Naqueles dias, o homem fez-me voltar até a entrada do templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do templo, a sul do altar. Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte e fez-me dar uma volta por fora até a porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. Aonde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida aonde chegar o rio. Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão, e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento, e suas folhas serão remédio”.
- Os braços de um rio vêm trazer alegria / à cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
- Os braços de um rio vêm trazer alegria / à cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
1. O Senhor para nós é refúgio e vigor, / sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; / assim não tememos se a terra estremece, / se os montes desabam, caindo nos mares.
2. Os braços de um rio vêm trazer alegria / à cidade de Deus, à morada do Altíssimo. / Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! / Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
3. Conosco está o Senhor do universo! / O nosso refúgio é o Deus de Jacó! / Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus † e a obra estupenda que fez no universo: / reprime as guerras na face da terra.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos, vós sois lavoura de Deus, construção de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, eu coloquei – como experiente mestre de obra – o alicerce, sobre o qual outros se põem a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está aí, já colocado: Jesus Cristo. Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Ele respondeu: “Destruí este templo, e em três dias o levantarei”. Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário, e tu o levantarás em três dias?” Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Na festa da dedicação da basílica do Latrão, em Roma, celebram-se, de fato, as catedrais de todas as dioceses do mundo. A basílica do Latrão foi a primeira catedral do mundo. Igreja catedral é a Igreja do bispo do lugar. A igreja dedicada a S. João Batista e a S. João Evangelista, no morro do Latrão, em Roma, foi durante muito tempo a igreja do bispo de Roma, o papa. E como o papa exerce a “presidência da caridade” entre os bispos do mundo inteiro, a igreja catedral do Latrão simboliza todas as dioceses.
Mas o que se celebra não são templos de pedra e sim os templos do Espírito, as comunidades dos fiéis. A liturgia de hoje se refere continuamente ao templo de pedras vivas, que são as comunidades cristãs, e ao templo que é o corpo de Cristo, ressuscitado, que substitui o templo do antigo Israel.
O evangelho deixa isso bem claro. Conforme Jo, já no início de sua atuação pública, Jesus chega a Jerusalém por ocasião de uma romaria pascal e expulsa do templo não só os abusos (como descrevem os outros evangelistas, Mt 21,12-13 par.), mas os próprios animais do sacrifício. Em outros termos: expulso o culto do templo. E quando as autoridades lhe pedem um sinal profético que possa respaldar tal gesto inimaginável, Jesus aponta o sinal que só depois (2,22) os discípulos vão conhecer: o sinal de sua ressurreição. O templo antigo pode ser destruído (como de fato ele foi, em 70 d.C., alguns anos antes de João escrever seu evangelho), mas Jesus “fará ressurgir” um novo templo em três dias: o templo de seu corpo, de sua pessoa. Jesus é templo, santuário, lugar de culto a Deus, de encontro com Deus. Nele, a Palavra de Deus armou tenda entre nós (Jo 1,14). Nele também é oferecido a Deus o único culto da nova Aliança, o dom da própria vida por amor.
Ora, ao templo que é Jesus associa-se o templo de pedras vivas que é a comunidade. A 1ª carta de Pedro apresenta uma bela homilia pascal, para os novos batizados, neste sentido. Eles devem se aproximar (termo do culto) da pedra rejeitada, Cristo, que pela ressurreição se tornou pedra angular, alicerce (cf. a “primeira pedra” de uma igreja). Eles são assim o edifício “espiritual” (= constituído pelo espírito, a força ativa de Deus, que ressuscitou também Jesus). E nessa comunidade é que se oferece o “sacrifício espiritual” (= promovido pelo Espírito de Deus), que é a prática da vida cristã (ler 1Pd 2,4-10 e Rm 12,1). Paulo (2ª leitura) usa uma imagem semelhante, ao falar de seu trabalho de fundação da igreja de Corinto. A comunidade é construção de Deus, morada do Espírito. O alicerce, posto pelo próprio Paulo, é Cristo. Adiante, ao proscrever a imoralidade sexual, ele aplica essa mesma imagem ao comportamento pessoal dos fiéis (1Cor 6,19).
A abertura dessas imagens é fornecida pela “utopia de Ezequiel”, na qual aparece a descrição do novo templo, a ser construído quando os exilados da Babilônia voltarem à Judéia (1ª leitura). Ezequiel vê a fonte do templo (o riacho do Gion) como um rio caudaloso que saneia as águas e as margens e até o Mar Morto… Um símbolo da salvação que deve fluir do novo templo. Pela “lógica da liturgia”, isso se aplica a Cristo e à sua comunidade (cf. Jo 7,37-39). A comunidade de Jesus deve ser a edificação de Deus da qual sai a água salvadora para a humanidade.
