segunda-feira, 31 de março de 2025

Papa Francisco em mensagem nesta segunda-feira:

a alegria cristã é confiar em Deus em todas situações da vida

Francisco recordou a sua internação no Hospital Gemelli em mensagem dirigida aos participantes da II Assembleia Sinodal das Igrejas na Itália que começou nesta segunda-feira (31/03). Ao retomar o título das "Proposições" sobre "alegria plena" que serão analisadas e votadas, o Papa disse que "a alegria cristã é para todos", se realiza nos meandros do cotidiano, "não evita a cruz, mas brota da certeza de que o Senhor nunca nos deixa sozinhos": como tem sido a atual experiência de Francisco.

O Pontífice em foto de arquivo durante o Sínodo dos Bispos em outubro de 2024  (Vatican Media)

O Papa Francisco enviou uma mensagem nesta segunda-feira (31/03) aos cerca de mil participantes da II Assembleia Sinodal das Igrejas na Itália que começou na Sala Paulo VI, no Vaticano. No encontro, com trabalhos em grupos previstos até a próxima quinta-feira (03/03), cerca de mil bispos, delegados diocesanos e convidados irão analisar e aprovar as Proposições, fruto do discernimento eclesial no caminho comum dos últimos anos e relativas a três dimensões da conversão sinodal e missionária: renovação das práticas pastorais, formação e liderança.

A primeira assembleia foi realizada em novembro na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, ocasião em que o Papa Francisco também enviou uma mensagem de encorajamento para que, o que foi colhido nestes anos como uma Igreja aberta e em escuta do Espírito, fosse traduzido em escolhas e decisões evangélicas, sem vitimismos e fechamentos. De volta à capital italiana para a segunda assembleia, o Pontífice deu as boas-vindas para aquela que é "a última etapa do percurso, pastoral e social que vocês percorreram nos últimos cinco anos", entre iniciativas, encontros e boas práticas.

A alegria cristã é para todos

Ao retomar o título das Proposições, “Para que a alegria seja plena”, o Papa Francisco recordou em mensagem a sua internação de 38 dias no Hospital Gemelli de Roma e o seu período atual de recuperação na Casa Santa Marta:

"A alegria cristã nunca é exclusiva, mas sempre inclusiva, é para todos. Se realiza nos meandros do cotidiano e na partilha: é uma alegria de horizontes amplos, que acompanha um estilo acolhedor. É um dom de Deus – lembremo-nos sempre disso –; não é uma alegria fácil, não nasce de soluções cômodas para os problemas, não evita a cruz, mas brota da certeza de que o Senhor nunca nos deixa sozinhos."

“Eu mesmo experimentei isso durante minha internação no hospital e agora neste tempo de convalescença. A alegria cristã é confiar em Deus em todas as situações da vida.”

Durante os dias de assembleia, finalizou o Papa na mensagem, "vocês terão a oportunidade de aprofundar e votar as Proposições, fruto do que surgiu até agora e um eixo para o futuro das Igrejas na Itália. Deixem-se guiar pela harmonia criativa que é gerada pelo Espírito Santo. A Igreja não é formada por maiorias ou minorias, mas pelo povo santo e fiel de Deus que caminha na história iluminado pela Palavra e pelo Espírito. Sigam em frente com alegria e sabedoria! Eu os abençoo. Por favor, continuem a rezar por mim. Obrigado e bom trabalho!".

Andressa Collet - Vatican News

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Torna-se Venerável

o brasileiro José Antônio Maria Ibiapina

Serão canonizados Inácio Choukrallah Maloyan, arcebispo de Mardin dos Armênios, martirizado, em 1915, durante o genocídio armênio, e o leigo Pedro To Rot, mártir que viveu na Papua Nova Guiné no século passado. Também será canonizada Maria do Monte Carmelo, fundadora das Irmãs Servas de Jesus. A religiosa será a primeira santa da Venezuela. Será beatificado o pe. Carmelo De Palma e o sacerdote brasileiro José Antônio Maria Ibiapina se torna Venerável.

Padre José Antônio Maria Ibiapina torna-se Venerável

A Igreja terá três novos santos, um novo beato e também um novo venerável. Os decretos foram autorizados pelo Papa Francisco nesta segunda-feira, 31 de março.

