sábado, 5 de outubro de 2024

Sábia reflexão:

Os que se separam são os pais, não os filhos

José Antonio Pagola

Durante estes anos pude compartilhar de perto o duro caminho da separação de esposos e esposas que um dia se amaram de verdade. Eu os vi sofrer, duvidar e também lutar por um amor já desaparecido. Eu os vi suportar as censuras, a incompreensão e o distanciamento de pessoas que pareciam seus amigos. Junto a eles vi também seus filhos sofrerem.

Não é totalmente certo que a separação dos pais cause um trauma irreversível nos filhos. O que lhes causa dano é a falta de amor, a agressividade ou o medo que, às vezes, acompanha uma separação quando realizada de forma pouco humana.

Nunca se deveria esquecer que os que se separam são os pais, não os filhos. Estes têm direito a continuar desfrutando seu pai e sua mãe, juntos ou separados, e não há razão para sofrerem sua agressividade nem ser testemunhas de suas disputas e litígios.

Por isso mesmo não devem ser coagidos a tomar partido por um ou por outro. Eles têm direito a que seus pais mantenham diante deles uma postura digna e de mútuo respeito, sem denegrir nunca a imagem do outro; a que não os utilizem como “arma de ataque” em seus enfrentamentos.

Por outro lado, é mesquinho chantagear os filhos com presentes ou condutas permissivas, para conquistar seu carinho. Pelo contrário, quem busca realmente o bem da criança facilita-lhe o encontro e a comunicação com o pai ou a mãe que já não vive com ela.

Além disso, os filhos têm direito a que seus pais se reúnam para tratar de temas relativos à sua educação e saúde, ou para tomar decisões sobre aspectos importantes para sua vida. O casal não deve esquecer que, mesmo estando separados, continuam sendo pai e mãe de filhos que precisam deles.

Conheço os esforços que não poucos casais separados fazem para que seus filhos sofram o menos possível as consequências dolorosas da separação. Nem sempre é fácil, nem para quem fica com a custódia dos filhos (como é extenuante ocupar-se sozinho do cuidado deles) nem para quem precisa doravante viver separado deles (como é duro sentir sua falta). Esses pais precisam, em mais de uma ocasião, de apoio, companhia ou ajuda que nem sempre encontram em seu ambiente, em sua família, entre seus amigos ou na comunidade cristã.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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                                                        Fonte: franciscanos.org.br       Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

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