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
_________________________________________________ Fonte: franciscanos.org.br Banners: vaticannews.va/ Frei Fábio M. Vasconcelos
“Se
vocês querem cultivar a paz, cuidem da Criação”
“Em um mundo em
chamas, tanto pelo aquecimento global quanto pelos conflitos armados”, esta
Conferência deve se tornar um sinal de esperança, destacou o Papa Leão na sua
mensagem lida pelo cardeal Parolin na COP30, em Belém. “Cuidar da criação
torna-se uma expressão de humanidade e solidariedade”.
Silvonei José –
Belém
“Se vocês querem
cultivar a paz, cuidem da Criação. Existe uma clara ligação entre a construção
da paz e a custódia da Criação”. Assim se pronunciou o secretário de Estado do
Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao ler a mensagem do Papa Leão XIV na 30ª Sessão
da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP30) em Belém, no Brasil. “Se, por um lado, nestes tempos
difíceis, a atenção e a preocupação da comunidade internacional parecem
concentrar-se principalmente nos conflitos entre as nações”, sublinha o Santo
Padre na sua mensagem, “por outro lado, cresce também a consciência de que a
paz é ameaçada também pela falta de respeito pela Criação, pela pilhagem dos
recursos naturais e pelo progressivo declínio da qualidade de vida devido às
alterações climáticas”.
Devido à sua
natureza global - continua a mensagem do Papa -, esses desafios colocam em
risco a vida de todos neste planeta e, portanto, exigem cooperação
internacional e um multilateralismo coeso e capaz de olhar para o futuro, que
coloque no centro a sacralidade da vida, a dignidade de cada ser humano dada
por Deus e o bem comum.
O Papa Leão na
sua mensagem destaca que “infelizmente, observamos abordagens políticas e
comportamentos humanos que vão na direção oposta, caracterizados pelo egoísmo
coletivo, pela falta de consideração pelo outro e pela miopia.
“Em um mundo em
chamas, tanto pelo aquecimento global quanto pelos conflitos armados”, esta
Conferência deve se tornar um sinal de esperança, através do respeito
demonstrado pelas ideias alheias na tentativa coletiva de buscar uma linguagem
comum e um consenso, deixando de lado interesses egoístas, tendo em mente a
responsabilidade uns pelos outros e pelas gerações futuras”.
Em seguida o
Santo Padre recorda que já na década de 1990, o Papa São João Paulo II destacou
que a crise ecológica é “um problema moral” e, como tal, “evidencia a urgente
necessidade moral de uma nova solidariedade, especialmente nas relações entre
os países em desenvolvimento e os países altamente industrializados.
Os Estados devem
mostrar-se cada vez mais solidários e complementares entre si na promoção do
desenvolvimento de um ambiente natural e social pacífico e saudável”.
O Papa então
destaca que “tragicamente, aqueles que se encontram em situações de maior
vulnerabilidade são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças
climáticas, do desmatamento e da poluição. Cuidar da criação, portanto,
torna-se uma expressão de humanidade e solidariedade.
Leão XIV afirmou
que deste ponto de vista, “é essencial traduzir as palavras e reflexões em
escolhas e ações baseadas na responsabilidade, justiça e equidade, a fim de
alcançar uma paz duradoura, cuidando da criação e do próximo”.
Além disso, -
continuou -, como a crise climática afeta a todos, as ações corretivas devem
envolver governos locais, prefeitos e governadores, pesquisadores, jovens,
empresários, organizações confessionais e ONGs.
Cardeal Parolin
Na sua mensagem
à COP30 o Papa Leão destaca ainda que há uma década, a comunidade internacional
adotou o Acordo de Paris, reconhecendo a necessidade de uma resposta eficaz e
progressiva à ameaça urgente das mudanças climáticas, mas infelizmente -
sublinhou -, temos que admitir que o caminho para alcançar os objetivos
estabelecidos nesse Acordo continua longo e complexo. Exortou então os Estados
Partes a acelerarem com coragem a implementação do Acordo de Paris e da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Uma recordação
também do Papa Francisco que 10 anos atrás assinou a Carta Encíclica Laudato
si’, na qual defendia uma conversão ecológica que incluísse todos, pois “[o]
clima é um bem comum, de todos e para todos. Em nível global, é um sistema
complexo relacionado a muitas condições essenciais para a vida humana”.
Na conclusão da
mensagem fez votos de que todos os participantes desta COP30, bem como aqueles
que acompanham ativamente os trabalhos, sejam inspirados a abraçar com coragem
esta conversão ecológica com pensamentos e ações, tendo em mente o lado humano
da crise climática.
Cardeal Parolin
Que essa
conversão ecológica inspire o desenvolvimento de uma nova arquitetura
financeira internacional centrada no ser humano, que garanta que todos os
países, especialmente os mais pobres e os mais vulneráveis às catástrofes
climáticas, possam alcançar seu pleno potencial e ver respeitada a dignidade de
seus cidadãos. Essa arquitetura deve também levar em conta a relação entre
dívida ecológica e dívida externa.
Que seja
promovida uma educação sobre a ecologia integral que explique por que as
decisões a nível pessoal, familiar, comunitário e político moldam o nosso
futuro comum, sensibilizando ao mesmo tempo para a crise climática e
encorajando mentalidades e estilos de vida que respeitem melhor a criação e
salvaguardem a dignidade da pessoa e a inviolabilidade da vida humana.
"Que todos
os participantes desta COP30 se comprometam a proteger e cuidar da criação que
nos foi confiada por Deus, a fim de construir um mundo pacífico", escreveu
o Papa.
O cardeal Paroli
finalizou a leitura da mensagem assegurando as orações do Santo Padre enquanto,
nesta COP30, tomam-se decisões importantes para o bem comum e para o futuro da
humanidade.
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
(Foto de Renan Dantas | Diocese de Juína)
Já no clima da COP 30 importa reafirmar uma questão vital para os que moram em cidades, proteger árvores, bosques urbanos é crucial para evitar a desertificação neste meio, e chegar assim ao nível 5 do protocolo do calor que será apresentado na Conferência do Clima.
Por diversos motivos: especulação imobiliária, projetos como autódromos, ou simplesmente dar visibilidade a centros comerciais tem levado a corte de árvores arbitrários e desmatamento urbano.
Nos preocupa e constitui um problema grave a insegurança pública derivada do crime, mas também a insegurança climática, os ciclones, enchentes, e deslizamentos são igualmente graves e como aconteceu em Petrópolis ceifam vidas por atacado.
A qualidade de vida urbana está sendo prejudicada pelo aumento das temperaturas junto a sua brusca descida configurando uma situação de risco para a saúde pública.
As árvores não são apenas uma questão de paisagismo urbano embora deem. Beleza e boniteza as cidades, mas um elo importantíssimo na trama e teia da vida, pois fortalecem ecossistemas e garantem a pureza e dinâmica respiratória.
As árvores são memórias históricas da vida de uma cidade, registros biológicos, e proteção a biodiversidade. Aplicar a serra elétrica sem discernimento e atendendo interesses lucrativos particulares, conforma um ecocídio, uma degradação da vida urbana. Imaginar que poderemos viver numa redoma de vidro artificial em meio a desertos consumindo oxigênio em máscaras será um futuro inviável para as cidades, um futuro sombrio, sem sol e brisas, e sem árvores.
Pensemos na morte por calor da jovem acontecida no show da cantora Taylor Swift no Rio de Janeiro e nos milhares de refugiados climáticos mundo afora e na própria cidade de Atafona invadida pelo mar, que estes sinais nos levem a uma aliança com a vida e uma proteção e inclusive plantio constante de árvores no meio urbano. Deus seja louvado!
Ao retomar o
tema do mistério pascal na catequese desta quarta-feira (05/11), Leão XIV
encorajou a "saborear e meditar sobre a alegria que vem depois da dor, de
revisitar sob uma nova luz todas as etapas que precederam a Ressurreição".
O Papa também enalteceu que "crer na Páscoa através da nossa caminhada
diária significa revolucionar as nossas vidas", porque a esperança cristã
é um remédio para a nossa fragilidade humana que nos ajuda a sair vitoriosos
dos grandes desafios da vida.
Mais um dia de
Praça São Pedro repleta de peregrinos para ouvir a catequese do Papa Leão XIV
na Audiência Geral desta quarta-feira (05/11). Retomando o tema sobre a
Ressureição de Cristo para cerca de 40 mil pessoas, o Pontífice afirmou que a
Páscoa de Jesus não é um evento passado. "A Igreja nos ensina a comemorar
a Ressurreição todos os anos no Domingo de Páscoa e todos os dias na celebração
eucarística", reforçou ele.
“O Mistério
Pascal é a pedra angular da vida do cristão, em torno da qual giram todos os
outros acontecimentos. Podemos dizer, então, sem qualquer pacifismo ou
sentimentalismo, que todos os dias são Páscoa.”
