quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Papa nesta quinta:

 Não basta mudar
os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia
“Portanto, nas orações e nos gestos ressoa o "nós" e não o "eu"; a comunidade real, não o sujeito ideal. Quando se recordam nostalgicamente tendências passadas ou se querem impor novas, corre-se o risco de antepor a parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à comunhão, e na raiz, o mundano ao espiritual”, disse o Papa aos cerca de 80 participantes da Assembleia Plenária Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Cidade do Vaticano - “Trabalhar para que o Povo de Deus redescubra a beleza de encontrar o Senhor na celebração de seus mistérios, e encontrando-o, tenha vida em seu nome”. Este, é “o grande e belo” trabalho que vocês têm pela frente", disse o Papa Francisco dirigindo-se aos participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em andamento no Vaticano até a sexta-feira, 15.
Falando na antessala da Sala Paulo VI aos cerca de 80 participantes do encontro, que incluem 22 cardeais, 8 arcebispos e 11 bispos, além de funcionários e consultores, o Pontífice enfatizou que a liturgia é a epifania da comunhão eclesial. Para melhorar sua qualidade, é preciso mudar o coração, evitar cair em estéreis polarizações ideológicas e cultivar a formação permanente do clero e dos leigos. A mistagogia – afirmou – é um caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia.
Os primeiros passos de um caminho
O Papa começou recordando a instituição da Congregação para o Culto Divino por Paulo VI, em 8 de maio de 1969, com o objetivo “de dar forma à renovação desejada pelo Vaticano II”. A tradição orante da Igreja, de fato, “tinha necessidade de expressões renovadas, sem perder nada de sua riqueza milenar, antes pelo contrário, redescobrindo os tesouros das origens".
Francisco e sua mensagem
Francisco recordou então os primeiros passos de um caminho, “sobre o qual prosseguir com sábia constância”, citando a promulgação do 'Moto Proprio' Mysterii paschalis sobre o  Calendário Romano e o Ano Litúrgico e a importante Constituição Apostólica Missale Romanum,  com a qual o Santo Papa promulgou o Missal Romano. No mesmo ano, recordou, veio à luz “o Ordo Missae e vários outros Ordo, entre os quais, o do Batismo das crianças, do Matrimônio e das Exéquias". 
“Sabemos  - disse o Pontífice - que não basta mudar os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia. Somente isto seria um engano. Para que a vida seja verdadeiramente um louvor agradável a Deus, é preciso de fato mudar o coração”, e para esta conversão que “é orientada a celebração cristã,  que é um encontro da vida com o 'Deus dos vivos.'"
Colaboração entre a Sé Apostólica e as Conferências Episcopais
Também hoje este é o objetivo do trabalho exercido pela Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, voltado a “ajudar o Papa a exercer o seu ministério em benefício da Igreja em oração espalhada por toda a terra”. E na “comunhão eclesial, atuam tanto a Sé Apostólica como as Conferências Episcopais, em espírito de cooperação, diálogo e sinodalidade”:
Encontro e Colegialidade
“A Santa Sé, de fato, não substitui os bispos, mas colabora com eles para servir, na riqueza das várias línguas e culturas, a vocação orante da Igreja no mundo. Nesta linha colocou-se o Motu proprio Magnum principium (3 de setembro de 2017), com o qual eu quis favorecer, entre outras coisas, a necessidade de uma "constante cooperação, plena de confiança recíproca, vigilante e criativa, entre as Conferências Episcopais e o Dicastério da Sé Apostólica que exerce a missão de promover a sagrada liturgia".
O voto – disse o Papa – é “de prosseguir no caminho da mútua colaboração, conscientes das responsabilidades envolvidas pela comunhão eclesial, na qual a unidade e a variedade encontram harmonia. É um problema de harmonia”.
