domingo, 31 de agosto de 2025

Papa no Angelus deste domingo:

a humildade é a forma plena da liberdade,
vem à tona quando aprendemos a servir

A humildade é a liberdade de si mesmo. Quem se exalta parece não ter encontrado nada mais interessante do que a si mesmo. Mas quem compreendeu ser tão precioso aos olhos de Deus, tem coisas maiores pelas quais se exaltar e tem uma dignidade que brilha por si mesma. Ela vem à tona, está em primeiro lugar, sem esforço e sem estratégias, quando, em vez de nos servirmos das situações, aprendemos a servir: disse o Papa no Angelus deste domingo, XXII do Tempo Comum.

A humildade é a forma plena da liberdade. Ela é a liberdade de sim mesmo. Foi o que disse o Pontífice no Angelus deste domingo, 31 de agosto, o XXII Domingo do Tempo Comum. Na alocução que precedeu a oração mariana, Leão XIV ateve-se página do Evangelho do dia (Lc 14,1.7-14) em que Jesus é convidado para almoçar por um dos chefes dos fariseus. Inicialmente, o Santo Padre observou que estar à mesa juntos, especialmente nos dias de descanso e de festa, é um sinal de paz e comunhão, em todas as culturas, e que receber convidados amplia o espaço do coração, e ser convidado requer a humildade de entrar no mundo do outro. “Uma cultura do encontro se alimenta desses gestos que aproximam”, acrescentou, frisando que “encontrar-se nem sempre é fácil”.

Jesus se aproxima realmente, não permanece alheio

O Evangelista nota que os comensais “ficavam observando” Jesus, e geralmente Ele era visto com certa desconfiança pelos intérpretes mais rigorosos da tradição. Apesar disso, o encontro acontece, porque Jesus se aproxima realmente, não permanece alheio à situação. Ele se torna verdadeiramente hóspede, com respeito e autenticidade. Ele renuncia às boas maneiras que são apenas formalidades para evitar o envolvimento mútuo.

Assim, em seu estilo próprio, continuou o Santo Padre, com uma parábola, descreve o que vê e convida quem o observa a pensar. Ele percebeu que há uma corrida para ocupar os primeiros lugares. Isso acontece também hoje, não na família, mas nas ocasiões em que é importante “ser notado”; então, estar juntos se transforma em uma competição.

Somos chamados à liberdade

Irmãs e irmãos, sentar-nos juntos à mesa eucarística, no dia do Senhor, significa também para nós deixar a palavra a Jesus. Ele torna-se voluntariamente nosso hóspede e pode descrever-nos como Ele nos vê. É muito importante ver-nos com o seu olhar: repensar como muitas vezes reduzimos a vida a uma competição, como nos descompostamos para obter algum reconhecimento, como nos comparamos inutilmente uns aos outros. Parar para refletir, deixar-nos abalar por uma Palavra que questiona as prioridades que ocupam o nosso coração: é uma experiência de liberdade. Jesus chama-nos à liberdade.

No Evangelho, reiterou o Pontífice, Ele usa a palavra “humildade” para descrever a forma plena da liberdade. A humildade, de fato, é a liberdade de si mesmo. Ela nasce quando o Reino de Deus e sua justiça realmente despertam nosso interesse e podemos nos permitir olhar para longe: não para a ponta dos nossos pés, mas para longe!

A Igreja seja aquela casa onde todos são sempre bem-vindos

Quem se exalta, em geral, parece não ter encontrado nada mais interessante do que a si mesmo e, no fundo, é muito inseguro. Mas quem compreendeu ser tão precioso aos olhos de Deus, quem sente profundamente ser filho ou filha de Deus, tem coisas maiores pelas quais se exaltar e tem uma dignidade que brilha por si mesma. Ela vem à tona, está em primeiro lugar, sem esforço e sem estratégias, quando, em vez de nos servirmos das situações, aprendemos a servir.

Pedimos hoje, concluiu Leão XIV, que a Igreja seja para todos um ginásio de humildade, ou seja, aquela casa onde todos são sempre bem-vindos, onde não é preciso conquistar lugares, onde Jesus ainda pode tomar a palavra e nos educar em sua humildade, em sua liberdade. Maria, a quem agora rezamos, é verdadeiramente a Mãe desta casa.

