Na mensagem enviada à 44ª Conferência da FAO, Leão XIV denuncia o uso da fome como arma de guerra, critica a polarização global e exorta a comunidade internacional a agir com coragem e fraternidade para erradicar a fome no mundo.
Refugiados palestinos na fila para receber comida
“A tragédia persistente da fome e da má nutrição, que ainda afeta muitos países atualmente, é ainda mais triste e vergonhosa quando nos damos conta de que, embora a Terra tenha capacidade para produzir alimentos suficientes para todos os seres humanos, tantos pobres no mundo continuam sem o pão nosso de cada dia.”
Foi com estas palavras que o Papa Leão XIV se dirigiu, pela primeira vez desde o início de seu pontificado, aos participantes da 44ª Sessão da Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que celebra este ano seu 80º aniversário.
Na mensagem, dirigida ao Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu, e às delegações presentes, o Santo Padre manifesta profunda preocupação com o agravamento da insegurança alimentar no mundo e alerta que “a segurança alimentar global continua a se deteriorar, tornando cada vez mais improvável o alcance do objetivo de ‘Fome Zero’ da Agenda 2030”.
A fome como arma de guerra
Entre os trechos mais contundentes da mensagem, o Papa denuncia o uso crescente da fome como instrumento de guerra. “Matar de fome a população é uma forma muito barata de fazer guerra”, afirma. E acrescenta: “Hoje, quando a maioria dos conflitos não é travada por exércitos regulares, mas por grupos de civis armados com poucos recursos, queimar plantações, roubar gado, bloquear a ajuda humanitária são táticas cada vez mais utilizadas por aqueles que pretendem controlar populações inteiras e indefesas.”
O Pontífice também critica duramente a lógica que permite que, enquanto “os civis emagrecem pela miséria, as elites políticas engordam com a corrupção e a impunidade”. Diante disso, faz um forte apelo: “É hora de o mundo adotar limites claros, reconhecíveis e consensuais para sancionar esses abusos e perseguir seus autores e executores.”
Superar a era dos slogans
Leão XIV alerta para a urgência de abandonar as promessas vazias:
“Adiar uma solução para esse cenário dilacerante não ajudará; ao contrário, as angústias e os sofrimentos dos necessitados continuarão a se acumular. Portanto, é imperativo passar das palavras às ações, encerrando de vez a era dos slogans e das promessas enganadoras.”
O Papa reforça que a responsabilidade é também intergeracional: “Mais cedo ou mais tarde, teremos que prestar contas às futuras gerações, que herdarão uma carga de injustiças e desigualdades se não agirmos agora com sensatez.”
A crise climática e a fome: um círculo perverso
Ao abordar a estreita relação entre crise climática, sistemas alimentares e desigualdade social, o Pontífice explica que “os sistemas alimentares têm grande influência sobre as mudanças climáticas — e vice-versa”, e destaca que sem uma “ação climática decidida e coordenada”, não será possível garantir alimentos para uma população mundial em crescimento.
O Papa propõe um modelo de desenvolvimento que una ecologia integral e justiça social: “Não basta produzir alimentos; também é fundamental garantir que os sistemas alimentares sejam sustentáveis e proporcionem dietas saudáveis e acessíveis para todos.”
Recursos desviados para armas
Leão XIV chama a atenção para a contradição ética que permeia o cenário atual: “Recursos financeiros e tecnologias inovadoras, que deveriam ser destinados à erradicação da pobreza e da fome no mundo, são desviados para a fabricação e o comércio de armas.”
O Papa também denuncia a crescente polarização internacional, que, segundo ele, “fomenta ideologias questionáveis, enquanto as relações humanas esfriam, o que deteriora a comunhão, afasta a fraternidade e destrói a amizade social.”
Artesãos da paz e da fraternidade
A mensagem conclui com um apelo à comunidade internacional: “Jamais foi tão urgente como agora que nos tornemos artesãos da paz, trabalhando para isso em prol do bem comum — do que beneficia a todos e não apenas a alguns poucos, que, aliás, são quase sempre os mesmos.”
Leão XIV assegura que a Santa Sé “estará sempre a serviço da concórdia entre os povos e não se cansará de cooperar para o bem comum da família das nações, especialmente em favor dos seres humanos mais provados — aqueles que passam fome e sede —, assim como daquelas regiões remotas, que não conseguem se erguer de sua miséria devido à indiferença”.
