quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Reflexão esclarecedora:

Arrotar sabedoria?

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

________________________________

Uma senhora de 46 anos me enfrentou dizendo que eu arroto uma sabedoria que não tenho. De fato, eu nunca disse que sou sábio! Sou apenas um estudioso da fé.

Certamente ela não segue minha página, porque há anos vivo dando espaço para quem discorda de mim; sou praticante do diálogo fraterno. E por isso às vezes corrijo o que vai contra a Doutrina Católica.

Mas com alegria divulgo bons padres e leigos que me ajudam a manter esta página.

Dou espaço para bispos e padres e leigos cultos que sabem mais do que eu. E costumo me corrigir quando alguém me mostra algum erro meu.

E, quando alguém mostra não gostar de minha catequese? costumo dizer: OPINOU E SERÁ RESPEITADO.

A senhora FHO seguramente não me segue. O que mais faço é dar chance para os outros que desejam opinar na minha página!

Só posso dizer à senhora FHO o mesmo que digo aos outros. Opinou e será respeitada!

Vi a página dela. É pessoa opiniosa e já escolheu seu partido e seu líder político.

Seja feliz, senhora! Apenas lembro que nunca fui comunista. Sou apenas sou um padre catequista ensinando catolicismo há 60 anos …

__________________________________________________________________________________
                                                                                                Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Papa Francisco em audiência nesta quinta:

sonho com uma comunicação
com holofotes acesos sobre os últimos

Na audiência da plenária do Dicastério para a Comunicação, Francisco traça “o perfil do bom comunicador”, recordando os princípios de verdade, justiça e paz. Uma comunicação “apaixonada, curiosa e competente” é o “sonho” do Papa: uma narração além de slogans, “de coração a coração”, com os holofotes voltados para os últimos e as vítimas de guerra. No mundo digital, o convite não é para “substituir” o encontro real, desenvolvendo a criatividade.

O chamado é para uma tarefa “grande e entusiasmante”, que é ao mesmo tempo “vocação e missão”: é a mensagem que o Papa Francisco dirige aos cerca de 300 participantes da assembleia plenária do Dicastério para a Comunicação, dirigida pelo prefeito Paolo Ruffini e recebida na manhã desta quinta-feira, 31 de outubro, na Sala Clementina do Palácio Apostólico. Para eles, o Pontífice traçou “o perfil do bom comunicador”, aquele que é firme na verdade e na justiça e pronto para propagar o Evangelho:

Vocês são chamados a uma grande e entusiasmante tarefa: a de construir pontes, quando tantos erguem muros, os muros das ideologias; a de promover a comunhão, quando tantos fomentam divisão; a de se deixar envolver pelos dramas do nosso tempo, quando tantos preferem a indiferença. E essa cultura da indiferença, essa cultura de “lavar as mãos”: “não cabe a mim. Deixe que se virem"... Isso dói muito!

Leia aqui o discurso integral do Papa

O Papa Francisco durante a leitura do discurso na Sala Clementina

Desenvolver a criatividade, mesmo em tempos de redução de despesas

Criatividade, tecnologia usada de forma “inteligente”, mas acima de tudo o coração são ferramentas fundamentais para os colaboradores da mídia do Vaticano, continua Francisco, para que o amor de Deus possa reverberar em cada expressão da vida comunitária, longe de esquemas políticos ou corporativistas. O Papa também destaca a concretude de uma profissão que também deve lidar com “as dificuldades econômicas e a necessidade de reduzir despesas”:

Gostaria de lhes dizer uma coisa: ainda devemos ser um pouco mais disciplinados com relação ao dinheiro. Vocês devem procurar maneiras de economizar mais e buscar outros fundos, porque a Santa Sé não pode continuar a ajudá-los como agora. Sei que é uma má notícia, mas é uma boa notícia porque mexe com a criatividade de todos vocês.

Por trás de tudo isso, no entanto, há um “sonho”: o sonho de uma comunicação que conecta “pessoas e cultura”, que conte e valorize “cada canto do mundo”.

É por isso que estou feliz em saber que vocês trabalharam duro para aumentar a oferta das mais de cinquenta línguas com as quais a mídia do Vaticano se comunica, acrescentando os idiomas Lingala, Mongol e Kannada.

Acolhimento e atenção

Olhar para os últimos e buscar o diálogo além de slogans

O convite de Francisco é, portanto, para sair, ousar, arriscar mais, abrindo mão um pouco de si mesmo para dar espaço ao outro e para contar a realidade “com honestidade e paixão”, com competência e curiosidade:

Sonho com uma comunicação feita de coração a coração, deixando-nos envolver pelo que é humano, deixando-nos ferir pelos dramas que tantos de nossos irmãos e irmãs vivem. (...) Sonho com uma comunicação que saiba ir além dos slogans e mantenha os holofotes acesos sobre os pobres, os últimos, os migrantes, as vítimas da guerra. Uma comunicação que promova a inclusão, o diálogo e a busca pela paz.

Acolhimento e atenção

A beleza do encontro real não seja suplantada pelo virtual

O desafio, recorda o Pontífice, é também o das novas linguagens e caminhos que habitam o mundo digital: os comunicadores não devem temer a mudança, sublinha Francisco, desde que isso não signifique banalizar ou “substituir” no encontro on-line “a beleza” das relações “reais, concretas, de pessoa a pessoa”, aquelas tecidas segundo o estilo evangélico.