E de que forma
se vive a Ressurreição de Cristo diariamente, questionou o próprio
Pontífice, ao responder com a ajuda de uma "grande filósofa do século XX,
Santa Teresa Benedita da Cruz, nascida Edith Stein, que se aprofundou no
mistério da pessoa humana": diante da "busca dinâmica e constante da
realização", vivida através das mais variadas experiências de dores e
alegrias, "a mensagem da Páscoa é a notícia mais
bela" capaz de responder à busca de sentido que inquieta o nosso
coração e a nossa mente, de saciar a nossa sede de eternidade, explicou o Papa,
ao acrescentar:
"Os seres
humanos são movidos por um movimento interior, procurando um além que os atrai
constantemente. Nenhuma realidade contingente os satisfaz. Almejamos o infinito
e o eterno. Isto contrasta com a experiência da morte, antecipada pelo
sofrimento, pela perda e pelo fracasso."
Cerca de 40 mil peregrinos participaram da Audiência Geral (@Vatican Media)
A mensagem da
Páscoa é de cuidado e cura
O anúncio
pascal, ao atestar a vitória do amor sobre o pecado e da vida sobre a morte, é
remédio para a nossa fragilidade humana, disse o Papa, alimentando a esperança
de sair vitoriosos dos grandes desafios que a vida nos apresenta. O nosso
tempo, continuou Leão XIV, "marcado por tantas cruzes, clama pelo
alvorecer da esperança pascal" que "não desilude. Crer
verdadeiramente na Páscoa através da nossa caminhada diária significa
revolucionar as nossas vidas, sermos transformados para transformar o mundo com
a força mansa e corajosa da esperança cristã":
"E n’Ele,
temos a certeza de poder encontrar sempre a estrela polar para a qual dirigir
as nossas vidas aparentemente caóticas, marcadas por acontecimentos que muitas
vezes parecem confusos, inaceitáveis e incompreensíveis: o mal, nas
suas muitas facetas, o sofrimento, a morte, acontecimentos que afetam todos e
cada um de nós. Meditando sobre o mistério da Ressurreição, encontramos a
resposta para a nossa sede de sentido. Perante a nossa fragilidade humana, a
mensagem da Páscoa torna-se cuidado e cura, alimenta a esperança
no meio dos desafios assustadores que a vida nos apresenta diariamente, tanto
em nível pessoal como global."
“Na perspectiva
da Páscoa, a Via Crucis transfigura-se na Via Lucis. Precisamos saborear e
meditar sobre a alegria que vem depois da dor, de revisitar sob uma nova luz
todas as etapas que precederam a Ressurreição. A Páscoa não elimina a cruz, mas
vence-a no prodigioso duelo que mudou a história da humanidade.”
"Todos os dias são Páscoa" disse o Papa na catequese desta quarta-feira (@Vatican Media)
No mês de
novembro, o Papa dedica a sua intenção de oração às “pessoas que se debatem com
pensamentos suicidas”, para que “encontrem apoio” nas suas comunidades e “se
abram à beleza da vida”.
"Pela
prevenção do suicídio" é a intenção de oração do Papa Leão XIV para este
mês de novembro.
Na mensagem de
vídeo divulgada nesta terça-feira (04/11), o Santo Padre pede para apoiar,
acolher e acompanhar aqueles que lutam contra pensamentos suicidas. O vídeo foi
produzido e divulgado pela Rede Mundial de Oração do Papa, com o apoio da
Diocese estadunidense de Phoenix, Arizona, e a colaboração do Vatican Media.
Todos os anos
cerca de 720 mil pessoas tiram a própria vida
“Rezemos para
que as pessoas que se debatem com pensamentos suicidas encontrem na sua
comunidade o apoio, o cuidado e o amor de que necessitam e se abram à beleza da
vida.”
O suicídio é um
tema relevante na sociedade contemporânea: de acordo com a Organização Mundial
da Saúde, todos os anos, no mundo, cerca de 720 mil pessoas tiram a
própria vida, ou seja, pouco menos de 2 mil por dia. Mais da metade dos
suicídios globais (56%) ocorre antes dos 50 anos, sendo particularmente afetada
a faixa etária dos 15 aos 29 anos: para esta faixa etária, o suicídio é a
terceira causa de morte, e entre as adolescentes e jovens adultas é mesmo a
segunda. 73% das pessoas que se suicidam vivem em países de baixa e média
renda, mas as nações mais ricas não estão isentas do risco: nos Estados Unidos,
por exemplo, a taxa atual de suicídio é um terço maior do que a do ano 2000.