Com esperança e fé, o Santo Padre invoca a bênção de Deus sobre os trabalhos da FAO, “para que sejam plenamente frutíferos e revertam em benefício dos desvalidos e de toda a humanidade”.
Perguntaram e eu
respondo: - É claro que acredito e sempre acreditei em curas e libertação. Está
no Antigo e no Novo Testamento. Vários profetas tiveram este dom.
Jesus curava. Os
apóstolos curavam. Muitos santos católicos tiveram este dom. E não duvido de
que outros pregadores de outras religiões tenham tido e têm este dom. A graça
de Deus não está circunscrita a apenas este ou àquele movimento. Não somos
donos dos dons de Deus. Ele dá a cada pessoa e nós os usamos para o bem e sem
teatralidade ou espetáculo!
Dona Maria
enfermeira punha a mão nos ombros e na cabeça das comadres que gemiam de dor e
em dois minutos a dor passava. Orava a Jesus e à sua mãe. Há setenta anos
aquilo era dom de cura e de libertação. No sábado, ela ia à missa da 5h30 e
pedia ao pároco um pouco de água benta e o pároco punha as suas mãos nas mãos
dela e dizia: “Você é mãe, vá fazer o bem lá no sítio. Ela morava numa
comunidade a 50km da diocese. Era exímia catequista”.
***
Eu não tenho o
dom da cura, mas acho que tenho o dom da libertação, e nem sempre ele se manifesta!
Sei que ao
abençoar e consolar e incentivar pessoas feridas na alma houve mudanças na
pessoa e elas sentiram-se mais livres de pesos da alma.
***
Sei que algumas
das minhas canções acalmaram e motivaram muita gente! Recebo milhares de
testemunhos sobre isto! Outros compositores dizem o mesmo!
Deus me deu isto
e nunca me imaginei fazendo canções. A primeiro veio em maio de 1964. Naquela
manhã descobri que sabia fazer canções! Não estudei para isto. Veio tudo como inspiração,
mas depois fui aprender com quem sabia fazer arranjos! Penso que as leituras da
fé e bons livros de Teologia me ajudaram.
***
Para pregar, porém,
eu estudei muitos anos, já as canções e outros dons vieram sem eu pedisse!
Ganhei sem pedir.
Leio cerca de 4
livros por mês e consulto mais de 15 deles na minha estante! Como padre, tenho
a obrigação de continuar estudando pelo menos dez matérias essenciais para
adquirir cultura suficiente, num tempo em que o povo de Deus quer explicações.
Padre tem que
ser LEITOR e tem que AQUIRIR CULTURA. Não fui ordenado apenas para ensinar a rezar,
divulgar devoções e orações! São Paulo era culto. Milhares de santos eram
cultos para o seu tempo. Visite uma biblioteca de faculdade católica e verá o
resultado de 2000 anos de cultura católica!
***
Concluindo: O
dom da cura e da libertação existe, mas supõe mais conhecimento para quem o tem!
Vi pessoas
totalmente curadas pela oração e os médicos não sabiam explicar o fenômeno.
Para mim que creio em Jesus, conheço pessoas com este dom e louvo a Deus por elas!
***
Mas é claro que
estudei suficientemente as outras ciências de conhecimento humano e afirmo que
há mais curas em hospitais e clínicas do que em cultos e encontros de oração.
Digo e sustento isso!
Deus dá dons aos
cientistas e médicos e até a enfermeiros e enfermeiras. A gentileza deles já
curou muitos pacientes em crise!!! Eles sabem acalmar enfermos!
Porém explico-me:
- Proclamar que alguém está curado na alma é bem mais ousadia do que verificar
se uma parte do corpo humano foi restaurada por máquinas ou fármacos”.
***
Entre proclamar
e testemunhar uma cura espiritual na TV ou no Rádio ou no palco, há que haver a
humildade do proclamador. Posar de padre ou pastor ou leigo que cura pessoas é perigoso.
Vi muito disso na TV. Ultimamente virou espetáculo de palco.