Raimundo de Lima – Vatican News

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                                                              Fonte: vaticannews.va    Vídeo: (@Vatican Media)

Reflexão para o seu domingo;

Gratuitamente

José Antonio Pagola

Há uma “bem-aventurança” de Jesus que nós, cristãos, temos ignorado. “Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Feliz de ti, porque eles não podem retribuir-te”. Na realidade, fica difícil para nós entender estas palavras, porque a linguagem da gratuidade nos é estranha e incompreensível.

Em nossa “civilização do possuir” quase nada é gratuito. Tudo é intercambiado, emprestado, devido ou exigido. Ninguém acredita que “é melhor dar do que receber”. Só sabemos prestar serviços remunerados e “cobrar juros” por tudo o que fazemos ao longo da vida.

No entanto, os momentos mais intensos e culminantes da vida são aqueles em que sabemos viver a gratuidade. Só na entrega desinteressada pode-se saborear o verdadeiro amor, a alegria, a solidariedade, a confiança mútua. Gregório Nazianzeno diz que “Deus fez o homem cantor de sua irradiação” e, certamente, nunca o homem é tão grande como quando sabe irradiar amor gratuito e desinteressado.

Não poderíamos ser mais generosos com os que nunca nos poderão retribuir o que fizermos por eles? Não poderíamos aproximar-nos dos que vivem sozinhos e desamparados, pensando apenas no bem deles? Viveremos sempre buscando nosso interesse?

Acostumados a correr atrás de todo tipo de gozos e satisfações, atrever-nos-emos a saborear a felicidade oculta, mas autêntica, que se encerra na entrega gratuita a quem de nós precisa? Charles Péguy, um seguidor fiel de Jesus, vivia convencido de que, na vida, “aquele que perde, ganha”.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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Sacerdote do Sagrado Coração de Jesus:

Sou padre catequista há sessenta anos!

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

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SÃO mais de mil padres e leigos catequistas falando diariamente na Internet.

Você tem milhares de opções para escolher que caminho católico deseja seguir.

Se você é da RCC tem mais de 500 padres ensinando sobre o Espírito Santo, batismo no Espírito, renovação do carisma! Provavelmente você vive o carisma de PENTECOSTES.

E aposto que você cultiva todos os dons que recebeu porque ninguém tem apenas um DOM. E todos lhe foram dados para você servir o povo, sobretudo servir a quem mais precisa de você!

Se há optou por outro carisma tipo agostiniano, paulino, redentorista, franciscano, beneditino, salesiano, dehoniano, cordemariano, você tem mais de 500 carismas para seguir. Só na sua diocese talvez haja dez ou quinze carismas. Colabore com estes carismáticos além de viver o carisma do seu movimento!

A troca de carismas sempre gerou santos. Um aprende com o outro!

Não precisa bater de frente contra os outros carismas. Há santidade em todos estes chamados! Admire também os santos e as santas dos outros!

Cresci admirando São Domingo Sávio, São João Bosco, Santa Terezinha e São Inácio de Loyola, enquanto orava aos santos que viviam a mística do Sagrado Coração. Aprendi com outros carismas enquanto bebia os carismas do Pe. Dehon, um padre sociólogo, advogado e teólogo que lutava pelo sonho do REINADO DE JESUS na França!

Havia muitas injustiças no seu país!

No dia dedicado à ã sua vocação siga seu bispo, seu padre, sua freira e seus leigos preferidos!

Todos eles conhecem o CIC, o CVII e o DSI. E além disso eles têm a Bíblia. E a maioria deles crê que foi batizada no Espírito e que se converteu a Jesus. Junte-se a eles!

No mês agosto a Igreja lembrou todas as vocações.

Escolha os catequistas nos quais você confia e siga-os.

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Quanto a mim, já que não sou do mesmo carisma que o seu, eu me associo em oração ao grupo que você escolheu seguir. Que bom que você escolheu!

Um padre precisa valorizar todos os chamados e carismas que há na paróquia, enquanto tenta viver o seu.

