segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Reflita com dom Paulo Mendes Peixoto:

Viver com sabedoria

Dom Paulo Peixoto

A sabedoria é um dom inerente ao ser da pessoa. Dom divino, mas muitos a transformam em dom do mal. Usam das habilidades para chegar a vantagens desonestas, sem medir as consequências para si e para a sociedade. O destino das virtudes pessoais é construir o bem, aquilo que favorece a coletividade. Os frutos devem ser positivos à comunidade e à sociedade dos humanos. 

É insensatez querer o bem-viver pelo caminho do mal. Isto significa desvio na história pessoal, porque ninguém nasceu para ir contra si mesmo, sacrificando a própria sabedoria. Todas as pessoas têm qualidades boas, munidas de grande potencial para construir o bem, mas também o mal, porque somos como “vasos de barro”. Assim sendo, não construir o bem é prejudicar os demais. 

A sabedoria é natural nas pessoas, mas pode ser fortalecida e cultivada na trajetória educacional, tanto no uso das tecnologias modernas como na convivência e envolvimento social. Sabedoria que vem do coração, de onde brotam coisas boas e ruins. As reações da mente, do raciocínio, são equalizadas pelos sentimentos, que vêm de dentro, do pulsar do coração, como diz o profeta Isaías (cf. Is 16,11). 

A vida humana é constituída e sustentada como fruto e ação da sabedoria divina. Ela tem princípio de eternidade, apesar dos limites que a acompanham na realidade temporal. Sua construção acontece, aos poucos, nos envolvimentos de existência na terra. Tem categoria e forma próprias, quando de sua intimidade com o Criador, que acontece no encontro pessoal com Jesus Cristo. 

O verdadeiro sábio e mestre é Jesus Cristo, aquele que ensina com verdadeira sabedoria os caminhos da vida, principalmente ao apresentar a via das bem-aventuranças do Evangelho. Para Jesus, uma pessoa, quando cega, mesmo com muita sabedoria e habilidade na forma de agir, também por sair coisas boas de sua boca e de seu coração, não consegue guiar uma outra pessoa cega, ao caminhar. 

O exercício e a realização da justiça devem ser reflexo de sadia sabedoria, que tem como objetivo primeiro, cumprir as exigências próprias da verdade e a construção do bem comum. A prática da injustiça também pode ser considerada como consequência de um tipo de sabedoria, que passa por caminhos errados e escusos, não aquela sabedoria divina, destinada ao viver com sabedoria.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)

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