terça-feira, 18 de junho de 2019

Corpo e Sangue de Cristo:

Vinde, adoremos! 
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo foi instituída, inicialmente, na Bélgica, na Diocese de Liège, em 1246. O Papa Urbano IV que estendeu a Solenidade para a Igreja Católica em todo o mundo. É celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade. É o momento solene em que os fiéis rendem graças a Deus pelo inestimável dom da Santa Eucaristia, na qual o próprio Senhor Jesus se dá a nós como alimento de Vida Eterna.
Todos professamos que a Santa Eucaristia é a fonte e o centro de toda a vida cristã. Nós cremos que Jesus está presente, de maneira real, nos dons Eucarísticos: “O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da Cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial de sua morte e ressurreição”(Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 47) Por isso fazemos memória da Aliança de amor e compromisso que o Senhor realiza conosco em cada Eucaristia.
No centro da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo está quer a celebração de Deus que alimenta o seu povo e que, no seu Filho, dá-lhe o alimento supremo e eterno, quer a grande Eucaristia dos batizados.
Para exprimir esta oração de louvor e de agradecimento, que dirigimos ao Senhor acolhendo o dom do seu amor, a Escritura emprega duas palavras: a bênção (primeira leitura – Gn 14,18-20) e a ação de graças (segunda leitura – 1Cor 11,23-26).
Dom Eurico dos Santos Veloso
Na primeira leitura – Gn 14,18-20) a Igreja nos apresenta a figura verdadeiramente misteriosa de Melquisedec. Ele é rei e é sacerdote – não sacerdote de uma divindade pagã, mas “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14,18). Ele vai ao encontro de Abraão, que está saindo vitorioso de uma batalha na qual lutavam nove reis, e leva consigo pão e vinho. Sendo sacerdote do Deus Altíssimo, ele confere uma bênção sobre Abraão em nome do supremo Deus “Criador do céu e da terra” (cf. Gn 14,19) e Abraão, por sua vez, dá-lhe em tributo “o dízimo de tudo” (cf. Gn 14,20). Foi o autor da carta aos Hebreus que descobriu na pessoa de Melquisedec uma das maiores prefigurações de Cristo. Ele é rei e sacerdote, uma antecipação digna de Cristo Rei do Universo e Sacerdote da nova e eterna aliança. O sacrifício que ele vem para oferecer não é a carne de bois e cabritos, mas pão e vinho, os mesmos elementos que Cristo usará para tornar presente seu sacrifício de paz no altar da Missa. Ele se aproxima de Abraão, pai de todos os que creem, com a maior naturalidade e confiança, abençoando a Abraão, e mostrando-se maior do que Abraão, (sendo que o maior sempre abençoa o menor – Hb 7,7), assim como Cristo dirá aos judeus no Evangelho de João: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (cf. Jo 8,58). Cristo é, ao mesmo tempo velado e revelado na personagem de Melquisedec. Na hóstia consagrada, levada em procissão hoje pelo celebrante e adorada pelo povo, Cristo também se esconde e se revela sob a espécie do pão transubstanciado.
Estas duas dimensões de oração estão intimamente ligadas e devem habitar a nossa vida para além da missa, para testemunhar todo o amor com o qual Cristo ama os homens (Evangelho – Lc 9,11b-17).
Em cada Santa Missa, após a consagração do pão e do vinho, o celebrante diz: “Eis o mistério da fé”, e o povo responde uníssono: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” Este mistério de fé que é a morte e a ressurreição do Senhor se faz sacramentalmente presente na Santíssima Eucaristia. Neste sentido, a própria Eucaristia pode ser descrita como “mistério de fé”.
A Solenidade de Corpus Christi é a manifestação pública de adoração a Jesus hóstia Santa. É grande, é belo, é extraordinário e maravilhoso o que celebramos hoje – e que acontece todos os dias nas igrejas do mundo inteiro – quando o sacerdote, nas suas mãos, pega o pão e diz: “Tomai, isto é o meu corpo!”, não é o meu corpo, o corpo do padre Roger, ou o de qualquer outro sacerdote; é o próprio Corpo do Senhor! Quanta ousadia ao pegar o cálice e dizer: “Este Sangue é o de Cristo!”. O Senhor Jesus está no meio de nós, vivo, presente e jamais ausente. Ele faz com que Sua presença seja mais intensa entre nós, sobretudo, no Sacramento da Eucaristia. Por isso hoje honras, louvores, glórias, ação de graças, adoração e prostração diante d’Aquele que é o nosso Deus!
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é a festa da Pessoa de Cristo. Ao levantarmos os olhos para o Pão e o Vinho consagrados, só podemos dizer: “É mesmo Ele! Meu Senhor e meu Deus!”
                                   Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG
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