No dia dos catequistas, parabéns! É sinal de que você dialoga com todos e não apenas com os do seu grupo!

Catequista sonha com Jo 17,1-26…

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                                                                                         Fonte: facebook.com/padrezezinho,sjc

sábado, 30 de agosto de 2025

Reflita com o frei Almir Guimarães:

O delicado perfume da gratuidade

A sociedade atual tende a produzir um tipo de homem insolidário, consumista, de coração mesquinho e horizonte estreito, incapaz de generosidade. É difícil ver gestos gratuitos. Às vezes até a amizade e o amor aparecem influenciados pelo interesse e pelo egoísmo. (José Antonio Pagola)

Mais uma vez entramos em contato com a parábola dos convidados para uma festa de casamento que estavam ansiosos por ocupar os primeiros lugares à mesa do banquete. Foram afoitos. Poderia haver gente mais importante a ocupar os lugares que eles andavam pretendendo tomar. Tema da gratuidade, tema da humildade. Postura essencial para entrarmos no mundo de Jesus: pessoas não presunçosas, gente que conhece sua dignidade mas não querem estar sempre na passarela.

As coisas não aconteceram tal qual como são descritas por Lucas. Trata-se de uma história que deve nos levar a pensar. As pessoas começavam a chegar. Esperavam os noivos. O desejo de muitos era de ocupar os primeiros lugares, perto dos principais do lugar. Merecimento? Vontade de aparecer? Os que agora são convidados, posteriormente convidariam seus anfitriões. Jogo de troca. Toma lá, dá cá. Às vezes, como diz Pagola, até a amizade e o amor aparecem marcados pelo interesse e pelo egoísmo. Em nossos dias há pessoas que cumprem obrigações sociais em certos eventos… Há mesmo os que ousam ocupar os primeiros lugares sem mérito. Podem ser convidados a deixar o lugar para os amigos mais íntimos do anfitrião. Cuidado.

Humildade se opõe a orgulho, pretensões de superioridade, desejo de dominar, imaginação de que somos melhores do que os outros e merecedores de favores. Postura que torna a pessoa insolidária e mesquinha. Os de bom senso contemplam a falta de quem avança esquecendo os outros. Luta pelo poder, desejo desmedido do ego.

Em latim se diz humilitas. A palavra deriva de humus, isto é, terra, chão, humus. Humildade significa a coragem de aceitarmos nosso vínculo com a terra, a vontade de conciliarmos com nossa realidade, com o fato que viemos da terra e fomos alçados à dignidade de filhos de Deus por graça, sem mérito de nossa parte. Sabemos que tudo é graça, tudo é dom. Não somos os donos de nós mesmos. Ele, o Senhor, nos inventou e anda nos acompanhando e fecundando o labor de nossas mãos. Tudo dele recebemos. Quando atribuímos valores a nós mesmos estamos roubando o que é do Senhor. São Francisco de Assis dizia: “Nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá” (Carta a toda a Ordem 29). O pior que pode acontecer com uma pessoa é que ela viva orgulhosamente. Este talvez seja o mais grave pecado. Homem algum é uma ilha. O mestre não hesitou em ser lavador dos pés dos irmãos.

Jesus buscava organização do mundo diferente, sob a lei da partilha. Uma sociedade em que as pessoas pensassem nos mais fracos, nos sem prestígio público, que não ficasse vidrada nas pessoas que pudessem lhes dar lucros, em amizades interesseiras.

A leitura do Eclesiástico aborda o mesmo tema: “Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele e ele não compreende”.

Em inúmeras passagens a Escritura nos diz que Deus se revela aos humildes e se fecha aos soberbos, que o publicano que rezava com o coração arrependido encontrou a Deus e não o fariseu presunçoso. É extremamente agradável conviver com pessoas simples. Não conseguimos dar atenção por longo tempo a pessoas amantes de ilusórias grandezas e que aberta ou camufladamente incensam-se a si mesmas.

A pessoa humilde não precisa alardear sua humildade: sua vida respira simplicidade e temos vontade de conviver com ela. Os que se dizem humildes, nem sempre o são.

A pessoa humilde aceita que sua agenda seja modificada diante de um exigência urgente. Não reclama. Troca o bom pelo melhor.
A pessoa humilde aceita ocupações simples, domésticas, feitas no oculto.
A pessoas humildes dizem como Maria: “O Senhor fez em mim maravilhas.., santo é seu nome. É o Senhor que opera o bem em nós”.
O humilde volta atrás numa decisão tomada desde que outro o convença de algo melhor.
O humilde não é intransigente, mas senta-se à mesa do diálogo. É homem de negociações.

Anselm Grün: “Pessoas humildes não são pessoas que se diminuem ou que sintam paralisadas diante de qualquer tarefa, por se acharem incapazes das mesmas. Humildes são aqueles que têm a coragem de assumir a própria realidade e, nela, comportam-se modestamente”.

Eclesiástico: “Na medida em que fores grande deverás praticar a humildade e assim encontrarás graça diante de nosso Senhor”.

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Texto seleto

Maria reconhece sua pequenez diante da grandeza de Deus, e porque reconhece é porque ela pode também alegrar-se. Colocar nossa vida nua, a nossa inteira e pequena vida nas mãos de Deus em nada nos diminui. São Paulo há de escrever, na linha do Magnificat, “quando sou fraco, então sou forte, porque nos basta a graça de Deus (2Cor 12,10). (…). Deus nos ama sem por que, ama-nos porque nos ama. A fraqueza que achamos dentro de nós não é obstáculo ao seu amor, ao contrário do que pensamos. Deixemos Deus amar a nossa pequenez, insignificância, escassez, o nosso nada. Porque só isso permitirá que abramos realmente as portas do nosso coração a Deus e aí ele possa dizer que a nossa vocação, qualquer que seja, será o Amor (José Tolentino Mendonça).

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Oração

Pai amado, realiza por meio de nós a obra da verdade.
Mantém nossas mãos ocupadas em servir a todos.
Faze com que nossa voz anuncie a todos o teu reino.
Faze com que nossos pés avancem sempre pelos caminhos da justiça.
Guia-nos da ignorância para a tua luz.

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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

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                                                        Fonte: franciscanos.org.br    Imagem: vaticannews.va

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Papa em mensagem:

num mundo repleto de ruídos,
é preciso ouvir a voz dos pobres e marginalizados

Videomensagem de Leão XIV aos membros da província de Santo Tomás de Villanova, a maior comunidade agostiniana nos Estados Unidos.

Papa ladeado pelo prior provincial, padre  Robert  P. Hagan (direita) e do vigário geral da Ordem, padre Joseph Farrell (esquerda)

No dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica do Bispo de Hipona, o Papa Leão foi agraciado com a Medalha de Santo Agostinho da Província de Santo Tomás de Villanova, nos Estados Unidos. A motivação foi a sua liderança no serviço, o compromisso de toda a sua vida a favor dos pobres, o seu testemunho dos valores agostinianos e agora, como Pastor universal, pelo exemplo que oferece a todos para nos aproximar do Senhor e uns dos outros na construção da paz. Em agradecimento, o Pontífice gravou uma videomensagem aos membros de uma das comunidades agostinianas mais antigas em território estadunidense. 

"Como agostinianos, buscamos todos os dias estar à altura do exemplo do nosso pai espiritual, Santo Agostinho. Ser reconhecido como agostiniano é uma grande honra", afirmou o Papa, que acrescentou: "Devo muito do que sou ao espírito e aos ensinamentos de Santo Agostinho".  

Confira um trecho da videomensagem:

De modo especial, o Pontífice ressaltou a importância da comunidade e recordou que foi através da oração de sua mãe, Mônica, e das boas pessoas que o circundavam que Agostinho conseguiu encontrar o caminho da paz para o seu coração irrequieto. Ainda neste espírito comunitário, Leão XIV citou os padres Matthew Carr e John Rossiter, cujo espírito missionário os impulsinou, no final do século XVIII, a levar a Boa Nova do Evangelho no serviço aos imigrantes irlandeses e alemães, em busca de uma vida melhor e de tolerância religiosa.

