sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Aprendendo com o padre Zezinho:

Deus de Deus e Luz da Luz!

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

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Padre Zezinho

Jesus era onisciente ou não era?

Revelou ao mundo tudo que sabia ou não?

Afirmamos que Ele sabia tudo, mas não revelou tudo. E nenhum pregador ou teólogo de qualquer igreja sabe o suficiente.

Nunca teremos a clara visão da verdade. Vemos tudo como num espelho esfuziado! Mas Jesus sabia tudo! (1Cor 13,12)

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DEIXEM O PREGADOR PREGAR o que ele aprendeu!

Pode ter tido bons mestres ou foi aluno de mestres excessivamente parciais.

Há mestres que ensinam só a parte lhes interessa ensinar. Pulam os trechos dos quais discordam. O padre Ário de Alexandria fez isto!

Pode não ser heresia, nem má fé, mas é uma lacuna no estudo da Teologia!

O aluno deveria receber toda a doutrina e não só uma parte! Levou séculos para a Igreja definir sua cristologia! Não faz sentido alguém ressuscitar as ideias do padre Ário!

Não posemos de bispos. Cabe a eles cuidar dos púlpitos da sua diocese.

MAS, se um pregador usar da internet e atingir muitas dioceses, será invasão de território, e, neste caso os mestres em Teologia, comunicação e catequese devem corrigir o que se afigura como perigo de heresia!

Neste caso existe a Bíblia, o CVII, o CIC, a História da Igreja e outros livros que mostrarão que aquele pregador passou do limite! Era opinião dele e não da Igreja!

No caso citado, ele ressuscitou uma heresia dos começos dos anos 300 defendida por um padre cantor chamado Ário, que foi corrigida imediatamente pelo seu bispo Santo Atanásio de Alexandria. Ambos africanos!

Se ainda há heresias disfarçadas nas igrejas? Sim! Devemos contesta-las? Sim. Mas com caridade e sem ofensas! Há imprecisões na TV, na Internet e nos púlpitos? Sim!

Na Igreja discorda-se com o devido respeito. Até porque muitas vezes quem chama o outro de herege também anda pregando heresias!

Jesus não é um “Deus” inferior ao Pai por ser apenas Filho. Ele conhecia o Pai e sabia tudo o que o Pai sabia (Jo 5,19-22) (Jo 3,16) (Jo 10,36) (Jo 2,25) (Jo 6,64).

Recentemente alguém afirmou que o Eterno Filho renunciou a saber tudo quando se encarnou! Teria nascido tabula rasa! A Igreja diz claramente desde 325 e 381 que Jesus sabia tudo o que o Pai sabia. Não tinha conhecimento inferior ao Pai.

O concílio de Nicéia corrigiu isto. Oportunamente falaremos da falta de um -I- em grego que fez toda a diferença no CREDO!

Você sabe quando aconteceu o concílio de Nicéia? (318 ou 325?) Tratou sobre qual parte da Teologia?

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                                                                                                Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Papa Francisco nesta sexta-feira:

a salvação das almas
deve estar no centro dos processos de nulidade matrimonial

A inauguração do Ano Judiciário do Tribunal da Rota Romana foi o grande evento no Vaticano esta sexta-feira, 31 de janeiro. O Papa recordou os 10 anos da publicação de dois documentos para a reforma do processo de nulidade matrimonial, não com a intenção de favorecê-la, mas de acelerar os processos.

O tema da nulidade matrimonial esteve no centro do discurso do Papa na inauguração do Ano Judiciário do Tribunal da Rota Romana, realizada na manhã desta sexta-feira, no Vaticano.

Francisco recordou que este ano celebra-se o décimo aniversário de dois "Motu Proprio" (Mitis Iudex Dominus Iesus e Mitis et Misericors Iesus), com os quais reformou o processo para a declaração de nulidade do matrimônio. E aproveitou este encontro para evocar o espírito que permeou esta reforma. Uma das intenções era tornar os processos mais acessíveis e ágeis, tendo no centro a figura do bispo diocesano. A ele, com efeito, cabe a responsabilidade de administrar a justiça na Diocese, constituindo o tribunal.