Estéreis polarizações
Aqui também está inserido o desafio da formação - observa o Santo Padre - sublinhando que “a liturgia é vida que forma, não uma ideia a ser aprendida”. A este propósito – acrescentou -  é útil recordar que “a realidade é mais importante do que a ideia”:
Saudação ao Papa
“E é bom por isso, na liturgia como em outros âmbitos da vida eclesial, não acabar em estéreis polarizações ideológicas que nascem muitas vezes quando, considerando as próprias ideias válidas para todos os contextos, chega-se a assumir uma atitude de perene dialética em relação a quem não as compartilha. Assim, começando quem sabe pelo desejo de reagir a algumas inseguranças do contexto atual, corre-se o risco de voltar-se a um passado que não existe mais ou de fugir para um  futuro presumido como tal. O ponto de partida, pelo contrário, é  reconhecer a realidade da sagrada liturgia, tesouro vivo que não pode ser reduzido a gostos, receitas e correntes, mas deve ser acolhido com docilidade e promovido com amor, enquanto alimento insubstituível para o crescimento orgânico do Povo de Deus”.
A liturgia não é "o campo do faça-você-mesmo" – alerta o Pontífice – “ mas a epifania da comunhão eclesial”:
“Portanto, nas orações e nos gestos ressoa o "nós" e não o "eu"; a comunidade real, não o sujeito ideal. Quando se recordam nostalgicamente tendências passadas ou se querem impor novas, corre-se o risco de antepor a parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à comunhão,  e na raiz, o mundano ao espiritual”.
Formação litúrgica do Povo de Deus
“A formação litúrgica do Povo de Deus” é o tema desta Assembleia Plenária, e “a tarefa que nos espera – diz Francisco -  é “essencialmente difundir entre o povo de Deus, o esplendor do mistério vivo do Senhor, que se manifesta na liturgia”:
“Falar da formação litúrgica do Povo de Deus significa antes de tudo tomar consciência do papel insubstituível que a liturgia desempenha na Igreja e para a Igreja. E pode ajudar concretamente o povo de Deus a interiorizar melhor a oração da Igreja, a amá-la como experiência de encontro com o Senhor e com os irmãos e, diante disso, redescobrir nela o conteúdo e observar seus ritos”.
Palavras de sabedoria
Sendo a liturgia "uma experiência voltada à conversão da vida pela assimilação do modo de pensar e de comportar-se do Senhor - observa - a formação litúrgica não pode limitar-se simplesmente em oferecer conhecimentos - isso é errado -, mesmo necessários, sobre os livros litúrgicos, e tampouco tutelar o cumprimento das disciplinas rituais". Mas para que a liturgia possa cumprir sua função formativa e transformadora, enfatiza o Papa, “é necessário que os pastores e leigos sejam introduzidos a compreender dela o significado e a linguagem simbólica, incluindo a arte, o canto e a música a serviço do mistério celebrado”.
Mistagogia, caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia
O próprio Catecismo da Igreja Católica – recorda Francisco -  adota o caminho mistagógico para ilustrar a liturgia, valorizando nela a oração e os sinais:
“A mistagogia: eis um caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia, no encontro vivo com o Senhor crucificado e ressuscitado. Mistagogia significa descobrir a vida nova que no Povo de Deus recebemos mediante os Sacramentos, e redescobrir continuamente a beleza de renová-la”.
Formação permanente
A formação permanente do clero e dos leigos, especialmente aqueles envolvidos nos ministérios ao serviço da liturgia, foi outro aspecto destacado pelo Santo Padre em seu pronunciamento:
Bênção final
“As responsabilidades educativas são compartilhadas, mesmo que cada diocese esteja mais envolvida na fase operativa. A reflexão de vocês vai ajudar o Dicastério a amadurecer linhas e diretrizes para oferecer, no espírito de serviço, a quem - Conferências Episcopais, dioceses, institutos de formação, revistas - tem a responsabilidade de cuidar e acompanhar a formação litúrgica do Povo de Deus”.
Queridos irmãos e irmãs - foi a exortação final do Pontífice -  “todos somos chamados a aprofundar e reavivar a nossa formação litúrgica”,  e diante de vocês está esta grande e bela tarefa: “trabalhar para que o povo de Deus redescubra a beleza de encontrar o Senhor na celebração de seus mistérios, e encontrando-o, tenha vida em seu nome (...). E peço a vocês para reservarem a mim sempre um lugar - amplo - em suas orações".
