O Ministério do Catequista
No mês de maio deste ano (2021) o Papa
Francisco através da Carta Apostólica “Antiquum Ministerium” instituiu o Ministério
de Catequista. A referida Carta Apostólica é composta por onze parágrafos nos
quais apresenta sua justificativa, importância desse serviço e define algumas
orientações pastorais para os bispos.
![]() |
Dom Antônio de Assis |
Iniciando esta série de artigos, através da
qual pretendemos aprofundar a beleza do ministério de catequista e a
importância da Catequese, recordemos as principais ideias desse documento. Com
essa Carta Apostólica o Papa Francisco convida toda a Igreja a relançar em
todos os contextos a importância da Catequese e o cuidado com o perfil dos
catequistas.
O ministério antigo na Igreja
Esse ministério faz-se presente na Igreja
deste os primórdios das Comunidades Cristãs. Os diversos textos do NT nos
convidam a refletir sobre a importância desse serviço. O evangelista Lucas ao
escrever o seu Evangelho tinha como objetivo oferecer uma base sólida para a
instrução (cf. Lc 1,3-4). Aos Gálatas comenta o apóstolo Paulo: «Mas quem
está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em
todos os bens» (Gal 6,6). A solidez da catequese contribui, portanto, para a
profundidade da comunhão da Igreja. Onde impera a ignorância teológica, lá
reina a confusão.
A diversidade de dons
Na Igreja há diversidade de manifestações
do Espírito Santo como afirma o apóstolo Paulo aos Coríntios quando menciona os
mestres: «E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar,
apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há
o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de
governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos
profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das
curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores
dons. Aliás vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros» (1Cor
12,28-31). Na Igreja há diversidade de dons, mas o Espírito e o Senhor são
o mesmo e, cada dom, é dado para a promoção do bem comum (cf. 1Cor 12,4-11).
Ao longo da história a Igreja reconheceu
este serviço como expressão concreta do carisma pessoal, que tanto favoreceu o
exercício da sua missão evangelizadora desde as primeiras comunidades. Ainda
hoje a Igreja estimula esse mesmo ministério como sinal de fidelidade à
permanência na Palavra de Deus. Ao longo de dois milênios de história a Igreja
reconheceu o delicado e generoso serviço de tantos que se dedicaram à instrução
catequética realizando uma missão insubstituível na transmissão e
aprofundamento da fé, como bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, leigos e
leigas. Dentre tantos, reconhecemos também muitos beatos, santos e mártires
catequistas.
A catequese edifica a Igreja
A catequese em sido uma forma de
ministerialidade (de experiência de serviço eclesial) concretizada por homens e
mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à
edificação da Igreja. Com múltiplas expressões esse é um serviço essencial para
a vida da Igreja, pois a fé precisa ser a aprofundada.
Renovada consciência catequética
A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II,
a Igreja assumiu uma renovada consciência sobre a importância do compromisso do
laicato na obra de evangelização. O Decreto “Ad Gentes” afirma: «É digno de
elogio aquele exército com tantos méritos na obra das missões entre
pagãos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do
espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente
necessária à expansão da fé e da Igreja. Hoje em dia, em razão da escassez
de clero para evangelizar tão grandes multidões e exercer o ministério
pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima importância» (AG,17).
Diversos outros eventos contribuíram para a renovação da Catequese: o interesse
constante dos papas, os Sínodo dos Bispos, as Conferências Episcopais, o
magistério dos bispos, a Compilação do Catecismo da Igreja Católica, a
Exortação apostólica Catechesi tradendae, o Diretório Geral da Catequese, etc.
A corresponsabilidade
O bispo é o primeiro Catequista na sua
diocese, mas isso não dispensa a corresponsabilidade e a colaboração de outros
sujeitos eclesiais como, os pais, catequistas leigos e leigas que, em virtude
do batismo, são chamados a colaborar no serviço da catequese em cada ambiente.
O ministério da Catequese abraça as condições culturais de cada contexto, mas
conservando sua fidelidade ao evangelho. A Catequese, frente a tantos desafios
culturais, vê-se diante de um grande desafio: “despertar o entusiasmo pessoal
de cada batizado e reavivar a consciência de ser chamado a desempenhar a sua
missão na comunidade requer a escuta da voz do Espírito que nunca deixa faltar
a sua presença fecunda”.
O apostolado dos leigos
O Papa Francisco através do ministério de
Catequista nos recorda a importância do apostolado dos leigos na Igreja. Eles
«são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles
locais e circunstâncias em que, só por meio deles, ela pode ser o sal da terra»
(LG, 33); «os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma
colaboração mais imediata no apostolado da hierarquia, à semelhança daqueles
homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito
no Senhor» (LG, 33); o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir a
sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas
suas diferentes etapas; o Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre
e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja.
A diversidade de ministérios
o ministério de catequista não está
isolado. Ao lado desse ministério há outros que já foram oficialmente
reconhecidos pela Igreja, como ministério de leitor e acólito, bem como os
serviços de ostiário, exorcista, etc. Tais ministérios são preciosos para a
implantação, a vida e o crescimento da Igreja e para a sua capacidade de
irradiar a própria mensagem à sua volta e para aqueles que estão distantes (cf.
Paulo VI. EN, 73).
O perfil dos catequistas
O papa Francisco também nos apresenta
alguns critérios sobre o perfil daqueles que podem ser convocados para serem
catequistas. Não é um serviço para qualquer um; por isso o ministério de
Catequista requer o devido discernimento por parte do Bispo e se evidencia com
o Rito de instituição; é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo
com as exigências pastorais dadas pelo bispo. “Convém que, ao ministério
instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda
e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade
cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna,
recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para serem
solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia
experiência de catequese. Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos
presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for
necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico”.
Para reflexão pessoal:
1. Quais sinais da importância dada à
catequese encontramos nas comunidades primitivas?
2. Quem são os responsáveis pela promoção do
ministério da Catequese?
3. Quais são os critérios para a escolha de
catequistas?
Dom Antonio de Assis - Bispo auxiliar de
Belém do Pará (PA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário