segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Os desafios da realidade urbana

serão eixo central da atuação pastoral da Igreja no Brasil


Na próxima Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), marcada para o mês de maio de 2019, em Aparecida (SP), serão aprovadas as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019-2023. O foco do texto em preparação para este momento é a atuação da Igreja no mundo urbano. Esta reflexão, já está presente em vários ambientes eclesiais, como o regional Leste 2 da CNBB, que compreende os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
A temática também foi trabalhada no 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), realizado em 2018. Dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina (PR) e vice-presidente do regional Sul 2, defendeu a necessidade atualizar as diretrizes com o enfoque a atuação da Igreja na realidade urbana.
O bispo disse ser necessário levar em consideração as reflexões produzidas no XIV Intereclesial de Cebs e sobre o Encontro dos Bispos das Metrópoles. “É muito importante que o documento aprofunde a questão das periferias e, sobretudo, do que estamos chamando de ‘periferias existenciais’. Lá, a Igreja precisa atuar com a caridade e assistência aos pobres”, disse.
O regional Leste 2 aprofundou em assembleia o tema “Uma Igreja em saída frente aos desafios e esperanças do mundo urbano”. De acordo com o arcebispo de Uberaba (MG) e presidente do regional, dom Paulo Mendes Peixoto, as reflexões sobre a temática buscaram encontrar caminhos de como “atingir com a nossa pastoral”. “Cada vez que passa o tempo, o mundo urbano se torna mais complicado. No fundo, é aquela palavra de São Paulo que, em Atenas, ele encontrou na cidade um grande areópago, cheio de tanta confusão, tanta adversidade, por outro lado também, muita riqueza”, observa.
Direito à cidade – Para Celso Pinto Carias, assessor das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), os mais pobres estão sendo excluídos do direito fundamental de usufruir das cidades. “Em nome de uma modernização dos grandes centros urbanos, empurra-se os mais pobres cada vez mais longe de seus postos de trabalho. “Os mais pobres não têm acesso aos equipamentos sociais e culturais produzidos nessas reformas urbanas”, avalia.
Para contribuir no debate rumo à 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comissão Especial sobre a atualização das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2019/2023 enviou ao episcopado brasileiro, a pessoas interessadas, aos organismos e pastorais da Igreja no Brasil o “Texto Mártir”.
O chamado “Texto Mártir” será objeto de estudos e acréscimos até a próxima reunião da Comissão marcada para fevereiro de 2019, ocasião na qual se produzirá uma versão final do texto que será levado à 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil que acontece em Aparecida (SP), de 1º a 10 de maio de 2019.
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Arcebispo de Belo Horizonte aponta
os desafios para a atuação dos cristãos no 3º milênio


Neste momento em que se completam duas décadas deste terceiro milênio, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), em artigo, aprofunda os desafios de ser cristão nesta época em que nada tem força para deter a voracidade do tempo. Para o arcebispo, “só o horizonte da eternidade, para aqueles que têm a fé no Filho de Deus – Salvador e Redentor da humanidade – consola e é certeza da vitória definitiva sobre a fugacidade do tempo”.
Dom Walmor defende que as abordagens filosóficas e antropológicas sobre o tempo carregam riquezas preciosas, lições que, aprendidas, qualificam o existencial humano e dá ao tempo que passa sentido consistente. “Com os instantes que transcorrem, marcados por incontáveis e impactantes avanços tecnológicos, torna-se urgente conceber equivalentes progressos humanísticos e espirituais, tão necessários a este tempo”, avalia.
Nesta época, defende o arcebispo, a realidade se sobrepõe a qualquer argumento ao demonstrar que os importantes avanços tecnológicos e cibernéticos são insuficientes para garantir qualidade de vida a todos. “A perda dos valores humanísticos e espirituais valores gera intolerância, permissividade, desrespeito e desfiguração de identidades – de indivíduos e instituições – produzindo diferentes formas de violência”, disse.
Para dom Walmor as duas primeiras décadas deste terceiro milênio ainda não ofereceram sinais de melhoras dos males que marcaram o século XX. “É preciso buscar o que está faltando para reverter as dinâmicas que deterioram a vida humana”, escreveu. Para ele, os processos educativos formais, até mesmo nos grandes centros acadêmicos e científicos, não estão dando conta de promover ampla qualificação humanística, com incidências transformadoras na realidade.
Dom Walmor defende que neste contexto é tarefa dos cristãos superar disputas entre si, com ou sem razões confessionais, no sentido de oferecer ao mundo uma fonte inesgotável de valores humanísticos: a Palavra de Deus, que tem força para combater o relativismo defendido por ideologias, com a troca de certos princípios por uma liberdade ilusória. “Ouvir e acolher o Evangelho produz frutos e qualifica a interioridade humana. Buscá-lo é atitude essencial para fazer da terceira década deste milênio bem mais do que simplesmente um tempo promissor”, aponta.
O arcebispo aponta que na escuta do Evangelho, vale dedicar-se de modo especial ao Sermão da Montanha, com a sua força transformadora. Quem busca essa Palavra, lembra dom Walmor, coloca-se diante de Deus, em atitude de escuta que faz reverberar o sentido de fraternidade solidária, a partir da consciência de que todos são filhos de Deus. “Ouvir a Palavra causa impacto, é uma experiência que permite aprender misticamente a imprescindível lição que vem do coração de Deus. ‘Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem’”.
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                                                                                                                      Fonte: cnbb.org.br

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