Texto integral, até o momento somente em italiano: https://is.gd/oz6wHt
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Papa em discurso na manhã desta quinta: 

Investir
no desenvolvimento rural para combater a fome no mundo
"Minha presença deseja trazer a esta sede os anseios e as necessidades da multidão de nossos irmãos que sofrem no mundo", disse Francisco em seu discurso na cerimônia de abertura da 42ª sessão do Conselho de Governadores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

Cidade do Vaticano - O Papa Francisco participou, nesta quinta-feira (14/02), da cerimônia de abertura da 42ª sessão do Conselho de Governadores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência das Nações Unidas.
O encontro realizou-se na sede do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.
Em seu discurso aos participantes do evento, Francisco agradeceu ao presidente do Fida, Gilbert F. Houngbo, pelo convite feito a ele em nome do organismo.
“Minha presença deseja trazer a esta sede os anseios e as necessidades da multidão de nossos irmãos que sofrem no mundo."
“Gostaria que pudéssemos olhar para seus rostos sem ficarmos vermelhos de vergonha, pois finalmente seu clamor foi ouvido e suas preocupações foram atendidas.”
"Eles vivem em situações precárias: o ar está viciado, os recursos naturais dizimados, os rios poluídos, os solos acidificados; eles não têm água suficiente para si ou para suas colheitas; suas infraestruturas de saúde são precárias, suas casas escassas e defeituosas.”
Segundo Francisco, “essas realidades se prolongam no tempo, quando, por outro lado, a nossa sociedade alcançou grandes conquistas nas áreas do saber. Isso quer dizer que estamos diante de uma sociedade que é capaz de progredir em seus propósitos de bem, e vencerá também a batalha contra a fome e a miséria se a propor seriamente.
“Estar decididos nesta luta é primordial para que possamos ouvir, não como um slogan, mas realmente: “A fome não tem presente nem futuro. Apenas passado”. Para isso, é necessária a ajuda da Comunidade internacional, da sociedade civil e daqueles que possuem recursos.”
Não se foge das responsabilidades, passando-as de uns para outros, mas devem ser assumidas a fim de oferecer soluções concretas e reais.”
Incentivo da Santa Sé
A Santa Sé sempre incentivou os esforços feitos pelas agências internacionais para combater a pobreza. Em dezembro de 1964, São Paulo VI pediu, em Bombaim, atual Mumbai, na Índia, “e depois reiterou em outras circunstâncias, a criação de um Fundo mundial para combater a miséria e dar um impulso decisivo na promoção integral das áreas mais pobres da humanidade. Desde então, os seus sucessores não deixaram de animar e incentivar iniciativas semelhantes, e um dos exemplos mais conhecidos é o Fida”, sublinhou o Papa.
Gilbert F. Houngbo - Presidente do Fida
“Esta 42ª sessão do Conselho de Governadores do Fida segue essa lógica e tem diante de si um trabalho fascinante e crucial: criar possibilidades inéditas, dissipar hesitações e colocar cada povo em condições de enfrentar as necessidades que os afligem. A Comunidade internacional, que elaborou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, precisa tomar outras medidas a fim de alcançar os 17 objetivos que a compõem.”
A esse propósito, Francisco sublinhou que “a contribuição do Fida é imprescindível para cumprir os primeiros objetivos da Agenda, os que se referem à erradicação da pobreza, a luta contra a fome e a promoção da soberania alimentar."
“Nada disso será possível sem alcançar o desenvolvimento rural, um desenvolvimento do qual se fala há muito tempo, mas que não se concretiza.”
“É paradoxal que uma boa parte dos mais de 820 milhões de pessoas que sofrem de fome e desnutrição no mundo vivam nas áreas rurais, se dedicam à produção de alimentos e são camponesas. Além disso, o êxodo do campo para a cidade é uma tendência global que não podemos ignorar.”
