sábado, 25 de junho de 2016






Francisco reza no Memorial das vítimas do genocídio armênio

Yerevan (RV) – O primeiro compromisso do Papa Francisco no segundo dia de sua visita à Armênia, no sábado (25/06), foi a visita ao Memorial dedicado às vítimas do massacre da população armênia pelo Império turco-otomano em 1915.
Localizado na “colina das andorinhas” em Tzitzernakaberd e inaugurado em 1967, o local foi enriquecido em 1995 por ocasião do 80º aniversário dos massacres com um Museu, que conserva testemunhos e documentos sobre os massacres.
Francisco deposita rosas brancas em homenagem às vítimas
No Memorial, o Papa e o Catholicos foram acolhidos pelo Presidente, com o qual percorreram à pé a última parte do trajeto que leva ao monumento, aos pés do qual o Papa depositou uma coroa de flores. Um grupo de crianças portava imagens dos mártires de 1915. Diante da chama perpétua foi rezado o Pai Nosso.
Após a oração do Pai Nosso diante da “chama perpétua”, foram proclamadas duas leituras: a primeira tirada do Livros dos Hebreus (‘Tivestes que suportar uma dura luta’) e a segunda do Evangelho de João (‘Tudo o que pedirdes em meu nome, eu o farei’).
Ao final, o Papa pronunciou a Oração de intercessão:
Cristo, coroa os teu Santos e cumpre a vontade de teus fieis e olhas com amor e doçura às tuas criaturas, escuta-nos dos céus da tua santidade, por intercessão da Santa Mãe de Deus, pelas súplicas de todos os teus santos, e daqueles de quem hoje é a memória.
Ouvi-nos, ó Senhor e tem piedade, perdoai-nos, expia e perdoa os nossos pecados.
Faze-nos dignos para glorificar-te com sentimentos de graças, junto ao o Pai e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.
O Papa, o Catholicos e o Presidente armênio transferiram-se então para a esplanada do Museu do Memorial. Ao longo do percurso no jardim, o Papa regou uma árvore, como gesto simbólico da visita.
Na esplanada, o comovente encontro com cerca de dez descendentes de perseguidos armênios, que na época foram salvos e acolhidos na residência de verão dos Papas de Castel Gandolfo pelo Papa Pio XI.
Antes de despedir-se, o Papa Francisco assinou o Livro de Honra: "Aqui rezo, com dor no coração, – escreveu o Papa – para que nunca mais existam tragédias como essa, para que a humanidade não se esqueça e saiba vencer o mal com o bem. Deus conceda ao amado povo armênio e ao mundo inteiro a paz e a consolação. Que Deus guarde a memória do povo armênio. A memória não deve ser diluída nem esquecida, a memória é fonte de paz e de futuro".
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Papa na missa na Armênia:
Amor concreto é o cartão de visita do cristão

