sábado, 11 de novembro de 2023

Leia essa bela reflexão:

Esperar Jesus com as lâmpadas acesas

José Antonio Pagola


Entre os primeiros cristãos havia, sem dúvida, discípulos “bons” e discípulos “maus”. Mas, ao escrever seu Evangelho, Mateus se preocupa sobretudo em lembrar que, dentro da comunidade cristã, há discípulos “sensatos” que estão atuando de maneira responsável, e discípulos “tolos” que agem de maneira frívola e descuidada. O que isto quer dizer?

Mateus lembra duas parábolas de Jesus. A primeira é bem clara. Há pessoas que “ouvem as palavras de Jesus” e “as põem em prática”. Tomam a sério o Evangelho e o traduzem em vida. São como o “homem prudente” que constrói sua casa sobre rocha. É o setor mais responsável: os que vão construindo sua vida e a vida da Igreja sobre a verdade de Jesus.

Mas há também aqueles que ouvem as palavras de Jesus e “não as põem em prática”. Estes são tão “tolos” como o homem que “edifica sua casa sobre areia”. Sua vida é um disparate. Se fosse só por eles, o cristianismo seria pura fachada, sem fundamento real em Jesus.

Esta parábola nos ajuda a captar a mensagem fundamental de outro relato no qual um grupo de jovens, cheias de alegria, sai para esperar o noivo, a fim de acompanhá-lo na festa de seu casamento. Desde o começo nos é avisado que umas são “prudentes” e outras “tolas”.

As “prudentes” levam consigo óleo para manter acesas as suas lâmpadas; as “tolas” não pensam em nada disto. O noivo tarda a chegar, mas chega pela meia-noite. As “prudentes” saem com suas lâmpadas a iluminar o caminho, acompanham o noivo e “entram com ele” na festa. As “tolas”, por sua vez, não sabem como resolver seu problema: “suas lâmpadas se apagam”. Assim não podem acompanhar o noivo. Quando chegam é tarde. A porta já esta fechada.

A mensagem é clara e urgente. É uma insensatez continuar escutando o Evangelho sem fazer um esforço maior para convertê-lo em vida: é construir um cristianismo sobre areia. E é um ato néscio ou tolo confessar Jesus Cristo com uma vida apagada, vazia de seu espírito e sua verdade: é esperar Jesus com as “lâmpadas apagadas”. Jesus pode tardar, mas nós não podemos adiar mais a nossa conversão.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
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                                                                                                                  Reflexão: franciscanos.org.br

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