A serviço do bem
É possível entender a palavra “bem” em
vários sentidos, dependendo de que ângulo olhamos e da intenção de quem o faz.
Até os assaltantes podem dizer: “Queremos fazer bem-feito tudo o que
planejamos”. Assim dizemos que o bem significa realizar as coisas com
perfeição, dentro da exigência a que foi previamente proposta. O
bem é serviço de grandeza ou de destruição do valor da vida.
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Dom Paulo Peixoto |
Nesta dimensão podemos refletir sobre o
sentido da missão, da vocação e de compromisso na construção do mundo. Dizemos
de vocação na Igreja e na sociedade civil. É a busca do bem comum,
contribuindo com a dignidade da pessoa humana para que viva bem e de forma
saudável. Todas as pessoas têm a missão de guardiãs e de cuidado dos bens
da criação para facilitar uma sociedade sadia.
A vocação cristã é fruto de um sim
consciente e livre, que uma pessoa realiza, projetando algum caminho que
contribua com sua própria realização e de construção do bem dentro da
sociedade. Dizemos que é uma desafiante colaboração para a execução do projeto
de Deus em relação à história de vida do povo. Compromisso que supõe doação,
oblação, coragem e força de vontade.
Todas as instituições sociais devem ter
como alvo trabalhar para a construção do bem, mesmo que seja restrito dentro de
seus objetivos. Devemos até dizer que existe uma vocação própria das
instituições, porque normalmente não são criadas por acaso, sem objetividade,
mas planejadas e projetadas dentro de determinadas intenções, e devemos
entender como estando a serviço do bem.
Quando se realiza um serviço para
construção do bem, não é correto ficar apenas com as aparências, sem
considerar a identidade de quem trabalha. É o aparecer sem considerar o
ser, ou a vaidade sem a humildade. O bem não é fruto de propostas vazias, mas
compromisso e serviço com resultados de benefício para o outro. Assim fez Maria
quando visitou Isabel para auxiliá-la (cf. Lc 1,39-56).
Colocamos aqui em evidência a vocação dos
religiosos e das religiosas na vida da Igreja. É um sim feito a Deus, com muita
liberdade e responsabilidade, que muda muito a própria existência de vida das
pessoas, mas sempre com o compromisso de construir o bem nas comunidades por
onde passam e servem. A Igreja entende isto como riqueza de serviço para ajudar
na construção do bem.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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