sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

8º Domingo do Tempo Comum:

Leituras e reflexão
_________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

1ª Leitura: Eclo 27,5-8

Leitura do livro do Eclesiástico

Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar. Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa. O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem. Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela.”.

_______________________________________________________

Responsório: Sl 91(92)

- Como é bom agradecermos ao Senhor.

- Como é bom agradecermos ao Senhor.

- Como é bom agradecermos ao Senhor / e cantar salmos de louvor ao Deus altíssimo! / Anunciar pela manhã vossa bondade, / e o vosso amor fiel, a noite inteira. 

- O justo crescerá como a palmeira, / florirá igual ao cedro que há no Líbano; / na casa do Senhor estão plantados, / nos átrios de meu Deus florescerão. 

- Mesmo no tempo da velhice darão frutos, / cheios de seiva e de folhas verdejantes; / e dirão: “É justo mesmo o Senhor Deus: / meu rochedo, não existe nele o mal!” 

_______________________________________________________

2ª Leitura: 1Cor 15,54-58

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que vossas fadigas não são em vão, no Senhor.

_______________________________________________________
Evangelho: Lc 6,39-45

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre. Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. Não existe árvore boa que dê frutos ruins nem árvore ruim que dê frutos bons. Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros nem uvas de plantas espinhosas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio”.

______________________________________________________________________________

Reflexão do padre Johan Konings

Em que e em quem confiar?

Fala-se hoje em crise de autoridade e liderança. Os jovens não têm limites, e a decadência dos adultos tampouco … Não há mais em quem colocar sua confiança.

A 1ª leitura de hoje dá muita importância à palavra como espelho do ser humano: de alguma maneira revela, cedo ou tarde, o mais profundo da pessoa. No evangelho, Jesus denuncia os “cegos guias de cegos” e nos ensina a avaliar as pessoas conforme os seus frutos (Lucas 6,39-45, no “Sermão da Planície). Não os belos discursos, mas aquilo que produzem, seus atos e atitudes, isso mostra o que as pessoas valem e a confiança que se pode ter nelas.

Jesus, ao falar, visa em primeiro lugar a sociedade de Israel. Havendo política ou religião no meio, nunca faltam as belas palavras vazias. É contra isso que Jesus adverte. No tempo de Jesus, como nos dia de hoje, os graúdos na política e na religião falavam, mas não faziam; prometiam, mas não cumpriam; e ainda viravam o casaco … Jesus expõe esse comportamento inconfiável ao juizo de Deus, definitivamente. Ele mesmo, em sua palavra e prática, é o juízo de Deus face a esses comportamentos marcados pela hipocrisia. Os frutos que Deus espera de nós são amor e justiça – amor com justiça. Não palavras e orações vazias. A verdadeira religião é ajudar os pobres, as viúvas, os órfãos … (Tg 1,27).

Então, ponhamos nossa confiança em quem produz “os frutos do Espírito” de que fala Paulo em Gl 5,22: amor, alegria, paz … “Com ações e de verdade” (1Jo 3,17) … Deus, é preciso crer para vê-lo. Os seres humanos, é preciso ver para acreditar. .. A lei supõe a inocência até que se prove o contrário, mas a experiência nos ensina a confiar apenas em quem prova sua integridade. Cristo nos ensinou o sistema de Deus. Devemos reservar nossa confiança para investi-la naqueles que, por seus atos, mostram-se participantes do projeto de Deus, produzindo atos de justiça, solidariedade e amor.

Quem anda com a Bíblia debaixo do braço ou faz longas orações não merece necessariamente nossa confiança. Primeiro vamos ver o que faz e por que o faz. O mesmo se diga de politiqueiros, pretensos pregadores e conselheiros, e de todo bom conselho que nada custa … No fim das contas, só merece “confiança evangélica” quem, de alguma maneira, vivendo ou morrendo, realmente dá sua vida pelos outros. Eis o bom senso do Reino.

_______________________________________________________

PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

______________________________________________________________

Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella

___________________________________________________
                  Fonte: franciscanos.org.br    Banners: vaticanews.va   Fábio M. Vasconcelos

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Aprendendo com o padre Zezinho:

Deus nos criou para sempre

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

________________________________

Catequese de perseverança

__________________

Existiremos só uma vez. O Criador de tudo criou-nos para sempre e de uma vez por todas. É o diz o nosso Catecismo. Não há duas existências. Um dia começamos a existir como zigoto, feto e bebê e sempre existiremos.