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu na manhã deste sábado (25/06), na praça central de Gyumri, à celebração da Missa votiva da "Misericórdia de Deus", da qual participou o Catholicos Karekin II.
Em sua homilia, o Papa partiu da citação de Isaías: "Levantarão os antigos escombros, restaurarão as cidades destruídas". E explicou:
“Nestes lugares, podemos dizer que se realizaram as palavras do profeta Isaías, que ouvimos. Depois das terríveis devastações do terremoto, estamos aqui, hoje, para dar graças a Deus pela sua reconstrução. Gostaria de propor-lhes três alicerces estáveis sobre os quais edificar e reedificar a vida cristã: memória, fé e amor misericordioso”.
Ao explicar o primeiro alicerce, Francisco disse: “A primeira graça que devemos pedir a Deus é a “memória” do que o Senhor realizou em nós e por nós. Ele não nos esqueceu, mas “se lembrou’ de nós: escolheu-nos, amou-nos, chamou-nos e perdoou-nos. Mas também há outra memória a ser salvaguardada: a memória do povo.
Martírio
De fato, a memória do povo armênio, afirmou o Papa, é muito antiga e preciosa; através dela podemos reconhecer a presença de Deus. Apesar das adversidades, o Senhor visitou o seu povo e se recordou da sua fidelidade ao Evangelho, da sua fé e do seu testemunho, a ponto de dar o próprio sangue. Recordemos, com gratidão, que a fé cristã se tornou o respiro do seu povo e o coração da sua memória.
Francisco incensa o altar
O segundo alicerce apresentado pelo Santo Padre é a “fé”, que constitui a esperança para o futuro e a luz no caminho da vida. A fé nasce e renasce do encontro vivificante com Jesus, da experiência da sua misericórdia, que ilumina todas as situações da vida.
Tudo isto renova a vida, torna-a livre e dócil às surpresas, pronta e disponível para o Senhor e para os outros. Desta forma, vocês podem dar continuidade à grande história de evangelização, da qual a Igreja e o mundo precisam, sobretudo nestes tempos conturbados.
O último alicerce proposto por Francisco, depois da memória e da fé, é o “amor misericordioso” sobre o qual se baseia a vida do discípulo de Jesus. O amor concreto é o cartão de visita do cristão.
Reconstruir
Como cristãos somos chamados a construir e reconstruir, incansavelmente, os caminhos da plena comunhão, edificando pontes de união e superando as barreiras que dividem. Os fiéis devem dar sempre o exemplo, colaborando, no respeito recíproco e no diálogo.
Refletindo ainda sobre a liturgia de hoje, o Pontífice frisou que “Deus está presente onde se ama, especialmente onde se cuida, com coragem e compaixão, dos fracos e pobres. Hoje, temos tanta necessidade de cristãos que não desanimam diante das adversidades, mas estejam disponíveis e abertos, prontos a servir, em uma sociedade mais justa.
Doutor da Igreja
Mas, como tornar-nos misericordiosos, perguntou o Papa, e respondeu inspirando-se no exemplo concreto de um grande arauto da misericórdia divina, que o próprio Santo Padre inseriu entre os Doutores da Igreja Católica: São Gregório de Narek, palavra e voz do povo armênio.
“Ele sempre colocou em diálogo as misérias humanas e a misericórdia de Deus, elevando uma ardente súplica feita de lágrimas e confiança no Senhor. Gregório de Narek é um mestre de vida, porque nos ensina que é importante reconhecermo-nos necessitados de misericórdia divina e abrir-nos, com sinceridade e confiança, ao Senhor”.
Conclusão
Por fim, Francisco invocou o Espírito Santo para obtermos o dom da misericórdia divina e de sempre amar. Que ele nos estimule à caridade e às boas obras, segundo a grande misericórdia divina.
No final da Celebração Eucarística, o Santo Padre expressou sua viva gratidão ao Catholicos Karekin II e ao Arcebispo Minassian pelas amáveis palavras de saudação, bem como ao Patriarca Ghabroyan e aos Bispos presentes, aos sacerdotes e às Autoridades:
“Agradeço a todos os que participaram desta celebração, vindos a Gyumri de diferentes regiões e até da vizinha Geórgia. Quero saudar, de modo particular, os que, com tanta generosidade e amor, ajudam os mais necessitados, sobretudo o hospital de Ashotsk, inaugurado há 25 anos e conhecido como o ‘Hospital do Papa’; nascido do coração de São João Paulo II, o hospital representa uma presença muito importante para quem sofre”.
Assista:

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Papa Francisco:
Abandonar interesses próprios em nome da plena união