Por isso, o Pontífice pediu a inserção da atividade dos tribunais na pastoral diocesana, encarregando os bispos de garantir que os fiéis saibam da existência do processo como possível remédio à situação de necessidade em que se encontram. “É triste, às vezes, saber que os fiéis ignoram a existência desta via”, disse Francisco, acrescentando que é importante que seja garantida a gratuidade do procedimento para que a Igreja manifeste o amor gratuito de Cristo.

No centro da reforma, prosseguiu o Papa, estava a preocupação com a salvação das almas, que deve guiar a sua aplicação. “Nos interpelam a dor e a esperança de muitos fiéis que buscam clareza sobre a verdade de sua condição pessoal e, consequentemente, sobre a possibilidade de uma plena participação à vida sacramental.”

Durante a audiência, teve um inusitado pedido de matrimônio


Para quem viveu uma experiência matrimonial infeliz, a verificação da validez ou não do matrimônio representa uma importante possibilidade. Ao garantir o direito de defesa e a presunção de validez matrimonial, a finalidade do processo não é complicar inutilmente a vida dos fiéis e muito menos de exacerbar o conflito, mas prestar um serviço à verdade.

A intenção, portanto, não é favorecer a nulidade dos matrimônios, mas a celeridade dos processos. Por isso, foi suprimida a necessidade da dupla sentença. Com essas mudanças, a quem atua neste campo requer-se uma particular prudência na aplicação das normas, com sentido de “veneração” à realidade conjugal e matrimonial, recordando que a família é o reflexo vivo da comunhão de amor que é Deus Trino.

Por fim, o Papa recordou que os cônjuges unidos em matrimônio receberam o dom da indissolubilidade, que não é uma meta a alcançar com o próprio esforço nem um limite à sua liberdade, mas uma promessa de Deus. E concluiu:

“Queridas irmãs, queridos irmãos, a Igreja lhes confia uma tarefa de grande responsabilidade, mas antes ainda de grande beleza: ajudar a purificar e restaurar as relações interpessoais. O contexto jubilar em que nos encontramos enche de esperança este trabalho, de esperança que não decepciona. Invoco sobre todos vocês, peregrinos de esperança, a graça de uma alegre conversão e a luz para acompanhar os fiéis rumo a Cristo, que é o Juiz manso e misericordioso.”

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

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                                                                                                                      Fonte: vaticannews.va

Festa da Apresentação do Senhor:

Leituras e reflexão
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1ª Leitura: Ml 3,1-4

Leitura do livro do Profeta Malaquias

Assim diz o Senhor: Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos

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Responsório: Sl 23(24)

- O rei da glória é o Senhor onipotente!

- O rei da glória é o Senhor onipotente!

- “Ó portas, levantai vossos frontões! † Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, /
a fim de que o rei da glória possa entrar!”

- Dizei-nos: “Quem é este rei da glória?” † “É o Senhor, o valoroso, o onipotente, /
o Senhor, o poderoso nas batalhas!”

- “Ó portas, levantai vossos frontões! † Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, /
a fim de que o rei da glória possa entrar!” 

- Dizei-nos: “Quem é este rei da glória?” † “O rei da glória é o Senhor onipotente, /
o rei da glória é o Senhor Deus do universo.” 

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2ª Leitura: Hb 2,14-18

Leitura da Carta aos Hebreus

Irmãos, visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, e libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão. Pois, afinal, não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão. Por isso, devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. Pois, tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação.

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Evangelho: Lc 2,22-40 ou 22-32

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

[A forma breve está entre colchetes.]

[Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel”.]

O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.


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Reflexão do padre Johan Konings

Luz das nações

O Concilio Vaticano II intitulou o texto dedicado à Igreja com um título significativo. “Luz das Nações”. Este título tem uma história muito rica: foi atribuído pelo profeta Isaias ao Servo de Deus, que não é só um indivíduo, mas o próprio povo de Deus. É nesta linha que, numa nova aceitação, o novo povo de Deus, a Igreja, pode tomar este título como emblema de sua missão, exposta no texto conciliar. Mas antes disso situa-se o momento destacado no evangelho de hoje, quando o profeta Simeão confere a Jesus, filho de José e de Maria, o título de Luz das Nações “luz para iluminar as nações, glória de teu povo, Israel”.

No “Segundo Isaias” (42,6; 49,6), a libertação de Israel do exilio babilónico, proclamada pelo “Servo”, é também uma luz para as nações não-israelitas. O que Deus realiza para seu povo ilumina também os outros povos. Vale entender, nesta mesma linha, o que acontece a Jesus, plena realização do Servo, e a seu povo, o novo Israel, a Igreja.

