Mensagem sobre as Eleições 2022
“Ouvi o clamor deste povo” (Ex 3,7)
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Dom Marco Aurélio |
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (GS 1). Com esta mensagem do Concílio Vaticano II, queremos nos dirigir ao povo de Deus de nossa Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano e a todas as pessoas de boa vontade, neste momento tão importante no nosso país.
Vivemos num mundo marcado por grandes
transformações em diversos âmbitos: sociocultural, ambiental, político,
econômico, científico. O mundo não para. A sociedade é dinâmica. Os anseios das
pessoas por fraternidade e paz são universais. O desejo por um mundo melhor é
um sonho de toda humanidade.
Ao mesmo tempo em que convivemos com
grandes progressos, a humanidade enfrenta os maiores sofrimentos dos tempos
atuais: tragédias ambientais, aquecimento global, ameaças bélicas e guerras
anunciadas, insegurança alimentar e fome, o mal da violência e a divulgação do
ódio. Tudo isto representa para a humanidade um clamor.
Numa sociedade globalizada, a nação
brasileira não está livre destas situações. O povo sofre as consequências de um
mundo em guerra. Como cristãos e pessoas que acreditam na vida não podemos
ficar alheios. Com estas reflexões, apresentamos alguns posicionamentos, como
contribuição neste ano eleitoral:
1) Refletir sobre o atual momento político
e sobre as eleições 2022 é pensar no futuro do país. A política deve ser vista
como a busca do bem comum, da fraternidade e da paz. O direito ao bem viver
deve ser o direito de todos, pensando sobretudo nos mais pobres e sofridos.
2) O Papa Francisco nos fala que é preciso
iluminar a realidade com a “força do Evangelho”, como “fonte da dignidade
humana e da fraternidade” (FT 277), sendo na sociedade “sal da terra e luz do
mundo” (Mt 5,13-14).
3) A partir dos valores do Evangelho e da
Doutrina Social da Igreja, os cristãos fazem um discernimento pessoal, buscando
critérios para escolha de candidatos de forma mais segura e consciente.
4) Votar consciente significa conhecer a
atuação de cada candidato, sua história, seu compromisso com os mais pobres.
Este discernimento vale para candidatos a presidente, governador, senador,
deputados federais e estaduais.
5) A ética na política deve ser um
princípio a pautar as nossas opções pessoais e coletivas. O voto não tem preço;
tem consequências. Daí a importância do voto, e o ato de votar significa
exercer a democracia participativa.
6) A democracia é um valor. Sendo bem
vivida, torna-se sagrada. Toda pessoa de bem é fiel defensor da democracia. Na
opção política, votar em candidatos defensores da democracia.
7) A defesa e promoção da vida, desde o
seio materno à velhice digna, são valores sagrados. Na escolha política, votar
em candidatos que defendem a vida em todos os seus aspectos.
8) Defender a vida é também dizer não à
política de armamentos e apoiar toda iniciativa em favor do desarmamento. Jesus
de Nazaré nos ensinou a lei do amor e não a lei das armas.
9) Amar a vida significa defender a vida do
planeta e o cuidado com o meio ambiente. Isto implica combater os crimes
ambientais e os que defendem a destruição do meio ambiente. Defender e proteger
a Amazônia é pensar o futuro do planeta.
10) Igualmente, pessoas de bem devem votar
em candidatos que defendem políticas públicas em favor da saúde, educação,
habitação, votar em candidatos que defendem políticas públicas voltadas para as
crianças, juventudes e idosos.
Em tempos difíceis, o diálogo entre os
cidadãos e o respeito por todos devem ser a base para pautar as nossas
decisões. Rezamos e pedimos a Deus que ilumine as nossas opções, acreditando
num futuro melhor.
Dom Marco Aurélio Gubiotti - Bispo de Itabira/Cel. Fabriciano - MG
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