Ajudem-me, por favor, a tornar o Coração de Jesus conhecido no mundo, por meio da compaixão por esta terra ferida. (...) Ajudem-me com uma comunicação que seja uma ferramenta para a comunhão.

A esperança das pequenas e grandes histórias do bem

A esperança é, finalmente, o último - mas não menos importante - chamado indicado por Francisco:

Apesar do fato de o mundo estar abalado por uma violência terrível, nós, cristãos, sabemos como olhar para as muitas chamas da esperança, para as muitas pequenas e grandes histórias do bem.

E são a esperança e a fé, portanto, as virtudes que os comunicadores cristãos são exortados a testemunhar no mundo de hoje, especialmente em vista do Jubileu iminente.

Papa cumprimenta Gloria Fontana, em seu último dia de trabalho após 48 anos de serviço

Uma saudação especial

Antes de concluir a audiência, Francisco dirigiu uma saudação especial a Gloria Fontana, chefe do Escritório REI (Ricerca ed Elaborazione Informazioni) do Dicastério:

Hoje é seu último dia de trabalho: espero que lhe façam uma festa! [aplausos] Bem, depois de 48 anos de serviço: ela entrou no dia de sua Primeira Comunhão, acredito eu... [aplausos e risos] Ela prestou um grande serviço no escondimento, dedicando-se a transcrever os discursos do Papa.

Isabella Piro - Vatican News

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Papa na catequese desta quarta-feira:

a Crisma não pode ser o sacramento de despedida da Igreja

Francisco dedicou a catequese da Audiência Geral ao sacramento da Crisma, convidando a redescobrir os frutos do Espírito Santo: "Que o Sacramento da Crisma não se reduza, na prática, a uma 'extrema unção', isto é, ao sacramento de 'despedida' da Igreja, mas seja o sacramento do início de uma participação ativa na sua vida", afirmou.

Durante a Audiência Geral desta quarta-feira (30/10), o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a presença e a ação do Espírito Santo na vida da Igreja, com foco no papel transformador dos Sacramentos.

O Santo Padre ressaltou que o Espírito Santo atua de maneira particular através da Crisma, ou Confirmação, sacramento que ele definiu como o “Pentecostes” pessoal para cada cristão. "Se pelo Batismo nascemos, pela Crisma crescemos", sublinhou o Papa, destacando que a Crisma representa o fortalecimento da fé e o compromisso de viver e testemunhar a mensagem cristã na maturidade espiritual.

O "selo" de Cristo

Francisco enfatizou que, desde o Novo Testamento, os apóstolos reconheceram a importância da imposição das mãos para a comunicação do Espírito Santo. Citando o relato dos Atos dos Apóstolos, o Pontífice lembrou o momento em que Pedro e João, ao ouvirem que os samaritanos haviam recebido a Palavra de Deus, oraram e impuseram as mãos sobre eles para que recebessem o Espírito Santo: “Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo” (At 8,14-17).

O Papa também recordou as palavras de São Paulo aos Coríntios, que descrevem o Espírito como “penhor” da nossa fé. “O Espírito Santo é o selo com o qual Cristo nos confirma como filhos de Deus e testemunhas de sua verdade. Ele nos marca com o seu selo e nos consagra para viver em Cristo e com Cristo”, afirmou o Papa, citando a passagem: “Quem nos confirma em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito” (2Cor 1,21-22).

O Sacramento do crescimento espiritual

Ao ressaltar que a Crisma é um sacramento de crescimento e maturidade, essencial para fortalecer a vida cristã e a identidade espiritual dos fiéis, o Pontífice explicou: “Assim como o Batismo é o sacramento do nascimento, a Crisma é o sacramento do crescimento. É ele que nos confere a força para testemunhar a fé e assumir uma vida cristã madura”. Segundo Francisco, a Crisma é um chamado ao compromisso com a missão profética, real e sacerdotal, e exortou os fiéis a não encararem o sacramento como uma “extrema unção” ou um marco de despedida, mas como o início de uma participação ativa e comprometida na Igreja.

“Dizem que é o sacramento da despedida, pois, uma vez que os jovens o recebem, eles vão embora e só voltarão para o casamento. É o que as pessoas dizem... Mas precisamos fazer com que seja o sacrifício de uma participação, uma participação ativa na vida da Igreja.”

Para este efeito, sublinha o Santo Padre, "pode ser útil obter ajuda na preparação para o Sacramento de fiéis leigos que tiveram um encontro pessoal com Cristo e uma verdadeira experiência do Espírito. Algumas pessoas dizem que o experimentaram como um florescimento do Sacramento da Crisma que receberam quando eram crianças.”

Reavivar a chama do Espírito Santo

Por fim, o Papa fez um apelo para que todos os batizados reavivem a chama do Espírito Santo em suas vidas, seguido de um convite aos fiéis, com uma bela meta para o Ano Santo que se aproxima:

“São Paulo exortava Timóteo a ‘reavivar a chama do dom de Deus’ (2Tm 1,6) e o verbo utilizado sugere a imagem de alguém que sopra o fogo para reacender a sua chama. Eis um belo objetivo para o ano jubilar! Retirar as cinzas do hábito e do descomprometimento, tornarmo-nos, como os portadores da tocha nas Olimpíadas, portadores da chama do Espírito. Que o Espírito nos ajude a dar alguns passos neste sentido!”