Maria apresenta Jesus ao templo, isto é, ao Senhor Deus. Simeão reconhece nele o profeta que será sinal de reerguimento do povo, mas também de contradição – e a espada traspassará o coração de sua Mãe. O “reerguimento do povo” se realiza de modo representativo na história de Jesus na terra, passando pela morte e ressurreição. Obra maravilhosa que Deus opera em Jesus e, depois, não pára de operar naqueles que, com Jesus, lhe são dedicados, o Povo de Jesus, a Igreja.

Geralmente, o nosso povo, acostumado a sofrer, acentua a profecia de Simeão anunciando a espada que atravessará o coração de Maria e associa a presente festa à de N. Senhora das Dores. Mas no texto do evangelho essa frase é um parêntese. O acento recai em Jesus, luz da nações e glória de Israel, ou seja, aquele que vem completar o plano de Deus para com seu povo. Decerto, como sinal de contradição. Mas sinal glorioso. O sofrimento não pode constituir o horizonte fechado de nossa visão cristã. Em meio ao sofrimento, e talvez por meio desse sofrimento, o novo povo de Deus, mais ainda que o antigo povo exilado, é chamado a ser uma luz que testemunha e torna visível o maravilhoso projeto de Deus para todos os povos, não pelo brilho deste mundo, que se impõe pela dominação, mas pelo brilho da glória de Deus, que se esconde na pequenez de Maria e de seu Filho.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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 Fonte: franciscanos.org.br    Banners: diocesedesaojoaodelrei.com.br   Fábio M. Vasconcelos

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Refletindo com dom Carmo João Rhoden:

Festa da Apresentação do Senhor

Texto iluminador: Quanto ao menino, ele crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria e o favor de Deus estava com ele. (Lc 2, 40).

1 – Apresentação do Senhor. Antigamente se sublinhava mais a dimensão mariana desta festa. Hoje, no entanto, mais aquela cristocêntrica, pois Jesus Cristo é o único salvador. Ele é oferecido ao Pai: é seu primeiro ato cultual. Acontece em Jerusalém onde também vai realizar-se seu culto maior: morte e ressurreição, ou seja, sua plena vitória, bem como, o endosso total do Pai, pela ressurreição. Jerusalém é o local inicial e final da missão oficial de Jesus.

2 – Os pais, no caso José e Maria estão presentes na apresentação e no oferendo do sacrifício, pelo resgate do filho. Assumi, assim, sua missão como família. Reconhece o direito de Deus Pai sobre o filho. Assumem assim o primeiro dever da família, como educadora dos filhos e o primeiro santuário da vida. Bento XVI a denominou como “patrimônio da humanidade”. Infelizmente, este santuário é hoje em geral, muito pouco valorizado. Os efeitos são amplamente conhecidos: revolta e fuga dos filhos, drogas, vícios, quando não suicídio.

3 – Simão e Ana – O primeiro profetiza em relação ao sofrimento de Maria e do “sinal” que Jesus se tornará de redenção para os salvandos, mas que poderá tornar-se também ocasião de perda para aqueles que o rejeitam. Ana se torna assim a primeira missionária, após Maria: pela oração e evangelização. É longeva na idade e belíssimo exemplo de testemunho. Como nos fazem falta hoje os Simões e as Anas, mais também, as Marias e os Josés.

4 – Seja pois claro, que os filhos são antes de tudo dom de Deus e fruto do amor dos pais.

Dom Carmo João Rhoden - Bispo Emérito de Taubaté (SP)

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                                                                                     Fonte: cnbb.org.br      Banner: vaticannews.va

Papa a sacerdotes:

o amor por Deus e pela Igreja
não podem ser pretexto para a autocelebração

A reitores de seminários da França, Francisco indicou aspectos essenciais para a formação dos candidatos ao sacerdócio, como a missão e a humildade.

O tema da formação dos futuros sacerdotes esteve no centro do discurso do Papa aos reitores dos Seminários Maiores e Propedêuticos da França, recebidos em audiência na manhã deste sábado.

Presentes em Roma para a peregrinação jubilar, Francisco citou uma frase de São Paulo VI, que dizia que o homem contemporâneo ouve de bom grado mais as testemunhas do que os mestres. E se ouve os mestres é porque são testemunhas. 