"Ainda hoje somos chamados a levar adiante esta herança de serviço amoroso a todo o povo de Deus. No Evangelho, Jesus nos recorda de amar o próximo e isso nos desafia, agora mais do que nunca, a nos recordar de ver hoje o próximo com os olhos de Cristo."

Medalha recebida pelo Papa

A paz, disse ainda o Papa, começa com aquilo que dizemos e fazemos e como o dizemos e fazemos. Antes de falar, dizia Santo Agostinho, devemos ouvir e, "como Igreja sinodal somos encorajados a nos empenhar novamente na arte de ouvir através da oração, do silêncio, do discernimento e da reflexão". "Temos a oportunidade e a responsabilidade de ouvir o Espírito Santo, de ouvir uns aos outros, de ouvir a voz dos pobres e das pessoas marginalizadas. É em nossos corações que Deus nos fala", recordou o Pontífice.

O Bispo de Hipona recomendava ainda que, para além da escuta, era preciso ter a "atenção do coração". Num mundo repleto de ruídos, há mensagens que alimentam nossa inquietação e roubam a nossa alegria. Para Leão, é preciso filtrar o ruído e abrir nossas mentes e corações a Deus e ao seu amor. 

"Que possamos continuar a reforçar a nossa missão comum, como Igreja e comunidade, de promover a paz, viver na esperança e refletir a luz e o amor de Deus no mundo", concluiu o Papa, agradecendo mais uma vez pela Medalha recebida. 

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                                                              Fonte: vaticannews.va     Foto: (@Vatican Media)

22º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e reflexão
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1ª Leitura: Eclo 3,19-21.30-31

Leitura do Livro do Eclesiástico

Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e, com ouvido atento, deseja a sabedoria.

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Responsório: Sl 67(68)

- Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.

- Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.

1. Os justos se alegram na presença do Senhor, / rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! / Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! / O seu nome é Senhor: exultai diante dele!

2. Dos órfãos ele é pai e das viúvas protetor: / é assim o nosso Deus em sua santa habitação. / É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, / quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.

3. Derramastes lá do alto uma chuva generosa / e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; / e ali vosso rebanho encontrou sua morada; / com carinho preparastes essa terra para o pobre.

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2ª Leitura: Hb 12,18-19.22-24

Leitura da Carta aos Hebreus

Irmãos, vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse. Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova aliança.

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Evangelho: Lc 14,1.7-14

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou a eles uma parábola: «Se alguém convida você para uma festa de casamento, não ocupe o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que você; e o dono da casa, que convidou os dois, venha dizer a você: ‘Dê o lugar para ele’. Então você ficará envergonhado e irá ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando você for convidado, vá sentar-se no último lugar. Assim, quando chegar quem o convidou, ele dirá a você: ‘Amigo, venha mais para cima’. E isso vai ser uma honra para você na presença de todos os convidados. De fato, quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.»

Jesus disse também ao fariseu que o tinha convidado: «Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa. Pelo contrário, quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos. Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir. E você receberá a recompensa na ressurreição dos justos».

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Reflexão do padre Johan Konings

Simplicidade e gratuidade

As leituras de hoje insistem em virtudes fora de moda: mansidão e humildade (1ª leitura), modéstia e gratuidade (evangelho). Quanto à modéstia, Jesus usa um argumento da sabedoria popular, do bom senso: se alguém for sentar no primeiro lugar num banquete e um convidado mais digno chegar depois dele, esse primeiro terá de ceder seu lugar e contentar-se com qualquer lugarzinho que sobrar. Mas quem se coloca no último lugar só pode ser convidado para subir e ocupar um lugar mais próximo do anfitrião.

Ora, citando essa humildade de quem se faz de burro para comer milho, Jesus pensa em algo mais. Por isso, acrescenta uma outra parábola, para nos ensinar a fazer as coisas não por interesse egoísta, mas com gratuidade. Seremos felizes – diz Jesus – se convidarmos os que não podem retribuir, porque Deus mesmo será então nossa recompensa. Estaremos bem com ele, por termos feito o bem aos seus filhos mais necessitados.

