quarta-feira, 27 de maio de 2020

Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta:

A oração
é um refúgio diante da onda do mal que cresce no mundo

"A oração dos justos". Este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (27/05). “O desígnio de Deus para a humanidade é bom, mas em nossa vida cotidiana experimentamos a presença do mal", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano - “A oração dos justos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (27/05), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de coronavírus ainda em andamento.
“O desígnio de Deus para a humanidade é bom, mas em nossa vida cotidiana experimentamos a presença do mal. Os primeiros capítulos do Livro do Gênesis descrevem a expansão progressiva do pecado nas vicissitudes humanas”, ressaltou o Papa.
O verme da inveja
“Adão e Eva duvidam das intenções benevolentes de Deus, pensam que têm a ver com uma divindade invejosa, que impede a sua felicidade. Daí a rebelião: eles não acreditam mais num Criador generoso, que deseja sua felicidade. O seu coração, cedendo à tentação do maligno, é tomado por delírios de onipotência: “Se comermos o fruto da árvore, nos tornaremos como Deus”. E esta é a tentação: esta é a ambição que entra no coração. Mas a experiência segue na direção oposta: os seus olhos se abrem e descobrem que estão nus, sem nada. Não se esqueçam disso: o tentador é um mau pagador, ele paga mal”.
O mal se torna ainda mais perturbador com a segunda geração humana. É mais forte: é a história de Caim e Abel. Caim tem inveja de seu irmão: há o verme da inveja. Embora seja o primogênito, ele vê Abel como um rival, alguém que ameaça a sua primazia. O mal aparece em seu coração e Caim não consegue dominá-lo. O mal começa a entrar no coração: os pensamentos são sempre de olhar mal o outro, com suspeita. E isso, também com o pensamento: “Este é ruim. Me fará mal. E isso vai  entrando no coração. Assim, a história da primeira fraternidade se conclui com um homicídio. Penso na fraternidade humana: guerras por toda parte.
O resgate da esperança
Segundo o Papa, “na descendência de Caim, se desenvolvem os trabalhos e as artes, mas se desenvolve também a violência, expressa pelo cântico sinistro de Lamec, que soa como um hino de vingança: «Por uma ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete». A vingança: você fez, você pagará. Mas isso não diz o juiz, digo eu. Torno-me juiz da situação. Assim, o mal se espalha como uma mancha de óleo, até ocupar todo o quadro: «O Senhor viu que a maldade do homem crescia na terra e que todo projeto do coração humano era sempre mau». Os grandes afrescos do dilúvio universal e da torre de Babel revelam a necessidade de um novo início, assim como de uma nova criação que terá sua realização em Jesus Cristo”.
No entanto, nessas primeiras páginas da Bíblia, está escrita também outra história, menos evidente, muito mais humilde e devota, que representa o resgate da esperança. Mesmo que quase todos se comportem de maneira brutal, fazendo do ódio e da conquista o grande motor das vicissitudes humanas, existem pessoas capazes de rezar a Deus com sinceridade, capazes de escrever o destino do homem de uma maneira diferente.
A oração autêntica liberta dos instintos de violência
E o Papa citou como exemplo Abel, que oferece a Deus um sacrifício de primícias. Depois da sua morte, Adão e Eva tiveram um terceiro filho, Set, de quem nasceu Enós, que significa mortal. Depois aparece Henoc, personagem que “caminha com Deus”, arrebatado por Deus. Por fim, Noé, um homem justo que “caminhava com Deus”, diante do qual Deus detém seu propósito de cancelar a humanidade. E Francisco acrescentou:
Lendo essas histórias, tem-se a impressão de que a oração seja ao mesmo tempo um escudo, seja um refúgio do homem diante da onda do mal que cresce no mundo. Nós também rezamos para ser salvos de nós mesmos. É importante. Rezar: “Senhor, por favor, salva-me de mim mesmo, das minhas ambições, das minhas paixões. Salva-me de mim mesmo”. As pessoas que rezam nas primeiras páginas da Bíblia são homens promotores de paz: na verdade, a oração, quando é autêntica, liberta dos instintos de violência e tem um olhar voltado para Deus, para que Ele volte a cuidar do coração do homem.
“Esta qualidade da oração é vivida por uma multidão de justos em todas as religiões”, disse ainda o Pontífice, citando o Catecismo da Igreja Católica. “A oração cultiva canteiros de renascimentos em lugares em que o ódio do homem só foi capaz de ampliar o deserto. A oração é poderosa, porque atrai o poder de Deus e o poder de Deus sempre dá vida: sempre. Ele é o Deus da vida e faz renascer”, frisou o Papa.
A oração é sempre uma corrente de vida
