São José, homem sábio a quem confiar a vida
No final da
Audiência Geral, o Papa recordou a Solenidade de São José, sexta-feira 19 de
março, e o início do Ano da Família Amoris laetitia. Do esposo de Maria, para o
qual convocou um Ano especial, Francisco sublinhou sua capacidade de
"compreender e colocar em prática o Evangelho".
Benedetta Capelli – Vatican News - "Um grande santo" a quem entregar a própria existência. Assim, o Papa Francisco recordou a próxima Solenidade de São José, na saudação em italiano, no final da Audiência Geral, desta quarta-feira (17/03). "Sejam sábios como ele, prontos para compreender e colocar em prática o Evangelho", acrescentou o Pontífice.
Na vida, no
trabalho, na família, nos momentos de alegria e tristeza São José procurou e
amou constantemente o Senhor, merecendo o elogio das Escrituras como um homem
justo e sábio. Invocá-lo sempre, especialmente nos momentos difíceis que vocês
possam encontrar. A todos a minha bênção!
Também
na saudação em polonês, Francisco recordou São José e o início do Ano
da Família Amoris Laetitia:
Que Maria,
Rainha da Polônia, obtenha para as famílias a visão evangélica do matrimônio,
na compreensão recíproca e no respeito pela vida humana. Abençoo de coração
todos vocês e todos aqueles que participarão das iniciativas promovidas para as
celebrações do Ano mencionado.
O coração de
Pai
Não uma
figura silenciosa, mas um homem que escuta, que aceita o plano de Deus para sua
vida e de sua família. São José é um santo amado sobretudo pelo Papa Francisco
que lhe dedicou uma intensa carta apostólica "Patris Corde - com um
Coração de Pai" em memória dos 150 anos da declaração como Padroeiro
universal da Igreja, e ao mesmo tempo lhe dedicou o Ano de São José até
8 de dezembro de 2021. Francisco destaca diferentes características do pai
putativo de Jesus. Ele o chama de pai amado, pai na ternura, na obediência e no
acolhimento, pai de coragem criativa, trabalhador, sempre na penumbra.
Aquele que acolhe a fragilidade
Em algumas
dessas características se concentrou o Comitê de São José que reúne várias
realidades diferentes, mas todas inspiradas ao Padroeiro universal da Igreja,
como os Oblatos, os Josefinos de Murialdo, as Irmãs Murialdinas, as
Franciscanas Missionárias do Menino Jesus e muitas outras. Desde terça-feira
(16/03), no canal YouTube do Comitê de São José, às 15h, é possível assistir
vídeos que oferecem reflexões de biblistas, religiosos e religiosas sobre os
aspectos de São José como "pai na obediência" ou "pai no
acolhimento", com imagens que vêm de Roma, Nápoles e Asti, cidades onde
existem basílicas ou santuários dedicados ao esposo de Maria. O pe. Luigi
Testa, Oblato de São José, é um dos membros do Comitê de São José:
Pe. Testa: O
Papa Francisco esclarece desde o início da Carta, que embora o Evangelho fale
pouco sobre São José, diz "o suficiente". Esta já é uma primeira
afirmação importante porque geralmente, na pregação comum ou na linguagem
comum, sempre se diz que pouco se sabe sobre José, mas os dados bíblicos nos
dizem que se sabe o suficiente. Depois, esta Carta Apostólica é muito
significativa porque sonda o coração de São José como se estivesse entrando nas
pregas deste coração. Além do fato de que não o considera apenas como um
coração de ternura, um coração capaz de obediência, de acolhimento, de coragem
criativa e trabalhador, mas é significativo que na figura de São José o Papa vê
uma figura comum, que pode ser um ponto de referência para muitas pessoas. Tudo
isso se declina na vida espiritual, na vida ordinária, na vida cotidiana.
A seu ver,
qual é a relevância de São José hoje? Como podemos olhar para ele neste tempo
de pandemia que condiciona nossa vida, condiciona também muitas escolhas?
Pe.