Isso, disse Francisco, vale certamente para os formadores nos seminários, que devem cuidar da qualidade e da autenticidade das relações humanas neste período de amadurecimento dos candidatos ao sacerdócio.  

Em seguida, o Pontífice fez uma análise do perfil dos seminaristas de hoje, cuja característica é a diversidade, seja por idade, seja por experiência de vida e de fé. Para Francisco, o importante é que os formadores aceitem essa diversidade sem medo, concentrados no principal objetivo: formar discípulos missionários apaixonados pelo Mestre, pastores com o cheiro das ovelhas, que vivam no meio delas para servi-las e levar-lhes a misericórdia de Deus.

Não se trata de formar clones. Todavia, há regras a serem respeitadas e o Pontífice ofereceu algumas indicações como, por exemplo, a formação de uma “verdadeira liberdade interior”, de modo que o futuro sacerdote saiba raciocinar com a própria cabeça, iluminado pela fé e movido pela caridade, para fazer escolhas às vezes contracorrente, sem alinhar-se a respostas pré-confeccionadas.

Outro aspecto importante apontado por Francisco é o amadurecimento de uma humanidade equilibrada e capaz de relações humanas. Isso inclui imitar as próprias atitudes de Deus, que são a ternura, a proximidade e compaixão, sem temer personalidades muito frágeis ou rígidas ou desordens de caráter afetivo. “O homem perfeito não existe e a Igreja é composta por membros frágeis e por pecadores”, disse o Papa, pedindo paciência e prudência aos formadores. “Não tenham medo das fraquezas e dos limites de seus seminaristas. Não os condenem apressadamente e saibam encorajá-los. É o martírio da paciência.” 

Outro aspecto desenvolvido por Francisco é a missão: "O sacerdote é para a missão. Um sacerdote que faça o 'monsieur abbé' não é para a missão. Isso não pode".  Mesmo que ser sacerdote comporte uma realização pessoal, não é para si mesmos que são ordenados, e sim para o Povo de Deus. Isso pressupõe gratuidade, desprendimento de si e humildade.

Não é raro que, durante o percurso, alguns sacerdotes acabem servindo a si mesmos. "Atenção, sobretudo com o dinheiro. Minha vó sempre dizia que o diabo entra pelo bolso. Por favor, a pobreza é algo muito belo. Servir os outros. E cuidado com o carreirismo. Cuidado com a mundanidade, o ciúme e a vaidade."

Sem este cuidado, analisou o Papa, o amor por Deus e pela Igreja nada mais são que um pretexto para a autocelebração. "Quando se encontra algum eclesiástico que parece mais um pavão é feio. Que o amor por Deus e a Igreja não seja um pretexto", exortou o Pontífice, concluindo seu discurso com um agradecimento pela difícil missão que desempenham a serviço da Igreja.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

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                                                                                                                      Fonte: vaticannews.va

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Papa Francisco na catequese desta quarta-feira:

inspiremo-nos em São José, um sonhador justo

Na Audiência Geral desta quarta-feira (29/01), Francisco deu continuidade ao ciclo jubilar de catequeses sobre “Jesus Cristo, nossa esperança” e dedicou sua reflexão à figura de São José. O Santo Padre destacou a confiança silenciosa do pai putativo de Jesus, que, ao invés de palavras vazias, expressou sua fé por meio de ações concretas.

Na manhã desta quarta-feira, 29 de janeiro, na Sala Paulo VI, o Papa prosseguiu com as catequeses sobre Jesus Cristo, nossa esperança, aprofundando-se na história da infância do Salvador. Francisco se deteve na figura de José, que emerge como um homem “justo”, assume a paternidade legal de Jesus e o insere na descendência de Jessé, cumprindo assim a promessa feita a Davi.

A provação de José

Ao refletir sobre a narrativa evangélica, o Papa explicou que o Evangelho de Mateus apresenta José como noivo de Maria. Na tradição hebraica, o noivado era um vínculo jurídico que precedia o casamento, momento em que a mulher passava da casa paterna para a do esposo e se dispunha ao dom da maternidade. Foi nesse período que José descobriu a gravidez de Maria, sendo posto diante de uma grande provação: “A Lei sugeria duas possíveis soluções: ou um ato legal de natureza pública, como a convocação da mulher a um tribunal, ou uma ação privada, como a entrega de uma carta de repúdio à mulher”, explicou o Pontífice.