Mas as religiões, na sua maioria, ensinam que existe uma vida que começa aqui e continua depois da morte. Ela é uma estrada de vários túneis escuros, mas iluminada por várias luzes.

Um dia atravessaremos o túnel da morte, que continuará na mesma estrada do existir, mas agora com outras paisagens. Mas bem isto é definitivo, porque morreremos, mas continuaremos a existir.

***

Dizem os pregadores de todas as religiões, cada qual com suas doutrinas que 1- tudo termina com a morte 2 - só existem duas chances: Céu e Inferno: salvação e condenação 3 - outros dizem que o purgatório existe e, depois da devida purificação, o sujeito, agora apenas espírito e alma, porque o corpo virou cinzas, entrará no Céu. 4 - E outros ainda ensinam que fomos criados livres para decidir sobre esta vida e sobre a continuação dela: purgatório e Céu ou Inferno sem chance de retorno de lá. Se, o tempo todo, o sujeito escolheu: agora arque com as consequências. 5 - Mas há pregadores de várias religiões que garantem que Deus existe, mas o inferno não existe! 6 - E há os ateus que garantem que o Criador não existe, e, portanto, não existe nem Céu ou Inferno: somos como peixes, bois, vacas, baratas, formigas, ursos e águias e beija-flores que vivem e morrem e … pronto: acabou. 7 - Concluindo: o antes, o durante e o depois continua um mistério para o ser humano.

Então CREMOS ou NÃO CREMOS; decidimos ou não; é há quem simplesmente vive!

***

Os milhões de pregadores que passam anos tentando salvar-se ou salvar bilhões de outros para o aqui e para o depois sobem a púlpitos e entraram na internet para CONVERTER FIÉIS para a verdade que, quase sempre é sua verdade e que sempre será parcial. Mas gritam e falam de maneira absoluta!

É aí que a maioria dos pregadores escorrega quando o EU CREIO é substituído pelo EU SEI E TENHO CERTEZA e O CRIADOR de TUDO me disse toda a verdade!

Exceto Jesus, assim cremos, nenhum ser humano conhece toda a verdade. Então os pregadores radicais estão todos blefando. Não sabem o que dizem saber. São João diz isto em Jo 21,25. Confira!

Ao invés de ler e meditar seus grandes livros (Bíblia ou ALCORÃO) milhões de fiéis engolem alguns trechos selecionados e ficam com apenas o que lhes interessa para fazer novos discípulos.

***

Há pessoas que param DE pensar ao invés de parar PARA pensar e então decidem que tudo era, foi, é e será como eles imaginam. Mas imaginar é uma coisa e crer, raciocinar e aprofundar é outra!

_______________________________________________________________________________
                                                                                   Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Papa Francisco na mensagem para a Quaresma:

em Jesus Cristo
somos conservados na esperança que não engana

Na mensagem para a Quaresma deste ano intitulada "Caminhemos juntos na esperança", Francisco recorda que "caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos".

Foi divulgada, na terça-feira (25/02), a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2025 intitulada "Caminhemos juntos na esperança".

"Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma", escreve Francisco, reiterando o convite da Igreja, mãe e mestra, a "preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte". "Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, Seu Filho amado: a vida eterna".

Quaresma enriquecida pela graça do Ano Jubilar

"Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar", o Papa oferece algumas reflexões sobre "o que significa caminhar juntos na esperança" e evidencia "os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades".

Em primeiro lugar, caminhar. "O lema do Jubileu – “Peregrinos de Esperança” – traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no livro do Êxodo: a difícil passagem da escravidão para a liberdade, desejada e guiada pelo Senhor, que ama o seu povo e sempre lhe é fiel. Não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para seus entes queridos".

De acordo com Francisco, "aqui, surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode perguntar-se: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, a fim de descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante".

Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja

"Em segundo lugar, façamos esta viagem juntos. Caminhar juntos, ser sinodal, é esta a vocação da Igreja. Os cristãos são chamados a percorrer o caminho em conjunto, jamais como viajantes solitários. O Espírito Santo impele-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro de Deus e dos nossos irmãos, e nunca a fechar-nos em nós mesmos", ressalta o Pontífice. "Caminhar juntos significa ser tecelões de unidade, partindo da nossa dignidade comum de filhos de Deus; significa caminhar lado a lado, sem pisar ou subjugar o outro, sem alimentar invejas ou hipocrisias, sem deixar que ninguém fique para trás ou se sinta excluído. Sigamos na mesma direção, rumo a uma única meta, ouvindo-nos uns aos outros com amor e paciência", escreve o Papa no texto.