Yerevan (RV) - O Papa Francisco participou do Encontro Ecumênico com a Oração pela Paz, na tarde de sábado (25/06), na Praça da República, em Yerevan. Cerca de 50 mil pessoas participaram da celebração, que reuniu católicos e ortodoxos.
Abraço fraterno entre Francisco e Karekin II
"Vim como peregrino para encontrá-los e expressar-lhes meus sentimentos de afeto e o abraço fraterno de toda a Igreja Católica, que os ama e lhes é solidária”, disse o Pontífice no início do seu discurso, para recordar os fortes laços que unem Roma e a Armênia.
"Nos anos passados, graças a Deus, se intensificaram as visitas e os encontros entre as nossas Igrejas, sempre muito cordiais e memoráveis, expressando a sua gratidão a Deus por uma unidade 'real e íntima' entre ambas as Igrejas". 
O Papa agradeceu então pela fidelidade ao Evangelho do povo armênio, muitas vezes heroica, dom inestimável para todos os cristãos.
Assista:
Unidade plena
“Partilhamos com grande alegria os numerosos passos de um caminho, bem avançado, e olhamos com confiança para o dia em que, com a ajuda de Deus, estaremos unidos junto ao altar do sacrifício de Cristo, na plenitude da comunhão eucarística. Rumo a esta meta tão desejada peregrinamos juntos, abrindo o coração ao companheiro de estrada sem temor e sem desconfiança”, acrescentou o Papa.
Neste trajeto, ressaltou Francisco, somos precedidos e acompanhados por tantas testemunhas e mártires, que selaram com o sangue a fé comum em Cristo: elas brilham no céu e nos indicam o caminho que ainda temos que percorrer rumo à plena comunhão. E, ao citar alguns exemplos de unidade armênios, o Santo Padre frisou que “a unidade não busca interesses mútuos, mas a realização do desejo de Jesus, que nos pede para cumprir a nossa missão: oferecer, com coerência, o Evangelho ao mundo".
Coragem para unir
“No caminho rumo à unidade, somos chamados a ter a coragem de deixar as nossas convicções rígidas e os interesses próprios, em nome do amor de Cristo, que se humilhou e se entregou em nome do amor humilde e generoso; este amor atrai a misericórdia do Pai, a bênção de Cristo e a abundância do Espírito Santo. Continuemos, decididos, o nosso caminho, ou melhor, corramos para a plena comunhão entre nós!”, esclareceu Francisco.
Aqui, o Pontífice destacou outro aspecto do Encontro Ecumênico, o dom da paz: “Como são grandes, hoje, os obstáculos no caminho da paz e trágicas as consequências das guerras! Penso nas populações forçadas a abandonar tudo, especialmente no Oriente Médio, onde muitos dos nossos irmãos e irmãs sofrem violências e perseguição por causa do ódio e dos conflitos, fomentados pelo flagelo da proliferação e do comércio de armas, pela tentação de recorrer à força e pela falta de respeito pelos seres humanos, sobretudo os mais vulneráveis, os pobres e os que querem apenas uma vida digna”.
"Grande mal"
Neste sentido, o Santo Padre recordou as terríveis provações pelas quais o povo armênio passou, há um século. Este trágico extermínio iníquo permanece impresso na memória e no coração de todos. Trata-se de uma advertência para que o mundo nunca mais caia na espiral de tais horrores. Os armênios, arautos e testemunhas da fé cristã, podem tornar-se sementes de paz e de reconciliação para o futuro.
E o Papa exortou sobretudo a juventude do país: “Queridos jovens, este futuro lhes pertence. Valorizando a grande sabedoria dos seus antepassados, aspirem a se tornar construtores de paz, ativos promotores de uma cultura de encontro e de reconciliação. Deus abençoe o seu futuro e lhes conceda retomar o caminho de reconciliação entre o povo armênio e o povo turco, e que a paz possa surgir também no Nagorno Karabakh”.
Doutor da Igreja
Nesta perspectiva, o Bispo de Roma evocou outra grande testemunha e artífice da paz de Cristo na Armênia: São Gregório de Narek, “Doutor da Igreja”. Ele também poderia ser chamado “Doutor da Paz”, como ele mesmo escreveu no seu livro extraordinário, uma verdadeira “constituição espiritual do povo armênio”. São Narek, ciente das necessidades do próximo, quis identificar-se e interceder pelos mais vulneráveis e os pecadores de todos os tempos e lugares. E o Pontífice concluiu:
“Esta sua solidariedade universal com a humanidade é uma grande mensagem cristã de paz, um grito ardente que clama misericórdia para todos. Os armênios, presentes em muitos países, aos quais daqui envio um abraço fraterno, sejam mensageiros deste anseio de comunhão e embaixadores da paz”.
Paz
O mundo inteiro precisa deste anúncio, da presença e do testemunho genuíno do povo armênio, disse o Papa, que encerrou seu discurso com a saudação na língua local: “Kha’ra’rutiun amene’tzun”, ou seja, “a paz esteja convosco”!
O encontro ecumênico de oração terminou com um abraço fraterno entre o Papa Francisco e o Catholicos Karekin II, que juntos regaram uma videira plantada em uma arca de bronze, doação dos Armênios ao Papa.
Assista:
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                                                                                  Fonte: radiovaticana.va       news.va

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