Segundo Francisco, “o senhorio de Deus passa pela corrente desses homens e mulheres, muitas vezes incompreendidos ou marginalizados no mundo. Mas o mundo vive e cresce graças à força de Deus que esses seus servidores atraem com a sua oração. São uma corrente que não é barulhenta, que raramente sai nas manchetes, mas é muito importante para restabelecer a confiança no mundo”.
E o Papa contou uma história: “Lembro-me da história de um homem: um chefe de governo, importante, não desse tempo, de tempos passados. Ateu. Ele não tinha senso religioso em seu coração. Mas quando criança, ouvia a avó que rezava, e isso permaneceu em seu coração. Num momento difícil de sua vida, aquela lembrança voltou ao seu coração e disse: “Mas a avó rezava...”. Ele começou a rezar com as coisas que sua avó dizia e ali encontrou Jesus. A oração é sempre uma corrente de vida, sempre. Muitos homens e mulheres que rezam, rezam, semeiam vida. A oração semeia vida. A pequena oração... Por isso que é importante ensinar as crianças a rezar. Me dói quando encontro crianças e “faço o sinal da cruz”, e elas fazem assim, fazem um gesto: não sabem fazê-lo. Ensine as crianças a fazerem bem o sinal da cruz: é a primeira oração. Que as crianças aprendam a rezar. Depois, talvez, elas se esqueçam, sigam outro caminho; mas isso permanece no coração, porque é uma semente de vida, a semente do diálogo com Deus”.
Francisco concluiu a sua catequese, afirmando que o caminho de Deus na história de Deus é transitado por essas pessoas. “Passou por um “resto” da humanidade que não se conformou com a lei do mais forte, mas pediu a Deus para realizar os seus milagres e transformar o nosso coração de pedra em coração de carne. E isso ajuda a oração: porque a oração abre a porta para Deus, para que transforme o nosso coração muitas vezes de pedra, num  coração humano. É preciso muita humanidade, e com a humanidade se reza bem”.
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Assista à íntegra da Audiência
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Papa reconhece milagre atribuído
à intercessão do Beato Charles de Foucauld
O Santo Padre, entre outros, também reconheceu o martírio de um sacerdote franciscano italiano morto em El Salvador em 1980 e o milagre atribuído ao fundador dos Cavaleiros de Colombo.
Beato Charles de Foucauld e seu ermitério
Cidade do Vaticano - Em 26 de maio de 2020, o Papa Francisco recebeu em audiência o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, ocasião em que autorizou a mesma Congregação a promulgar os Decretos relativos:
- ao milagre atribuído à intercessão do Beato Cesare de Bus, sacerdote, fundador da Congregação dos Padres da Doutrina Cristã (Doutrinários); nascido em 3 de fevereiro de 1544 em Cavaillon (França), faleceu em Avignon (França) em 15 de abril de 1607;
- ao milagre atribuído à intercessão do Beato Charles de Foucauld; sacerdote diocesano, nascido em Estrasburgo (França) em 15 de setembro de 1858 e falecido em Tamanrasset (Argélia) em 1º de dezembro de 1916;
- ao milagre atribuído à intercessão da Beata Maria Domenica Mantovani, co-fundadora e primeira Superiora Geral do Instituto das Pequenas Irmãs da Sagrada Família; nascida em 12 de novembro de 1862 em Castelletto di Brenzone (Itália), faleceu em 2 de fevereiro de 1934;
- ao milagre atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus Michele McGivney, sacerdote diocesano, fundador da Ordem dos Cavaleiros de Colombo, v.d. The Knights of Columbus; nasceu em 12 de agosto de 1852 em Waterbury (Estados Unidos da América) e faleceu em Thomaston (Estados Unidos da América) em 14 de agosto de 1890;
- ao milagre atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Pauline Maria Jaricot, fundadora das Obras do "Conselho de Propagação da Fé" e do "Rosário Vivo"; nasceu em 22 de julho de 1799 em Lyon (França) e morreu em 9 de janeiro de 1862;
- ao martírio dos Servos de Deus Simeone Cardon e 5 Companheiros, professos religiosos da Congregação Cisterciense de Casamari; mortos em Casamari, por ódio à fé, entre 13 e 16 de maio de 1799;
- ao martírio do Servo de Deus Cosme Spessotto (também conhecido como: Sante), professo sacerdote da Ordem dos Frades Menores; nascido em Mansué (Itália) e morto em San Juan Nonualco (El Salvador), por ódio à fé, em 14 de junho de 1980;
- às virtudes heroicas do Servo de Deus Melchiorre Maria de Marion Brésillac, bispo titular de Prusa, ex-vigário apostólico de Coimbaore, fundador da Sociedade de Missões Africanas; nasceu em 2 de dezembro de 1813 em Castelnaudary (França) e morreu em Freetown (Serra Leoa) em 25 de junho de 1859.
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                                                                                                                       Fonte: vaticannews.va

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