Homem justo

O evangelista Mateus, porém, define José como “justo” (zaddiq), ou seja, um homem fiel à Lei do Senhor e guiado pela sabedoria divina. Diante da difícil situação, ressaltou o Papa, ele não se deixa levar por impulsos ou medos, mas decide separar-se de Maria sem alarde, em segredo:

“Esta sua sabedoria permite-lhe não cometer erros e fazer-se aberto e dócil à voz do Senhor.”

José e os sonhos de Deus

Em seguida, o Santo Padre fez um paralelo entre José de Nazaré e José, filho de Jacó, que no Antigo Testamento era chamado de “sonhador”. Ambos receberam de Deus mensagens fundamentais por meio dos sonhos.

“O que sonha José de Nazaré? Ele sonha com o milagre que Deus realiza na vida de Maria, e também com o milagre que Ele realiza na sua própria vida: assumir uma paternidade capaz de guardar, proteger e transmitir uma herança material e espiritual.”


Francisco sublinhou que o ventre de Maria trazia a promessa de Deus, e essa promessa tinha um nome que garantiria a salvação a todos: Jesus. No seu sono, José escutou a mensagem do anjo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo", e o Papa completou: 

"Perante esta revelação, José não pede mais provas, confia em Deus, aceita o sonho de Deus para a sua vida e a da sua esposa prometida. Assim, ele entra na graça daqueles que sabem viver a promessa divina com fé, esperança e amor."

Um exemplo de fé silenciosa

Ao destacar que José não pronunciou uma só palavra nas Escrituras, mas demonstrou sua fé por meio de atitudes, Francisco recordou que o pai adotivo de Jesus pertence à linhagem dos que, segundo São Tiago, “põem em prática a Palavra”, traduzindo-a em obras, em carne, em vida. Na conclusão de sua catequese, o Papa convidou os fiéis a seguirem o exemplo de José, cultivando o silêncio que escuta e obedece à Palavra de Deus:

“Irmãs e irmãos, peçamos nós também ao Senhor a graça de ouvirmos mais de quanto falamos, de sonhar os sonhos de Deus e de acolher com responsabilidade o Cristo que, desde o momento do batismo, vive e cresce na nossa vida.”

Thulio Fonseca – Vatican News

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Assista:

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Reflita com dom Leomar Brustolin:

Você sabe lidar com a tristeza?

Jesus é Deus que se fez humano para revelar nossa verdadeira identidade. Ao contemplarmos a humanidade de Jesus, vemos a “transparência” do rosto de Deus. Seus traços humanos – sua história concreta, suas escolhas, seus comportamentos e seus sentimentos – nos permitem acessar quem é o homem Jesus, seu lado humano. Ao mesmo tempo, revelam o projeto de ser humano que Ele nos ofereceu.  Os primeiros cristãos sempre refletiram sobre Jesus como “o rosto divino do humano e rosto humano de Deus”.

Dom Leomar Brustolin

Refletir sobre os sentimentos de Jesus pode iluminar nossas próprias experiências, frequentemente marcadas por incertezas e cansaços. Não temos como imitar Jesus em tudo, porque os contextos são diversos, mas podemos nos inspirar em sua vida para lidarmos com os revezes do nosso cotidiano. Como bem diz o Pe. Zezinho em sua canção: “O que é preciso para ser feliz? Amar como Jesus amou, viver como Jesus viveu, sonhar como Jesus sonhou, sentir o que Jesus sentia”.

Meditemos sobre a tristeza, esse sentimento que marca nossa existência e que foi santificado pela vivência de Jesus. Muitas vezes, ela pode nos paralisar ou levar à depressão, tirando nossa vontade de viver. Porém, nem toda a tristeza é ruim. Ficar triste, por exemplo, por estar longe de Deus, por ter feito algo errado ou por ter ofendido alguém e se arrepender, tem grande valor. São Paulo escreveu: “A tristeza, segundo Deus, produz um arrependimento irrevogável que leva à salvação, enquanto a tristeza mundana traz a morte” (2 Cor 7, 10).

