demais para se envolverem no sonho e na construção do amanhã.
Criar um espaço comum e lutar por ele
A este ponto, o Papa recordou o recente Sínodo dos Jovens, celebrado em outubro passado, no Vaticano, destacando como um de seus frutos “a riqueza da escuta entre gerações, do intercâmbio e do valor de reconhecer que precisamos uns dos outros; “que devemos esforçar-nos por promover canais e espaços onde nos comprometamos a sonhar e construir o amanhã, já hoje, unidos, criando um espaço em comum: um espaço que não nos é oferecido como um presente, nem o ganhamos na loteria, mas um espaço pelo qual vocês também devem lutar”.
“Porque vocês, queridos jovens, não são o futuro, mas o agora de Deus.”
“Ele os convoca e os chama, em suas comunidades e cidades, para irem à procura dos avós, dos mais velhos; para se erguerem de pé e, juntamente com eles, tomar a palavra e realizar o sonho com que o Senhor os sonhou. Não amanhã; mas agora!”.
A missão com Deus é a nossa vida
Incitando os jovens a deixar-se apaixonar por Deus, sentindo que possuem uma missão, Francisco concluiu sua homilia lembrando que o Senhor e sua missão não são um ‘entretanto’, uma coisa passageira, mas são ‘as nossas vidas’, e que o amor de Deus é concreto, próximo e real:
“É alegria festiva que nasce da opção de participar na pesca miraculosa da esperança e da caridade, da solidariedade e da fraternidade frente a tantos olhares paralisados e paralisadores por causa dos medos e da exclusão, da especulação e da manipulação”.
Viver o amor concretamente
Assim como Maria, que não Se limitou a acreditar em Deus e nas suas promessas como algo possível, mas acreditou em Deus e teve a coragem de dizer ‘sim’ para participar neste agora do Senhor, devemos viver em concreto o nosso amor:
“Que o seu ‘sim’ continue a ser a porta de entrada para que o Espírito Santo conceda um novo Pentecostes ao mundo e à Igreja” – foram as palavras conclusivas do Papa.
O 'obrigado' do Papa
No final desta celebração, Francisco agradeceu todas as autoridades civis, o arcebispo de Panamá e os bispos do país e das nações vizinhas, por tudo o que fizeram em suas comunidades para dar abrigo e ajuda a tantos jovens. O ‘obrigado’ do Papa se dirigiu também a todas as pessoas que a apoiaram com a a oração e colaboraram com dedicação e trabalho na realização da JMJ e principalmente, a todos os jovens:
“Sua fé e alegria fizeram vibrar o Panamá, a América e o mundo inteiro”
O último pedido a todos foi para que regressem às suas paróquias e comunidades, famílias e amigos e transmitam esta experiência, para que outros possam vibrar “com a sua força e o seu sonho”.
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Papa Francisco recorda vítimas da tragédia em Brumadinho
"Confio todas as pessoas falecidas à misericórdia de Deus e ao mesmo tempo expresso meu afeto e minha proximidade espiritual aos familiares e a toda a população do Estado de Minas Gerais", disse Francisco no Angelus deste domingo.

Cidade do Vaticano Após a oração mariana do Angelus, deste domingo (27/01), no Lar do Bom Samaritano Juaz Díaz, em Cidade do Panamá, o Papa Francisco recordou as vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no final da manhã de sexta-feira (25/01). Pelo menos 37 pessoas morreram.
O Pontífice citou também a tragédia ocorrida no Estado mexicano de Hidalgo, onde a explosão de um oleoduto perfurado ilegalmente mantou até o momento 114 pessoas.
“Desejo expressar meus sentimentos de pesar pelas tragédias que atingiram os Estados de Minas Gerais, no Brasil, e Hidalgo, no México. Confio à misericórdia de Deus todas as pessoas falecidas. Ao mesmo tempo, rezo pelos feridos e expresso meu afeto e proximidade espiritual a seus familiares e a toda a população.”
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Assista:
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Solidariedade da CNBB
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também manifestou sua solidariedade para com as vítimas de Brumadinho, emitindo uma Nota de Solidariedade, na tarde deste sábado (26/01), a respeito do fato ocorrido na sexta-feira.