De acordo com Francisco, "nesta Quaresma, Deus nos pede que verifiquemos se nas nossas vidas e famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos apenas para as nossas próprias necessidades".

O Papa nos convida a perguntar "diante do Senhor se somos capazes de trabalhar juntos a serviço do Reino de Deus, como bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da comunidade ou se as mantemos à margem. Este é o segundo apelo: a conversão à sinodalidade".

Horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal

Em terceiro lugar, Francisco nos convida a fazer "este caminho juntos na esperança de uma promessa. A esperança que não engana, mensagem central do Jubileu, seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Como o Papa Bento XVI nos ensinou na Encíclica Spe salvi, «o ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o faz exclamar: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”». Jesus, nosso amor e nossa esperança, ressuscitou e, vivo, reina glorioso. A morte foi transformada em vitória e aqui reside a fé e a grande esperança dos cristãos: na ressurreição de Cristo!"

"Eis o terceiro apelo à conversão: o da esperança, da confiança em Deus e na sua grande promessa, a vida eterna", escreve o Papa, convidando a nos perguntar: "Estou convicto de que Deus me perdoa os pecados? Ou comporto-me como se me pudesse salvar sozinho? Aspiro à salvação e peço a ajuda de Deus para a receber? Vivo concretamente a esperança que me ajuda a ler os acontecimentos da história e me impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás?"

Francisco conclui a mensagem, afirmando que "graças ao amor de Deus em Jesus Cristo, somos conservados na esperança que não engana. A esperança é “a âncora da alma”, inabalável e segura. Nela, a Igreja reza para que «todos os homens sejam salvos» e anseia estar na glória do céu, unida a Cristo, seu esposo. Que a Virgem Maria, Mãe da Esperança, interceda por nós e nos acompanhe no caminho quaresmal".

____________________________________________________________________________________
                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Catequese do Papa Francisco:

“farejar” a presença de Deus na pequenez

Impossibilitado de conduzir a Audiência Geral devido à internação hospitalar, o Papa Francisco disponibilizou o texto da catequese desta quarta-feira, 26 de fevereiro. No texto, o Pontífice desenvolve uma reflexão sobre a Apresentação de Jesus no Templo e convida a ser como Simeão e Ana, “peregrinos da esperança”, com olhos límpidos, capazes de ver além das aparências.

Sala Paulo VI durante uma Audiência Geral  (Vatican Media)

A catequese do Papa Francisco preparada para a Audiência Geral que estava prevista para esta quarta-feira, 26 de fevereiro, na Sala Paulo VI, mas cancelada por causa da internação do Pontífice no Hospital Agostino Gemelli, foi publicada pela Sala de Imprensa da Santa Sé. 

O texto dá continuidade ao ciclo de catequeses jubilar sobre "Jesus Cristo, nossa esperança: A infância de Jesus" com ênfase na Apresentação de Jesus no Templo.

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje contemplamos a beleza de “Jesus Cristo, nossa esperança” (1 Tm 1,1) no mistério de sua apresentação no Templo.

Nos relatos da infância de Jesus, o evangelista Lucas nos mostra a obediência de Maria e José à Lei do Senhor e a todas as suas prescrições. Na realidade, em Israel não havia a obrigação de apresentar a criança no Templo, mas quem vivia da escuta da Palavra do Senhor e desejava conformar-se a ela, considerava essa prática preciosa. Foi o que fez Ana, mãe do profeta Samuel, que era estéril; Deus ouviu sua oração e, tendo tido seu filho, o levou ao templo e o ofereceu para sempre ao Senhor (cf. 1Sm 1,24-28).

Lucas narra, portanto, o primeiro ato de adoração de Jesus, um ato celebrado na cidade santa, Jerusalém, que será a meta de todo o seu ministério itinerante a partir do momento em que tomará a firme decisão de ir até lá (cf. Lucas 9,51), rumo ao cumprimento da sua missão.

Maria e José não se limitam a inserir Jesus numa história de família, de povo, de aliança com o Senhor Deus. Eles cuidam da sua proteção e do seu crescimento, e o introduzem na atmosfera da fé e do culto. E eles mesmos crescem gradualmente na compreensão de uma vocação que os supera em grande medida.