Testa: São José nos ensina antes de tudo a acolher nossas fraquezas com
profunda ternura, a acolher as situações de fragilidade, de precariedade que
vemos em nós e ao nosso redor com a atitude de confiança, de delicadeza, de
atenção, evitando o desânimo. Ajuda-nos a saber ler nas pregas da história a possibilidade
de ouvir a voz do Senhor que vem para nos tranquilizar e não nos deixa à mercê
de nós mesmos. Diante das dificuldades, diz o Papa Francisco, pode haver a
atitude de quem abandona o campo ou a atitude de quem de alguma forma se
inventa, José deve se esforçar, deve se ocupar. Pensemos nesta pandemia, como
em nossas atividades pastorais tivemos que nos projetar de outras maneiras, em
outras modalidades para chegar às pessoas e estar perto delas.
Sexta-feira é
o dia de São José e também começa o Ano de Amoris laetitia, um ano especial
dedicado à família. De que forma São José pode ser um farol para a família de
hoje?
Pe. Testa: São
José não é apenas um personagem em si, mas uma pessoa em relação. Toda sua vida
foi determinada por Maria e Jesus. Ele teve que acolher Maria como sua esposa,
acolher Jesus como filho, respondeu a uma missão particular. A família
constitui o fundamento essencial também para a vida de Jesus. Jesus nasceu
dentro do matrimônio, mesmo que por obra do Espírito Santo. Portanto, neste ano
dedicado a São José e depois no Ano da Família para recordar os 5 anos de
Amoris laetitia, a figura do pai putativo se encaixa perfeitamente porque na família
de Nazaré temos o reflexo da Trindade celeste. São José é aquele que se torna
senhor em sua casa, mas como sinal da custódia. Daí a atenção e a delicadeza
para com a mulher, para com Maria, porque José nos ensina muito deste ponto de
vista ainda hoje. De fato, existem mulheres que vivem dramas em suas situações
familiares. Há atenção e delicadeza para com Jesus porque o faz crescer,
aprendendo também a morrer como pai. Portanto, existe este cuidado e atenção
pela família e por cada família e, em seguida, um cuidado maior pela Igreja,
família dos filhos de Deus.
Alguns dias
atrás, falando aos confessores, Francisco sugeriu rezar a São José para que
eles pudessem receber o dom da paternidade. Como o senhor reflete a paternidade
da Igreja ligada a São José em sua vida de religioso?
Pe. Testa: Esta
paternidade requer atenção, delicadeza, desapego, senso de maturidade, oblação.
Somos Oblatos de São José, portanto, oferecidos a Deus como São José aos
cuidados dos interesses de Jesus. Não devemos cultivar nossos interesses
pessoais ou a afirmação de nós mesmos, mas para dar espaço ao outro, através da
escuta e do silêncio. São José é um mestre nisso porque é o homem da escuta,
mas também o homem do silêncio, não porque está calado e não tem nada a dizer
ou não tem palavras, mas porque a sua é uma atitude profundamente
contemplativa, de acolhimento desta Palavra, esperando o aceno de Deus. Na
experiência confessional, esta atenção e delicadeza são necessárias para que o
outro se sinta acolhido pelo que é, não tanto pelo pecado que cometeu ou pelo
erro que cometeu, mas porque é uma pessoa que deve ser acompanhada, ajudada e,
acima de tudo, apoiada em sua fragilidade.
Quais frutos
o senhor gostaria de ver colhidos durante este ano dedicado a São José? Qual é
o seu desejo?
Pe. Testa: O
meu desejo é de que se aprofunde São José do ponto de vista da reflexão
teológica, a partir dos dados bíblicos, sua figura como parte essencial dos
mistérios da vida de Cristo Senhor. Depois, eu espero que o amor por este
grande santo cresça, não apenas a devoção, mas também o conhecimento teológico,
o conhecimento dos mistérios de Cristo, porque ele tem muito a dizer à vida
diária sobre o sentido e o papel da paternidade, que não é algo a ser colocado
de lado.
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