Nunca sabemos se
foi cura definitiva. Só o tempo o dirá. O fato é que a maioria das curas
espetaculares de hoje em dia raramente são comprovadas. A maioria das expulsões
de demônio é teatro e espetáculo. Estão brincando com coisa séria. Leiamos os
Atos e veremos quem levou a sério e quem brincou de expulsar demônios. Os
filhos de Ceva que o digam!
***
Então eu afirmo
que curas e libertações existem. Mas a pressa de proclamar milagres já fez
muitos estragos no cristianismo! …
Quando a sessão
de cura e libertação vira espetáculo comece a duvidar desses pregadores!...
Na Solenidade
dos Santos Pedro e Paulo, o Papa Leão XIV presidiu a Santa Missa na Basílica
Vaticana. Em sua homilia, recordou que a Igreja “é chamada a ser sinal de
unidade e comunhão, uma comunidade que vive uma fé viva e ardente, formada por
discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as
situações humanas”.
Comunhão
eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV
sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e
Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a
celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de 5.000 na
Praça São Pedro.
Presentes na
celebração, como é tradição, também estava uma delegação do Patriarcado
Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui este gesto fraterno enviando,
por sua vez, um representante para a Festa de Santo André, em 30 de novembro,
padroeiro da Igreja de Constantinopla.
Comunhão
eclesial: unidade na diversidade
Em sua homilia,
o Papa Leão XIV recordou que os Santos Pedro e Paulo são “irmãos na fé, colunas
da Igreja e patronos da diocese e da cidade de Roma”. Refletindo sobre o
testemunho dos Apóstolos, o Pontífice destacou, em primeiro lugar, a
importância da comunhão eclesial. A liturgia desta solenidade, observou,
apresenta Pedro e Paulo unidos no mesmo destino: o martírio, que os associou
definitivamente a Cristo. Na primeira leitura, Pedro aparece preso, aguardando
a execução; na segunda, Paulo, também encarcerado, se despede, ciente de que
seu sangue será oferecido a Deus. “Ambos dão a vida pela causa do Evangelho”,
afirmou o Papa.
No entanto, o
Santo Padre ressaltou que essa comunhão não foi fruto de um caminho simples.
Pedro e Paulo trilharam percursos muito diferentes, tanto em origem quanto em
missão: “Simão, pescador da Galileia, deixou tudo para seguir o Senhor; Saulo,
fariseu e perseguidor dos cristãos, foi transformado pelo Cristo ressuscitado.”
O Papa recordou ainda que não faltaram tensões entre eles, como o episódio em
Antioquia, quando Paulo confrontou Pedro publicamente (cf. Gl 2,11). “Mas isso
não impediu que vivessem a concordia apostolorum, uma comunhão viva no
Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, afirmou.
Citando Santo
Agostinho, o Pontífice lembrou: “Temos um só dia para a paixão dos dois
Apóstolos. Eles eram dois, mas formavam um só. Embora tenham sofrido em dias
diferentes, eram, na verdade, um só.” Leão XIV sublinhou que esta é uma lição
fundamental para a Igreja de hoje. A comunhão nasce do Espírito, une na
diversidade e constrói pontes: “A Igreja precisa desta fraternidade. Ela é
necessária nas relações entre leigos, presbíteros, bispos e o Papa. É essencial
também para a vida pastoral, para o diálogo ecumênico e para as relações de
amizade com o mundo.” O Papa exortou:
“Empenhemo-nos
em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de
fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua
história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros.”
Vitalidade da
fé: evitar o risco de uma fé cansada
O segundo
aspecto destacado pelo Papa foi a vitalidade da fé. Inspirando-se na história
dos Apóstolos, Leão XIV alertou contra o risco de uma fé que se torne hábito,
mero ritualismo ou repetição de práticas pastorais sem abertura aos desafios do
presente: “O testemunho de Pedro e Paulo nos convida a sair da
inércia, a deixar-nos interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros, pelas
necessidades das comunidades. Eles buscaram novos caminhos para anunciar o
Evangelho.”
O Pontífice
colocou no centro de sua reflexão a pergunta de Jesus no Evangelho de Mateus:
“E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Segundo ele, assim "como
tantas vezes nos alertou o Papa Francisco", esta é a interrogação
fundamental que Jesus continua a fazer a cada discípulo e à própria Igreja:
“É importante
sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus
Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja?
Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles
que encontramos?”
Renovar-se na
comunhão e no testemunho
Dirigindo-se
especialmente à Igreja de Roma, Leão XIV exortou para que essa seja cada vez
mais sinal de unidade e de uma fé viva: “Uma comunidade de discípulos que
testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações
humanas.”
Na alegria desta
comunhão, o Papa saudou os Arcebispos que neste dia receberam o Pálio, sinal da
missão pastoral confiada a cada um e da comunhão com o Sucessor de Pedro.
Manifestou também sua gratidão aos membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica
Ucraniana presentes na celebração, pedindo a Deus o dom da paz para o povo
ucraniano. Por fim, saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico enviada por Sua
Santidade Bartolomeu, reiterando o compromisso com o caminho ecumênico.
“Fortalecidos
pelo testemunho dos Santos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na
comunhão. Que sua intercessão acompanhe a Igreja, a cidade de Roma e todo o
mundo”, concluiu o Papa.
Bênção e
imposição dos pálios
Em seguida, o
Santo Padre presidiu os ritos da bênção e da imposição dos pálios. Os diáconos
retiraram os paramentos que estavam depositados junto ao túmulo de São Pedro e
os apresentaram ao Pontífice. O cardeal proto-diácono, Dominique Mamberti,
apresentou os novos arcebispos metropolitanos, que então fizeram o juramento de
fidelidade ao Papa e à Igreja de Roma. Ao todo, 54 arcebispos metropolitanos —
entre eles cinco brasileiros — receberam o pálio das mãos do próprio Papa, que
o impôs sobre seus ombros.
Na Solenidade
dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Leão XIV rezou o Angelus e recordou que a
Igreja nasce do testemunho, do sangue e da conversão contínua dos seus membros.
O Papa Leão XIV
rezou o Angelus neste domingo (29/06) com os fiéis reunidos na Praça São Pedro
após presidir a Missa na Basílica Vaticana pela Solenidade dos Santos Apóstolos
Pedro e Paulo. A data, que é feriado no Vaticano e em Roma, marca a celebração dos
padroeiros da capital italiana.
O Pontífice
iniciou sua reflexão recordando que a Igreja de Roma foi “gerada pelo
testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo e fecundada pelo seu sangue e pelo de
muitos mártires”. E, olhando para os desafios do tempo presente, destacou que
ainda hoje há cristãos que, movidos pelo Evangelho, são capazes de gestos de
grande generosidade e coragem, muitas vezes à custa da própria vida:
“Existe um
ecumenismo de sangue, uma unidade invisível e profunda entre as Igrejas
cristãs, mesmo que não vivam ainda uma comunhão plena e visível entre si. Por
isso, nesta solene festa, quero confirmar que o meu serviço episcopal é um
serviço à unidade e que a Igreja de Roma está empenhada, pelo sangue dos Santos
Pedro e Paulo, em servir com amor a comunhão entre todas as Igrejas.”
A pedra que foi
rejeitada
Ao comentar a
passagem do Evangelho do dia, Leão XIV destacou que a pedra sobre a qual Pedro
recebeu o próprio nome é Cristo. “Uma pedra rejeitada pelos homens e que Deus
fez pedra angular.” E com um olhar simbólico sobre os lugares de Roma, o Papa
recordou que tanto a Basílica de São Pedro como a de São Paulo foram erguidas
“fora dos muros” da cidade antiga. “O que hoje nos parece grandioso e glorioso,
antes foi descartado, porque estava em contradição com a lógica mundana.”
Seguir Jesus,
explicou o Santo Padre, significa trilhar o caminho das bem-aventuranças, onde
os pobres de espírito, os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz
muitas vezes encontram oposição, incompreensão e até perseguição, “no entanto,
a glória de Deus brilha nos seus amigos e os vai moldando, ao longo do caminho,
de conversão em conversão”.
Jesus nos chama
sempre
Diante dos
túmulos dos Apóstolos, que há milênios acolhem peregrinos do mundo inteiro,
Leão XIV ressaltou que a santidade de Pedro e Paulo não nasceu da perfeição,
mas da experiência do perdão.