No Templo, que é “casa de oração” (Lc 19,46), o Espírito Santo fala ao coração de um homem idoso: Simeão, membro do povo santo de Deus, preparado para a espera e a esperança, que alimenta o desejo do cumprimento das promessas feitas por Deus a Israel por meio dos profetas. Simeão sente a presença do Ungido do Senhor no Templo, vê a luz que brilha no meio dos povos imersos “nas trevas” (cf. Is 9,1) e vai ao encontro daquele menino que, como profetiza Isaías, “nasceu para nós”, é o filho que “nos foi dado”, o “Príncipe da Paz” (Is 9,5). Simeão abraça aquele menino que, pequeno e indefeso, repousa em seus braços; mas é ele, na realidade, que encontra o consolo e a plenitude de sua existência ao abraçá-lo. Ele expressa isso num canto cheio de comovente gratidão, que na Igreja se tornou a oração do fim do dia:

«Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra, porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos: como luz para iluminar as nações e para a glória do vosso povo de Israel» (Lc 2,29-32).

Simeão canta a alegria de quem viu, de quem reconheceu e pode transmitir aos outros o encontro com o Salvador de Israel e dos gentios. Ele é testemunha da fé, que recebe como dom e comunica aos outros; ele é testemunha da esperança que não desilude; é testemunha do amor de Deus, que enche o coração do homem de alegria e paz. Cheio desta consolação espiritual, o idoso Simeão vê a morte não como o fim, mas como realização, como plenitude, ele a espera como uma “irmã” que não aniquila, mas introduz na verdadeira vida que ele já anteviu e na qual acredita.

Naquele dia, Simeão não é o único que vê a salvação que se fez carne no menino Jesus. O mesmo acontece com Ana, mulher com mais de oitenta anos, viúva, totalmente dedicada ao serviço no Templo e consagrada à oração. Com efeito, ao ver o menino Ana celebra o Deus de Israel, que redimiu o seu povo precisamente naquele menino, e conta-o aos outros, propagando generosamente a palavra profética. Assim, o cântico da redenção de dois anciãos liberta o anúncio do Jubileu para todo o povo e para o mundo. No Templo de Jerusalém reacende-se a esperança nos corações, porque nele entrou Cristo, nossa esperança!

Queridos irmãos e irmãs, imitemos também nós Simeão e Ana, “peregrinos da esperança” que têm olhos límpidos capazes de ver além das aparências, que sabem “farejar” a presença de Deus na pequenez, que conseguem receber com alegria a visita de Deus e reacender a esperança no coração dos irmãos e irmãs.

____________________________________________________________________________________
                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Atente para essa verdade:

Sem diálogo e interação você não sobreviveria!

Pe. Zezinho, scj |||||||||||||||||||||||||||||||

________________________________

O que seria das nuvens sem as águas do mar?

O que seria dos rios sem as nuvens?

O que seria do mar sem as águas de todos os rios?

O que seria das praias, se o mar se recuasse?

O que seria das nascentes sem as águas das florestas?

O que seria das cidades sem o campo?

O que seria do campo sem as cidades?

****

E há gente que vive rejeitando o diálogo religioso, social, político e familiar!

Sem os outros nem sequer estaríamos aqui para fazer oposição a quem quer que seja.

A vida consiste num gigantesco e continuado diálogo entre pequenos e grandes e entre desconhecidos que cruzam estradas e avenidas, entre estranhos e próximos.

Aqueles instrumentos que você tem na mão ou na cozinha foram fabricados num outro continente, mas o alumínio, o aço e o ferro foram extraídos aqui, importados pelos outros e voltaram para você usar na sua casa ou no seu carro!

****

E você ainda acha que o diálogo é uma grande bobagem?

Talvez o bobalhão seja você que ainda não descobriu que você mesmo veio dos outros e até agora não sobreviveu sem os outros!

A água que você bebe na torneira foi beneficiada por vários desconhecidos. E você a bebe sem saber quem a purificou!… Se a bebesse do rio correria o risco de parar no hospital se não lhe acontecesse coisa pior!

