quarta-feira, 28 de outubro de 2015









Papa na Audiência inter-religiosa:
A oração é a nossa força

Cidade do Vaticano (RV) – A Audiência Geral desta quarta-feira (28/10) foi dedicada aos 50 anos da Declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II, sobre as relações da Igreja Católica com as religiões não-cristãs.
A chuva que se abateu sobre a capital minutos antes da Audiência não impediu que milhares de peregrinos comparecessem à Praça S. Pedro. Além de fiéis católicos, havia delegações de outras religiões, a quem o Pontífice saudou no início de sua catequese.
De fato, a Declaração foi solenemente votada e aprovada pelos Bispos do Concílio no dia 28 de outubro de 1965. O Papa ressaltou os motivos pelos quais a mensagem da Nostra Aetate é sempre atual. Entre eles, de que a Igreja estima os fiéis de todas as religiões, apreciando seu empenho espiritual e moral e que está aberta ao diálogo com todos.
Francisco mencionou ainda os inúmeros eventos e iniciativas empreendidas com as religiões não cristãs nos últimos 50 anos, citando um de modo especial: o Encontro de Assis de 27 de outubro de 1986, promovido por S. João Paulo II. “A chama, acesa em Assis, se estendeu a todo o mundo e constitui um permanente sinal de esperança”, disse o Papa.
Cristãos, judeus e muçulmanos
De todos os frutos positivos da Declaração, o Pontífice destacou a transformação ocorrida nas relações entre cristãos e judeus.
Conhecimento, respeito e estima recíprocas: base para o relacionamento
“Indiferença e oposição tornaram-se colaboração e benevolência. De inimigos e estranhos, nos tornamos amigos e irmãos. O Concílio traçou o caminho: ‘sim’ ao redescobrimento das raízes hebraicas do Cristianismo; ‘não’ a toda forma de antissemitismo e condenação de toda de toda injúria, discriminação e perseguição que derivam.”
O conhecimento, o respeito e a estima recíprocas, prosseguiu o Pontífice, são a base para as relações com outras religiões. De modo especial, falou dos muçulmanos, que se referem à paternidade de Abraão, veneram Jesus como profeta, honram Maria e praticam a oração, as esmolas e o jejum.
Diálogo inter-religioso
“O respeito recíproco é condição e, ao mesmo tempo, fim do diálogo inter-religioso”, recordou Francisco, afirmando que o mundo olha para os fiéis pedindo respostas efetivas a inúmeros temas como a paz, a fome, a miséria, a crise ambiental, a violência e a corrupção.
“Nós fiéis não temos receitas para esses problemas, mas temos um grande recurso: a oração. A oração é o nosso grande tesouro, ao qual nos dirigimos segundo as respectivas tradições, para pedir os dons aos quais a humanidade anseia.”
Terrorismo
Para Francisco, por causa da violência e do terrorismo, se difundiu uma atitude de suspeita ou até mesmo de condenação das religiões. Não obstante nenhuma religião esteja imune ao risco do fundamentalismo e do extremismo, o Papa ressalta os valores positivos que cada um vive e propõe. O diálogo, afirma o Pontífice, pode levar à colaboração em tantos campos, sobretudo no serviço aos pobres, aos excluídos, no acolhimento dos migrantes e no combate à pobreza..
“O Jubileu Extraordinário da Misericórdia é uma ocasião propícia para trabalhar juntos no campo das obras de caridade. E neste campo, podem se unir a nós tantas pessoas que não se sentem fiéis ou que estão em busca de Deus e da verdade”, convidou Francisco, recordando ainda o compromisso em prol da preservação da natureza. E concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, quanto ao futuro do diálogo inter-religioso, a primeira coisa que devemos fazer é rezar. Rezemos uns pelos outros. Somos irmãos. Sem o Senhor, nada é possível; com Ele, tudo se torna possível! Possa a nossa oração aderir plenamente à vontade de Deus, o Qual deseja que todos os homens se reconheçam irmãos e vivam como tais, formando a grande família humana na harmonia das diversidades.”
Saudações
Antes da catequese, o Santo Padre saudou os doentes que participaram da Audiência na Sala Paulo VI, devido ao tempo instável. Na sequência, tomaram a palavra os Presidentes dos Pontifícios Conselhos para o Diálogo Inter-religioso, Card. Jean-Louis Tauran, e para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Card. Kurt Koch, que leram uma saudação ao Papa pelos 50 anos da Declaração conciliar. Eles estavam acompanhados pelos participantes do Congresso Internacional sobre a Declaração, em andamento na Pontifícia Universidade Gregoriana. Entre eles, membros do Congresso Judaico Mundial. (BF)
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