“O Novo
Testamento não esconde os erros, as contradições, os pecados daqueles que
veneramos como os maiores entre os Apóstolos. Na verdade, a sua grandeza foi
moldada pelo perdão. O Ressuscitado foi buscá-los, mais do que uma vez, para os
colocar de novo no seu caminho. Jesus nunca chama apenas uma vez. É por isso
que todos nós podemos sempre ter esperança, como também nos recorda o Jubileu.”
A unidade começa
nas famílias e comunidades
O Santo Padre
concluiu sua reflexão fazendo um apelo à unidade, que não é fruto de discursos,
mas de práticas concretas:
“A unidade
na Igreja e entre as Igrejas alimenta-se do perdão e da confiança mútua. A
começar pelas nossas famílias e comunidades. Porque se Jesus confia em nós,
também nós podemos confiar uns nos outros, em seu Nome.”
Por fim, Leão
XIV confiou à intercessão dos Santos Pedro e Paulo, juntamente com a Virgem
Maria, o caminho da Igreja no mundo de hoje: “Que, neste mundo dilacerado, a
Igreja seja sempre casa e escola de comunhão.”
A pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” continua pedindo ainda uma resposta aos crentes do nosso tempo. Nem todos temos a mesma imagem de Jesus. E isto não só pelo caráter inesgotável de sua personalidade, mas, sobretudo, porque cada um de nós vai elaborando sua imagem de Jesus a partir de seus interesses e preocupações, condicionado por sua psicologia pessoal e pelo meio social ao qual pertence, e marcado pela formação religiosa que recebeu.
E, não obstante, a imagem que nos fazemos de Cristo tem importância decisiva para nossa vida, pois condiciona nossa maneira de entender e viver a fé. Uma imagem empobrecida, unilateral, parcial ou falsa de Jesus nos conduzirá a uma vivência empobrecida, unilateral, parcial ou falsa da fé. Daí a importância de evitar possíveis deformações de nossa visão de Jesus e de purificar nossa adesão a Ele.
Por outro lado, é pura ilusão pensar que alguém crê em Jesus Cristo porque “crê” em um dogma, ou porque está disposto a crer “no que a Santa Madre Igreja crê”. Na realidade, cada crente crê no que ele crê, isto é, no que pessoalmente vai descobrindo em seu seguimento a Jesus Cristo, ainda que, naturalmente, o faça dentro da comunidade cristã.
Infelizmente, não são poucos os cristãos que entendem e vivem sua religião de tal maneira que, provavelmente, nunca poderão ter uma experiência um pouco viva do que é encontrar-se pessoalmente com Cristo.
Já numa época bem cedo de sua vida se fizeram uma ideia infantil de Jesus, quando talvez ainda não se tinham feito, com suficiente lucidez, as questões e perguntas que Cristo pode responder.
Mais tarde não voltaram mais a repensar sua fé em Jesus Cristo, ou porque a consideram algo trivial e sem importância para sua vida, ou porque não se atrevem a examiná-la com seriedade e rigor, ou ainda porque se contentam em conservá-la de maneira indiferente e apática, sem eco algum em seu ser.
Infelizmente, não suspeitam o que Jesus poderia ser para eles. Marcel Légaut escrevia esta frase dura, mas talvez bem real: “Esses cristãos ignoram quem é Jesus e estão condenados por sua própria religião a não descobri-lo jamais”.
JOSÉ ANTONIO PAGOLAcursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
a renovação da Igreja promovida pelo Concílio Vaticano II
No encontro com
os participantes do Capítulo Geral da Congregação Vallombrosana, o Papa
destacou que a vida monástica é sinal da primazia de Deus e um fermento de
renovação para a Igreja e para o mundo, especialmente diante dos desafios do
nosso tempo.
Na manhã deste
sábado, 28 de junho, o Papa Leão XIV recebeu em audiência os participantes do
Capítulo Geral da Congregação Vallombrosana da Ordem de São Bento. Logo no
início de seu discurso, o Pontífice saudou o Abade Geral recém-reeleito e todos
os religiosos presentes, sublinhando que a vocação monástica é um dom precioso
para toda a Igreja, pois “recorda a primazia de Deus como fonte de alegria e
princípio de transformação pessoal e social”.
