terça-feira, 23 de março de 2021

Igreja recorda 150 anos da proclamação

de Santo Afonso como Doutor da Igreja

Em 9 de novembro de 1732, Santo Afonso de Ligório fundou a "Congregação do Santíssimo Redentor" (Missionários Redentoristas). Ele foi canonizado em 1839 pelo Papa Gregório XVI e proclamado Doutor da Igreja em 1871 pelo Papa Pio IX. Ele também é o Santo padroeiro dos confessores.

Victor Hugo Barros Há 150 anos, a Igreja Católica ganhava um novo “Doutor”. Em 23 de março de 1871, Santo Afonso Maria de Ligório foi oficialmente proclamado, pelo Beato Papa Pio IX, “Doutor da Igreja”. Escritor de 123 obras, o fundador da Congregação do Santíssimo Redentor recebeu o título por sua grande contribuição para a compreensão da doutrina católica e sua vivência.

“Santo Afonso é um homem que marcou seu tempo e sua história, por isso recebeu o título de Doutor da Igreja. Sua vida toda fala de evangelização, do anúncio da misericórdia de Deus e do amor à Maria”, descreve o superior provincial da Unidade Redentorista de São Paulo, padre Marlos Aurélio.

Sua importância para o estudo da fé católica foi tão importante, que o “doutoramento” do santo veio em tempo recorde. Apenas 32 anos após sua canonização, ocorrida em 1839, e 84 anos depois da sua morte, em 1787. Entre os 36 atuais Doutores da Igreja, ninguém recebeu a titulação em tão pouco tempo depois do falecimento. 

A rapidez no processo pode ser explicada pela popularidade do santo. Depois de sua canonização, entre 1839 e 1865, seus textos foram traduzidos para diversas línguas e passaram a ser indicados pelo Vaticano para a formação do clero. Suas obras dogmáticas e ascéticas se espalharam por diversos países, assim como sua biografia.

Logo, uma petição foi enviada ao Papa Pio IX, solicitando o Doutorado de Santo Afonso. O clamor popular foi endossado pela maioria do episcopado de todo o mundo, que se mostrou favorável à titulação. Em 11 de março de 1871, a Congregação dos Ritos – hoje chamada de Congregação para as Causas dos Santos – emitiu parecer favorável ao pedido, confirmado no dia 23 do mesmo mês pelo Papa Pio IX. Ainda em 1871, o mesmo pontífice ratificou a titulação em uma cerimônia no dia 07 de julho.

Na pratica, o Vaticano reconhecia a contribuição e o empenho de Santo Afonso para a evangelização dos católicos. A obra do santo é até hoje continuada pela Congregação do Santíssimo Redentor, família religiosa fundada por ele e atualmente presente em 82 países do mundo.

“As nossas Constituições afirmam que evangelizar é a meta fundamental de todo Redentorista. É uma herança que recebemos de Santo Afonso e que caracteriza nossa Congregação. Como filhos de Afonso, temos a missão de primar por uma vida de compromisso com Jesus e os irmãos”, afirma padre Marlos.

Com quase 05 mil membros espalhados pelo globo, os Missionários Redentoristas também possuem presença no Brasil, país que possui o maior número de padres e irmãos ligados à Congregação. Entre as atividades desenvolvidas pela religiosa está o cuidado pastoral e administrativo de grandes centros de peregrinações, como o Santuário Nacional de Aparecida; a evangelização pelos meios de comunicação, por meio de impressos, rádios, televisão e internet; além de obras sociais que beneficiam milhares de pessoas. Todas as ações querem manter vivos a obra e o legado evangelizador de Santo Afonso Maria de Ligório.

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Papa Francisco:

Santo Afonso de Ligório é pai e mestre de misericórdia

A experiência missionária nas periferias existenciais de seu tempo, a busca dos distantes e a escuta das confissões, a fundação e liderança da nascente Congregação do Santíssimo Redentor, e ainda as responsabilidades como Bispo de uma Igreja particular, o levaram a tornar-se pai e mestre de misericórdia, certo de que o "paraíso de Deus é o coração do homem": é o que afirma o Papa Francisco na mensagem à Congregação dos Redentoristas por ocasião dos 150 anos da proclamação de Santo Afonso Maria de Ligório como doutor da Igreja.

