sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

2º Domingo do Advento:

Leituras e Reflexão
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1ª Leitura:  Is 11,1-10

Leitura do Livro do profeta Isaías:

Naqueles dias, nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios.

Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade.

O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente.

Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte; a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar.

Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.

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Responsório: Sl 71(72),1-2.7-8.12-13-17 (R. cf. 7)
- Nos seus dias a justiça florirá.
- Nos seus dias a justiça florirá.

- Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus,/ vossa justiça aos descendentes da realeza!/ Com justiça ele governe o vosso povo,/ com equidade ele julgue os vossos pobres.

- Nos seus dias a justiça florirá/ e grande paz, até que a lua perca o brilho!/ De mar a mar estenderá o seu domínio,/ e desde o rio até os confins de toda a terra!

- Libertará o indigente que suplica,/ e o pobre ao qual ninguém quer ajudar./ Terá pena do indigente e do infeliz,/ e a vida dos humildes salvará.

- Seja bendito o seu nome para sempre!/ E que dure como o sol sua memória!/ Todos os povos serão nele abençoados,/ todas as gentes cantarão o seu louvor!

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2ª Leitura: Rm 15,4-9

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos:

Irmãos: Tudo o que outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, para que, pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança.

O Deus, que dá constância e conforto, vos dê a graça da harmonia e concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus. Assim, tendo como que um só coração e a uma só voz, glorifiqueis o Deus e Pai do Senhor nosso, Jesus Cristo.

Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus.

Pois eu digo: Cristo tornou-se servo dos que praticam a circuncisão, para honrar a veracidade de Deus, confirmando as promessas feitas aos pais.

Quanto aos pagãos, eles glorificam a Deus, em razão da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu vos glorificarei entre os pagãos e cantarei louvores ao vosso nome”.

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Evangelho: Mt 3,1-12

Proclamação do Evangelho de São Mateus:

Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.

João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”

João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo.

Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.

O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo.

Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.

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Reflexão do padre Johan Konings:

Converter-se ao Cristo, que vem

Uma atitude fundamental para o tempo do Advento e para a vida inteira é a conversão: para nos encontrar com Cristo, devemos corresponder ao que ele espera de nós. O enviado de Deus, o Messias, assume o projeto de Deus: a justiça e a felicidade do povo. Ele julgará com retidão em favor dos pobres (1ª leitura). O Messias se alinha com os pobres. Será que nós estamos alinhados com ele?

O cristão reconhece Jesus como o Messias ou Cristo (o “descendente de Davi” anunciado por Isaías). A Escritura se cumpre, o projeto de Deus entra em fase de realização. João Batista é o profeta que prepara a sua chegada. Como porta-voz de Deus, ele convida para a conversão (evangelho). E depois da vinda de Cristo, o apóstolo Paulo exorta os fiéis a imitarem o exemplo de Cristo: como ele assumiu nossa salvação, executando o projeto do Pai, cabe a nós assumir-nos mutuamente (2ª leitura).

A conversão deve continuar sempre. Comporta dois momentos: 1) O momento da consciência: reconhecer o que está errado, conceber o propósito de mudar e pedir perdão. Assim faziam os que recebiam o batismo de João “para a conversão” (Mt 3, 11). Hoje podemos fazer isso, com a garantia da Igreja, no sacramento da reconciliação; 2) O momento da prática. A verdadeira conversão se comprova na prática: viver a vida que Jesus nos ensina por sua palavra e exemplo, assumir-nos mutuamente no amor fraterno, como o Messias assume a causa dos fracos. Essa prática será o fruto que comprova nossa conversão e um ato de louvor a Deus, que nos enviou seu Filho como Messias.

Celebrar a proximidade do Messias, como fazemos no Advento, implica reaquecer nossa caridade. Quando uma família espera a visita de uma pessoa querida, seus membros começam a melhorar seus relacionamentos …  Mas talvez falte a consciência desta proximidade. Precisamos de uma voz profética, como a do Batista, para proclamar que o Messias e o Reino estão próximos, pois Jesus nos convida cada dia a assumir a sua causa (cf. domingo passado). Converter-se a Jesus continua sendo necessário também para o “bom católico”. Sempre de novo devemos abandonar nossa vida egoísta, para viver a justiça e a caridade que Jesus Messias veio ensinar e mostrar.

Conversão na alegria

Não são apenas os outros que devem converter-se! A perspectiva cristã (cf. domingo passado) exige conversão permanente de todos os fiéis: desistir de nossa autossuficiência, para participar da salvação que vem de Deus. O evangelho apresenta João Batista, que, em “estilo apocalíptico”, com as imagens conhecidas no judaísmo daquele tempo, anuncia o Reino de Deus. Por trás dessas imagens devemos descobrir a mensagem: não há prerrogativa humana (p.ex., ser “filho de Abraão”) que fique em pé diante de Deus. A necessidade de conversão é gritante: nosso mundo não corresponde de modo algum à “utopia messiânica” (1ª leitura) ou à justiça que se espera do rei messiânico (salmo responsorial). O “broto de Jessé”, o novo Davi messiânico, deve reinar em prol dos fracos e oprimidos; o Reino de Deus se manifesta em “frutos dignos da conversão” (evangelho).

Paulo lembra essa mensagem das antigas Escrituras para mostrar a obra da reconciliação em Cristo, cujo fruto é a unidade de fracos e fortes, judeus e gentios – unidade de todos. Na obra salvífica de Cristo a “utopia” já teve início, como se verifica no mútuo acolhimento (2ª leitura).

A realização da justiça como Deus a concebe em prol dos pobres e oprimidos não é mera obra humana: por isso Deus envia seu Ungido (Messias). Para correspondermos a essa iniciativa vamos deixar para trás o que nos amarra e correr ao encontro do Messias que vem (cf oração do dia), usando as coisas terrenas como meios, não como fins, para aderir às coisas que realmente são de Deus (oração final).

Note-se que, apesar do tema da conversão e do tom ameaçador do evangelho, a liturgia de hoje é marcada pela alegria por causa do Senhor que vem (canto da entrada), tendo em vista os dons do Messias (1ª leitura). Conversão significa mudança, mudar o coração. Custa, mas não é algo triste, pelo contrário, é felicidade, é libertar-se para correr sem impedimento ao encontro do Senhor que vem.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:


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Reflexões/ilustração: franciscanos.org.br  Imagem: Frei Fábio Melo Vasconcelos  Baner: edicoescnbb.blog

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