“O desenvolvimento local tem valor em si mesmo e não em função de outros objetivos. Trata-se de garantir que cada pessoa e cada comunidade possa desenvolver suas próprias capacidades de maneira plena, vivendo assim uma vida humana digna desse nome”, frisou ainda o Papa.
Francisco exortou os responsáveis das nações, as organizações intergovernamentais e todos dos setores público e privado, “a desenvolverem os canais necessários para que medidas apropriadas possam ser implementadas nas áreas rurais da Terra, a fim de que as pessoas possam ser artífices responsáveis de sua produção e progresso”.
Papa e participantes
Segundo o Papa, “os problemas que afetam negativamente o destino de muitos de nossos irmãos atualmente, não podem ser resolvidos de forma isolada, ocasional ou efêmera. Hoje, mais do que nunca, devemos unir forças, alcançar consenso e fortalecer vínculos”.
“Os desafios atuais são tão intrincados e complexos que não podemos prosseguir, enfrentando-os ocasionalmente, com resoluções de emergência. É necessário tornar protagonistas as pessoas afetadas pela indigência, sem considerá-las meras receptoras de uma ajuda que pode acabar gerando dependências.”
“Trata-se de afirmar sempre a centralidade da pessoa humana, recordando que «os novos processos em gestação nem sempre se podem integrar dentro de modelos estabelecidos do exterior, mas devem ser provenientes da própria cultura local», disse Francisco citando um trecho de sua Encíclica Laudato si’.
“Neste sentido, e como vem ocorrendo nos últimos anos, o Fida alcançou melhores resultados através de uma maior descentralização, promovendo a cooperação Sul-Sul, diversificando as fontes de financiamento e os modos de ação, promovendo uma ação baseada nas evidências e que, ao mesmo tempo, gera conhecimento.”
O Papa encorajou o organismo a “prosseguir neste caminho, que deve sempre visar a melhorar as condições de vida das pessoas carentes”.
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Graziano:
Papa é um grande inspirador na luta contra a fome
O brasileiro José Graziano da Silva foi um dos anfitriões do Papa Francisco na sede da FAO, para a abertura da 42ª Assembleia do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Cidade do Vaticano - O Papa Francisco tem sido um grande inspirador da luta contra a fome e contra a desigualdade no mundo: palavras do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Dr. José Graziano da Silva.
O brasileiro foi um dos anfitriões do Papa Francisco na sede da FAO, para a abertura da 42ª Assembleia do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA):
“O Papa Francisco tem sido um grande inspirador da luta contra a fome e contra a desigualdade no mundo de modo geral. Particularmente a palavra do Santo Padre no sentido de procurar uma alimentação mais saudável e que tenha um menor impacto no uso dos recursos naturais, principalmente das terras e águas em todo o mundo, tem sido fundamental para inspirar os nossos programas e projetos.”
Dr. Graziano se declara “honrado” em receber a visita do Papa, recordando que o Pontífice já esteve outras vezes na sede FAO, mas a visita é inédita numa conferência do FIDA:
“O FIDA é um dos maiores parceiros da FAO. Na verdade, a nossa colaboração com as três agências romanas – FAO, FIDA e PAM – tem crescido muito nos últimos anos. Particularmente com o FIDA temos uma ação com os agricultores familiares. O FIDA é um mecanismo de financiamento para os agricultores familiares e a FAO ajuda não só a elaborar os projetos que são apresentados, mas também ajuda muitas vezes a implementar esses projetos no terreno. Como vocês sabem, a agricultura familiar é muito importante para a FAO – são 500 milhões de agricultores em todo o mundo – e o paradoxo é que são entre os mais pobres e muitos deles passam fome porque não conseguem nem produzir o suficiente para alimentar a sua família. São os agricultores de subsistência, para quem também há um programa especial com o FIDA para torná-los mais produtivos e levar a sua produção aos mercados locais."
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Assista:
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                                                                                                                Fonte: vaticannews.va   

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