A tristeza saudável pode conter valiosas lições: reconhecer o que já não temos, mas que nos fazia felizes; tomar consciência dos nossos defeitos, aprendendo a discernir o bem do mal; a sermos humildes, percebendo o que nos falta na vida e, ao mesmo tempo, abrir-nos para encontros inesperados, chamando-nos a sair da autossuficiência.

Jesus sentiu tristeza ao longo de sua vida. Ele se entristeceu diante do pecado da “dureza de coração” dos seus interlocutores, especialmente dos líderes religiosos que o rejeitavam. Experimentou a tristeza profunda no Jardim das Oliveiras antes ser preso, julgado e condenado (Mc 14,33). Ele superou esse momento entregando-se totalmente à vontade do Pai (Mc 14,36), encontrando na paixão iminente uma lógica de amor a Deus e ao próximo.

Com Jesus, aprendemos que, quando o amor se torna a razão de viver e de morrer, a tristeza dá lugar à felicidade e à alegria profunda, que são dons do Espírito Santo. Ele nos ensina a lidar com a tristeza sem nos perdermos em meio às trevas.

Jesus também manifestou sua vulnerabilidade com lágrimas. Ele chorou pela morte de seu amigo Lázaro: “Jesus começou a chorar”, e os presentes comentaram: “Vejam como ele o amava!” (Jo 11,35-36).  Chorou também ao avistar Jerusalém, após sua entrada triunfal messiânica, lamentando que a Cidade Santa não reconheceu o momento da sua visita. Ele veio trazer a paz, mas foi rejeitado e crucificado como um malfeitor (Lc 19,41-44).

Jesus disse “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4) e “Bem-aventurados vocês que agora choram, porque vocês se alegrarão” (Lucas 6,21).  Choramos de tristeza, pelo sofrimento injusto, pelos nossos pecados. Não são lágrimas inúteis. Elas são recolhidas por Deus, que no Reino, porá fim à morte e a tudo o que contradiz a vida em plenitude, com um gesto muito simples e cheio de amor: Ele mesmo enxugará as lágrimas de todos os rostos (cf. Ap 21,4).

É preciso aprender a sofrer sem perder a esperança. Afinal até a dor e a tristeza passam, mas Deus permanece conosco. Em Cristo, Deus experimentou a tristeza e nos indicou o caminho da superação pela fé. Deus é fonte da alegria e está sempre conosco.

                                         Dom Leomar Brustolin - Arcebispo de Santa Maria (RS)

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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Santa Sé:

IA é uma oportunidade,
mas o homem pode se tornar escravo das máquinas

Foi publicada a Nota sobre a relação entre Inteligência Artificial e inteligência humana dos Dicastérios para a Doutrina da Fé e para a Cultura e Educação: “A IA não é uma forma artificial de inteligência, mas um dos seus produtos”. São destacadas as potencialidades e os desafios nos campos da educação, economia, trabalho, saúde, relações humanas e internacionais, bem como em contextos de guerra.

A Inteligência Artificial não deve ser considerada como uma pessoa, não deve ser divinizada, nem substituir as relações humanas. Deve ser utilizada “apenas como um instrumento complementar à inteligência humana”. Os alertas do Papa sobre a Inteligência Artificial nos últimos anos servem de guia para a Antiqua et Nova (em referência à “sabedoria”, antiga e nova), a nota sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana, fruto da reflexão mútua entre o Dicastério para a Doutrina da Fé e o Dicastério para a Cultura e a Educação. O documento é dirigido a pais, professores, sacerdotes, bispos e a todos os que são chamados a educar e transmitir a fé, mas também àqueles que compartilham a necessidade de um desenvolvimento científico e tecnológico “a serviço da pessoa e do bem comum” [5]. Publicado hoje, 28 de janeiro, o texto foi aprovado pelo Papa Francisco.

Em 117 parágrafos, a Antiqua et Nova destaca os desafios e as oportunidades do desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) nos campos da educação, economia, trabalho, saúde, relações internacionais e interpessoais, além de contextos de guerra. Neste último, por exemplo, as potencialidades da IA – adverte a Nota – poderiam aumentar os recursos bélicos “muito além do alcance do controle humano”, acelerando “uma corrida desestabilizadora por armamentos com consequências devastadoras para os direitos humanos” [99].