O Santo Padre
destacou que, assim como no tempo de São João Gualberto, fundador da
Congregação, também hoje a humanidade se encontra na aurora de um novo milênio,
marcado por incertezas e transformações profundas: “Não se trata de abandonar
os desafios do nosso tempo, mas de habitá-los com a profundidade de quem sabe
fazer silêncio e escutar a Palavra de Deus, para gerá-la na cultura que está em
transformação.”
Ao recordar a
fragilidade dos inícios da Congregação, Leão XIV destacou que essa memória deve
ser fonte de inspiração e consolo frente às dificuldades atuais:
“Somos
frequentemente menos fortes do que no passado, menos jovens e numerosos, às
vezes feridos por limitações e erros humanos, mas o Evangelho, acolhido sem
disfarces, jamais deixará de espalhar o perfume de sua beleza. Nada os detenha
na exigência originária de reformar, renovar e tornar simples, em benefício de
todos, aquela vida cristã que ainda pode ampliar os horizontes e o fôlego de
toda existência humana.”
O Papa evocou as
palavras de São Paulo VI, que, em 1973, já sublinhava a atualidade do carisma
vallombrosano, destacando-o como expressão de uma “nova conversão”, fonte de
santificação pessoal e fermento de vida nova para o mundo.
Em seguida, Leão
XIV fez também memória de seu “amado predecessor, Papa Francisco, que exortou
incansavelmente todos a levar adiante a renovação da Igreja promovida pelo
Concílio Vaticano II. Ele ainda hoje nos pede para vencermos a
autorreferencialidade, sermos mais pobres e estarmos à escuta dos pobres,
intensificando os laços de comunhão.”
Ao concluir, o
Papa pediu aos religiosos para que vivam a espiritualidade beneditina na
fidelidade à Regra, em diálogo com o mundo contemporâneo, mantendo o equilíbrio
entre oração, trabalho e alegria: “Sejam testemunhas atentas e hospitaleiras
dessa espiritualidade. Encorajo vocês a olharem para frente com esperança”.
Se eu conseguir
passar adiante, nem que seja apenas para 100 pessoas, as catequeses desses 60
anos de atualização da fé católica, terei obedecido
Mt 28,16-20.
***
O texto diz que
, no exato momento da despedida de Jesus, ainda havia alguns que duvidavam dele.
Mas, para quem
acreditou, Jesus pediu que se espalhassem pelo mundo, observando e ensinando
tudo o que ele ensinara.
***
Eis aí a razão
do catequista. Crê, divulga e repercute o que aprendeu ao estudar a Bíblia e, na nossa Igreja , ao ouvir o magistério.
Pregar não é
qualquer aventureiro, que nunca estudou os 73 livros da Bíblia Católica, nunca
leu os documentos nem as encíclicas, nem as conclusões do Vaticano II, nem as
conclusões das Conferências Episcopais, nem os bispos reunidos em assembleia
da CNBB, nem o CIC, nem o DSI.
Alguns sobem ao
púlpito ou ao palco, entram na Internet e batem de frente contra quem estudou
40 a 50 anos de Teologia, Sociologia, Bíblia, Exegese, Liturgia, Direito
Canônico, História da Igreja e Ecumenismo.
E acham que o
Espírito Santo falou com eles e, agora eles têm a mesma autoridade que seus
irmãos ordenados para divulgar e ensinar, como Jesus propôs em Mt 28,16-20.
Lembram o
pedreiro que sabe ser pedreiro, mas não sabe ser arquiteto nem engenheiro.
Quem passa por
cima da autoridade de milhares de estudiosos da fé, porque se acha apto para
tudo. Só que não. Nem os padres que estudaram 20 anos não estão aptos para
tudo. É muita cultura católica para uma cabeça!
***
SER católico é
mais do que abraçar um partido ou uma ideologia salvadora da Pátria. Fazer
isto é desvio da fé!
Ser católico é
querer saber mais sobre Jesus e fazer mais pelos outros e aprender a conviver
não apenas com o seu movimento de espiritualidade, mas com todos os carismas
que Deus suscita na nossa Igreja!
Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
Celebramos com muita alegria a memória de Pedro e Paulo, dois baluartes de nossa Igreja. Impulsionados pela força do alto os dois chegaram até Roma: Pedro o primeiro bispo de Roma e pastor da Igreja universal; Paulo, o andarilho, o lutador, o corajoso empreendedor, o inflamado. O Prefácio desta solenidade faz uma solene declaração a respeito das duas colunas: “Hoje (Pai santo), vós nos concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação”.