Serão canonizados Choukrallah Maloyan, bispo de Mardin dos Armênios, martirizado em 1915 durante o genocídio armênio; o leigo Pedro To Rot, da ilha de Rakunai – Rabaul, na atual Papua Nova Guiné, catequista, que viveu no século passado, também mártir, morto por ter continuado seu apostolado não obstante a proibição imposta pelos japoneses durante a II Guerra Mundial; e Maria do Monte Carmelo, religiosa fundadora das Servas de Jesus da Venezuela, que desempenhou com amor o seu serviço nas paróquias e escolas, dedicando-se em particular aos mais necessitados.

Será beatificado Carmelo De Palma, sacerdote diocesano que exerceu seu ministério na Puglia entre o final do século XIX e o século XX. Foram reconhecidas as virtudes heroicas do servo de Deus José Antônio Maria Ibiapina, sacerdote brasileiro que viveu no século XIX, que se torna venerável.

Arcebispo armênio, mártir durante o genocídio de seu povo

Choukrallah Maloyan nasceu em 1869, em Mardin, na atual Turquia. Desde a infância, demonstrou inclinação para a oração e em 1883 ingressou no convento de Bzommar, no Líbano, sede do Instituto do Clero Patriarcal Armênio. Foi ordenado sacerdote, em 1896, e foi chamado de Inácio. Enviado para Alexandria, no Egito, destacou-se por suas pregações, em árabe e turco, e dedicou-se ao ministério paroquial e ao estudo dos textos sagrados. Nomeado vigário patriarcal do Cairo, continuou o cuidado pastoral dos armênios, mas no ano seguinte retornou a Alexandria devido a problemas nos olhos. Mais tarde, foi chamado a Constantinopla pelo Patriarca Boghos Bedros XII Sabbagghian, que lhe confiou seu secretariado pessoal, mas em julho de 1904 retornou a Alexandria para buscar tratamento e continuar seu apostolado lá. Seis anos depois, ele tornou-se vigário patriarcal de Mardin. Em 1911, participou do Sínodo dos Bispos Armênios em Roma, convocado para estudar a situação criada na Turquia depois que o movimento dos Jovens Turcos chegou ao poder. Foi eleito arcebispo de Mardin. Em seguida, empreendeu uma visita à sua diocese, dedicando-se particularmente à formação do clero. Após o atentado de Sarajevo em 28 de junho de 1914, quando a Turquia se preparava para entrar na guerra, alistamentos forçados e perseguições contra cristãos, especialmente armênios, Maloyan colaborou com as autoridades, mas as igrejas continuaram recebendo ameaças e ataques, tanto que todas foram revistadas. Em 3 de junho, festa de Corpus Christi, Maloyan foi preso junto com 13 sacerdotes e outros 600 cristãos. Recusando-se a renunciar à sua fé, todos foram executados em 11 de junho de 1915. Choukrallah Maloyan foi beatificado por João Paulo II em 7 de outubro de 2001, ano do centenário da cristianização da Armênia, e a fama de seu martírio se espalhou rapidamente pelo mundo. Suas palavras e ensinamentos, especialmente sua caridade e perdão aos perseguidores, são considerados por toda a Igreja, em seus diversos ritos, um exemplo válido e precioso para viver a fidelidade ao Evangelho, mesmo nos momentos mais difíceis. Por isso, reconhecendo a atualidade de seu testemunho, Raphaël Bedros XXI Minassian, patriarca da Cilícia dos Armênios, pediu sua canonização com a dispensa do milagre.

O primeiro santo da Papua Nova Guiné

Pedro To Rot nasceu em 5 de março de 1912 na ilha de Rakunai-Rabaul, na atual Papua Nova Guiné. Criado numa família numerosa, recebeu educação cristã e se tornou catequista. Dedicou-se ao serviço pastoral com humildade e solicitude, movido também por grande caridade para com o próximo: dedicou-se sobretudo aos pobres, aos doentes e aos órfãos. Aos 23 anos, casou-se com Paula La Varpit, com quem teve três filhos. Quando os japoneses ocuparam Papua Nova Guiné durante a II Guerra Mundial, todos os missionários foram presos, mas inicialmente a atividade pastoral não foi impedida. Pedro, portanto, limitou-se ao que é permitido para não abandonar a comunidade cristã, continuou a catequese e preparou os casais para o matrimônio, depois foi obrigado a restringir suas atividades que, por fim, foram todas proibidas. Pedro continuou seu apostolado em segredo, com extrema cautela, para não colocar em risco a vida dos fiéis, mas com plena consciência de estar colocando em risco a sua própria vida. Defensor corajoso do vínculo sacramental do matrimônio cristão, ele se opôs à poligamia que os japoneses tinham permitido para ganhar as tribos locais e chegou ao ponto de contestar seu irmão mais velho, que a havia escolhido. Foi por este motivo que este último o denunciou à polícia, que o prendeu em 1945. Condenado a dois meses de prisão, morreu no cárcere em julho, vítima de envenenamento. Beatificado por João Paulo II em 17 de janeiro de 1995 em Port Moresby, ele também foi dispensado de um milagre no caminho para a canonização.