“Senhor Jesus,
Tu que convidas os cansados e oprimidos a virem a Ti e a descansarem no Teu
Coração, pedimos-Te neste mês por todas as pessoas que vivem na escuridão e no
desespero, especialmente por aquelas que lutam contra pensamentos suicidas. Que
sempre encontrem uma comunidade que as acolha, escute e acompanhe. Concede-nos
um coração atento e compassivo, capaz de oferecer conforto e apoio, bem como a
ajuda profissional necessária.”
Redescobrir que
a vida é um dom
À Igreja –
dioceses, paróquias, congregações religiosas, associações de fiéis – pede-se
que impeçam que o sofrimento das pessoas desesperadas, que sentem a tentação de
tirar a própria vida, se torne ainda mais insuportável pela solidão.
"Sabemos que aqueles que Te seguem também são vulneráveis à tristeza sem
esperança", diz o Papa na mensagem de vídeo. "Que saibamos estar
próximos, com respeito e ternura, ajudando a curar feridas, criar laços e abrir
horizontes", ressalta Leão XIV. "Que, juntos, possamos redescobrir
que a vida é um dom, que ainda há beleza e sentido, mesmo no meio da dor e do
sofrimento", diz ainda o Papa.
“Pedimos-Te que
sempre nos faças sentir o Teu amor para que, através da Tua proximidade
conosco, possamos reconhecer e proclamar a todos o amor infinito do Pai que nos
conduz pela mão para renovar a nossa confiança na vida que nos dás. Amém.”
Igreja, suicídio
e saúde mental
O Catecismo da
Igreja Católica (números 2280-2283) recorda que o suicídio contradiz o amor a
si mesmo, aos outros e a Deus; no entanto, graves perturbações psíquicas, a
angústia ou o medo severo da provação, do sofrimento ou da tortura podem
atenuar a responsabilidade pessoal. Ao mesmo tempo, convida a não desesperar da
salvação eterna daqueles que tiraram a própria vida, confiando-os à
misericórdia de Deus e à oração da comunidade.
A prática
eclesial atual é, em geral, muito respeitosa para com as pessoas que morreram
por suicídio, também porque, nos últimos anos, a Igreja tem aumentado
progressivamente a atenção à saúde mental, na oração e na pastoral. Isso é
confirmado pelo congresso internacional que terá início na quarta-feira, 5 de
novembro, em Roma, organizado pela associação dos Ministros Católicos para a
Saúde Mental (CMHM), com o patrocínio da Pontifícia Academia para a Vida. Por
ocasião desta intenção de oração de Leão XIV, pessoas de todo o mundo,
envolvidas na pastoral da saúde mental, irão se reunir durante três dias (5, 6
e 7 de novembro) na Sala Pio X (via dell'Ospedale, 1) para discutir como a
comunidade cristã pode acompanhar as pessoas que enfrentam problemas de saúde
mental, depressão, dor profunda, e prevenir, através da escuta e da
proximidade, o risco de suicídio.
Phoenix: um
compromisso diocesano para acompanhar e prevenir
As imagens do
vídeo deste mês foram filmadas na Diocese de Phoenix, no Arizona, que colocou o
tema da saúde mental entre as suas prioridades pastorais. Possui um gabinete
próprio para o ministério da saúde mental, oferece espaços de escuta, organiza
cursos de formação na comunidade, estabeleceu parcerias com organizações locais
e estruturas de saúde, celebra anualmente uma missa em memória das pessoas que
faleceram por suicídio, fornece orientações sobre como ajudar alguém que está
pensando em tirar a própria vida e promove campanhas para reduzir o estigma em
torno das doenças mentais.
“A intenção de
oração do Santo Padre para este mês, pelas pessoas que se debatem com
pensamentos suicidas e em particular para que encontrem nas suas comunidades o
apoio e o amor de que necessitam, está muito presente no meu coração”, comenta
o bispo de Phoenix, dom John Dolan. “Vivi em primeira pessoa o
doloroso caminho do luto por suicídio. Perdi o meu irmão Tom, as minhas
irmãs Terese e Mary e o meu cunhado Joe, todos mortos por suicídio. Há feridas
e mistérios que não podemos compreender. E, no entanto, temos esperança!
Confiamos num Pai amoroso que tem junto a si os nossos entes queridos e
contamos uns para os outros, caminhando juntos como companheiros de viagem. Se
você se sente despedaçado, se está lutando contra pensamentos suicidas, saiba
que você é profundamente amado e que a Igreja está aqui para você. Você não
está sozinho”, diz ainda dom John Dolan.