Na nota, os bispos destacam que aquela tragédia recente e semelhante quando houve rompimento de outra barragem em Mariana (MG) ensinou muito pouco.
Em nome do episcopado brasileiro, os bispos da presidência se unem aos familiares das vítimas e às comunidades para pedir: “As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça“.
A presidência manifesta estar unida também com toda a família arquidiocesana de Belo Horizonte e reforça o pedido do arcebispo, dom Walmor Oliveira: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais”.
No final da Nota de Solidariedade, a Presidência da CNBB “oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens“.
Leia a Nota, na íntegra:
NOTA DE SOLIDARIEDADE
“Toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto” (Rm 8, 22)
A tragédia em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, vem confirmar a profecia de São Paulo VI: “Por motivo de uma exploração que não leva em consideração a natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação (Discurso à FAO, (16/11/1970).
Por ocasião do “Desastre de Mariana”, também em Minas Gerais, o Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB afirmava que “é preciso colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à vida das pessoas e do planeta” (25/12/2015). “O princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia” (Laudato Sì, 195). Esse princípio destrói a natureza e a pessoa humana.
É muito triste constatar que o “desastre de Mariana” tenha ensinado tão pouco. É urgente que a atividade mineradora no Brasil tenha um marco regulatório que retire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente, com a consequente destruição da biodiversidade. “O meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (Laudato Sì, 95).
As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça.
Unidos à família arquidiocesana de Belo Horizonte, assumimos como nossas as palavras do seu Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais. A justiça seja feita, com lucidez e sem mediocridades que geram passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com incondicional respeito e compromisso com os mais pobres” (25/01/2019).
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressa solidariedade e oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens.
A esperança de viver na “Casa Comum” anime os nossos passos, e a fé na ressurreição ilumine a nossa dor!
Brasília-DF, 26 de janeiro de 2019
Cardeal Sérgio da Rocha Arcebispo de Brasília - Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJArcebispo de Salvador - Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário-Geral da CNBB
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JMJ de 2022 será em Lisboa
O anúncio oficial foi feito ao final da missa conclusiva da Jornada Mundial da Juventude do Panamá, realizada neste domingo (27/01) no Campo São João Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá. Lisboa vai sediar a próxima edição da JMJ.

Cidade do VaticanoO Presidente do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Cardeal Kevin Farrell, anunciou a próxima cidade que irá receber a Jornada Mundial da Juventude ao final da missa conclusiva do evento do Panamá neste domingo (27/01), no Campo São João Paulo II. A cidade de Lisboa, em Portugal, vai sediar a JMJ de 2022.
A preparação para a próxima festa mundial dos jovens começa já nesta semana, segundo afirma o Pe. José Manuel Pereira de Almeida, teólogo e vice-reitor da Universidade Católica de Portugal: “será uma ocasião extraordinária ter os jovens do mundo inteiro e o Papa aqui. Começamos a trabalhar já nesta semana!”.
Além da alegria de receber a JMJ em Lisboa, seja pela realidade da Igreja que pela situação da juventude local e também dos africanos de expressão portuguesa que podem chegar facilmente ao país, Pe. José acredita que "devem trabalhar para que o evento possa ser aquilo para o que é chamado ser: o encontro entre nós, com o Papa e com o Senhor Jesus, que nos chama para estar presentes com coragem, com fé e como serviço à vida e à esperança de todos".
O vice-reitor também disse que o Papa vai encontrar em Portugal uma Igreja "de um lado tradicional, ligada à fé simples das pessoas que, por exemplo, vê a mensagem de Fátima como um gancho de segurança; mas vai encontrar a possibilidade de renovar uma Igreja que gostaria de estar mais próxima do Evangelho, mais simples, mais em sintonia com os apelos que o Papa nos faz. É uma Igreja dos pobres, em saída, uma Igreja que espera ser, de fato, mais evangélica no dia a dia. Comunidades pequenas, mas cheias de vida e sentido missionário", finalizou o Pe. José.
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Papa despede-se do Panamá:
É preciso multiplicar a esperança
Às 18h25 minutos deste domingo, o avião levando o Papa Francisco para Roma decolou do Aeroporto Internacional de Tocumen, concluindo assim a 26a Viagem Apostólica Internacional de seu Pontificado.