Thulio Fonseca - Vatican News

____________________________________________________________________________________

Assista:

_____________________________________________________________________________________

                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

Reflita com o padre Zezinho:

Fácil demais ou difícil demais?

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

________________________________

Formados ou formatados?

__________________

É natural que um católico que escolheu ou foi educado numa linha moral rígida escolha elogiar um bispo ou padre rígido. Eles também tiveram formação rígida ou escolheram a rigidez de pregação e de costumes.

Eles dizem que ‘Sempre foi assim e assim continuará comigo ou conosco!’

Siga a rede social e verá tais posturas. Não aceitam mudanças e atualizações fáceis!

****

Se você foi educado em outra escola mais branda e dialogante vai elogiar ou seguir a escola de aconselhamento mais afeita ao diálogo. (Counseling & Guidance)

A exigência catequética básica vale para qualquer cristão, mas os enfoques mudarão de acordo com a formação dada por aqueles diretores espirituais!

Não tem nada a ver com esquerda ou direita política, e sim, com o tradicionalismo ou com as atualizações daquela igreja ou daquele grupo.

Raramente terão a mesma espiritualidade.

Jesus atualizava, mas os Fariseus eram rígidos e estritos. Defendiam a lei e a tradição a qualquer custo. Criaram toda sorte de dificuldade para Jesus.

Jesus olhava a situação da pessoa e considerava a situação de cada alma que ia a ele.

Ele tinha psicopedagogia.

Os radicais daquele tempo e os hoje viviam e vivem da letra da lei. É assim, e não se muda o que deu certo!

Muitos desses formadores jogam seus seguidores contra o pregador que ousa distinguir entre pecado venial e o mortal. Nem todo deslize moral leva para o inferno. Mas há formadores rígidos. Basta ligar a TV. É Céu ou é Inferno. Só existem duas escolhas. Raramente aceitam o Purgatório. Chegam a este ponto! A CNBB já corrigiu isto, mas os mais aguerridos não cedem. É oito ou oitenta!…

O fiel não tem que confessar nem diariamente, nem semanalmente. Exigir isto é um tipo de escravidão espiritual.

O CIC existe para ensinar critérios para o fiel católico!

Direção espiritual séria é para padres que estudaram a fundo a Teologia Moral, e para leigos sensatos, que sabem distinguir a extensão da própria culpa.

Não têm que correr para o confessionário cada vez que o fiel está confuso, até porque há pregadores radicais que confundem o povo simples com sua severidade.

Alguém vai ter que mudar de postura: ou os radicais ou os compassivos.

A atual Encíclica DILEXIT NOS mostrou o caminho. Aceitarão ou não aceitarão o abrandamento?…

__________________________________________________________________________________
                                                                                                Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Leitura essencial para caminharmos com a Igreja:

Sinodalidade, uma conversão para sermos mais missionários

O Documento Final da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, aprovado integralmente pela assembleia, relata e impulsiona uma experiência de Igreja pautada na “comunhão, participação e missão”, com a proposta concreta de uma nova visão que subverte práticas consolidadas.

Giampaolo Mattei

O Documento Final votado hoje, aprovado em todos os seus 155 parágrafos, está publicado e não será objeto de uma exortação do Papa: Francisco decidiu que seja imediatamente divulgado para que possa inspirar a vida da Igreja. “O processo sinodal não se encerra com o término da assembleia, mas inclui a fase de implementação” (9). Envolvendo todos no “caminho cotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando modos concretos e percursos formativos para realizar uma tangível conversão sinodal nas várias realidades eclesiais” (9). No Documento, em particular, é solicitado aos bispos um compromisso intenso em relação à transparência e à prestação de contas, enquanto — como também declarou o cardeal Férnandez, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé — estão em andamento trabalhos para dar mais espaço e poder às mulheres.

Duas palavras-chave emergem do texto — permeado pela perspectiva e pela proposta de conversão —: “relações” — que é uma maneira de ser Igreja — e “vínculos”, no sentido de um “intercâmbio de dons” entre as Igrejas, vivido de forma dinâmica e, assim, para converter os processos. Justamente as Igrejas locais estão no centro do horizonte missionário, que é o próprio fundamento da experiência de pluralidade da sinodalidade, com todas as estruturas a serviço, em suma, da missão, com o laicato cada vez mais ao centro e protagonista. E, nessa perspectiva, a concretude de estar enraizados em um “lugar” emerge com força no Documento Final. Também é particularmente significativa a proposta apresentada no Documento para que os Dicastérios da Santa Sé possam iniciar uma consulta “antes de publicar documentos normativos importantes” (135).

Na sessão de encerramento dos trabalhos da Assembleia Sinodal, na tarde deste sábado (26/10), o Santo Padre anunciou que não publicará uma exortação apostólica pós-sinodal, ...