_______________________________________________________________________________
                                                                                   Fonte: facebook.com/padrezezinhoscj

Jornalista e biógrafo do Papa Francisco, Austen Ivereigh:

“Devemos estar pacientes, atentos e rezando sempre pelo Papa”

O jornalista e biógrafo do Papa Francisco, Austen Ivereigh, neste momento de preocupação com a saúde do Santo Padre, assinala vários aspetos que são legado deste pontificado, com especial destaque para a sinodalidade que promove uma cultura interna de fazer decisões através da participação dos fiéis.

Rui Saraiva – Portugal

Austen Ivereigh con Papa Francisco
Desde o passado dia 14 de fevereiro que as atenções mediáticas em todo o mundo passaram a olhar com insistência diária para o estado de saúde do Papa Francisco.

O Santo Padre regista uma “ligeira melhoria”, mas continua em “estado crítico” e com “prognóstico reservado”. Está internado no Policlínico Agostino Gemelli desde 14 de fevereiro, após uma nova crise asmática. A 18 de fevereiro, Francisco foi diagnosticado com uma pneumonia bilateral, na sequência de uma infeção polimicrobiana.

Oração e paciência

Na noite de 24 de fevereiro teve lugar na Praça de S. Pedro um momento de oração com a recitação do Terço, numa celebração que foi presidida pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano e na qual estiveram presentes os cardeais residentes em Roma, juntamente com os colaboradores da Cúria Romana e da diocese de Roma. Uma oração que se repetirá nos próximos dias.

Também a “Conferência Episcopal Portuguesa acompanha, com esperança e confiança em Deus, a situação de maior fragilidade da saúde do Papa Francisco” pedindo “oração particular e comunitária”, revela nota de imprensa.

Neste contexto de grande preocupação com a saúde do Papa, o jornalista e biógrafo do Santo Padre, Austen Ivereigh, aceitou formular uma analise desta situação. O autor de títulos como “Francisco, o Grande Reformador” e “O Pastor Ferido”, considera que “a terapia necessária para o Papa requer tempo”. “Devemos estar pacientes, atentos e rezando sempre pelo Papa”, assinala.

“Esta terapia necessária para o Papa requer tempo, portanto, é uma questão de paciência. Houve aqui em Roma uma especulação sobre a possibilidade de uma renúncia, mas eu acho que é bastante claro que o Papa está a lutar pela sua vida e estas semanas serão chave neste sentido. E devemos estar pacientes, atentos e rezando sempre pelo Papa”, salienta.

Reforma da Cúria pela comunhão e serviço

É com confiança na recuperação do Santo Padre deste problema de saúde que Austen Ivereigh refere alguns aspetos do pontificado de Francisco, assinalando, desde logo, a reforma da Cúria Romana.

“Eu acho que a reforma da Cúria tem tido bom acolhimento e a prova disso é que os bispos quando vêm a Roma dizem que a forma como são tratados é muito diferente de há quinze anos. Os Dicastérios que têm sido reorganizados por Francisco têm outra cultura: eles escutam os bispos e há um respeito e um trato muito mais eclesial. Ou seja, o Vaticano não atua como se fosse a sede de uma multinacional corporativa, mas é mais um centro de comunhão e de serviço à Igreja. E as reformas concretas estruturais e financeiras também têm tido êxito, já não temos os escândalos que tivemos no passado, mas há sempre mais para se fazer”, declara.

Clareza sobre meio ambiente e migrações

O meio ambiente e as migrações são temas sociais aos quais o Papa Francisco tem dado destaque numa atitude profética, refere Ivereigh, assumindo a importância de que a Igreja tenha uma posição muito clara sobre estes dois desafios.

“O destaque social do Papa sobre as migrações e o meio ambiente tem sido profético, como estamos a ver com o nacional-populismo, que estes são os dois temas transcendentes do mundo e é muito importante que a Igreja tenha uma posição muito clara sobre estes dois desafios”, salienta.

Sinodalidade, conversão da cultura interna da Igreja

Ivereigh, afirma, em particular, que a sinodalidade, promovendo uma cultura interna de fazer decisões, através da consulta, do envolvimento e da participação dos fiéis, é o grande legado de Francisco.

“Sobre a Igreja em geral eu acho que o grande legado de Francisco será a sinodalidade. A sinodalidade é uma conversão da cultura interna da Igreja que vai requerer muito tempo. É uma conversão que vai recuperar uma cultura e modo de atuação que era característica da Igreja na época apostólica e primitiva. E que Francisco tem recuperado para esta época de uma forma muito profética. Acho que não é fácil esta conversão de cultura. Tem tido resistências, mas eu acho que vai ser muito importante num conclave futuro, na eleição do sucessor de Francisco. A continuação deste projeto vai ser muito importante, sobretudo como sinal neste tempo de exaltação do poder. É muito importante que a Igreja represente uma outra forma de ser, uma cultura interna, uma forma de tratar-se mutuamente e de fazer decisões, através da consulta, do envolvimento e da participação dos fiéis”, sustenta.