A gratuidade não é a indiferença do homem frio, que faz as coisas de graça porque não se importa com nada, pois isso é orgulho! Devemos ser gratuitos simplesmente porque os nossos “convidados” são pobres e sua indigência toca o nosso coração fraterno. O que lhes damos tem importância, tanto para eles como para nós. Tem valor. Recebemo-lo de Deus, com muito prazer. E repartimo-lo, porque o valorizamos. Dar o que não tem valor não é partilha: é liquidação… Mas quando damos de graça aquilo que com gratidão recebemos como dom de Deus, estamos repartindo o seu amor.

Tal gratuidade é muito importante na transformação que a sociedade está necessitando. Importa não apenas “fazer o bem sem olhar para quem” individualmente, mas também social ou coletivamente: contribuir para as necessidades da comunidade, sem desejar destaque ou reconhecimento especial; trabalhar e lutar por estruturas mais justas, independentemente do proveito pessoal que isso nos vai trazer; praticar a justiça e humanitarismo anônimos; ocupar-nos com os insignificantes e inúteis…

Assim, a lição de hoje tem dois aspectos: para nós mesmos, procurar a modéstia, ser simplesmente o que somos, para que a graça de Deus nos possa inundar e não encontre obstáculo em nosso orgulho. E para os outros, sermos anfitriões generosos, que não esperam compreensão, mas, sem considerações de retorno em dinheiro ou fama, oferecem generosamente suas dádivas a quem precisa.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Catequese com dom Vital Corbellini:

O Concílio de Nicéia e a unidade do Pai e do Filho

O Concílio disse que o Filho é Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, é da mesma substância do Pai.

O ano 2025 lembra os 1700 anos de Nicéia realizado em 325 em um grande Concílio, convocado pelo Imperador Constantino, onde foi reafirmada a divindade do Filho, diante da negação ariana que o Filho não fosse Deus. O Concílio disse que o Filho é Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, é da mesma substância do Pai. A doutrina ariana foi condenada pelos 300 bispos reunidos provenientes das diversas partes do Império, mas, sobretudo do Oriente, tendo presentes a unidade do Pai com o Filho e do Filho com o Pai e o Espírito Santo. Vejamos a seguir a visão em Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V em Hipona no Norte da África, a forma como ele desenvolveu a unidade entre as duas Pessoas divinas que reflete a unidade com o Concílio de Nicéia em 325.

O Pai mostra ao Filho as coisas feitas

O Bispo de Hipona teve como ponto fundamental o capítulo 5,19-26 de São João onde fala que o Pai mostra ao Filho tudo o que o Pai faz(cfr. Jo 5,19). A verdade é que o Pai faz tudo pelo Filho, por meio dele. Isto significa que o Pai mostra as suas obras ao Filho, antes de fazê-las. Desta forma, o Pai não faz nada sem o Filho, visto que o Filho de Deus é o Verbo de Deus e que “tudo foi feito por Ele (cfr. Jo 1,3)[1].

O Pai irá mostrar obras maiores

O Evangelista São João diz em seguida pela boca de Jesus que o Pai mostrar-lhe-á obras maiores do que estas (cfr. Jo 5,20). O texto está em unidade do milagre, sinal do Senhor, daquela pessoa que foi curada por Jesus, de uma doença havia trinta oito anos de sofrimento. Sem dúvida tratava-se das curas de doenças corporais e outras maiores. O Pai mostrará as obras para que as pessoas fiquem na admiração. É um linguajar que exige fé na Palavra de Jesus, como o Pai mostra, por assim dizer, temporalmente, certas obras ao Filho que é coeterno a Ele e sabe tudo o que é que está no Pai[2].

O Pai ressuscita mortos: o Filho também ressuscita mortos

Jesus disse “Como o Pai ressuscita mortos e dá-lhes a vida, assim também o Filho dá a vida aos que quer” (Jo 5,21). A obra maior é ressuscitar os mortos, feita pelo Pai e também feita pelo Filho. O fato é que o Filho dá a vida aquelas mesmas pessoas a quem o Pai a dá, lhes concede, visto que não faz obras diferentes do Pai, de modo que o Filho faz as mesmas obras que o Pai faz[3].

