Viver com sabedoria
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Dom Paulo Peixoto |
A sabedoria é um
dom inerente ao ser da pessoa. Dom divino, mas muitos a transformam em dom do
mal. Usam das habilidades para chegar a vantagens desonestas, sem medir as
consequências para si e para a sociedade. O destino das virtudes pessoais é
construir o bem, aquilo que favorece a coletividade. Os frutos devem ser
positivos à comunidade e à sociedade dos humanos.
É insensatez
querer o bem-viver pelo caminho do mal. Isto significa desvio na história
pessoal, porque ninguém nasceu para ir contra si mesmo, sacrificando a própria
sabedoria. Todas as pessoas têm qualidades boas, munidas de grande potencial
para construir o bem, mas também o mal, porque somos como “vasos de barro”.
Assim sendo, não construir o bem é prejudicar os demais.
A sabedoria é
natural nas pessoas, mas pode ser fortalecida e cultivada na trajetória
educacional, tanto no uso das tecnologias modernas como na convivência e
envolvimento social. Sabedoria que vem do coração, de onde brotam coisas boas e
ruins. As reações da mente, do raciocínio, são equalizadas pelos sentimentos,
que vêm de dentro, do pulsar do coração, como diz o profeta Isaías (cf. Is
16,11).
A vida humana é
constituída e sustentada como fruto e ação da sabedoria divina. Ela tem
princípio de eternidade, apesar dos limites que a acompanham na realidade
temporal. Sua construção acontece, aos poucos, nos envolvimentos de existência
na terra. Tem categoria e forma próprias, quando de sua intimidade com o
Criador, que acontece no encontro pessoal com Jesus Cristo.
O verdadeiro
sábio e mestre é Jesus Cristo, aquele que ensina com verdadeira sabedoria os
caminhos da vida, principalmente ao apresentar a via das bem-aventuranças do
Evangelho. Para Jesus, uma pessoa, quando cega, mesmo com muita sabedoria e
habilidade na forma de agir, também por sair coisas boas de sua boca e de seu
coração, não consegue guiar uma outra pessoa cega, ao caminhar.
O exercício e a realização da justiça devem ser reflexo de sadia sabedoria, que tem como objetivo primeiro, cumprir as exigências próprias da verdade e a construção do bem comum. A prática da injustiça também pode ser considerada como consequência de um tipo de sabedoria, que passa por caminhos errados e escusos, não aquela sabedoria divina, destinada ao viver com sabedoria.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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