Escuta e oração
“O tema da
prevenção do suicídio – declara o padre Cristóbal Fones, diretor internacional
da Rede Mundial de Oração do Papa – interpela profundamente a Igreja. Não
é a primeira vez que uma intenção de oração destaca a fragilidade da saúde
mental: em novembro de 2021, o Papa Francisco pediu-nos para rezar
pelas pessoas que sofrem de depressão e, em abril de 2020, por aquelas que são
escravas de dependências, lembrando-nos de que a comunidade cristã é chamada a
cuidar também das feridas interiores. O Papa Leão XIV confirma e relança este
caminho: já indicou para outubro de 2026 uma intenção específica sobre a
pastoral da saúde mental, sinal da sua atenção a um tema crucial para a
sociedade atual.
A Igreja não
substitui os profissionais de saúde, psicólogos, médicos, terapeutas, mas pode
desempenhar um papel decisivo, oferecendo proximidade, escuta e esperança.
O documento do
Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado por Leão XIV, esclarece os títulos a
serem usados para Nossa Senhora. Pede-se também atenção especial para o título
de "Medianeira de todas as graças"
"Mater populi fidelis"é o título da Nota
doutrinária publicada esta terça-feira, 4 de novembro, pelo Dicastério para a
Doutrina da Fé. Assinada pelo Prefeito, cardeal Víctor Manuel Fernández, e pelo
secretário da seção doutrinária, monsenhor Armando Matteo, a Nota foi aprovada
pelo Papa em 7 de outubro passado. É fruto de um longo e articulado trabalho
colegiado. Trata-se de um documento doutrinal sobre a devoção mariana, com foco
na figura de Maria, associada à obra de Cristo como Mãe dos fiéis. A Nota
fornece um importante fundamento bíblico para a devoção a Maria, além de reunir
diversas contribuições dos Padres, dos Doutores da Igreja, dos elementos da
tradição oriental e do pensamento dos últimos Pontífices.
Dentro desse
quadro positivo, o texto doutrinal analisa diversos títulos marianos,
valorizando alguns deles e alertando para o uso de outros. Títulos como Mãe
dos fiéis, Mãe espiritual e Mãe do povo fiel são
particularmente apreciados pela Nota. O título de Corredentora, por sua
vez, é considerado impróprio e inadequado. O título de Mediadora é
considerado inaceitável quando assume um significado que é exclusivo de Jesus
Cristo, mas é considerado precioso quando expressa uma mediação inclusiva e
participativa que glorifica o poder de Cristo. Os títulos de Mãe da graça e Mediadora
de todas as graças são considerados aceitáveis em alguns
sentidos muito específicos, mas uma explicação particularmente ampla é oferecida em
relação aos significados que podem apresentar riscos.
Essencialmente,
a Nota reafirma a doutrina católica, que sempre enfatizou como tudo em Maria é
direcionado para a centralidade de Cristo e sua ação salvífica. Portanto,
embora alguns títulos marianos possam ser explicados por meio de uma exegese
correta, considera-se preferível evitá-los. Em sua apresentação, o cardeal
Fernández valoriza a devoção popular, mas adverte contra grupos e publicações
que propõem um desenvolvimento dogmático particular e levantam dúvidas entre os
fiéis, inclusive por meio das redes sociais. O principal problema, na
interpretação desses títulos aplicados à Virgem Maria, diz respeito à forma de
compreender a associação de Maria na obra da redenção de Cristo (3).
Corredentora
Em relação ao
título “Corredentora”, a Nota recorda que alguns Papas “usaram este título sem
se deterem para o explicar. Geralmente, apresentaram-no em relação à
maternidade divina e em referência à união de Maria com Cristo junto à Cruz
redentora. O Concílio Vaticano II decidiu não usar este título “por razões
dogmáticas, pastorais e ecuménicas”. São João Paulo II “usou-o, pelo menos em
sete ocasiões, ligando-o sobretudo ao valor salvífico do nosso sofrimento
oferecido ao lado do de Cristo, a quem Maria está unida especialmente aos pés
da Cruz” (18).
O documento cita
uma discussão interna na então Congregação para a Doutrina da Fé, que em
fevereiro de 1996 discutiu o pedido para proclamar um novo dogma sobre Maria
como “Corredentora ou Mediadora de todas as graças”. O parecer de Ratzinger era
contrário: “O significado preciso dos títulos não é claro e a doutrina neles
contida não está madura… Ainda não está claro como a doutrina expressa nos
títulos está presente nas Escrituras e na tradição apostólica”. Posteriormente,
em 2002, o futuro Bento XVI também se expressou publicamente da mesma forma: “A
fórmula ‘Corredentora’ distancia-se demasiadamente da linguagem das Escrituras
e da patrística e, portanto, causa mal-entendidos… Tudo vem d'Ele, como afirmam
sobretudo as Epístolas aos Efésios e aos Colossenses. Maria é o que é graças a
Ele.” O termo “Corredentora” obscureceria sua origem”. O cardeal Ratzinger,
esclarece a Nota, não negou que houvesse boas intenções e aspectos valiosos na
proposta de usar esse título, mas sustentou que se tratava de “terminologia
incorreta” (19).