Dar a vida

Para Santo Agostinho, dado que provem do Evangelho do Senhor, o Filho dá a vida aos que quer, assim como o Pai dá a vida aos que quer (cfr. Jo 5,21). Nestas afirmações entendem-se que tanto o poder do Filho como a vontade do Pai são os mesmos. Em seguida vem a afirmação do Filho que “O Pai não julga ninguém, mas entregou o julgamento ao Filho, para que todos honrem o Filho como honram ao Pai” (Jo 5, 22-23)[4]. Santo Agostinho também afirmou que é impossível alguma pessoa honrar o Pai sem o Filho, porque o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, e também pelo fato de que o Pai é assim chamado porque tem o Filho e o Filho é assim chamado porque tem o Pai[5]. A honra dada ao Filho não é menor daquela dada ao Pai, porque as duas Pessoas divinas merecem o mesmo louvor e glória de modo que o julgamento dado ao Pai é concedido ao Filho. Este argumento era visível no arianismo, pela negação divina do Filho, mas foi condenado em Nicéia, de modo que para Santo Agostinho que estava a favor do Concílio, o Filho está na mesma linha de eternidade do Pai e do Espírito Santo.

A unidade do Pai e do Filho

O bispo de Hipona afirmou a unidade do Pai e do Filho. “Quem escuta a palavra de Jesus e crê n’Aquele que o enviou, possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida” (cfr. Jo 5,24). A unidade é perfeita, é eterna entre o Pai e o Filho de modo que a pessoa que escuta a palavra de Jesus está em comunhão com a palavra do Pai, não existindo entre as duas Pessoas divinas nenhuma separação, mas somente unidade. O ponto fundamental é dado neste sentido de que crer n’Aquele que o enviou, o Pai, crê no Filho, pois o Filho é a Palavra, o Verbo do Pai (cfr. Jo 1,1)[6].

A ressurreição para a vida eterna

Jesus na sua condição de ser humano e divino afirmou que vem a hora e é agora (cfr, Jo 5,25) de que os mortos passarão da morte para a vida eterna. O poder de Jesus que é o mesmo do Pai fará a ressurreição dos mortos, das pessoas que viverem em unidade com o Senhor, com a Igreja, com as pessoas, ressuscitarem no fim do mundo[7]. A afirmação de Jesus de que vem a hora e é agora se referia à ressurreição dos mortos em que os ressuscitados viverão eternamente, ponto que se há de realizar na última hora[8], sendo o mesmo dom, a ressurreição que o Senhor dará aos seus seguidores e seguidoras, missionários, missionárias.

A vida em si mesmo do Pai também concedida ao Filho

A vida, o grande dom de Deus dado à humanidade, proveniente do Pai é concedida também ao Filho. “Com efeito, como o Pai possui a vida em Si mesmo, assim também Ele dá ao Filho ter a vida em Si mesmo” (Jo 5,26). O Filho não tem a vida proveniente de fora, mas em Si mesmo: seu ato de viver reside no Pai, não sendo alheio a Ele, não possuindo a vida por empréstimo, nem recebe como participação da vida, e de uma vida que não fosse o que Ele mesmo é, mas Ele possui a vida em Si mesmo, de modo que Ele mesmo é, para Si, a própria vida[9]. Para Santo Agostinho a prova máxima da igualdade do Pai para com o Filho e do Filho para com o Pai, está na afirmação de “Como o Pai possui a vida em Si mesmo, assim Ele deu ao Filho ter a vida em Si mesmo” (Jo 5,26), de modo que a vida é dada nas duas Pessoas divinas de o Pai ter a vida em Si mesmo, sem que ninguém Lha tenha dado, e o Filho ter em Si mesmo a vida que o Pai Lhe deu[10], não existindo nenhuma subordinação mas a sua plena igualdade entre as duas Pessoas divinas.