A estrutura do Documento

O Documento Final é composto por cinco partes (11). A primeira, intitulada: O coração da sinodalidade, é seguida pela segunda parte — Juntos, na barca de Pedro — “dedicada à conversão das relações que edificam a comunidade cristã e dão forma à missão na intersecção de vocações, carismas e ministérios”. A terceira parte — Sobre a tua Palavra — “identifica três práticas intimamente interligadas: discernimento eclesial, processos decisórios, cultura da transparência, da prestação de contas e da avaliação”. A quarta parte — Uma pesca abundante — “delineia a forma como é possível cultivar, de maneira nova, o intercâmbio de dons e o entrelaçamento de vínculos que nos unem na Igreja, em um tempo em que a experiência de enraizamento em um lugar está mudando profundamente”. Finalmente, a quinta parte — Também eu vos envio — “permite olhar para o primeiro passo a ser dado: promover a formação de todos para a sinodalidade missionária”. Em particular, observa-se que o desenvolvimento do Documento é guiado pelos relatos evangélicos da Ressurreição (12).

As feridas do Ressuscitado continuam a sangrar

A Introdução do Documento (1-12) esclarece desde o início a essência do Sínodo como uma “experiência renovada daquele encontro com o Ressuscitado que os discípulos viveram no Cenáculo na noite de Páscoa” (1). “Contemplando o Ressuscitado” — afirma o Documento — “vislumbramos também os sinais de Suas feridas (…) que continuam a sangrar no corpo de muitos irmãos e irmãs, inclusive devido a nossas próprias falhas. O olhar voltado ao Senhor não nos afasta dos dramas da história, mas nos abre os olhos para reconhecer o sofrimento que nos rodeia e nos penetra: os rostos das crianças aterrorizadas pela guerra, o choro das mães, os sonhos desfeitos de tantos jovens, os refugiados que enfrentam jornadas terríveis, as vítimas das mudanças climáticas e das injustiças sociais” (2). O Sínodo, ao lembrar as “muitas guerras” em curso, uniu-se aos “repetidos apelos do Papa Francisco pela paz, condenando a lógica da violência, do ódio, da vingança” (2). Além disso, o caminho sinodal é marcadamente ecumênico — “orienta-se para uma unidade plena e visível dos cristãos” (4) — e “constitui um verdadeiro ato de recepção adicional” do Concílio Vaticano II, prolongando sua “inspiração” e renovando “para o mundo de hoje a sua força profética” (5). Nem tudo foi fácil, reconhece o Documento: “Não escondemos que experimentamos em nós dificuldades, resistências à mudança e a tentação de fazer prevalecer nossas próprias ideias sobre a escuta da Palavra de Deus e a prática do discernimento” (6).

O coração da sinodalidade

A primeira parte do Documento (13-48) se abre com reflexões compartilhadas sobre a “Igreja Povo de Deus, sacramento de unidade” (15-20) e sobre as “raízes sacramentais do Povo de Deus” (21-27). É um fato que, justamente “graças à experiência dos últimos anos”, o significado dos termos “sinodalidade” e “sinodal” tenha “sido mais bem compreendido e, ainda mais, vivido” (28). E “cada vez mais, esses termos têm sido associados ao desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas e mais relacional, que seja casa e família de Deus” (28). “Em termos simples e sintéticos, pode-se dizer que a sinodalidade é um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária, para torná-la, assim, mais capaz de caminhar com cada homem e mulher, irradiando a luz de Cristo” (28). Na consciência de que a unidade da Igreja não é uniformidade, “a valorização dos contextos, das culturas e das diversidades, e das relações entre eles, é uma chave para crescer como Igreja sinodal missionária” (40). Com o fortalecimento das relações também com as demais tradições religiosas, em particular “para construir um mundo melhor” e em paz (41).

A conversão das relações

“A necessidade de uma Igreja mais capaz de nutrir as relações: com o Senhor, entre homens e mulheres, nas famílias, nas comunidades, entre todos os cristãos, entre grupos sociais, entre religiões, com a criação” (50) é a constatação que abre a segunda parte do Documento (49-77). E “não faltou também quem compartilhou o sofrimento de se sentir excluído ou julgado” (50). “Para ser uma Igreja sinodal, é necessária, portanto, uma verdadeira conversão relacional. Devemos aprender novamente com o Evangelho que o cuidado com as relações e os vínculos não é uma estratégia ou instrumento para uma maior eficácia organizacional, mas é o modo como Deus Pai se revelou em Jesus e no Espírito” (50). As “recorrentes expressões de dor e sofrimento por parte de mulheres de todas as regiões e continentes, sejam leigas ou consagradas, durante o processo sinodal, revelam o quanto frequentemente falhamos em fazer isso” (52). Em particular, “o chamado à renovação das relações no Senhor Jesus ressoa na pluralidade de contextos” ligados “ao pluralismo das culturas”, com, às vezes, “sinais de lógicas relacionais distorcidas e até mesmo opostas às do Evangelho” (53). O ponto é direto: “Nessa dinâmica encontram-se as raízes dos males que afligem nosso mundo” (54), mas “o fechamento mais radical e dramático é aquele em relação à própria vida humana, que leva ao descarte de crianças, ainda no ventre materno, e dos idosos” (54).

