sábado, 18 de janeiro de 2025

Reflexão para o seu dia:

Alegria e amor

José Antonio Pagola

Segundo o evangelista João, Jesus foi realizando sinais para dar a conhecer o mistério encerrado em sua pessoa e para convidar as pessoas a acolher a força salvadora que trazia consigo. Qual foi o primeiro sinal? O que é o primeiro que vamos encontrar em Jesus?

O evangelista nos fala de uma festa de casamento em Caná da Galileia, uma pequena aldeia de montanha, a quinze quilômetros de Nazaré. Mas a cena tem um caráter claramente simbólico. Nem a esposa nem o esposo têm rosto: não falam nem atuam. O único importante é um “convidado” que se chama Jesus.

Na Galileia, o casamento era a festa mais esperada e querida entre as pessoas do campo. Durante vários dias, familiares e amigos acompanhavam os noivos comendo e bebendo com eles, dançando danças próprias de casamento e cantando canções de amor. De repente, a mãe de Jesus o faz notar algo terrível: “Eles não têm mais vinho”. Como vão prosseguir cantando e dançando?

O vinho é indispensável num casamento. Para aquela gente o vinho era, além disso, o símbolo mais expressivo do amor e da alegria. Já dizia a tradição: “O vinho alegra o coração”. A noiva o cantava a seu amado num belo canto de amor: “Teus amores são melhores do que o vinho”. O que pode ser um casamento sem alegria e sem amor? O que se pode celebrar com o coração triste e vazio de amor?

No pátio da casa há seis talhas de pedra”. São enormes. Estão “colocadas ali” de maneira fixa. Nelas se guarda a “água” para as purificações. Representam a piedade religiosa daqueles camponeses que procuram viver “puros” diante de Deus. Jesus transforma a água em vinho. Sua intervenção vai introduzir amor e alegria naquela religião. Esta é sua primeira contribuição.

Como podemos pretender seguir a Jesus sem cuidar mais da alegria e do amor entre nós? O que pode haver de mais importante que isto na Igreja e no mundo? Até quando poderemos conservar em “talhas de pedra” uma fé triste e aborrecida? Para que servem todos os nossos esforços, se não somos capazes de introduzir amor em nossa religião? Nada pode ser mais triste do que dizer de uma comunidade cristã: “Não têm mais vinho”.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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                                                        Fonte: franciscanos.org.br       Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

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