Igreja
comunidade operante da salvação
A partir de
Pentecostes, depois da ascensão de Cristo até a segunda vinda na glória, a
Igreja tem a missão de ser o sacramento da humanidade para conduzi-la à unidade
e à redenção total. Deus opera a salvação para todos os homens através dessa
comunidade dos homens e a humanidade unificada e congregada em torno de Cristo.
“A Igreja será até ao final dos tempos o sinal celeste e eficaz de salvação
para cada geração, para cada povo, para cada indivíduo”.
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Vigília Pascal na Basílica de São Pedro, com o rito do Batismo (16/04/2022) (Vatican Media) |
A Igreja é,
ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de
Cristo. É una, mas formada por um duplo elemento: humano e divino. Aí reside o
seu mistério, que só a fé pode acolher. A Igreja é, neste mundo, o
sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos
homens.
“Como
sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo. «É assumida por Ele como
instrumento da redenção universal», «o sacramento universal da salvação», pelo
qual o mesmo Cristo «manifesta e simultaneamente atualiza o mistério do amor
de Deus pelos homens». É o «projeto visível do amor de Deus para com a
humanidade», segundo o qual Deus quer «que todo o gênero humano forme um só
povo de Deus, se una num só Corpo de Cristo e se edifique num só templo do
Espírito Santo» (CIC 776).”
No último
programa deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* falou-nos
sobre “A Igreja como sacramento do Reino de Deus“. Para aprofundar este
tema, o sacerdote gaúcho nos propõe hoje uma reflexão sobre "Igreja,
comunidade operante da salvação".
“Cristo implantou na sua Igreja por Ele fundada sua própria missão. Pertence à Igreja as obrigações inerentes a ela, como sentido de sua essência, de sua missão e de instituição por Jesus Cristo, de tornar acessível a todos os homens a obra e os bens salvíficos que Cristo deixou. É na comunidade dos fiéis que creem em Jesus Cristo que se atualiza constantemente a ação salvífica de seu fundador, mestre e guia. Por isso, ela tem a obrigação, o dever, a missão de transmitir a salvação, não pelo seu próprio poder, mas como instrumento de Jesus Cristo, por obra do Espírito Santo que nos foi dado para conduzir e assistir a Igreja, portadora dos bens celestes.
A Igreja tem
a capacidade e a garantia concedida por Deus de ser instrumento de Jesus Cristo
para a transmissão da salvação, atualizando o mistério salvífico na caminhada
histórica da humanidade, perpetuando o mistério da redenção e levando o
Evangelho até os confins dos povos, como Cristo pediu aos apóstolos: “Ide por
todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). A Igreja assim
participa do próprio sacerdócio de Jesus. É semelhante a Jesus Cristo que opera
sacramentalmente. A Igreja falharia em sua missão e dever se se omitisse ou
negligenciasse essa sua atividade mediadora. Tudo o que a Igreja faz tem um
efeito mediador da salvação.
Da mesma
forma que Cristo é o novo homem ou homem novo, a Igreja é a nova humanidade,
recriada em Cristo e regenerada por Ele. Falando a universalidade e
catolicidade do único Povo de Deus, a Constituição
Dogmática Lumen Gentium aponta assim, no número 13: “Ao novo Povo
de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo, permanecendo uno e
único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir
o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou uma só natureza humana e
resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam dispersos (cfr. Jo
11,52). Foi para isto que Deus enviou o Seu Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas (cfr. Hebr. 1,2), para ser mestre, rei e sacerdote
universal, cabeça do novo e universal Povo dos filhos de Deus. Para isto Deus
enviou finalmente também o Espírito de Seu Filho, Senhor e fonte de vida, o
qual é para toda a Igreja e para cada um dos crentes, princípio de agregação e
de unidade na doutrina e na comunhão dos Apóstolos, na fracção do pão e na
oração (cfr. At. 2,42 gr.). Como comunidade salvífica despertada por Deus
dentro da humanidade, a Igreja é ao mesmo tempo sinal pleno de realidade da
contínua operação salvífica de Deus através de Cristo presente na Igreja pela ação
e assistência do Espírito Santo regenerador e recriador.
A partir de
Pentecostes, depois da ascensão de Cristo até a segunda vinda na glória, a
Igreja tem a missão de ser o sacramento da humanidade para conduzi-la à unidade
e à redenção total. Deus opera a salvação para todos os homens através dessa
comunidade dos homens e a humanidade unificada e congregada em torno de Cristo.
“A Igreja será até ao final dos tempos o sinal celeste e eficaz de salvação
para cada geração, para cada povo, para cada indivíduo”[1],
apesar de seus membros frágeis e limitados. A Igreja aparece como um sinal
pleno de salvação quando atualiza, não apenas algum elemento da mensagem
cristã, mas quando efetivamente realiza a plenitude total da salvação que
Cristo trouxe e operou.
Assim aponta
a LG: “Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de
unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela
seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salutar (15).
Destinada a estender-se a todas as regiões, ela entra na história dos homens,
ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos. Caminhando
por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça
de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita
fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu Senhor,
e, sob a ação do Espírito Santo, não cesse de se renovar até, pela cruz, chegar
à luz que não conhece ocaso” (LG, n.09).“
*Padre Gerson
Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da
Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação
pela FAMECOS/PUCRS.
_____________
[1] SCHMAUS, Michael. A fé da Igreja, Vol. V, Vozes, Petrópolis, 1986, p. 10.
Jackson Erpen
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va
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