quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Refletindo com Dom José Francisco:

A Bíblia é nossa bússola

Não faz muito tempo, a Bíblia não fazia parte da vida de muitos católicos. Para sanar esta falha, em 1971, na Arquidiocese de Belo Horizonte, foi escolhido o mês de setembro para promover estudos bíblicos. Aos poucos, essa proposta foi se espalhando pelas dioceses do Brasil e assumida pela CNBB, que a cada ano sugere um livro da Bíblia para ser estudado durante o mês. Por que setembro? Porque é quando se celebra a memória de São Jerônimo, grande biblista na história da Igreja.
Dom José Francisco Rezende Dias
São Jerônimo (347-420) nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma. Sabia grego, latim e hebraico, línguas imprescindíveis para o conhecimento bíblico. Viveu na Palestina como eremita. Em 379, foi ordenado sacerdote. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor à Igreja. A Bíblia foi a sua bússola.
Atualmente, além do Brasil, vários países da América Latina e África dedicam o mês de setembro à celebração da Bíblia.
Neste ano, no Mês da Bíblia, iremos estudar o livro do Deuteronômio. O texto-base quer oferecer ao leitor atual a experiência de fé daqueles que, em primeiro lugar, procuraram conhecer o que Deus queria revelar de si mesmo. É como se homens e mulheres de outrora e de agora se reunissem para conversar sobre o Deus que se revelou e se deixou conhecer. Esse texto-base é um instrumento para que as comunidades possam estudar o livro do Deuteronômio e trazê-lo para o contexto vivido.
Quando se trata da Bíblia, ainda tão desconhecida, uma das perguntas que, geralmente, são feitas é a respeito das traduções. Por que num lugar a palavra é uma, e noutro lugar a palavra é um sinônimo? Por que num lugar a linguagem é direta, e noutro a linguagem é mais trabalhada?
Vejam bem, há dezenas de edições e muitas traduções da Bíblia: existem algumas que se tornaram mais conhecidas. Seria bom que tivéssemos um exemplar de cada Bíblia em casa, para comparar as traduções. Mas os preços são impeditivos ao projeto. Assim, se você tiver uma delas, considere-se um abençoado. Se ainda não tiver, faça um esforço para adquirir. Mas, sobretudo, não a deixe empoeirada na estante ou em alguma gaveta. Seria como uma chuva que não molha a terra.
No Brasil, temos grandes traduções: A BÍBLIA DE JERUSALÉM, A BÍBLIA DO PEREGRINO, A BÍBLIA CATÓLICA DO JOVEM, A BÍBLIA das Paulinas, A BÍBLIA JOVEM – YOUCAT, A TRADUÇÃO ECUMÊNICA DA BÍBLIA e A BÍBLIA – TRADUÇÃO OFICIAL DA CNBB.
Quero destacar esta última, a BÍBLIA – TRADUÇÃO OFICIAL DA CNBB, já chamada de “BÍBLIA DA CNBB”, que foi publicada em 2018, depois de um árduo e intenso trabalho realizado por uma equipe de estudiosos. Na época, o Cardeal Sérgio da Rocha, então Presidente da CNBB, fez a apresentação, da qual destaco alguns parágrafos:
“A longa e bela história da tradução desta Bíblia, denominada, frequentemente, “Bíblia da CNBB”, é motivo de gratidão e louvor a Deus. Esta nova tradução oficial da Bíblia Sagrada tem como base documentos bíblicos originais, tomando por guia a Nova Vulgata, com novas introduções e notas explicativas. Dela sejam extraídos os textos citados nos documentos eclesiais publicados pela Igreja no Brasil. O seu uso continua a ser recomendado para os estudos bíblicos, a catequese, as reuniões, os encontros de oração e de formação, a leitura individual e comunitária. Realçamos a finalidade, almejada desde o início e ora conquistada, de oferecer uma tradução oficial da Bíblia para a proclamação da Palavra de Deus na Liturgia, no Brasil. (…)
Atenta aos ensinamentos do Papa Francisco, que convoca toda a Igreja a testemunhar a alegria do Evangelho, a CNBB tem ressaltado a urgência da animação bíblica da vida e da pastoral, na ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Esperamos que esta tradução possa contribuir para a afirmação da centralidade da Palavra de Deus, na vida das pessoas e das comunidades, especialmente na Liturgia, na Catequese e na Evangelização. A Palavra seja sempre mais acolhida, meditada, rezada, vivida e testemunhada, pessoalmente, e em comunidade, na Igreja”.
Vejam, meus irmãos, a orientação é que a tradução oficial da CNBB seja utilizada nos encontros de formação, de oração e de catequese, bem como na proclamação da Palavra de Deus, na Liturgia. Se você ainda não possui uma Bíblia, faça um esforço para adquiri-la. Se você já possui uma Bíblia e tiver condições, adquira também a Bíblia da CNBB e comece a se aprofundar na comparação das traduções.
Não faz muito tempo, a Bíblia ainda não fazia parte da vida de muitos católicos. Graças a Deus, agora faz! Como podem ver, não será por falta de opções que teremos acesso restrito ao conhecimento da Palavra que transmite vida.
A Bíblia é a nossa bússola. Com a Bíblia numa das mãos, o jornal do dia na outra, e os Sacramentos no coração, não há como alguém se perder.
“Abre tua mão para teu irmão” (Dt 15,11). Vamos ouvir muito isso no mês de setembro, Mês da Bíblia. Este é o nosso imperativo ético. Sem ele, não há terreno, não há plantio, não há colheita. Não há vida.
+ Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói
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