Santo Agostinho foi um fiel seguidor do Concílio de Nicéia colocando a comunhão das Pessoas divinas sobre o mesmo plano, afirmando a Unidade e a Trindade, não sendo três deuses, mas um único Deus em três Pessoas. Como o arianismo negava a divindade do Filho na eternidade, era preciso afirmar a sua plena comunhão de substância com o Pai, sendo Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado. Nós professamos a nossa fé em Deus Uno e Trino. Pelos sacramentos da Iniciação à vida Cristã, somos nós chamados a viver em comunhão em nossas comunidades, famílias, paróquias, Dioceses, para que o mistério de Deus Uno Trino seja louvado e amado através das obras boas que fizermos, sobretudo aos mais necessitados a fim de que um dia vivamos na plena comunhão com a comunidade dos santos e das santas e com o Deus Uno e Trino.

[1] Cfr. Comentários a São João I Evangelho, Homilia 19,3. São Paulo: Paulus, 2022, pg. 441.

[2] Cfr. Idem, 19,4, pgs. 442-443.          [3] Cfr. Ibidem, 19,5, pg. 443.

[4] Cfr. Ibidem, 19,6, pg. 445.                 [5] Cfr. Ibidem.

[6] Cfr. Ibidem, 19,7, pgs. 446-447.       [7] Cfr. Ibidem, 19,9, pg 448.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 449.                           [9] Cfr. Ibidem, 19,11, pg. 451.

[10] Cfr. Ibidem, 19,11, pg. 453. 

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA

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                                                        Fonte: vaticannews.va     Imagem: (@Vatican Media)

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Leão XIV na catequese desta quarta-feira:

"A esperança cristã não é evasão, mas determinação"

Na catequese desta quarta-feira, o Papa Leão recorda que a esperança cristã não é ausência de sofrimento nem fuga diante das dificuldades. "É saber que, mesmo na escuridão da provação, o amor de Deus nos sustenta." Logo, não é preciso ter tudo sempre sob controle, mas escolher todos os dias amar com liberdade.

A Sala Paulo VI acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira, 27 de agosto. Quem não conseguiu entrar, foi acomodado do lado de fora do auditório e na Basílica Vaticana e também recebeu a saudação do Papa antes e depois do encontro semanal.

Em sua catequese, Leão XIV deu continuidade ao ciclo no âmbito deste Ano Santo, dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”. O tema, «Quem procurais?” (Jo 18,4) fala do início da Paixão de Jesus, em que é preso no Jardim das Oliveiras.

O evangelista João não apresenta um Jesus assustado, em fuga, mas um homem livre, que se deixa levar. Ao responder “Eu Sou”, o Mestre revela que a esperança cristã não é evasão, mas determinação.

“Esta atitude é o resultado de uma oração profunda em que não pedimos a Deus que nos poupe ao sofrimento, mas que tenhamos a força para perseverar no amor”, explicou o Pontífice. Aliás, Jesus viveu cada dia da sua vida como preparação para esta hora dramática e sublime. Sabe que perder a vida por amor não é um fracasso, mas possui uma misteriosa fecundidade. Como o grão de trigo que, caindo na terra, morre e se torna fecundo.

“É aí que reside a verdadeira esperança: não em tentar evitar a dor, mas em acreditar que, mesmo no coração do sofrimento mais injusto, reside a semente de uma nova vida.”

Isto serve de lição a nós, que, ao defendermos nossos projetos, nossas certezas, acabamos sozinhos.

O Evangelho de Marcos fala também de um jovem que, quando Jesus é preso, foge nu (Mc 14,51). No final do Evangelho, é precisamente um jovem quem anuncia a ressurreição às mulheres, já não nu, mas vestido com uma túnica branca.

Para o Santo Padre, se trata de uma imagem profundamente evocativa, pois também nós, ao tentarmos seguir Jesus, somos despojados das nossas certezas e tentados a abandonar o caminho do Evangelho, porque o amor parece uma viagem impossível.

“Queridos irmãos e irmãs, aprendamos também nós a entregar-nos à boa vontade do Pai, permitindo que a nossa vida seja uma resposta ao bem que recebemos. A vida não tem de ter tudo sob controlo. Basta escolher amar livremente todos os dias. Esta é a verdadeira esperança: saber que, mesmo na escuridão da provação, o amor de Deus nos sustenta e permite que o fruto da vida eterna amadureça em nós”, concluiu o Pontífice.

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