Perigos e progressos

Mais detalhadamente, o documento enumera com equilíbrio ponderado os perigos da IA, mas também os progressos, que, aliás, incentiva como “parte da colaboração” do homem com Deus “para levar à perfeição a criação visível” [2]. A preocupação, no entanto, é grande e decorre de todas as inovações cujos efeitos ainda são imprevisíveis, inclusive naquilo que, no momento, parece inofensivo, como a geração de textos e imagens.

Distinguir entre IA e inteligência humana

Portanto, são considerações éticas e antropológicas que estão no centro da reflexão dos dois Dicastérios, que dedicam vários parágrafos da Nota à distinção “decisiva” entre Inteligência Artificial e inteligência humana. Esta última “se exerce nas relações” [18], é modelada por Deus e “é moldada por uma miríade de experiências vividas na corporeidade”. A IA “não possui a capacidade de evoluir nesse sentido” [31]. A visão que ela oferece é “funcionalista”, avaliando as pessoas apenas com base em trabalhos e resultados, enquanto a dignidade humana é imprescindível e permanece sempre intacta. Mesmo em “uma criança ainda não nascida”, em “uma pessoa em estado não consciente” ou em “um idoso em sofrimento” [34]. É, portanto, “enganoso” usar a própria palavra “inteligência” em referência à IA: ela não é “uma forma artificial de inteligência”, mas “um dos seus produtos” [35].

Poder nas mãos de poucos

E, como todo produto do engenho humano, também a IA pode ser direcionada para “fins positivos ou negativos”, destaca a Antiqua et Nova. Não se nega que a Inteligência Artificial possa introduzir “inovações importantes” em diversos campos [48], mas há o risco de agravar situações de marginalização, discriminação, pobreza, “divisão digital” e desigualdades sociais [52]. O que levanta “preocupações éticas” em especial é o fato de que “a maior parte do poder sobre as principais aplicações da IA esteja concentrada nas mãos de poucas empresas poderosas” [53], permitindo que essa tecnologia seja manipulada para “lucros pessoais ou corporativos” ou para “orientar a opinião pública em favor dos interesses de um setor” [53].

Guerra

A Nota examina, em seguida, os vários aspectos da vida em relação à IA. Inevitável é a referência à guerra. As “capacidades analíticas” da IA poderiam ser utilizadas para ajudar as nações a buscar paz e segurança, mas um “grave motivo de preocupação ética” são os sistemas de armas autônomas e letais, capazes de “identificar e atingir alvos sem intervenção humana direta” [100]. O Papa pediu com urgência o banimento de seu uso, como afirmou no G7 na Puglia: “Nenhuma máquina jamais deveria decidir tirar a vida de um ser humano”. Máquinas capazes de matar com precisão de forma autônoma e outras aptas à destruição em massa representam uma verdadeira ameaça para “a sobrevivência da humanidade ou de regiões inteiras” [101]. Essas tecnologias “conferem à guerra um poder destrutivo incontrolável, atingindo muitos civis inocentes, sem poupar sequer as crianças”, denuncia a Antiqua et Nova. Para evitar que a humanidade caia em “espirais de autodestruição”, é indispensável “adotar uma posição firme contra todas as aplicações da tecnologia que ameaçam intrinsecamente a vida e a dignidade da pessoa humana”.

Relações humanas

Sobre as relações humanas, o documento observa que a IA pode, sim, “favorecer as conexões”, mas, ao mesmo tempo, levar a “um isolamento prejudicial” [58]. A “antropomorfização da IA” também apresenta problemas específicos para o desenvolvimento das crianças, incentivadas a entender “as relações humanas de maneira utilitarista”, como ocorre com os chatbots [60]. É “errado” representar a IA como uma pessoa, e é “uma grave violação ética” utilizá-la para fins fraudulentos. Da mesma forma, “usar a IA para enganar em outros contextos – como na educação ou nas relações humanas, incluindo a esfera da sexualidade – é profundamente imoral e exige vigilância rigorosa” [62].

Economia e trabalho

Essa mesma vigilância é exigida no campo econômico-financeiro. Em particular, no âmbito do trabalho, destaca-se que, se por um lado a IA tem “potencial” para aumentar competências e produtividade ou criar novos empregos, por outro, pode “desqualificar os trabalhadores, submetê-los a uma vigilância automatizada e relegá-los a funções rígidas e repetitivas” [67], a ponto de “sufocar” toda capacidade inovadora. “Não se deve buscar substituir cada vez mais o trabalho humano pelo progresso tecnológico: ao fazê-lo, a humanidade prejudicaria a si mesma”, ressalta a Nota [70].