A Igreja vai fazendo seu caminho ao longo dos milênios, santa e imaculada, mas sempre precisando que seus membros, santos e pecadores, se animem e tomem gosto pelo projeto de Jesus.
Neste dia do Papa, queremos enriquecer este momento com palavras do próprio Papa Francisco a quem aprendemos a estimar com filial afeto:
♦ A medida de Deus… é sem medida
O Papa conversa sobre o amor, mas o amor a todo e um amor sem medida.
Qual é a medida de Deus? Sem medida! A medida de Deus é sem medida! Tudo! Tudo! Tudo! Não pode ser medido o amor de Deus: é sem medida! E então nos tornamos capazes de amar até aqueles que não nos amam, e isso não é fácil… amar a quem não nos ama… Não é fácil! Porque sabemos que uma pessoa não nos ama também somos levados a não amar. Mas não!
Devemos amar também aqueles que não nos amam! Opormo-nos ao mal com o bem, perdoando, compartilhando, acolhendo. Graças a Jesus e seu Espírito, também a nossa vida se torna “pão repartido” para nossos irmãos. E vivendo dessa maneira, descobrimos a verdadeira alegria. Alegria de ser um presente, para retribuir o grande dom que nós, primeiramente, recebemos, sem merecimento nosso. Isso é belo: nossa vida se torna um presente! Isto é imitar Jesus, eu gostaria de lembrar estas duas coisas: Primeiro: a medida do amor de Deus é sem medida. Isso está claro? E a nossa vida com o amor de Jesus, recebendo a Eucaristia, se torna um dom como foi a vida de Jesus. Não se esqueça destas duas coisas: a medida do amor de Deus é amar sem medida. E seguindo Jesus, nós, com a Eucaristia, façamos de nossa vida um presente. (Angelus, 22 de junho de 2014)
♦ Reze com sua família
Que beleza quando os membros de uma família colocam-se juntos diante de Deus. O Papa sugere e deseja que as famílias rezem no sacrossanto espaço do lar.
Vocês costumam rezar em família? Alguns sim, eu sei. Mas muitos me dizem: Como se faz isso? Faz-se como fez o publicano, é claro, humildemente, diante de Deus. Cada um, humildemente, se coloca diante do Senhor e lhe pede sua bondade, que ele venha até nós. Mas, em família, como se faz? Porque parece que a oração é algo pessoal e, além disso, nunca se tem um momento adequado, tranquilo em família… Sim, é verdade mas é também questão de humildade, de reconhecer que precisamos de Deus, como o publicano! E todas as famílias têm necessidade de Deus: Todas! Necessidade de sua ajuda, de sua força, de sua bênção, de sua misericórdia, de seu perdão! É preciso simplicidade para rezar em família. Rezar juntos o Pai-nosso ao redor da mesa não é algo extraordinário, é fácil . Rezar o rosário em família, é muito bonito, fortalece tanto. E também rezar um pelo outro, o marido pela mulher e a mulher pelo marido, ambos juntos pelos filhos e dos filhos pelos pais, pelos avós… Rezar um pelo outro: isso é rezar em família, e isso fortalece a família, a oração (Homilia, 27 de outubro de 2013).
• A Igreja que eu amo
Sim, a Igreja é para ser amada. Ela é esposa do cordeiro. Ela nasceu do lado aberto de Jesus e no fogo de Pentecostes.
Queridos amigos, esta é a Igreja, esta é a Igreja que todos nós amamos, esta é a Igreja que eu amo: uma mãe que se importa com o bem de seus filhos e que é capaz de dar a vida por eles. Nos não devemos esquecer, porém, que a Igreja não são apenas os sacerdotes ou nos bispos; somos todos! Todos somos a Igreja! Tudo bem? Além disse, nós também somos filhos, mas também mães de outros cristãos. Todos os batizados, homens e mulheres, juntos somos a Igreja. Quantas vezes, em nossa vida não damos testemunho dessa maternidade da Igreja’! Quantas vezes somos covardes! (Audiência geral, 3 de setembro de 2014).
FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.
