sexta-feira, 5 de abril de 2019

Leituras do

5º Domingo da Quaresma
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 1.ª Leitura: Is 43,16-21
Livro do Profeta Isaías:
Isto diz o Senhor, que abriu uma passagem no mar e um caminho entre águas impetuosas; que pôs a perder carros e cavalos, tropas e homens corajosos; pois estão todos mortos e não ressuscitarão, foram abafados como mecha de pano e apagaram-se: 18“Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as conheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca.
Hão de glorificar-me os animais selvagens, os dragões e os avestruzes, porque fiz brotar água no deserto e rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos. Este povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores”.
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Salmo: 125
- Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
- Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!
- Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,/ parecíamos sonhar;/ encheu-se de sorriso nossa boca,/ nossos lábios, de canções.
- Entre os gentios se dizia: “Maravilhas/ fez com eles o Senhor!”/ Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,/ exultemos de alegria!
- Mudai a nossa sorte, ó Senhor,/ como torrentes, no deserto./ Os que lançam as sementes entre lágrimas/ ceifarão com alegria.
- Chorando de tristeza sairão,/ espalhando suas sementes;/ cantando de alegria voltarão,/ carregando os seus feixes!
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2ª Leitura: Fl 3,8-14
Carta de São Paulo aos Filipenses:
Irmãos: Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele, não com minha justiça provindo da Lei, mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé.
Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força de sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos. Não que já tenha recebido tudo isso ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus.
Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus.
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Evangelho: Jo 8,1-11
Evangelho de São João:
Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los.
Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”
Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo.
Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles?” Ninguém te condenou?”
Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
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Reflexão:
Perdoai e sereis perdoados!
“Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra” (cf. Jo 8,7)
A liturgia de hoje fala-nos (outra vez) de um Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à ressurreição.
primeira leitura (cf. Is 43,16-21) apresenta-nos o Deus libertador, que acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade. Esse “caminho” é o paradigma dessa outra libertação que Deus nos convida a fazer neste tempo de Quaresma e que nos levará à Terra Prometida onde corre a vida nova.
segunda leitura (cf. Fl 3,8-14) é um desafio a libertar-nos do “lixo” que impede a descoberta do fundamental: a comunhão com Cristo, a identificação com Cristo, princípio da nossa ressurreição.
Evangelho (cf. Jo 8,1-11) diz-nos que, na perspectiva de Deus, não são o castigo e a intolerância que resolvem o problema do mal e do pecado; só o amor e a misericórdia geram ativamente vida e fazem nascer o homem novo. É esta lógica – a lógica de Deus – que somos convidados a assumir na nossa relação com os irmãos.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Porque nós lemos o Evangelho da mulher adúltera dentro da celebração da quaresma, tão próximo de iniciar a Semana Santa, ainda na abertura da Semana das Dores? Isso porque há uma ligação importante entre a história da mulher adúltera. Quatro são as colunas desta história sagrada: primeiro – que nenhum ser humano, por mais justo que se considere, tem o direito de condenar o outro. Quando Jesus proclama aos escribas e fariseus: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra” (cf. Jo 8,7) e todos “foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos” (cf. Jo 8,9), percebemos a verdade da afirmação do Salmo: “Não há ninguém sem pecado; portanto, não há ninguém com direito de julgar. A segunda coluna é que Jesus está disposto a oferecer a todos os que pedem com sinceridade o perdão que concede à mulher adúltera. As suas palavras: “Eu também não te condeno” (cf. Jo 8,11), dirigido em primeiro lugar a uma determinada mulher, são palavras que o Senhor deseja dizer aos escribas e fariseus e igualmente a nós, cristãos de hoje. O perdão gratuito do Senhor não se limita a uma pobre pessoa desviada. Jesus é rico em misericórdia, com uma riqueza adequada a todas as nossas necessidades. A terceira coluna é que a abundância e prontidão do perdão de Jesus não pretendem negar a gravidade do pecado. Com seu triste pecado, a mulher adúltera conseguiu ofender de uma só vez a Deus, ao seu marido, ao homem com o qual teve relações e à comunidade que buscava viver segundo as normas morais da lei divina relevada no Sinai. Ela quebrou a aliança; de fato, quebrou várias alianças. É por isto que, ao despedir-se da mulher, Jesus acrescenta: “Vai e de agora em diante não peques mais” (Cf. Jo 8,11). Isso demonstra que o pecado é negócio sério. A quarta coluna pode ser colocada como uma pergunta: De onde veio o perdão que Jesus concedeu? De sua negação da gravidade do pecado? De seu relativismo moral? Do seu jeito bonachão? Nada disso é verdadeiro, porque o preço do perdão daquela mulher, de todos nós, pecadores e que muitas vezes gostamos de apontar o pecado alheio e não modificamos nosso comportamento e nosso agir, é o sangue de Cristo, derramado no Calvário. É por isto que a história do pecado e do perdão da adúltera é proclamada no fim da Quaresma, antes da comemoração da morte litúrgica do Senhor.
E você já perdoou a quem o ofendeu? E você já procurou pedir perdão a quem você ofendeu ou tem perseguido insistentemente? A mulher adúltera… “Esta mulher foi apanhada em flagrante delito de adultério…” “Aquela martirizou o seu filho…” “Aquela deixou-o morrer de fome…” “Aquela outra…” …e as nossas mãos já estão cheias de pedras para a lapidar. Esta semana, a convite de Jesus, comecemos por olhar onde se situa o nosso pecado… De seguida, em relação a todas estas mulheres de hoje condenadas sem apelo, abramos o nosso coração à compreensão… à misericórdia… e talvez ao apoio na sua angústia.
Falando do perdão Santo Agostinho, diz que no fim duas pessoas estavam presentes na cena evangélica: a miséria e a misericórdia. Se ninguém a condenava, Jesus tampouco a condena. A lei divina foi transformada por esta sentença: sempre que o arrependimento seja sincero e o acompanhe o propósito de não pecar mais, o perdão será absoluto O passado é apagado e o futuro só depende do presente e das disposições do momento. A memória servirá para enaltecer a bondade de Deus que perdoa, sem exigir compensações e reditos pelo passado. Como está a tua consciência quando censuras o teu marido, esposa, filho, filha, pais, vizinho, colega, funcionário ou qualquer um com quem te encontras pelo caminho pelos mesmos delitos que nós usualmente cometemos e talvez até mais graves do que os que consegues enxergar dos outros? Lembro-te que muitas falhas erros que os outros cometem teriam solução na tua casa se nós os assumíssemos como nossos e nos empenhássemos a resolve-los. Até porque neles somente os contemplamos para criticá-los e não para ajuda na solução. Verdade ou mentira?
E, para nós padres e bispos, como está nossa relação com a autoridade: de colaboradores da ordem episcopal? Ou de homens, aterrorizados com o terrorismo jurídico ou com o clericalismo que nada liberta ou pouco sabe perdoar e recomeçar?
Praticar o amor de Cristo nos torna testemunhos e testemunhas de Jesus. Convido-te a te desfazer das multidões, nós gostamos de juntar pessoas, para criticar, fofocar, censurar e condenar. Aprendamos com Jesus e d’Ele o ir à procura da ovelha perdida, do filho pródigo, da pecadora, da adúltera, a excluída, e marginalizada dando-lhe uma oportunidade na vida. Pois a Glória de Deus é que o homem viva e viva para sempre. Perdoai e serás perdoado!
                                   Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG
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                            Reflexão: cnbbleste2.org.br  Ilustração: franciscanos.org.br  Banner: cnbb.org.br

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