A primeira santa da Venezuela

Nascida Carmen Elena Rendíles Martínez, Maria do Monte Carmelo é natural de Caracas, Venezuela. Ela nasceu em 11 de agosto de 1903 e desde pequena ajudou sua mãe a administrar a família, após a morte de seu pai, e se dedicou ao apostolado na paróquia. Sentiu vocação religiosa e se aproximou de vários institutos até escolher, em 1927, a Congregação das Servas de Jesus do Santíssimo Sacramento. Em 8 de setembro de 1932, ela fez seus votos perpétuos e foi nomeada mestra de noviças. Em 1946, tornou-se superiora provincial da Congregação, que mais tarde se tornou um instituto secular, mas muitas religiosas latino-americanas decidiram criar uma nova família religiosa: a Congregação das Servas de Jesus. Após um acidente de carro em 1974, Carmen passou os últimos anos de sua vida numa cadeira de rodas e morreu em 9 de maio de 1977. Beatificada em 16 de junho de 2018, para a canonização, a cura milagrosa, atribuída à sua intercessão, de uma jovem que em 2015 foi diagnosticada com hidrocefalia triventricular idiopática, que exigiu a colocação de uma válvula de bypass, foi apresentada para exame ao Dicastério das Causas dos Santos. Após passar por diversas cirurgias e internações, o estado de saúde da jovem piorou. Mas um dia uma tia, participando de uma celebração eucarística em frente ao túmulo de Madre Carmen, rezou por sua cura. Outros fiéis também pediram a intercessão da religiosa e a própria jovem doente participou de uma missa no local do sepultamento, na capela do Colégio Belén, em Caracas. Após tocar num quadro da religiosa, a doente melhorou rapidamente, tanto que no dia 18 de setembro começou a andar e a se comunicar, expressando o desejo de ir agradecer à Madre Carmen. A recuperação da jovem foi completa, estável e duradoura e o evento foi considerado cientificamente inexplicável.

Um sacerdote da Puglia será beatificado

Próximo à beatificação, Carmelo De Palma nasceu em 27 de janeiro de 1876, em Bari, na Itália. Depois de entrar no seminário, foi ordenado sacerdote em 17 de dezembro de 1898 em Nápoles. De volta à sua cidade natal, ocupou vários cargos na Basílica de São Nicolau e também se tornou assistente diocesano da juventude feminina da Ação Católica, assistente diocesano das Mulheres da Ação Católica, diretor espiritual das Irmãs Beneditinas de Santa Escolástica de Bari e dos Oblatos e Oblatas de São Bento, além de ser o animador da União Apostólica do Clero de Bari. Sua espiritualidade de inspiração beneditina o levou a visitar frequentemente o mosteiro de Montecassino, onde conheceu o cardeal Alfredo Ildefonso Schuster, beneditino e arcebispo de Milão, com quem manteve correspondência epistolar. Quando a Basílica de São Nicolau foi confiada aos Padres Dominicanos em 1951, pe. Carmelo dedicou-se incansavelmente à direção espiritual de sacerdotes, religiosas e seminaristas e ao Sacramento da Reconciliação, tanto que foi definido como um “herói do confessionário”. Afligido por diversas enfermidades, continuou a exercer seu ministério sacerdotal com fidelidade e humildade até sua morte em 24 de agosto de 1961. Para sua beatificação, a postulação apresentou ao Dicastério das Causas dos Santos para exame a cura milagrosa, atribuída à sua intercessão, de uma monja beneditina do mosteiro de Santa Escolástica de Bari, acometida em 8 de dezembro de 2001 por uma febre inicialmente considerada causada por uma gripe. Manifestou-se então um enfraquecimento progressivo dos membros superiores e inferiores, foram detectados problemas neurológicos a nível cervical e uma estenose do forame magno com consequente compressão das estruturas bulbo-medulares que tiveram então consequências graves incapacitantes. Em fevereiro de 2003, os restos mortais de Carmelo De Palma foram transferidos para o mosteiro de Santa Escolástica e a abadessa convidou as religiosas a pedirem a intercessão do venerável Servo de Deus pela cura da religiosa. Em 1º de junho de 2003, a religiosa teve uma melhora repentina e na manhã seguinte conseguiu se levantar e andar. Embora testes repetidos tenham confirmado a persistência da pressão na medula, nenhum efeito patológico foi encontrado e a monja recuperou a funcionalidade total de seus membros.

