Caminhar juntos
Cidade do
Vaticano (RV) – Conclui-se neste domingo, 25 de outubro, com a Santa Missa
presidida pelo Papa Francisco, o longo caminho sinodal dedicado à família, aos
desafios que deve enfrentar na era moderna, às esperanças para aquelas que têm
feridas profundas. Foram 3 semanas de intenso e profícuo trabalho. Semanas que
se seguiram ao Sínodo extraordinário do ano passado que também teve como centro
da atenção a família.
A Imprensa de
modo geral cumpriu a sua obrigação, seguindo com atenção as reflexões propostas
pelos Padres sinodais. Todavia, alguns meios de comunicação elevaram o tom tentando
criar uma espécie de via paralela dos temas debatidos, chegando a afirmar que
na Sala do Sínodo, muitos interlocutores dividiram os membros do Assembleia,
com posições rígidas e intransigentes sobre certos temas. Mas usando as
palavras pronunciadas tantas vezes por Francisco, “vamos evitar as fococas”,
elas fazem mal a todos.
Papa com Padres Sinodais |
Deixando de lado
as fofocas midiáticas, o Sínodo dos Bispos, com a sua grande característica de
um mosaico a ser completado, trouxe ao Vaticano o pensamento, a reflexão, as
angústias e esperanças de pastores dos 5 continentes, que com suas
experiências, culturas e linguagens diferentes, demonstraram a unicidade, a
colegialidade, de uma Igreja viva e que caminha com o “Povo de Deus”.
Muitos apostaram
em mudanças radicais no que diz respeito a temáticas delicadas, como a comunhão
aos recasados e as uniões de pessoas do mesmo sexo. Mas desde o início, dos
debates, o Papa Francisco, grande incentivador do Sínodo, sempre deixou claro
que não era um encontro para mudar a doutrina da Igreja, mas sim um percurso
para identificar soluções e dar esperanças para muitas pessoas que vivem o
grande peso de uma falência no matrimônio.
Tivemos nos dias
de trabalhos sinodais um clima de grande envolvimento de todos os Padres
sinodais. O Papa Francisco pedira que se falasse de tudo com extrema liberdade:
“Não há nada de que não se possa falar”. E isso foi feito e de modo muito
construtivo, porque mostra uma Igreja viva, corresponsável e partícipe.
Do Sínodo sai a
constatação da beleza e do valor da família, uma resposta às exigências e aos
desafios do nosso tempo. Assim delineia-se um caminho pastoral muito concreto e
de acompanhamento para as famílias feridas, o que significa acolhimento de
todos, companhia da vida e da fé. Portanto, proximidade, escuta, partilha. Mas
também, empenho de integração para todos, a fim de que os carismas e os
ministérios de cada um sejam valorizados. E é na ótica desse caminho de
acompanhamento e de integração que deve ser avaliada também a diferente forma e
intensidade de participação de todos os batizados – especialmente daqueles que
vêm de famílias feridas – também na vida sacramental da Igreja.
Neste caminho
difícil e cheio de desafios se sobressai a misericórdia, que é o coração do
Evangelho: por isso a Igreja deve ser especialista em misericórdia. Quem quiser
contrapor verdade e misericórdia esquece que a verdade do Deus cristão é o amor
do Deus Trino: portanto, a misericórdia como centro, coração, ponto de início e
de orientação de tudo aquilo que vivemos. Como disse o Papa Francisco na Bula
‘Misericordiae Vultus’. Esse Sínodo deve procurar entender como este primado da
misericórdia pode ser aplicado em todas as formas de vida pastoral em relação à
família e, em particular, às famílias feridas.
Devemos recordar
sempre que os membros do Sínodo são bispos, os bispos são pastores e os
pastores são aqueles que estão a serviço de um povo que amam e que querem
conduzir a Deus. Se se considera isso, então a chave de leitura de muitas das
coisas, que a mídia por vezes forçadamente enfatiza, é colocada na justa
perspectiva e as coisas são melhor entendidas.
A estrada agora
é caminhar em profunda comunhão com o Papa Francisco, com o primado do
Evangelho e da graça, com a gradualidade do acompanhamento e da integração.
Agora com o Relatório Final, fruto do trabalho sinodal, que será apresentado ao
Papa será o Santo Padre a definir as formas em matéria concreta, porque o
presidente do Sínodo é ele. (Silvonei José)
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Fonte: radiovaticana.va
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