quarta-feira, 22 de abril de 2020

Convido você a refletir comigo!

Voltar à Galileia

Ao visitar as primeiras comunidades cristãs no Livro dos Atos dos Apóstolos (Cf. At 2,42-47), podemos constatar que seus membros “eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (...) “viviam unidos e colocavam tudo em comum” (...). “Diariamente, todos frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo”.
Imagem de arquivo pessoal
A forma de viver dos primeiros cristãos continua sendo o ideal também para nós hoje. Não podemos viver longe desses pilares essenciais a uma Igreja que continua a missão de Jesus. “Ouvir o ensinamento dos apóstolos” significa escutar a Palavra, rezar com ela e vivê-la concretamente. Significa conhecer o que o Papa, os bispos, sacerdotes e agentes pastorais, fiéis ao Magistério da Igreja, nos ensinam. Significa aprofundar no conhecimento da fé cristã para também transmiti-la.
Ser perseverantes “na comunhão fraterna” expressa a própria identidade cristã. Viver a fraternidade, o amor aos irmãos, pois “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Cf. J 13,35). A comunhão fraterna é como se fosse o RG de uma comunidade. E a perseverança nela expressa a face misericordiosa de todos os seus membros, especialmente com os que sofrem hoje toda ordem de sofrimento.
Perseverar na “fração do pão” é o compromisso de participar com os irmãos da celebração eucarística todos os dias, se possível, ou, ao menos, aos domingos. A missa é a mais perfeita e completa forma de rezar. Por ela, unidos a Jesus Cristo e a todos os irmãos de fé, oferecemos ao “Pai na unidade do Espírito Santo” seu próprio Filho que se imolou por nós na cruz e continua se imolando para a salvação da humanidade toda.
Outro pilar lembrado por São Lucas nos Atos é a perseverança “nas orações”. Pela intimidade com Deus que a oração proporciona àqueles que rezam, estabelece-se um diálogo amoroso do Pai com seus filhos. Deus nos fala, nós o escutamos, fortalecemo-nos com suas palavras. E, por outro lado, abrimos nosso coração e falamos com Ele, que nos ouve com toda atenção e carinho. E na oração comunitária, tudo isso se torna ainda mais expressivo, pois são os membros do Corpo, do qual Jesus é a cabeça, que rezam unidos em um só coração, em uma só voz.
Os frutos gerados por essa forma de vivência comunitária eram a partilha dos bens, “viviam unidos e colocavam tudo em comum”, a necessidade do encontro nas igrejas e nas casas e alegria de uma vida voltada para o bem, “diariamente, todos frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração”. E faziam com que o louvor a Deus nascesse de suas mentes e corações, gerando a estima das pessoas por eles, “Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo”.
Um desses pilares, o da assiduidade ao templo para a fração do pão, infelizmente não pode ser exercido hoje devido à pandemia que o mundo vive. Certamente que muitos corações estão sedentos da participação das missas e da recepção do sacramento da Eucaristia, que alimenta e fortalece a fé e o compromisso com a caridade. Frente a essa situação, a Igreja, por meio do Papa Francisco, dos bispos e sacerdotes, vem proporcionando aos fiéis a celebração da missa, sem o povo, pelas redes sociais. São muitos os que se sentem confortados e fazem a sua comunhão espiritual. Para este momento, é louvável e confortadora essa participação à distância.
Tão logo cesse essa pandemia – pedimos a Deus que o mais rápido possível – teremos a graça de retornar aos nossos templos, as pequeninas capelas, às igrejas maiores, catedrais e aos santuários. E iremos retomar os encontros e estudos nos centros de formação. Será momento de graça e de compromisso, pois segundo o Papa Francisco em uma de suas últimas homilias “esta não é a Igreja. Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os Sacramentos. Sempre”. E relatou a preocupação de um bispo: “Esteja atento para não viralizar a Igreja, para não viralizar os Sacramentos, para não viralizar o Povo de Deus”. A Igreja, os Sacramentos, o Povo de Deus são concretos. É verdade que neste momento devemos ter esta familiaridade com o Senhor desse modo, mas para sair do túnel, não para permanecer aí”.
Quando retornarmos à normalidade será o momento de abrirmos o nosso coração para recomeçar mais fortes. E continuo com as palavras do Papa, desta vez, na homilia da Vigília Pascal: “É, então, o momento do envio para a Galileia, do anúncio pascal e da esperança, da “certeza nas nossas incertezas, da Palavra nos nossos silêncios”. Será o momento de voltar à Galileia, ou seja, “lembrar-se de ter sido amado e chamado por Deus. Precisamos retomar o caminho, lembrando-nos de que nascemos e renascemos a partir de uma chamada gratuita de amor. Esse é o ponto de onde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação.”
                                                                                                   Luiz Gonzaga da Rosa
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Imagem de arquivo pessoal
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