Liderar dando espaço ao outro

O biógrafo do Papa Francisco sublinha também o estilo de liderança do Santo Padre que dá espaço ao outro, escutando e acompanhando.

“Eu diria que a forma como Francisco tem liderado a Igreja e tem interagido com o mundo, com o estilo de dar espaço ao outro, de escutar, de acompanhar, toda esta forma de tratamento humano, para mim, é muito importante”.

Austen Ivereigh lançou esta semana o livro “Antes de tudo pertencer a Deus. Exercícios espirituais com o Papa Francisco”. Uma obra com prefácio do próprio Papa.

Continuemos em oração pela saúde do Santo Padre.

Laudetur Iesus Christus

____________________________________________________________________________________
                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

Papa nomeia bispo auxiliar um sacerdote próximo de nós,

Mons. Hiansen Vieira Franco

Do clero de Guaxupé (MG), vinculada à Província Eclesiástica de Pouso Alegre, pertencente ao Regional Leste 2 da CNBB, no Estado de Minas Gerais.

Monsenhor Hiansen Vieira Franco tem 53 anos e 20 anos de sacerdócio. Desde 2023, é reitor do Seminário da Diocese de Guaxupé (MG), colaborador nos finais de semana nas paróquias Sagrada Família e Santo Antônio, em Machado (MG), professor e diretor-geral adjunto da Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG).

Monsenhor Hiansen Vieira Franco nasceu no dia 21 de maio de 1971, em Campestre (MG), Diocese de Guaxupé.

Estudos: cursou o Ensino Fundamental na Escola Municipal Campos, em Campestre (MG), e na Escola Estadual Professor José Félix em Potim (SP), o Ensino Médio na Escola Estadual Professora Paulina Cardoso, em Aparecida (SP). Após cursos de Filosofia e História na Universidade São Francisco de São Paulo (SP), obteve licenciatura plena em Filosofia e habilitou-se em História. Estudou Teologia no Instituto Teológico São José, em Pouso Alegre (MG). Na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, obteve licenciatura e doutorado em História da Igreja, de 2008 a 2014.

Foi ordenado presbítero no dia 3 de janeiro de 2004 para a Diocese de Guaxupé (MG). Após sua ordenação, ocupou os seguintes cargos:

Vigário paroquial da Paróquia São Sebastião, em Alpinópolis (MG), em 2004, administrador paroquial da Paróquia São Sebastião, em Areado (MG), de 2004 a 2005, reitor do Seminário da Diocese de Guaxupé, em Pouso Alegre (MG), de 2004 a 2008, vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Campestre (MG), de 2004 a 2008, e professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), de 2004 a 2008.

No período de 2008 a 2014, estudou em Roma, onde fez Licenciatura e Doutorado em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Ao voltar, foi pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Poços de Caldas (MG), de 2015 a 2018, e pároco da Paróquia São Domingos, em Poços de Caldas (MG), de 2018 a 2023.

Desde 2015, é professor de História da Igreja e Patrologia da Faculdade Católica de Pouso Alegre (Facapa), em Pouso Alegre (MG).

____________________________________________________________________________________
                                                                                                                    Fonte: vaticannews.va

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Reflita com dom Paulo Mendes Peixoto:

Viver com sabedoria

Dom Paulo Peixoto

A sabedoria é um dom inerente ao ser da pessoa. Dom divino, mas muitos a transformam em dom do mal. Usam das habilidades para chegar a vantagens desonestas, sem medir as consequências para si e para a sociedade. O destino das virtudes pessoais é construir o bem, aquilo que favorece a coletividade. Os frutos devem ser positivos à comunidade e à sociedade dos humanos. 

É insensatez querer o bem-viver pelo caminho do mal. Isto significa desvio na história pessoal, porque ninguém nasceu para ir contra si mesmo, sacrificando a própria sabedoria. Todas as pessoas têm qualidades boas, munidas de grande potencial para construir o bem, mas também o mal, porque somos como “vasos de barro”. Assim sendo, não construir o bem é prejudicar os demais. 

