sexta-feira, 27 de julho de 2018

Leituras do

17º Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura: 2Rs 4,42-44
Segundo livro dos Reis
Naqueles dias, veio também um homem de Baal-Salisa, trazendo em seu alforje para Eliseu, o homem de Deus, pães dos primeiros frutos da terra: eram vinte pães de cevada e trigo novo. E Eliseu disse:
“Dá ao povo para que coma”.
Mas o seu servo respondeu-lhe:
“Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas?”
Eliseu disse outra vez: 
“Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’”.
O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.
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Salmo: 144
Saciai os vossos filhos, ó Senhor!
Saciai os vossos filhos, ó Senhor!
- Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, / e os vossos santos com louvores vos bendigam! / Narrem a glória e o esplendor do vosso reino / e saibam proclamar vosso poder!
- Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam, / e vós lhes dais no tempo certo o alimento; / vós abris a vossa mão prodigamente / e saciais todo ser vivo com fartura.
- É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente.
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2ª Leitura: Ef 4,1-6
Carta de São Paulo aos Efésios
Irmãos, eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos. 
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Evangelho: Jo 6,1-15
Evangelho de São João:
Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe:
“Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”
Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu:
“Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.
Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 
“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?”
Jesus disse:
“Fazei sentar as pessoas”.
Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes.
Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos:
“Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam:
“Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo”.
Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

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Reflexão:
O pão da multidão e a voz da Igreja
Em certa sociedade é comum ouvir-se críticas à ação social da Igreja e, muito mais, às suas declarações sobre a política econômica. Julga-se que a Igreja não deve tocar em assuntos “temporais”,  mas ocupar-se com o “espiritual”. Mas a violência, a impunidade, a falta de saúde e educação, a fome de grande parte da população não dizem respeito ao Reino de Deus que Jesus veio anunciar e inaugurar e que a Igreja pretende atualizar?
No domingo passado, Mc descreveu a chegada de Jesus diante da multidão: compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar, com a conseqüência de que, no fim do dia, teve de alimentar a multidão. Hoje, para descrever esse gesto, a liturgia prefere dar a palavra ao evangelista João (evangelho), porque nos domingos seguintes vai continuar o “sermão do Pão da Vida”, que não está em Mc.
A maneira em que João apresenta a multiplicação dos pães salienta que Jesus não agiu surpreendido pelas circunstâncias (a hora avançada), mas porque ele quis apresentar pão
ao povo (Jô 6,5-6) – para depois mostrar qual é o verdadeiro “pão”. Se em Mc Jesus manda os discípulos distribuir o pão (exemplo para a Igreja), João diz que Jesus mesmo o distribui, para acentuar que o pão é o dom de Jesus. E, no fim, João menciona que o povo quer proclamar Jesus rei (messias), mas Jesus se retira, sozinho, na região montanhosa (Jô 6,14-15).
Este último traço é muito significativo. Jesus não veio propriamente para distribuir cestas básicas e ser eleito prefeito, para resolver os problemas materiais do povo. Isso é apenas um “sinal” que acompanha sua missão. Para resolver problemas materiais do povo há  meios à disposição, desde que as pessoas ajam com responsabilidade e justiça. Mas para que isso  aconteça, é preciso algo mais fundamental: que conheçam o Deus de amor e justiça que se  revela em Jesus. E é para isso que Jesus vai pronunciar o sermão do Pão da vida, como veremos nos próximos domingos.
A preocupação social da Igreja deve pautar-se por essa linha. Para resolver os problemas econômicos e sociais não é preciso vir o Filho de Deus ao mundo. Os meios estão aí. O Brasil é rico; é só ter pessoas justas, sensíveis às necessidades do povo, para bem gerenciar essa riqueza. Mas a missão da Igreja é em primeiro lugar colocar os responsáveis diante da vontade de Deus, como Jesus fez. E criar uma comunidade em que as pessoas vivam como Jesus ensinou.
Isso não significa pregar ingenuamente a “boa vontade”, sem fazer nada que obrigue as pessoas a pô-la em prática. Somos todos filhos de Adão, portadores de pecado desde a origem. Quem diz que não tem pecado fala mentira (1Jo 1,8-10). A boa vontade de usar bem os meios econômicos segundo a justiça social precisa de leis que funcionem, de mecanismos econômicos e de “estruturas” que os reproduzam, para amarrar essa boa vontade e realizações concretas. Não é o papel da Igreja inventar e implantar tais mecanismos, assim como Jesus não se transformou em fornecedor de pão e de bem-estar. Mas a Igreja tem de mostrar o rosto de Deus, que é Pai de todos e deseja que nos tratemos como irmãos. E para isso ela não pode deixar de apontar quais são as responsabilidades concretas.
                             Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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                                                                                     Reflexão e banner: franciscanos.org.br

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