Ministérios para a missão

“Carismas, vocação e ministérios para a missão” (57-67) estão no centro do Documento, que visa à participação mais ampla de leigas e leigos. O ministério ordenado é “a serviço da harmonia” (68) e, em especial, “o ministério do bispo” é “unir em unidade os dons do Espírito” (69-71). Entre diversas questões, foi constatado que “a relação constitutiva do Bispo com a Igreja local não parece hoje suficientemente clara no caso dos Bispos titulares, como os Representantes pontifícios e aqueles que servem na Cúria Romana”. Junto com o bispo estão “presbíteros e diáconos” (72-73), para uma “colaboração entre os ministros ordenados na Igreja sinodal” (74). É significativa, ainda, a experiência da “espiritualidade sinodal” (43-48), com a certeza de que “se faltar a profundidade espiritual pessoal e comunitária, a sinodalidade se reduz a um expediente organizacional” (44). Por isso, destaca-se, “praticado com humildade, o estilo sinodal pode tornar a Igreja uma voz profética no mundo de hoje” (47).

A conversão dos processos

Na terceira parte do Documento (79-108), é imediatamente destacado que “na oração e no diálogo fraterno, reconhecemos que o discernimento eclesial, o cuidado dos processos decisórios e o compromisso de prestar contas de nossas ações e de avaliar os resultados das decisões tomadas são práticas com as quais respondemos à Palavra que nos indica os caminhos da missão” (79). Em particular, “essas três práticas estão intimamente interligadas. Os processos decisórios necessitam do discernimento eclesial, que requer escuta em um clima de confiança, que a transparência e a prestação de contas sustentam. A confiança deve ser mútua: aqueles que tomam as decisões precisam poder confiar e ouvir o Povo de Deus, que, por sua vez, necessita poder confiar em quem exerce a autoridade” (80). “O discernimento eclesial para a missão” (81-86), na verdade, “não é uma técnica organizativa, mas uma prática espiritual a ser vivida na fé” e “nunca é a afirmação de um ponto de vista pessoal ou de grupo, nem se resolve na simples soma de opiniões individuais” (82). “A articulação dos processos decisórios” (87-94), “transparência, prestação de contas, avaliação” (95-102), “sinodalidade e organismos de participação” (103-108) são pontos centrais das propostas contidas no Documento, surgidas da experiência do Sínodo.  

A conversão dos laços

“Em um tempo em que muda a experiência dos lugares onde a Igreja está enraizada e peregrina, é necessário cultivar de novas formas a troca de dons e a interligação dos laços que nos unem, sustentados pelo ministério dos Bispos em comunhão entre si e com o Bispo de Roma”: esta é a essência da quarta parte do Documento (109-139). A expressão “enraizados e peregrinos” (110-119) recorda que “a Igreja não pode ser compreendida sem o enraizamento em um território concreto, em um espaço e em um tempo onde se forma uma experiência compartilhada de encontro com Deus que salva” (110). Também com uma atenção aos fenômenos da “mobilidade humana” (112) e da “cultura digital” (113). Nessa perspectiva, “caminhar juntos nos diferentes lugares como discípulos de Jesus na diversidade dos carismas e dos ministérios, assim como na troca de dons entre as Igrejas, é um sinal eficaz da presença do amor e da misericórdia de Deus em Cristo” (120). “O horizonte da comunhão na troca de dons é o critério inspirador das relações entre as Igrejas” (124). Daqui surgem os “laços pela unidade: Conferências episcopais e Assembleias eclesiais” (124-129). Particularmente significativa é a reflexão sinodal sobre “o serviço do bispo de Roma” (130-139). Justamente no estilo da colaboração e da escuta, “antes de publicar documentos normativos importantes, os Dicastérios são exortados a iniciar uma consulta das Conferências episcopais e dos organismos correspondentes das Igrejas Orientais Católicas” (135).  

Formar um povo de discípulos missionários

“Para que o santo Povo de Deus possa testemunhar a todos a alegria do Evangelho, crescendo na prática da sinodalidade, necessita de uma formação adequada: antes de tudo, à liberdade de filhos e filhas de Deus na sequela de Jesus Cristo, contemplado na oração e reconhecido nos pobres”, afirma o Documento em sua quinta parte (140-151). “Uma das solicitações que emergiram com maior força e de todos os lados ao longo do processo sinodal é que a formação seja integral, contínua e compartilhada” (143). Também nesse campo retorna a urgência da “troca de dons entre vocações diferentes (comunhão), sob a perspectiva de um serviço a ser prestado (missão) e em um estilo de envolvimento e de educação à corresponsabilidade diferenciada (participação)” (147). E “um outro âmbito de grande relevância é a promoção em todos os ambientes eclesiais de uma cultura de proteção (safeguarding), para tornar as comunidades lugares cada vez mais seguros para os menores e as pessoas vulneráveis” (150). Finalmente, “também os temas da doutrina social da Igreja, do compromisso pela paz e justiça, do cuidado da casa comum e do diálogo intercultural e inter-religioso devem ter maior difusão no Povo de Deus” (151).  