Um novo venerável para o Brasil

Brasileiro, natural de Sobral, no Estado do Ceará, José Antônio Maria Ibiapina, hoje venerável, nasceu em 5 de agosto de 1806. Ingressou no seminário de Olinda (Pernambuco) em 1823, onde permaneceu apenas três meses devido à morte prematura de sua mãe. Quando eclodiu a revolta antilusitana em 1824, durante a qual seu pai e seu irmão foram presos como rebeldes, o primeiro executado e o segundo condenado ao exílio, José foi obrigado a dedicar-se aos estudos jurídicos para poder exercer uma profissão e sustentar suas irmãs que continuavam na pobreza. Após se formar em Direito, tornou-se professor e depois magistrado e delegado de Polícia da Prefeitura de Quixeramobim-Ceará. Em 2 de maio de 1834, foi eleito para o Parlamento Nacional e lhe foi confiada a presidência da Comissão de Justiça Criminal. Em 1835, ele apresentou um projeto de lei para impedir o desembarque de escravos vindos da África em território brasileiro. Mas como suas tentativas de melhorar o sistema judiciário não tiveram sucesso, ele renunciou ao cargo de juiz e, uma vez encerrado seu mandato, não renovou sua candidatura ao Parlamento e mudou-se para Recife a fim de exercer a advocacia ao lado dos mais pobres. Em 1850, ele abandonou sua carreira jurídica, retirou-se para a solidão e voltou a cultivar sua vocação inicial e, em 1853, foi ordenado sacerdote. Foi-lhe confiada várias tarefas na diocese da Paraíba e durante a epidemia de cólera entregou-se sem reservas, tanto que o povo o chamava de “peregrino da caridade”. Fundou várias casas de acolhimento e assistência à saúde, educação cultural e moral, formação religiosa e profissionalizante nas regiões da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ele também organizou missões populares e fez construir igrejas, capelas, hospitais e orfanatos. No final de 1875, ele foi acometido por uma paralisia progressiva dos membros inferiores e foi obrigado a se locomover numa cadeira de rodas. Tendo piorado irreversivelmente, faleceu em 19 de fevereiro de 1883. Foi reconhecido como venerável por sua existência exemplar, por ter vivido uma fé intensa, alimentada pela oração constante e pela Eucaristia e evidenciada por sua constante confiança em Deus e em sua Providência em cada escolha de vida. A fama de santidade que o acompanhou durante sua vida continuou após sua morte, acompanhada de testemunhos de graças.

Tiziana Campisi – Vatican News

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domingo, 30 de março de 2025

Papa Francisco na mensagem do Angelus deste domingo:

construir um futuro de paz e estabilidade

No texto do Angelus divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco pede às partes em conflito no Sudão do Sul que trabalhem pela estabilidade e que a Comunidade internacional forneça ajuda. Oração pelas nações em guerra e por Mianmar "que também sofre muito com o terremoto". Viver "esta Quaresma como um tempo de cura. Eu também estou vivendo isso, na alma e no corpo".

Imagem de arquivo - Vaticannews

A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou o texto do Angelus do Papa Francisco, deste domingo (30/03), que está em convalescença na Casa Santa Marta, após receber alta do Hospital Gemelli há uma semana.

Em sua mensagem aos fiéis, Francisco recorda que no Evangelho deste domingo, "Jesus percebe que os fariseus, em vez de ficarem felizes porque os pecadores se aproximam dele, ficam escandalizados e murmuram pelas costas".

Quaresma, tempo de cura

"Então Jesus lhes conta a história de um pai que tem dois filhos: um sai de casa, mas depois, tendo acabado na pobreza, volta e é acolhido com alegria; o outro, o filho "obediente", indignado com o pai, não quer entrar na festa", escreve o Papa.

“Assim, Jesus revela o coração de Deus: sempre misericordioso para com todos. Ele cura nossas feridas para que possamos amar uns aos outros como irmãos.”

Francisco convida a viver "esta Quaresma, especialmente o Jubileu, como um tempo de cura".

“Eu também estou vivendo isso, na alma e no corpo. Por isso, agradeço de coração a todos aqueles que, à imagem do Salvador, são instrumentos de cura para os outros com suas palavras e com seu conhecimento, com o carinho e com a oração.”