A sabedoria é natural nas pessoas, mas pode ser fortalecida e cultivada na trajetória educacional, tanto no uso das tecnologias modernas como na convivência e envolvimento social. Sabedoria que vem do coração, de onde brotam coisas boas e ruins. As reações da mente, do raciocínio, são equalizadas pelos sentimentos, que vêm de dentro, do pulsar do coração, como diz o profeta Isaías (cf. Is 16,11). 

A vida humana é constituída e sustentada como fruto e ação da sabedoria divina. Ela tem princípio de eternidade, apesar dos limites que a acompanham na realidade temporal. Sua construção acontece, aos poucos, nos envolvimentos de existência na terra. Tem categoria e forma próprias, quando de sua intimidade com o Criador, que acontece no encontro pessoal com Jesus Cristo. 

O verdadeiro sábio e mestre é Jesus Cristo, aquele que ensina com verdadeira sabedoria os caminhos da vida, principalmente ao apresentar a via das bem-aventuranças do Evangelho. Para Jesus, uma pessoa, quando cega, mesmo com muita sabedoria e habilidade na forma de agir, também por sair coisas boas de sua boca e de seu coração, não consegue guiar uma outra pessoa cega, ao caminhar. 

O exercício e a realização da justiça devem ser reflexo de sadia sabedoria, que tem como objetivo primeiro, cumprir as exigências próprias da verdade e a construção do bem comum. A prática da injustiça também pode ser considerada como consequência de um tipo de sabedoria, que passa por caminhos errados e escusos, não aquela sabedoria divina, destinada ao viver com sabedoria.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)

_____________________________________________________________________________________
                                                                                                                           Fonte: cnbb.org.br

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Cardeal Scherer:

pesquisa aponta
63% de católicos na região da arquidiocese de SP

E sem haver diferenciação entre aqueles do centro e da periferia da metrópole, complementa o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, em entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News. Os dados são de 2018, os mais atuais já divulgados, considerando que a pesquisa de caráter religioso do IBGE ainda não foi publicada. Uma "surpresa positiva" a estatística de 63% de católicos em SP, observa o cardeal.

A "presença inter-religiosa" no Brasil, afirmou o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, em entrevista a Silvonei José da Rádio Vaticano - Vatican News, é crescente. Na capital paulista, por exemplo, a comunidade de judeus é formada por 80 mil pessoas, como acontece em outras cidade maiores do país, seguidos por muçulmanos, budistas e hinduístas, por exemplo, através dos imigrantes. Dom Odilo destacou inclusive a retomada das tradições religiosas de matriz africana por parte de muitos brasileiros que "tinham sido cristãos e vão voltando, pouco a pouco, a aderindo às religiões não cristãs". Então, o quadro religioso no Brasil "vai se diversificando. Uma vez era praticamente só cristão e só católico", explicou o cardeal Odilo, ao fazer referência aos dados de uma pesquisa de campo realizada com mais de 20 mil pessoas durante o primeiro Sínodo Arquidiocesano, promovido de 2017 a 2023.

Sínodo Arquidiocesano de São Paulo

Os sínodos diocesanos, que reúnem clérigos, consagrados e leigos, são iniciativas já consagradas na Igreja ao longo dos séculos e fazem uma grande avaliação da vida e ação evangelizadora e pastoral da Igreja local. Entre as atividades do Sínodo Arquidiocesano de São Paulo, no ano de 2018, estava a celebração nas paróquias e comunidades, quando foi realizada a pesquisa sobre a situação religiosa e pastoral da Igreja nas bases, ou seja, nas 295 paróquias territoriais.

Em 2018, 63% são católicos em SP

O arcebispo Odilo Scherer, que presidiu o Sínodo Arquidiocesano, explicou à Rádio Vaticano-Vatican News que essa pesquisa não foi feita pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que ainda não publicou as informações atuais de caráter religioso. "Ainda estamos à espera, porque ainda não se tem, de fato, os dados de 2020 do ponto de vista religioso", acrescentou o purpurado. A pesquisa arquidiocesana foi "organizada cientificamente e coordenada por técnicos da Pontifícia Universidade Católica":

"A pesquisa não foi feita nas igrejas, mas na rua, com orientação técnica de pesquisa social e batendo de porta em porta. Ao todo, foram respondidos quase 22 mil questionários de 112 perguntas. Entre os quais, pouco mais de 15 mil são questionários respondidos por católicos e outros quase 7 mil por não católicos. Os dados são muito reveladores. As perguntas sempre foram feitas no intuito de tentar conhecer a realidade objetiva e subjetiva de modo que as pessoas pudessem se expressar, por exemplo, sobre o motivo por que estão na Igreja ou por que abandonar a Igreja ou o que os atrai na Igreja ou o que falta na Igreja e, assim por diante, se batizam os filhos ou não ou por que não os batiza."