Entrega a Maria

“Vivendo o processo sinodal – é a conclusão do Documento (154) – tomamos nova consciência de que a salvação a ser recebida e anunciada passa pelas relações. Vive-se e testemunha-se juntas. A história nos aparece tragicamente marcada pela guerra, pela rivalidade pelo poder, por mil injustiças e opressões. Contudo, sabemos que o Espírito colocou no coração de cada ser humano um desejo profundo e silencioso de relações autênticas e de laços verdadeiros. A própria criação fala de unidade e de compartilhamento, de variedade e interligação entre diferentes formas de vida.” O texto se conclui com a oração à Virgem Maria pela entrega “dos resultados deste Sínodo: ‘Ensina-nos a ser um Povo de discípulos missionários que caminham juntos: uma Igreja sinodal’” (155).

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

Nesta quarta-feira, às 19h, CNBB promove live

“Sínodo: e agora para onde vamos?”

A segunda etapa mundial da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos que teve início em 2 de outubro foi concluída no último domingo, 27. No sábado, 26,  foi aprovado Relatório final da Segunda Sessão Mundial da XVI Assembleia Geral Ordinária da Assembleia dos Bispos. O Documento Final  foi aprovado em todos os seus 155 parágrafos, organizados em cinco partes.

O Santo Padre anunciou que não publicará uma encíclica pós sínodo e decidiu publicar o documento final imediatamente para que possa inspirar a vida da Igreja. Agora, como previsto, começa a fase de implementação. A grande pergunta é e agora? Quais os próximos passos? Para onde a Igreja vai?

Para refletir sobre estas e outras perguntas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove na próxima quarta-feira, às 19h, a live: “Sínodo: e agora para onde vamos?”. O mediador da live será o assessor de Comunicação da CNBB e professor da PUC Rio, padre Arnaldo Rodrigues. A live será transmitida no canal de Youtube e no Instagram da CNBB.

O convidados para esta reflexão são três padres sinodais que vivenciaram a experiência do Sínodo em Roma: o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho, dom Jaime Spengler, o bispo de Petrópolis (RJ), dom Joel Portella Amado e o bispo de Camaçari (BA) e presidente do regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dirceu de Oliveira Medeiros.

Dom Joel, ainda como secretário-geral da CNBB, conduziu no país o processo de escuta da Igreja no Brasil da fase preparatória do Sínodo. Dom Dirceu também foi membro da Equipe de Animação do processo Sínodo no país. Ambos foram eleitos, pelo episcopado brasileiro, para participar da etapa mundial do Sínodo.

Assista no canal do Youtube e no Instagram da CNBB.

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                           Fonte: cnbb.org.br

domingo, 27 de outubro de 2024

Papa na missa de conclusão do Sínodo na Basílica de São Pedro.

não uma Igreja acomodada e desistente,
mas que "suja as mãos" para servir

Francisco concluiu a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano com uma missa na Basílica de São Pedro. O Pontífice convocou a Igreja a se levantar, escutar e caminhar ao lado dos mais vulneráveis, inspirada pelo Evangelho e movida pelo serviço e pela missão: "Deixemos de lado o manto da resignação, confiemos ao Senhor a nossa cegueira, coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo."

Neste domingo, 27 de outubro, a Basílica de São Pedro acolheu cerca de 5 mil fiéis para a missa conclusiva da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, presidida pelo Papa Francisco. O Pontífice dirigiu-se a cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, convocando-os a refletir sobre a postura da Igreja diante dos desafios atuais, através do exemplo de Bartimeu, o cego que, mesmo marginalizado, encontrou forças para gritar a Jesus e seguir pelo caminho.

A partir da passagem do Evangelho deste trigésimo domingo do tempo comum (Mc 10, 46-52), que narra a cura de Bartimeu, o Papa ressaltou a importância de uma Igreja em movimento, atenta às necessidades e clamores da humanidade: "Uma Igreja sentada é uma Igreja estagnada, incapaz de enxergar o Senhor em seu meio e de responder aos apelos do mundo". Francisco usou a imagem do cego "à margem da estrada" para ilustrar a necessidade de uma comunidade que não se limite a observar de longe, mas que, impulsionada pelo chamado de Cristo, se levante e siga adiante.

Fiéis e peregrinos reunidos na Basílica de São Pedro


Escutar e responder ao grito do mundo

O Papa, ao proferir a homilia, destacou que, ao longo da Assembleia Sinodal, a Igreja foi chamada a abrir-se ao grito dos marginalizados, daqueles que buscam acolhimento, e daqueles que, silenciosamente, sofrem. A exemplo de Bartimeu, Francisco enfatizou que a Igreja não pode ignorar o sofrimento e as necessidades de tantos irmãos e irmãs. Recordemos isto, enfatizou o Santo Padre, "o Senhor passa, o Senhor passa sempre e cuida da nossa cegueira. E é bonito que o Sínodo nos impulsione a ser Igreja como Bartimeu: a comunidade dos discípulos que, ouvindo passar o Senhor, sente a emoção da salvação, deixa-se despertar pela força do Evangelho e começa a gritar-Lhe. E fá-lo acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra: o grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; a voz quebrada dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram".

“Não precisamos de uma Igreja sentada e desistente, mas de uma Igreja que acolhe o grito do mundo e suja as mãos para servir o Senhor.”