Naqueles dias, o rei Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender a Pedro. Eram os dias dos Pães ázimos.
“Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da Páscoa.
Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele.
Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam a porta da prisão.
Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: “Levanta-te depressa!” As correntes caíram-lhe das mãos.
O anjo continuou: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!” Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: “Põe tua capa e vem comigo!”
Pedro acompanhou-o, e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão.
Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!”
— Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,/ seu louvor estará sempre em minha boca./ Minha alma se gloria no Senhor;/ que ouçam os humildes e se alegrem!
— Comigo engrandecei ao Senhor Deus,/ exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,/ e de todos os temores me livrou.
— Contemplai a sua face e alegrai-vos,/ e vosso rosto não se cubra de vergonha!/ Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,/ e o Senhor o libertou de toda angústia.
— O anjo do Senhor vem acampar/ ao redor dos que o temem, e os salva./ Provai e vede quão suave é o Senhor!/ Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
Caríssimo, quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.
Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Jesus chegou à região de Cesareia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» Eles responderam: «Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas.» Então Jesus perguntou-lhes: «E vocês, quem dizem que eu sou?» Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.» Jesus disse: «Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.»
Popularmente, a festa de hoje é chamada o Dia do Papa, sucessor de Pedro. Mas não podemos esquecer que ao lado de Pedro é celebrado também Paulo, o Apóstolo, ou seja, missionário, por excelência. No evangelho, o apóstolo Simão responde pela fé de seus irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro. Este nome é uma vocação: Simão deve ser a “pedra”(rocha) que deve dar solidez à comunidade de Jesus (cf. Lc 22,32). Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa: as “portas” (cidade, reino) do inferno não poderão nada contra a Igreja, que é uma realização do reino “dos Céus” (= de Deus). A 1ª leitura ilustra essa promessa: Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor. Pedro aparece, assim, como o fundamento institucional da Igreja.
Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático. Sua vocação se dá na visão de Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, ele se transforma em apóstolo e realiza, mais do que os outros apóstolos inclusive, a missão que Cristo lhes deixou, de serem suas testemunhas até os extremos da terra (At 1,8). Apóstolo dos pagãos, Paulo torna realidade a universalidade da Igreja, da qual Pedro é o guardião. A 2ª leitura é o resumo de sua vida de plena dedicação à evangelização entre os pagãos, nas circunstâncias mais difíceis: a palavra tinha que ser ouvida por todas as nações (v. 17). Não esconder a luz de Cristo para ninguém! O mundo em que Paulo se movimentava estava dividido entre a religiosidade rígida dos judeus farisaicos e o mundo pagão, cambaleando entre a dissolução moral e o fanatismo religioso. Neste contexto, o apóstolo anunciou o Cristo Crucificado como sendo a salvação: loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas alegria verdadeira para quem nele crê. Missão difícil. No fim de sua vida, Paulo pode dizer que “combateu o bom combate e conservou a fé/fidelidade”, a sua e a dos fiéis que ele ganhou. Como Cristo – o bom pastor – não deixa as ovelhas se perderem, assim também o apóstolo – o enviado de Cristo – conserva-lhes a fidelidade.
Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes mas complementares. As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da Igreja universal. Esta complementariedade dos carismas de Pedro e Paulo continua atual na Igreja hoje: a responsabilidade institucional e a criatividade missionária. Pode até provocar tensões, por exemplo, uma teologia “romana” versus uma teologia latino-americana. Mas é uma tensão fecunda. Hoje, sabemos que o pastoreio dos fiéis – a pastoral – não é monopólio dos “pastores constituídos” como tais, a hierarquia. Todos fiéis são um pouco pastores uns para com os outros. Devemos conservar a fidelidade a Cristo – a nossa e a dos nossos irmãos – na solidariedade do “bom combate”.
E qual será, hoje, o bom combate? Como no tempo de Pedro e Paulo, uma luta pela justiça e a verdade em meio a abusos, contradições e deformações. Por um lado, a exploração desavergonhada, que até se serve dos símbolos da nossa religião; por outro, a tentação de largar tudo e de dizer que a religião é um obstáculo para a libertação. Nossa luta é, precisamente, assumir a libertação em nome de Jesus, sendo fiéis a ele; pois, na sua morte, ele realizou a solidariedade mais radical que podemos imaginar.
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.