Saúde

Amplo espaço é dedicado ao tema da saúde. Embora a IA possua um enorme potencial em diversas aplicações no campo médico (como o auxílio em diagnósticos), caso venha a substituir a relação médico-paciente, deixando a interação apenas para as máquinas, corre o risco de “agravar aquela solidão que frequentemente acompanha a doença”. Além disso, a otimização dos recursos não deve “prejudicar os mais vulneráveis” ou criar “formas de preconceito e discriminação” [75], que reforcem uma “medicina para os ricos”, em que pessoas com recursos financeiros usufruem de ferramentas avançadas de prevenção e informações médicas personalizadas, enquanto outros lutam para ter acesso até mesmo aos serviços básicos.

Educação

Riscos também são destacados no campo da educação. Se utilizada de forma prudente, a IA pode melhorar o acesso à educação e oferecer “respostas imediatas” aos estudantes [80]. O problema é que muitos programas “se limitam a fornecer respostas em vez de incentivar os estudantes a buscá-las por conta própria ou a escreverem seus próprios textos”; isso leva à perda do hábito de acumular informações ou desenvolver um pensamento crítico [82]. Sem esquecer a quantidade de “informações distorcidas ou artificiais” ou “conteúdos imprecisos” que alguns programas podem gerar, legitimando, assim, as fake news [84].

Fake News e Deepfake

Com relação às fake news, o documento destaca o sério risco de a IA “gerar conteúdos manipulados e informações falsas” [85], alimentando uma “alucinação” de IA, com conteúdos não verídicos que aparentam ser reais. Ainda mais preocupante é quando tais conteúdos fictícios são usados intencionalmente para fins de manipulação. Por exemplo, quando imagens, vídeos e áudios deepfake (representações alteradas ou geradas por algoritmos) são divulgados intencionalmente para “enganar ou prejudicar” [87]. O apelo, portanto, é para que se tenha sempre o cuidado de “verificar a veracidade” do que é divulgado e para evitar, em qualquer circunstância, “a disseminação de palavras e imagens degradantes para o ser humano”, excluindo “o que alimenta o ódio e a intolerância, desvaloriza a beleza e a intimidade da sexualidade humana e explora os fracos e indefesos” [89].

Privacidade e controle

Sobre privacidade e controle, a Nota evidencia que alguns tipos de dados podem chegar a tocar a intimidade da pessoa, “talvez até mesmo sua consciência” [90]. Atualmente, os dados são adquiridos com uma quantidade mínima de informações, e o perigo é transformar tudo “em uma espécie de espetáculo que pode ser espionado, vigiado” [92]. Além disso, “a vigilância digital pode ser utilizada para exercer controle sobre a vida dos fiéis e sobre a expressão de sua fé” [90].

Casa comum

No que diz respeito à Criação, as aplicações da IA são consideradas “promissoras” para melhorar a relação com a casa comum. Basta pensar nos modelos para a previsão de eventos climáticos extremos, na gestão de operações de socorro ou no suporte à agricultura sustentável [95]. Ao mesmo tempo, os modelos atuais de IA e os sistemas de hardware que os sustentam requerem “enormes quantidades de energia e água e contribuem de forma significativa para as emissões de CO₂, além de consumir recursos de forma intensiva”. É, portanto, um tributo “pesado” que se exige do meio ambiente: “O desenvolvimento de soluções sustentáveis é vital para reduzir seu impacto sobre a casa comum”.

O relacionamento com Deus

“A presunção de substituir Deus por uma obra de suas próprias mãos é idolatria”: a Nota cita as Sagradas Escrituras para alertar que a IA pode se revelar “mais sedutora do que os ídolos tradicionais” [105]. Lembra, portanto, que ela não é nada mais do que “um pálido reflexo” da humanidade: “Não é a IA que será divinizada e adorada, mas sim o ser humano, que, dessa forma, torna-se escravo de sua própria criação”. Daqui deriva uma recomendação final: “A IAT deve ser utilizada apenas como um instrumento complementar à inteligência humana e não para substituir sua riqueza” [112].

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

LEIA AQUI O TEXTO INTEGRAL DA NOTA "ANTIQUA ET NOVA"
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                                                                                                                      Fonte: vaticannews.va