Uma Igreja missionária e sinodal

Ao lembrar a interação entre Bartimeu e Jesus, Francisco explicou que, assim como o cego clamou por ajuda e foi atendido, também a Igreja deve escutar ativamente os clamores de hoje, fazendo-se próxima dos que necessitam de amparo espiritual, material e humano. A postura sinodal da Igreja, recordou o Papa, também pode ser simbolizada pelo seguimento de Bartimeu no caminho de Jesus: "uma comunidade em constante movimento, iluminada pelo Espírito Santo e impulsionada pela missão de levar a luz do Evangelho ao mundo". Não caminhemos sozinhos ou segundo os critérios do mundo, mas juntos, como discípulos do Senhor, reforçou o Santo Padre:

"Irmãos e irmãs: não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo."

Francisco contempla a "Cátedra de Pedro"


Amor, unidade e misericórdia

O Pontífice, ao voltar seu olhar para a relíquia da "Cátedra de São Pedro", restaurada e exposta para a veneração dos fiéis, recordou o verdadeiro significado do poder e da liderança na Igreja. Para Francisco, esta imagem da Cátedra expressa a essência do serviço e da unidade, valores essenciais para a Igreja sinodal:

"Enquanto damos graças ao Senhor pelo caminho percorrido em conjunto, poderemos ver e venerar a relíquia da antiga Cátedra de São Pedro, cuidadosamente restaurada. Recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade. E admirando o majestoso baldaquino de Bernini, mais resplandecente do que nunca, redescobrimos que ele enquadra o verdadeiro ponto focal de toda a Basílica, isto é, a glória do Espírito Santo. Esta é a Igreja sinodal: uma comunidade cujo primado está no dom do Espírito, que nos torna irmãos em Cristo e nos eleva até Ele."

"Coragem, levanta-te, Ele te chama"

Ao encerrar a homilia, o Papa exortou os presentes a deixarem para trás qualquer manto de resignação ou paralisia que possa ter invadido a Igreja, e incentivou a comunidade a confiar a própria “cegueira” a Deus e, como Bartimeu, levantar-se e seguir o Senhor. "Coragem, levanta-te, Ele te chama. Coloquemo-nos de pé e levemos a alegria do Evangelho pelos caminhos do mundo" concluiu Francisco. 

Thulio Fonseca - Vatican News

____________________________________________________________________________________

Assista:

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va

Para refletir:

Você é uma pessoa mística?

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

________________________________

ISTO É bom ou é ruim?

________________________

Se, homem ou mulher, padre, monge, monja, dona de casa, empresário acha tempo para orar, conversar com Deus e saber mais sobre Deus e sobre o que Ele fez e faz, … você é pessoa mística.

A palavra mística vem do grego “mystikos” do verbo “myo” “fechar.” Mais especificamente: FECHAR OS OLHOS.

Em quase todas as religiões fecha-se os olhos para contemplar, imaginar e afastar as distrações do crente.

Concentra-se porque a pessoa está em atitude de quem fala com o Criador de tudo! É criatura procurando seu Criador!

Fecha os olhos para se abstrair de tudo que a distraia.

***

Se você faz isso é sinal de que você sabe interiorizar o mistério que deseja contemplar.

Prouvera a Deus que todos os crentes em Deus conseguissem conversar com o Criador do Universo! Deveria ser natural!

Neste mundo nunca saberemos contemplar direito ou pensar e orar como Jesus. Ele sabia viver e no Pai. Nós ainda precisamos aprender isto!

Por mais místicos e contemplativos que sejamos, por mais que fechemos os olhos e nos fechemos num quarto (myo-myon) sempre teremos dificuldade de praticar nossas místicas. Não sabemos nos concentrar o suficiente.

As vezes as próprias igrejas atrapalham o fiel, tão grande é o barulho e os gritos dos cultos, a começar pelos pregadores gritalhões!

Feliz daquele se concentra, fecha os olhos em casa ou num templo, e em silêncio, consegue contemplar os mistérios da vida e da fé.

Quem achou tempo para conversar com Deus sabem que Ele existe, só não sabe como Ele é.

Para a pessoa mística não faz diferença. Jesus incentivava isto. No gesto de “trancar -se no seu quarto (Mt 6,6-8) significava que Deus se importa comigo e eu me importo com Ele.

“Quero saber mais sobre tudo o que Ele fez e faz. Quero me aprofundar nos mistérios do existir”.

Releia Mateus, João, Efésios e Filipenses. Eram Mateus, Paulo e Timóteo ensinado a contemplar os mistérios da vida e do Cristo!

Não basta aprender a pedir. O ideal é aprender a achar momentos de silêncio, e sem barulhos e clamores e gritarias, contemplar o Pai, como Jesus fazia!...

Muitas igrejas perderam esta capacidade de orar em silêncio!…

__________________________________________________________________________________
                                                                                                Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

sábado, 26 de outubro de 2024

Papa no encerramento dos trabalhos do Assembleia Sinodal:

a rigidez é um pecado.
Na Igreja sinodal, palavras devem acompanhar atitudes

Na sessão de encerramento dos trabalhos da Assembleia Sinodal, na tarde deste sábado (26/10), o Santo Padre anunciou que não publicará uma exortação apostólica pós-sinodal, justificando que o Documento Final já contém “indicações muito concretas” para decisões que envolvem toda a Igreja, “mas que exigem tempo”.