Continuar rezando pela paz

Segundo o Papa, "a fragilidade e a doença são experiências que nos unem a todos; razão ainda maior, porque somos irmãos na salvação que Cristo nos doou".

“Confiando na misericórdia de Deus Pai, continuamos a rezar pela paz: na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, na República Democrática do Congo e em Mianmar, que também sofre muito com o terremoto.”

Deixar de lado as divergências

O Papa acompanha "a situação no Sudão do Sul com preocupação" e renovou seu "sincero apelo a todos os líderes para que façam todos os esforços para reduzir a tensão no país".

“É preciso deixar de lado nossas divergências e, com coragem e responsabilidade, sentar à mesa e iniciar um diálogo construtivo. Somente assim será possível aliviar o sofrimento do amado povo sul-sudanês e construir um futuro de paz e estabilidade.”

Iniciar novas negociações

Francisco recorda que "no Sudão a guerra continua causando vítimas inocentes".

“Exorto as partes em conflito a colocarem a proteção da vida de seus irmãos civis em primeiro lugar; e espero que novas negociações sejam iniciadas o mais breve possível, capazes de garantir uma solução duradoura para a crise. A Comunidade internacional deve aumentar seus esforços para enfrentar essa terrível catástrofe humanitária.”

Excelente resultado diplomático

Francisco recorda também que há fatos positivos, como "a ratificação do Acordo sobre a delimitação da fronteira entre o Tajiquistão e o Quirguistão, que representa um excelente resultado diplomático. Encorajo ambos os países a continuarem neste caminho".

O Papa conclui o texto, pedindo a Maria, Mãe de Misericórdia, que "ajude a família humana a se reconciliar na paz".

Mariangela Jaguraba – Vatican News
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sábado, 29 de março de 2025

O Papa aos Missionários da Misericórdia:

conversão e perdão, o carinho de Deus

Por ocasião do Jubileu a eles dedicado, Francisco recorda aos Missionários da Misericórdia, em mensagem divulgada neste sábado, que ser testemunhas do Evangelho significa "estar atentos na escuta, prontos para acolher e constantes no acompanhamento daqueles que desejam renovar suas vidas e retornar ao Senhor".

Foi divulgada neste sábado (29/03), a mensagem do Papa Francisco aos sacerdotes Missionários da Misericórdia por ocasião de sua peregrinação jubilar. O Jubileu dos Missionários da Misericórdia teve início na sexta-feira, 28 de março, e se concluirá no domingo, 30.

Em sua mensagem, o Papa expressa aos Missionários da Misericórdia, "sua gratidão e o seu encorajamento", pelo testemunho do "rosto paterno de Deus, infinitamente grande no amor, que chama todos à conversão e nos renova sempre com o seu perdão".

A conversão e o perdão são as duas formas de carinho com as quais o Senhor enxuga cada lágrima de nossos olhos. São as mãos com as quais a Igreja abraça a nós, pecadores. São os pés com os quais caminhamos em nossa peregrinação terrena.

"Jesus, o Salvador do mundo, abre para nós o caminho que percorremos juntos, seguindo-o com a força do seu Espírito de paz", escreve ainda o Papa.

Francisco os encorajou "em seu ministério de confessores, a estar atentos na escuta, prontos para acolher e constantes no acompanhamento daqueles que desejam renovar suas vidas e retornar ao Senhor. Com a sua misericórdia, Deus nos transforma interiormente, muda o nosso coração: o perdão do Senhor é fonte de esperança, porque sempre podemos contar com Ele, em qualquer situação. Deus se fez homem para revelar ao mundo que Ele nunca nos abandona"!

O Papa conclui a mensagem, desejando "uma peregrinação frutuosa", e pedindo a Maria Imaculada que cuide deles como Mãe de Misericórdia.

Mariangela Jaguraba – VaticanNews

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Reflexão para o seu dia:

Parábola do pai bom

 Frei Almir Guimarães

A preocupação do pai é que seu filho se sinta bem novamente. Dá-lhe de presente o anel da casa e a melhor veste. Oferece uma festa a todo o povoado. Haverá banquete, música e danças. Junto ao pai, o filho deverá conhecer a festa boa da vida, não a diversão falsa que procurava entre as prostitutas pagãs. (José Antonio Pagola)

 Vamos nos aproximando dos dias da semana santa. Estamos a realizar nosso retiro quaresmal. Tempo propício para uma mudança de vida, uma transformação do coração e ocasião para reconhecer a misericórdia de Deus a nos envolver.  Novamente a parábola do pai das misericórdias, do pai bom e da festa da volta.