Cidade do Panamá - No final da tarde deste domingo, 27, o Papa deixou o Panamá para voltar ao Vaticano, concluindo mais uma Viagem Apostólica internacional de seu Pontificado. E deixou  o Panamá com saudades. Este pequeno país da América Central acolheu de braços abertos Francisco e os milhares de peregrinos de todas as partes do mundo que vieram para a Jornada Mundial da Juventude. Uma visita histórica e inesquecível, comentavam os panamenhos,  pois - perguntavam-se – quando e por que um Papa viria ao Panamá?, mesmo ainda estando na memória a visita de São João Paulo II em março de 1985.
Realmente, um pequeno país pelas dimensões, com pouco mais de 4 milhões de habitantes, canal e ponte entre a América do Sul e o restante da América. Daqui partiu a evangelização para o restante do continente e aqui foi ereta a primeira Diocese em “terra firme”.
Pela localização, a JMJ possibilitou uma maior presença de jovens vindos da Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Venezuela, Colômbia, que vivem em muitos casos com desafios semelhantes. Francisco veio como pai e pastor, trazer um alento e um encorajamento especialmente à juventude deste lado do Oceano.
Uma palavra que bem poderia resumir sua viagem é “esperança”, uma esperança levada por suas palavras e gestos ao que parecia perdido, a esperança ao que parece não ter saída. O fez, ao visitar o centro de recuperação de menores onde também ouviu confissões e fez até mesmo correr lágrimas de jornalistas. O fez novamente ao visitar o centro que acolhe doentes de aids e que não recebem apoio de suas famílias e nem tem condições de pagar algum tratamento. Não julgou, não repreendeu, simplesmente amou.
Em continuidade ao Sínodo dos bispos de outubro, esta Jornada tinha um forte chamado vocacional, como diz o próprio lema: “Eis-me aqui, faça-se em mim segundo a tua vontade”. E “dizer sim ao Senhor é ter a coragem de abraçar a vida como vem, com toda a sua fragilidade e pequenez e, muitas vezes, até com todas as suas contradições e insignificâncias, abraçá-la com amor”, disse ao jovens na Vigília. “Damos também provas de que se abraça a vida, quando acolhemos tudo o que não é perfeito, puro ou destilado, mas lá por isso não menos digno de amor”, completou.
Nos dez pronunciamentos – incluindo três homilias mais o Angelus – Francisco falou de imigração, de pecados da Igreja, de dor, de miséria, de crianças não nascidas, de violência contra a mulher,  de corrupção: “é preciso ter a ousadia de criar uma cultura de maior transparência entre governos, setor privado e população.”
O Papa é conhecedor das dificuldades enfrentadas pelos jovens. “São muitos os que dolorosamente foram seduzidos com respostas imediatas que hipotecam a vida”, afirmou. Mas também sabe do grande potencial de bem que há no ser humano e é este potencial que busca despertar, para que num mundo nem sempre tão luminoso, possa brilhar e se propagar esta luz, capaz de contrastar a indiferença, o egoísmo e a mentira: os peregrinos da JMJ, “com seus gestos e atitudes, com seu olhar, seus desejos e especialmente com sua sensibilidade, desmentem e desautorizam todos os discursos que se concentram e se empenham em semear divisão, em excluir ou expulsar ‘os que não são como nós’.”
Usando expressões para chegar mais facilmente a seus interlocutores, Francisco disse que Maria foi a maior ‘influencer’ da história, mesmo não usando redes sociais.
Na mensagem antes da jornada, já havia dito que nossa vida só encontra sentido no serviço a Deus e ao próximo. E ao agradecer aos voluntários antes de partir, disse que eles quiseram “dar o melhor de si para tornar possível o milagre da multiplicação, não só dos pães, mas da esperança. Precisamos multiplicar a esperança.”
JMJ é peregrinação, é comunhão, é partilha, uma marca que fica no coração. A próxima, será em Portugal 2022. Que até lá nós, e os milhares de jovens que aqui estiveram, possam multiplicar a esperança.
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Assista:
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