O Papa Francisco proferiu um discurso neste sábado, 26 de outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, após a votação e aprovação do Documento Final da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos. O Pontífice sublinhou que o Documento Final representa “o fruto de anos, pelo menos três”, dedicados à escuta do Povo de Deus e reflete o propósito de uma Igreja mais sinodal. “As referências bíblicas que abrem cada capítulo organizam a mensagem cruzando-a com os gestos e as palavras do Senhor Ressuscitado, que nos chama a ser testemunhas do seu Evangelho mais com a vida do que com as palavras”, afirmou Francisco, citando diretamente o documento.

Documento Final: um tríplice dom 

Em seguida, o Santo Padre descreveu o documento como um “dom tríplice”: primeiro para o Bispo de Roma, ele próprio, ao convocar a Igreja de Deus em Sínodo, estando consciente de que precisava dos Bispos e testemunhas do caminho sinodal, agradecendo com um “obrigado!”. Recordou ainda a necessidade contínua de praticar a escuta para guiar a Igreja, ressaltando: “Confirma os teus irmãos e irmãs... Apascenta as minhas ovelhas”, repetindo as palavras da Escritura que lhe servem de guia e completou:

“A minha tarefa, bem o sabeis, é — como nos ensina São Basílio — guardar e promover a harmonia que o Espírito continua a difundir na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todos os cansaços, tensões e divisões que marcam o seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos. Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos, todos!"

Caminhar juntos na diversidade 

Francisco também enfatizou que o Documento é um dom para o Povo de Deus, um presente que deverá ser amplamente partilhado e que, embora nem todos possam lê-lo, cabe aos líderes locais tornar acessível o seu conteúdo nas igrejas. “O texto”, afirmou Francisco, “perderia muito do seu valor sem o testemunho da experiência vivida”.

Para o Papa, o Documento é, igualmente, um dom para a comunidade global, pois oferece um impulso para testemunhar que é possível “caminhar juntos na diversidade”. Vindo de diversas partes do mundo, marcados pela violência, pobreza e indiferença, o Santo Padre reforça a possibilidade de, juntos, não só sonharmos com a paz, mas de nos empenharmos em realizá-la “através de processos de escuta, de diálogo e de reconciliação”.

Concretizar o Sínodo na vida da Igreja 

Francisco sublinhou que o Documento é um convite para dar “forma real ao convívio das diferenças” e para a Igreja tornar-se um testemunho vivo de paz em tempos de guerra, frisando que, embora seja necessário tempo para amadurecer algumas decisões, isso não significa adiá-las indefinidamente. Pelo contrário, tal atitude reflete o “estilo sinodal”, que inclui momentos de pausa, silêncio e oração.

“É um estilo que estamos aprendendo juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compreender como um processo de conversão.”

Madeleine Delbrêl: uma inspiração para viver a fé com leveza 

Ao citar a mística francesa Madeleine Delbrêl, o Papa destacou a necessidade de uma fé vivida com leveza e sem rigidez. “Faz-nos viver a nossa vida, não como um jogo de xadrez, em que todos os movimentos são calculados, não como uma partida em que tudo é difícil, não como um teorema que nos faz quebrar a cabeça, mas como uma festa sem fim em que se renove o encontro contigo, como um baile, como uma dança, entre os braços da tua graça, na música que enche o universo de amor”, diz a poesia lida pelo Pontífice, inspirando o tom do encerramento do sínodo.

Indicações concretas para a missão 

Em seguida, Francisco sublinhou que, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas. Neste tempo de guerras, devemos ser testemunhas da paz, aprendendo também a dar forma real ao convívio das diferenças:

“Por essa razão, não pretendo publicar uma “exortação apostólica”. Basta o que aprovamos. No Documento, já existem indicações muito concretas que podem ser de guia para a missão das igrejas, nos diferentes continentes, nos diferentes contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos. Por isso, eu disse que deve ser publicado. Quero, assim, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que por meio deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus. Sobre alguns aspectos da vida da Igreja sinalizados no Documento, assim como sobre os temas confiados aos dez “Grupos de Estudo” que devem trabalhar com liberdade para me oferecer propostas, há necessidade de tempo, para chegar a escolhas que envolvem toda a Igreja. Eu, então, continuarei a ouvir os Bispos e as Igrejas a eles confiadas. (...) Não se trata de adiar indefinidamente as decisões. É o que corresponde ao estilo sinodal com que deve ser exercido também o ministério petrino: escutar, convocar, discernir, decidir e avaliar. E nestes passos, são necessárias as pausas, os silêncios e a oração."

Das palavras aos atos 

Para o Santo Padre, a missão da Igreja agora é que “as palavras partilhadas sejam acompanhadas de atos” e aquilo que foi vivenciado no Sínodo "é um dom que não podemos guardar para nós mesmos. O impulso que vem desta experiência, da qual o Documento é um reflexo, dá-nos a coragem de testemunhar que é possível caminhar juntos na diversidade". E identificando várias feridas da humanidade — violência, pobreza e indiferença — Francisco afirmou que a Igreja, unida no amor de Deus e na esperança que não decepciona, deve comprometer-se com todas as forças para construir a paz.

“Que a harmonia continue mesmo quando sairmos desta sala, e que o Sopro do Ressuscitado nos ajude a partilhar os dons que recebemos.”

Thulio Fonseca - Vatican News

____________________________________________________________________________________

Assista:

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                     Fonte: vaticannews.va