 José Tolentino Mendonça assim resume a parábola que agora, pela enésima vez, acabamos de ouvir na liturgia deste domingo: “A parábola é uma história que nos apanha por dentro. E está tudo neste espelho: a necessidade de liberdade do filho mais novo, os seus sonhos sem sustentação, os passos em falso, a sua fantasia de onipotência, a sua incapacidade de sustentar desejo e lei. Com um desenlace que se podia esperar: o vazio e a solidão  a que ele se vê votado, quando sobrevém a hora da vulnerabilidade. Ele que primeiro teve tantos amigos, e um mundo à volta dele que parecia deslumbrante de promessa, ao chegar à desventura descobrir-se-á, afinal, completamente só”  (Elogio da sede, p.  109-110).

 O pai respeita a liberdade. O filho mais novo resolve fazer a vida a seu jeito. O pai não impede sua saída. Conhecemos o que aconteceu. O moço gasta os bens, vai se degradando a ponto de viver inominável solidão e ter que comer as vagens destinadas aos poucos. Conseguindo “libertar-se” da vida da casa paterna, cortando a dependência vital para com o pai e a família torna-se um trapo. Não se fica impune quando se rompe com um amor que nos cria e nos sustenta.

 Precisaria ele ter aprendido a arte do desejo. Ele substitui o pai pelos bens, coloca os bens materiais e seus desejos de coisas imediatas em lugar do pai. Um cinismo autista, autocentrado. “A sociedade de consumo, com suas ficções e vertigens, promete satisfazer tudo e todos, e falaciosamente identifica a felicidade com o estar saciado. Saciados, cheios, preenchidos, domesticados – resolvidas na festa do consumo as nossas necessidades  (ou que pensamos que sejam).  A saciedade que se obtém pelo consumo é uma prisão do desejo, reduzido a um impulso de satisfação imediata. O verdadeiro desejo, porém, é estruturalmente assinalado por uma falta, por uma insatisfação, por uma sede que se torna princípio dinâmico e projetivo. O desejo é literalmente insaciável porque aspira àquilo que não pode se possui: o sentido. Nesta linha, o desejo não se sacia, mas aprofunda-se” (Tolentino, idem, p.  113-114).

 O pai lançava seu olhar na direção do horizonte. Esperava a volta. Não podia fazer nada, a não ser esperar. Quando um vulto se desenha no fim do caminho ele desce escadas e ladeiras e literalmente se precipita para agarrar e abraçar o menino que volta. Não deixa que ele fale. Simplesmente está feliz porque ele voltou. Era preciso fazer festa.

 “Com tristeza o vê partir de casa, mas nunca o esquece. Aquele filho sempre poderá voltar para casa sem temor algum. Quando um dia o vê chegar faminto e humilhado o pai se “comove”, perde o controle e vai ao encontro do filho.  Esquece de sua dignidade de “senhor” da família e o abraça e o beija efetivamente como uma mãe. Interrompe a confissão do filho para poupar-lhe mais humilhações. Ele já sofreu bastante. Não precisa de explicações para acolhe-lo como filho. Não lhe impõe nenhum castigo. Não  exige dele um ritual de purificação. Nem sequer  parece sentir necessidade de manifestar o perdão. Não é necessário. Nunca deixou de amá-lo. Sempre procurou para ele o melhor” (Pagola, O caminho aberto por Jesus, Lucas p. 256). A misericórdia é a arte necessária para salvar a vida, a misericórdia é um caminho que todos nós precisamos aprender. Não existe misericórdia em excesso. Ela não tem limites. Misericórdia não é dar ao outro o que ele merece, mas precisamente o que ele não merece.  Dar além, ir mais longe.

 O filho mais velho também precisava aprender a lição da misericórdia. Ele havia permanecido perto do pai, fazendo o que era preciso fazer. Agora reclama do tratamento dado pelo pai ao pródigo. “O pai sai para convida-lo com o mesmo carinho com que acolheu o irmão. Não grita com ele nem lhe dá ordens.  Com amor humilde procura persuadi-lo a entrar na festa da acolhida. É então que o filho explode, deixando a descoberto todo o seu ressentimento. Passou toda a vida cumprindo as ordens do pai, mas não aprendeu a amar com ele ama. Só sabe exigir seus direitos e  denegrir o irmão” (Pagola, op. cit., p.261)

 O filho mais velho, com efeito, é aquele que fica junto do pai. Parece não ter a inconsistência do filho mais novo. Não conseguiu, no entanto, resolver a relação com o irmão que é de competitividade. Não é gratuito. Quer recompensa.  Lembra que o pai nunca lhe deu um cabrito. Falta-lhe, de fato, o sentido da gratuidade. A cólera e o ressentimento fazem com o rapaz não consiga olhar com compaixão e alegrar-se com a volta do tresloucado irmão.

