Uma educação cristã, humanista e solidária
é o que propõe o Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco, a fim
de promover novos diálogos em torno da educação. A Campanha da Fraternidade
deste ano, com o tema ‘Fraternidade e Educação’ e o Lema: ‘Fala
com sabedoria, ensina com amor’, assumiu como um de seus papéis refletir sobre
os problemas relacionados ao mundo da educação, especialmente da educação
católica.
Dados da Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil (ANEC), dão conta de que no Brasil, atualmente, existem 1050
escolas católicas de educação básica; 350 instituições mantenedoras (PUCs,
Universidades, Faculdades e Institutos) e 89 Institutos de Ensino Superior. A
organização estima que um milhão e meio de alunos estudam nas escolas de
confissão católica.
Um dos desafios do campo educacional
católico e não confessional é a implementação do ensino religioso. A ANEC
aponta os problemas a serem superados na implantação do ensino religioso: “a
intolerância que rejeita as diferenças, o fanatismo e o conservadorismo que
tentam usar do componente curricular do ensino religioso como instrumento de
aculturação e dogmatização, a radicalização de posições, a falta de
conhecimento pedagógico – pastoral da importância do ensino religioso em nossa
sociedade que é marcada pelo egoísmo, pela aporofobia, pelo consumismo
exacerbado e que tem sido afetada pelas investidas contra a democracia”.
Para a ANEC, o ensino religioso na escola
católica “propicia os conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência
e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; assim
como contribui para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a
partir de valores, princípios éticos e da cidadania proporcionando aprendizagem
dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos”.
O confessional e o não confessional no
ensino religioso no Brasil
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Padre Eduardo Rocha Foto: Arquivo pessoal |
O assessor do setor Ensino Religioso da
Comissão para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), padre Eduardo Rocha, explica que a partir de 2017 o Supremo Tribunal
Federal (STF) definiu duas propostas a serem desenvolvidas nas escolas
brasileiras. O modelo confessional e o não confessional.
“O confessional, que trata especificamente
de um credo, de uma tradição religiosa e esse confessional pode ser oferecido
na escola confessional, mas também na escola pública e o não confessional, que
pode ser oferecido tanto na escola pública e confessional, conforme a opção da
escola”, ressalta.
Ainda segundo padre Eduardo, o ensino
religioso na escola pública é obrigatório para escola e é opcional para o
aluno. Ele explica que a escola ela é obrigada oferecer, mas os pais optam se o
aluno terá ou não ensino religioso, apesar de ser possível o ensino religioso
confessional, já como nós somos uma república com estados federados, isso
depende cada estado por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro, o ensino
religioso é confessional.
O currículo do ensino religioso, com raras
exceções de algumas instituições educacionais que conseguiram entender a
proposta da base nacional comum curricular, não busca avançar sobre questões
ligadas aos problemas seculares, especialmente sobre aqueles que são objeto de
polêmicas, mobilizam a opinião pública, sensibilizam as famílias dos estudantes
e tornam a escola um campo bélico.
“O primeiro desafio do ensino religioso nas
instituições escolares brasileiras está diretamente ligado à sua estruturação
como área de conhecimento e componente curricular. Existe, por parte dos educadores
responsáveis pelo componente, a continuidade de um pensamento de negação ou
mesmo afastamento em relação ao conceito de educação religiosa e sua análise
crítica”, diz a ANEC.
Ainda segundo a ANEC, “não cabe ao
ensino religioso estabelecer padrões comportamentais para a sociedade, menos
ainda orientar suas escolhas. Mas cabe fornecer aos estudantes a possibilidade
de discuti-los, segundo suas crenças e valores, em um ambiente de
esclarecimento maduro e não de doutrinação religiosa de qualquer espécie.
Precisamos romper com a visão proselitista da religião que ainda marca o nosso
currículo escolar e a sociedade brasileira”.
“Nós acreditamos que a formação do ensino
religioso, a formação humana deve também contemplar na visão integral de
educação, é como nos fala a BNCC, visão integral de ser humano de educação,
aquilo que propõe igreja e também dimensão religiosa”, diz padre Eduardo.
A ANEC traz ainda um outro desafio que é
enfrentado no ensino religioso: “a intolerância religiosa no ambiente
escolar tornou-se um dos maiores desafios para as escolas brasileiras. Não
somente para as que dispõem efetivamente de ensino religioso em seu currículo,
mas também para as demais componentes curriculares transitam pelas temáticas
transversalmente”.
CF 2022 nas escolas
De acordo com o diretor executivo da
PMBCS, José Leão, a educação precisa estar à serviço da vida e do bem-estar
coletivo. “Refletir sobre isso é colocar processos educativos à nossa
disposição para iluminar caminhos e promover novas e melhores vivências, com
relações próximas, justas, pacíficas e espiritualizadas. A ideia é
conscientizar sobre o papel da coletividade no desenvolvimento humano e social,
promovendo uma mudança que começa nas salas de aula e está muito alinhada com a
Missão Marista que há mais de 200 anos busca causar verdadeiras transformações
por meio da educação”, explicou.
Videoaulas CF2022
Além do e-book e materiais editáveis para
as redes sociais, apresentações e outras comunicações, a página especial sobre
a CF 2022 da Umbrasil e da PMBCS também disponibiliza um curso com videoaulas e
módulos sobre a campanha, destinado principalmente à comunidade escolar. O
curso é do Farol 1817, plataforma de cursos digitais gratuitos da PMBCS. Os
módulos das videoaulas trabalham diretrizes pedagógico-pastorais, capacitando
professores para uma didática da escuta, em que a construção de diálogos
colabora para a aproximação comunitária, rompendo as barreiras do ódio,
preconceito e indiferença.
“Como trabalhar a campanha da
fraternidade em sala de aula”
A CF 2022
Essa é a terceira vez que a temática da
educação será abordada na Campanha da Fraternidade. O tema já foi objeto de
reflexão e ação eclesial em 1982 e 1998. De acordo com a introdução do
texto-base, foi “a realidade de nossos dias que fez com que o tema
educação recebesse destaque, um tempo marcado pela pandemia da Covid-19 e por
diversos conflitos, distanciamentos e polarizações”.
Saiba mais sobre a CF 2022 no site
das Campanhas da CNBB.
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