Raimundo de Lima - Vatican News O Papa Francisco enviou uma mensagem ao Superior Geral da Congregação do Santíssimo Redentor (Congregação dos Redentoristas), padre Michael Brehl, por ocasião dos 150 anos da proclamação de Santo Afonso Maria de Logório como Doutor da Igreja, feita pelo Papa Pio IX em 23 de março de 1871.

Cento e cinquenta anos após esta alegre data, a mensagem de Santo Afonso Maria de Ligório, patrono dos confessores e moralistas, e modelo para toda a Igreja em saída missionária, indica ainda vigorosamente a estrada-guia para aproximar as consciências do rosto acolhedor do Pai, pois "a salvação que Deus nos oferece é a obra de sua misericórdia", afirma o Santo Padre em sua mensagem.

Escuta da realidade

Francisco fala da “Escuta da realidade”. “A proposta teológica afonsiana deriva de ouvir e acolher a fragilidade dos homens e mulheres mais abandonados espiritualmente. O Santo Doutor, formado em uma mentalidade moral rigorosa, foi convertido à ‘benignidade’ através da escuta da realidade.”

A experiência missionária nas periferias existenciais de seu tempo, a busca dos distantes e a escuta das confissões, a fundação e liderança da nascente Congregação do Santíssimo Redentor, e ainda as responsabilidades como Bispo de uma Igreja particular, o levaram a tornar-se pai e mestre de misericórdia, certo de que o "paraíso de Deus é o coração do homem", lê-se.

A conversão gradual para uma pastoral decididamente missionária, capaz de proximidade com o povo, de saber acompanhar seus passos, de compartilhar concretamente suas vidas mesmo em meio a grandes limitações e desafios, levou Afonso a rever, não sem esforço, até mesmo a abordagem teológica e jurídica que havia recebido nos anos de sua formação: inicialmente marcada por um certo rigorismo, foi depois transformada em uma abordagem misericordiosa, evangelizadora e dinâmica capaz de agir por atração, enfatiza Francisco.

Consciências maduras para uma igreja adulta

O Pontífice fala também em sua mensagem em “Consciências maduras para uma igreja adulta”. A exemplo de Santo Afonso Maria de Ligório, o renovador da teologia moral, é desejável e portanto necessário colocar-se ao lado, acompanhar e apoiar aqueles mais desprovidos de ajuda espiritual no caminho da redenção. “A radicalidade evangélica não deve ser colocada contra a fraqueza do homem. É sempre necessário encontrar o caminho que não distancie, mas que aproxime os corações de Deus, assim como Afonso fez com seu ensinamento espiritual e moral”, destaca o Papa.

Tudo isso porque "a imensa maioria dos pobres possui uma abertura especial à fé; eles precisam de Deus e nós não podemos deixar de lhes oferecer sua amizade, sua bênção, sua Palavra, a celebração dos sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e maturação na fé". A opção preferencial pelos pobres deve ser traduzida principalmente em uma atenção religiosa privilegiada e prioritária".

Como Santo Afonso, somos chamados a sair ao encontro do povo como uma comunidade apostólica que segue o Redentor entre os abandonados. Este encontro com aqueles desprovidos de socorro espiritual ajuda a superar a ética individualista e a promover uma maturidade moral capaz de escolher o verdadeiro bem. “Ao formarmos consciências responsáveis e misericordiosas, teremos uma Igreja adulta capaz de responder construtivamente às fragilidades sociais, tendo em vista o reino dos céus”, continua o Santo Padre.

Neste aniversário especial, conclui Francisco, "encorajo a Congregação do Santíssimo Redentor e a Pontifícia Academia Afonsiana, como sua expressão e centro de alta formação teológica e apostólica, a colocar-se em diálogo construtivo com todas as instâncias provenientes de cada cultura, a fim de buscar respostas apostólicas, morais e espirituais em favor da fragilidade humana, sabendo que o diálogo é marturya".

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