 Sentimento de inveja: o outro deixa de ser um parceiro e torna-se um rival. Sentimento estranho esse da inveja infiltrado em toda parte, que queima por dentro, capaz de fazer em cacos ambientes familiares, locais de trabalho, e mesmo nossas comunidades cristãs.

Conclusão

 Uma parábola que retrata nossa história, história do mundo e a história da comunidade dos discípulos de Jesus. A Igreja é a hospedaria para onde podem voltar os que andaram se machucando na aventura da vida e nas estradas da existência. É possível voltar. Com o coração na mãos somos abraçados pelo Pai que não cessa de espreitar nossa volta.

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Oração

SOU TEU FILHO PRÓDIGO

Filho pródigo, filho ingrato, rompi a relação contigo, meu Pai.
Quis fazer a vida sozinho. Inventar minha felicidade longe de ti.
Não compreendi a gratuidade de teu amor que era minha casa, minha riqueza e minha vida.
Quis apossar-me da herança imediatamente, para mim, só para mim.
Quis ficar com teus dons como se me fossem devidos, cego e inconsciente que eu estava.
Tu nada disseste: deixaste que eu partisse  para o distante país de meus sonhos  onde gastei  todos os bens.
Esta parcela de vida, esta parcela de amor, delapidei egoisticamente, gulosamente, bobamente.
E quando já havia gasto tudo, houve fome no meu coração.  O pecado é o pais da fome e do tédio, do desgosto e da privação.
Decepcionado, satisfeito, dei-me conta que me achava no vazio.
Mergulhando em mim mesmo, tive sede de outra coisa: lembrei-me de tua casa e decidi levantar-me e voltar.
De longe já me percebeste.
Andavas me esperando  na encruzilhada  de meus caminhos.
Correste em minha direção.
Me estreitaste em teus ombro e em teu peito enormes.
Estavas, efetivamente, mais emocionado do que eu.
Nada me perguntaste a respeito do que havia feito de minha vida.
Pressentias que eu vivera  experiências doloridas e doídas.
Tu me deste roupa nova, sandálias novas.
Mandaste que  fosse colocado mais um prato com talheres à mesa e disseste: “Comamos, festejemos:  meu filho está de volta”.
Muito obrigado, Senhor, tu és meu Pai, minha Casa, meu Amor, minha  Vida!
Não esquecerei nunca que não quiseste a humilhação de teu filho, porque queres que ele viva.

Michel  Hubaut

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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

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                                   Fonte: franciscanos.org.br    Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

sexta-feira, 28 de março de 2025

4º Domingo da Quaresma:

Leituras e reflexão
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O retrato de Rembrandt do "Retorno do Filho Pródigo"
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1ª Leitura: Js 5,9-12

Leitura do livro de Josué

Naqueles dias, o Senhor disse a Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito”. Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados nesse mesmo dia. O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais tiveram o maná. Naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã.

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Responsório: Sl 102

- Provai e vede quão suave é o Senhor!

- Provai e vede quão suave é o Senhor!

- Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os humildes e se alegrem!

- Comigo engrandecei ao Senhor Deus, / exaltemos todos juntos o seu nome! / Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu / e de todos os temores me livrou. 

- Contemplai a sua face e alegrai-vos, / e vosso rosto não se cubra de vergonha! / Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, / e o Senhor o libertou de toda angústia. 

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2ª Leitura: 2Cor 5,17-21

Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus.

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Evangelho: Lc 15,1-3.11-32

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então, Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’”.

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Reflexão do padre Johan Konings

Reconciliação em Cristo, alegria da volta 

Antigamente, a proximidade da Páscoa causava, em alguns, nervosismo, em outros, piedosa alegria: era o momento de fazer a confissão pascal… A liturgia de hoje nos fala da alegria da volta e reconciliação. No quadro apresentado pela 1ª leitura, os hebreus chegam ao fim de sua peregrinação pelo deserto. Estão entrando na Terra Prometida e podem esquecer a vergonha de sua escravidão. Celebram a Páscoa, comendo o pão sem fermento dos primeiros frutos da terra recebido de Deus. O evangelho descreve filho pródigo que volta para seu pai, o qual o acolhe com uma alegria do tamanho do seu amor, pois seu filho “estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado”. Assim, a liturgia de hoje é uma grande exortação para que o pecador volte à alegria que Deus lhe destina. Basta que se entregue a Cristo, admitindo, no seu coração, que a morte de Jesus por amor nos reconciliou e que a vida dele nos indica o rumo a seguir.