O Papa Francisco
expressou sua posição claramente contra o uso do título Corredentora pelo menos
três vezes. O documento doutrinal a esse respeito conclui: “É sempre
inapropriado usar o título de Corredentora para definir a
cooperação de Maria. Esse título corre o risco de obscurecer a mediação
salvífica única de Cristo e, portanto, pode gerar confusão e desequilíbrio na
harmonia das verdades da fé cristã… Quando uma expressão requer inúmeras e
contínuas explicações para evitar que se afaste do significado correto, ela não
serve à fé do Povo de Deus e se torna inapropriada” (22).
Medianeira
A Nota enfatiza
que a expressão bíblica referente à mediação exclusiva de Cristo "é
peremptória". Cristo é o único Mediador (24). Por outro lado, destaca
"o uso muito comum do termo 'mediação' nas mais diversas esferas da vida
social, onde é entendido simplesmente como cooperação, assistência,
intercessão. Consequentemente, é inevitavelmente aplicado a Maria em um sentido
subordinado e de modo algum pretende acrescentar qualquer eficácia ou poder à
mediação única de Jesus Cristo" (25). Além disso – reconhece o documento –
"é evidente que houve uma mediação real de Maria para tornar possível a
verdadeira Encarnação do Filho de Deus em nossa humanidade" (26).
Mãe dos fiéis e
Mediadora de todas as graças
A função materna
de Maria "de modo algum obscurece ou diminui" a mediação única de
Cristo, "mas demonstra sua eficácia". Assim entendida, "a
maternidade de Maria não pretende enfraquecer a adoração única que é devida
somente a Cristo, mas antes estimulá-la". Devemos, portanto, evitar,
afirma a Nota, “títulos e expressões referentes a Maria que a apresentem como
uma espécie de 'para-raios' diante da justiça do Senhor, como se Maria fosse
uma alternativa necessária à misericórdia insuficiente de Deus” (37, b). O
título de “Mãe dos fiéis” permite-nos falar de “uma ação de Maria também em
relação à nossa vida de graça” (45).
Devemos, no
entanto, ter cuidado com expressões que possam transmitir “conteúdos menos
aceitáveis” (45). O cardeal Ratzinger explicou que o título de Maria
mediadora de todas as graças não se fundamenta claramente na Revelação
divina e, em consonância com essa convicção – explica o documento – podemos
reconhecer as dificuldades que acarreta tanto na reflexão teológica como na
espiritualidade” (45). De fato, “Nenhuma pessoa humana, nem mesmo os Apóstolos
ou a Virgem Santíssima, pode agir como dispensador universal da graça. Só Deus
pode dar a graça e o faz através da humanidade de Cristo” (53). Títulos
como Mediadora de todas as graças têm, portanto, “limitações que não
facilitam a correta compreensão do papel único de Maria. De fato, ela, que é a
primeira redimida, não pode ter sido a mediadora da graça que ela mesma
recebeu” (67). No entanto, reconhece por fim o documento, “a expressão
‘graças’, referindo-se ao apoio materno de Maria nos diferentes momentos da
vida, pode ter um significado aceitável”. O plural, de fato, expressa “toda a
ajuda, inclusive material, que o Senhor pode nos dar ao ouvir a intercessão da
Mãe” (68).
para o horizonte terreno, mas para além, para Deus.
"Caríssimos,
o amado Papa Francisco e nossos irmãos cardeais e bispos, por quem hoje
oferecemos o Sacrifício Eucarístico, viveram, testemunharam e ensinaram esta
esperança nova, pascal", disse Leão XIV em sua homilia na missa em
sufrágio do Papa Francisco e dos cardeais e bispos falecidos ao longo do ano.
O Papa Leão XIV
presidiu, na Basílica de São Pedro, na manhã desta segunda-feira (03/11), a
missa em sufrágio do Papa Francisco e dos cardeais e bispos falecidos ao longo
do ano, no âmbito da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
"Com grande
afeto, a oferecemos pela alma eleita do Papa Francisco, que faleceu após abrir
a Porta Santa e conceder a Bênção Pascal a Roma e ao mundo. Graças ao Jubileu,
esta celebração — para mim, a primeira — adquire um sabor especial: o
sabor da esperança cristã", disse Leão XIV no início de sua homilia.