“No seu todo, essa pesquisa é muito reveladora sobre a situação religiosa na metrópole. Algumas surpresas positivas nós tivemos, por exemplo:  a estatística de que, em São Paulo, em 2018, ainda 63% da população da arquidiocese é católica.”

O arcebispo de São Paulo complementou que os dados da pesquisa não fazem diferenciação entre os católicos do centro e da periferia, porque "muitas vezes se diz que o centro é católico e a periferia não é católica. Não é verdade. Em São Paulo isso não se traduz concretamente. A periferia também é católica, não é que está toda entregue a outros grupos religiosos". A questão religiosa-social "não evolui matematicamente, é um fenômeno social que tem surpresas, que muda, que é dinâmico e não segue necessariamente a mesma lógica no correr do tempo", observou o cardeal.

Como é o acolhimento na Igreja católica?

A pesquisa também mostrou que - sempre em 2018 - "quase 20% dos que se diziam católicos, não tinham sido católicos em 2007, 10 anos antes". Esse dado, "impressionante e que precisa ser estudado", comentou o cardeal, foi revelado através de uma questão objetiva no questionário. O arcebispo também abordou sobre as motivações de se deixar a Igreja católica:

"Em geral, os católicos que deixam a Igreja não a deixam por questões doutrinais. Um pequeno grupo sim, mas a maioria não é por questões doutrinais, é muito mais por questões de relacionamento por quem representa a Igreja: com a paróquia, com o padre, com quem atende na paróquia, a maneira como são acolhidos ou não são acolhidos, como são atendidos ou não são atendidos. A atenção às pessoas nos momentos de dor e de dificuldade, quando as pessoas buscam e acabam não encontrando a resposta na Igreja católica, acabam buscando e recebendo em algum outro lugar e, naturalmente, passam para aquele outro lugar, aquela outra comunidade religiosa e deixam a Igreja católica, porque na Igreja católica acabaram não encontrando aquilo que precisavam. E, em outro lugar, encontraram. Então, mais uma vez, se questiona a nossa forma de fazer."

E o cardeal acrescentou: "as paróquias não podem se tornar espaços apenas burocráticos ou de consumo religioso", mas um espaço de manisfestação de proximidade, presença e acompanhamento da vida, como é da missão da Igreja. Esse acolhimento, observou ainda dom Odilo, deve acontecer nas bases, em cada diocese através da iniciativa do bispo e dos seus colaboradores e envolvendo as comunidades. Uma preocupação que também sempre volta a ser analisada durante as assembleias do episcopado brasileiro.

O batismo das crianças em SP

Além da relação das pessoas com a Igreja, a pesquisa também indagou sobre a participação nas iniciativas pastorais e caritativas, o modo como se informam sobre a Igreja e o acesso aos sacramentos. A respeito do Batismo, na pesquisa de 2018 "ficou claro que mais ou menos a metade das crianças que nascem em lares católicos já não são batizadas". O motivo? "Os pais já não vão à igreja e os filhos já não são batizados. Os pais não casaram na igreja, não praticam a fé e não batizam os filhos. Outra questão, de origem protestante, é esperar para decidir mais tarde se quer batizar, se quer ser batizado, se quer ir para uma outra outra religião. E essa é uma atitude cômoda", afirmou o cardeal, por isso "há muito que se trabalhar na motivação para que a fé seja transmitida em família e desde a primeira infância".

A esperança do Ano Jubilar

Ao finalizar a entrevista, o cardeal brasileiro compartilhou o desejo de que a proposta do Ano Jubilar "ajude a melhorar o nosso mundo e a nossa Igreja a partir da ótica da esperança". E "que aconteçam muitas conversões. Que muitas pessoas se reaproximem de Deus e da Igreja".

Silvonei Protz e Andressa Collet - Vatican News

____________________________________________________________________________________
                                                                     Fonte: vaticannews.va       Fotos: osaopaulo.org.br