Por que não dar ouvido a essa exortação? Aquele que vive estraçalhado por desejos egoístas, contraditórios e insaturáveis, por que não volta a viver a benfazeja doação da vida, a exemplo de Jesus? O que sente remorsos por estar injustiçando seus semelhantes, por que não repara sua injustiça para reencontrar a paz? Quem se deixou seduzir pelas drogas, consciente de estar num beco sem saída, por que não imita o exemplo do filho pródigo? Aquele que sabe que sua riqueza causa a pobreza de muitos, por que não se esforça para, em espírito de comunidade, criar estruturas de participação?

Se Jesus contou a parábola que hoje é apresentada, é porque sua missão serve para instaurar essa relação nova entre Deus e os homens. A fé, a união com Cristo implica essa nova relação com Deus, o encontro do arrependimento do pecador com a misericórdia de Deus, ao qual dizemos: “Volta-te para nós, para que voltemos a ti!” Pois o pai misericordioso já estava voltado para ele antes que ele voltasse … Basta aderir radicalmente a Cristo, na comunhão de sua Igreja, para encontrar o caminho da reconciliação, a alegria da volta, a Terra Prometida.

A Igreja recebeu de Cristo um sinal para marcar com sua garantia essa reconciliação: o sacramento da penitência ou da volta. Quem sinceramente se confessa, pode estar seguro de sua reconciliação com Deus. Este sacramento encontra muita resistência porque ninguém gosta de se sentir julgado. Mas o evangelho de hoje mostra exatamente que Deus não quer julgar o pecador, quer simplesmente apertá-lo nos braços. A confissão deve ser apresentada não como julgamento, mas como acolhida. O que importa não é o passado, a lista de pecados a apresentar, e sim, o futuro: o abraço acolhedor do Pai.

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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

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quinta-feira, 27 de março de 2025

Editorial do Vaticano:

Aquela praça vazia e o pastor em sintonia com o mundo

Há cinco anos da Statio Orbis para a oração em tempos de pandemia.

Andrea Tornielli

Cinco anos se passaram desde que o Papa Francisco, sozinho, caminhava até o sagrado da Basílica de São Pedro. Chovia naquela noite. A praça estava dramaticamente vazia, embora milhões de pessoas em todo o mundo estivessem sintonizadas com ele, grudadas em suas telas de TV, ainda presas na longa quarentena de lockdown, com medo do vírus invisível que estava colhendo tantas vítimas e levando-as para as unidades de terapia intensiva dos hospitais, sem que seus parentes pudessem vê-las, saudá-las ou até mesmo celebrar as exéquias.

Com aquele gesto, com aquela oração e, depois, com a missa diária na capela de Santa Marta, o Sucessor de Pedro se fez próximo de todos. Havia incluído todos no abraço da praça vazia, na bênção com o Santíssimo, no simples gesto de beijar os pés do crucifixo que parecia lacrimejar por estar exposto às intempéries do clima inclemente de uma noite de início de primavera. “Estava em contato com as pessoas. Não estive sozinho em nenhum momento...”, contaria o Papa algum tempo depois. Só, mas não sozinho. Em oração por um mundo perdido. Uma imagem poderosa, inesquecível que marcou o pontificado.

Naquela ocasião, Francisco disse, dirigindo-se a Deus: “chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros”. Nos meses seguintes, teria repetido que “de uma crise nunca se sai como antes, nunca. Saímos melhores ou piores”. 

Cinco anos depois, olhando ao redor, é impossível afirmar que saímos melhores, com um mundo dilacerado pela violência dos senhores da guerra, que pensa em rearmamento em vez de combater a fome.

Não estamos mais em quarentena, e agora a situação se inverteu: a praça está cheia de pessoas que celebram o Jubileu, e quem não está lá agora é o bispo de Roma, que reza por nós e pela paz do seu quarto na Santa Marta, recuperando-se de uma grave pneumonia. Mas aquela harmonia não foi quebrada. E as suas palavras da época são mais atuais do que nunca: ainda hoje, especialmente hoje, é “tempo de escolher o que conta e o que passa”.

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                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va