"A Palavra
de Deus que ouvimos nos ilumina", sublinhou o Papa, ressaltando que ela
"o faz com um grande ícone bíblico que, poderíamos dizer, resume o
significado de todo este Ano Santo: a história dos discípulos de Emaús, em
Lucas".
"Ela
representa vividamente a peregrinação da esperança, que passa pelo encontro com
o Cristo ressuscitado. O ponto de partida é a experiência da morte, e em sua
pior forma: a morte violenta que mata o inocente" e deixa os discípulos
"desanimados, desencorajados e desesperados". "Quantas pessoas,
quantas crianças, ainda hoje sofrem o trauma dessa morte terrível, porque ela é
desfigurada pelo pecado", disse ainda o Papa.
Segundo Leão
XIV, "a essa morte não podemos e não devemos dizer "laudato
si'", porque Deus Pai não a quer e enviou seu próprio Filho ao mundo para
nos libertar dela. Está escrito: Cristo precisava sofrer essas coisas para
entrar na sua glória e nos dar a vida eterna. Só Ele pode suportar esta morte
corrupta sobre si e dentro de si sem ser corrompido por ela. Só Ele possui
palavras de vida eterna". "Confessamos isso com tremor aqui perto do
túmulo de São Pedro, e essas palavras têm o poder de reacender a fé e a
esperança em nossos corações", sublinhou.
Quando Jesus
toma o pão com suas mãos que tinham sido pregadas na cruz, pronuncia a bênção,
parte-o e o oferece, os olhos dos discípulos se abrem, a fé floresce em seus
corações e, com a fé, uma nova esperança. Sim! Não é mais a esperança que
tinham antes e que haviam perdido. É uma nova realidade, um dom, uma graça do
Ressuscitado: é a esperança pascal.
"Assim como
a vida de Jesus ressuscitado não é mais a mesma de antes, mas absolutamente
nova, criada pelo Pai com o poder do Espírito, também a esperança do cristão
não é uma esperança humana, não é nem a dos gregos nem a dos judeus; não se
baseia na sabedoria dos filósofos nem na justiça derivada da lei, mas única e
exclusivamente no fato de que o Crucificado ressuscitou e apareceu a Simão, às
mulheres e aos outros discípulos", disse ainda o Papa. "É uma
esperança que não olha para o horizonte terreno, mas para além, para Deus, para
aquela altura e profundidade de onde o Sol se elevou para iluminar aqueles que
jazem nas trevas e na sombra da morte", sublinhou. "Então, sim,
podemos cantar: “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã morte corporal”. O
amor de Cristo, crucificado e ressuscitado, transfigurou a morte: de inimiga,
tornou-a irmã, a suavizou. E diante da morte, não nos entristecemos como
aqueles que não têm esperança", disse Leão XIV, acrescentando:
É claro que
ficamos tristes quando uma pessoa querida nos deixa. Ficamos chocados quando um
ser humano, especialmente uma criança, um “pequenino”, um ser frágil, é
arrancado da vida por uma doença ou, pior, pela violência humana. Como
cristãos, somos chamados a carregar o peso dessas cruzes com Cristo. Mas não
estamos tristes como aqueles que não têm esperança, porque nem mesmo a morte
mais trágica pode impedir nosso Senhor de acolher em seus braços nossa alma e
transformar nosso corpo mortal, mesmo o mais desfigurado, à imagem de seu corpo
glorioso.
O Papa disse
ainda que "por essa razão, os cristãos não chamam os locais de
sepultamento de "necrópoles", isto é, "cidades dos mortos",
mas de "cemitérios", que significa literalmente
"dormitórios", lugares onde se repousa, aguardando a
ressurreição".
Caríssimos, o
amado Papa Francisco e nossos irmãos cardeais e bispos, por quem hoje
oferecemos o Sacrifício Eucarístico, viveram, testemunharam e ensinaram esta
esperança nova, pascal. O Senhor os chamou e os designou como pastores de sua
Igreja, e por meio de seu ministério — para usar a linguagem do Livro de Daniel
— eles “conduziram muitos à justiça”, ou seja, os guiaram no caminho do
Evangelho com a sabedoria que vem de Cristo, que se tornou para nós sabedoria,
justiça, santificação e redenção.
"Que suas
almas sejam purificadas de toda mancha e que brilhem como estrelas no céu. Que
a nós, ainda peregrinos na terra, chegue, no silêncio da oração, o seu
encorajamento espiritual", concluiu o Papa Leão.