em coletiva sobre Sínodo dos Bispos
“As
recomendações do Sínodo devem nos interpelar, tanto padres, bispos e fiéis, de
como nós devemos hoje nos empenhar cada vez mais no cuidado e na atenção às
famílias e para com aqueles que estão se preparando para abraçar a vida
matrimonial”.
Foi o que disse
o cardeal arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis na manhã desta
terça-feira (27) durante coletiva de imprensa sobre o Sínodo dos Bispos, no
Seminário Bom Jesus, em Aparecida (SP). O cardeal que foi um dos
presidentes-delegados do Sínodo, que ocorreu de 04 a 25 de outubro, no
Vaticano, falou a jornalistas de diversos veículos por quase uma hora
explicando as questões mais debatidas pelos padres sinodais e encaminhadas ao
Santo Padre no Relatório Final.
Dom Raymundo Damasceno Assis |
O cardeal
explicou que o Sínodo não é a palavra do Papa, ele apenas funciona como
indicador de possíveis caminhos pastorais nas mais diversas questões que
afligem ou fazem parte da realidade familiar e que depois dessa fase, com a
aprovação do Relatório Final, é trabalho do Papa dar encaminhamento sobre os 94
parágrafos elencados do documento e, possivelmente, redigir uma exortação
apostólica pós-sinodal sobre tais discussões.
“Os padres
sinodais entregaram as conclusões, para que ele decida o que fazer com as
conclusões, Cabe a ele utilizar para uma eventual exortação apostólica
pós-sinodal, que se torne documento com o seu selo, válido como magistério da
Igreja, para toda a Igreja. O Sínodo não decide, ele apenas sugere, propõe e
faz recomendações. O Papa que depois toma decisão de dar encaminhamento a essas
conclusões” frisou dom Damasceno.
O cardeal
destacou os números 84, 85 e 86 do Relatório Final, que trata sobre a
participação dos casais em segunda união e que enfatiza a importância da busca
do “discernimento” e do favorecimento da “integração” dessas pessoas na
comunidade cristã.
“No documento,
em nenhum momento, fala-se de confissão ou comunhão dos casais que contraíram
uma segunda união, depois de ter se separado, mas dá algumas orientações muito
importantes que permitem dizer que a porta não esta fechada, a porta continua
aberta, continua objeto de reflexão, de estudo e de aprofundamento. Esses três
números tem como título ‘Discernimento e Integração’. É muito importante essas
duas palavras”, assinalou.
Dom Damasceno
explicou que ao atender com misericórdia e acolhimento esses casais, não
significa negar o caráter indissolúvel do sacramento do matrimônio, mas antes
uma forma da Igreja compreender essas realidades.
“A comunidade
cristã deve cuidar dessas pessoas, isso não significa enfraquecimento da
própria fé. A Igreja não está negando a indissolubilidade do matrimônio, não
significa enfraquecimento da fé dos demais casais, pelo contrário a Igreja quer
exprimir com isso a sua caridade, a sua misericórdia, o seu amor, o seu perdão
para com todas as pessoas, pois sabemos que a misericórdia de Deus não tem
limites”, sublinhou.
O cardeal falou
ainda que esses casais "não devem se sentir excomungados" da vida comunitária,
mas "podem viver e amadurecer como membros vivos da Igreja, sentindo a
Igreja como mãe que os acolhe sempre e cuida deles e os encoraja no caminho da
vida cristão e do Evangelho".
Dom Raymundo
também destacou uma das prioridades do Sínodo, a importância de uma preparação
para os casais que irão receber o matrimônio.
“A Igreja deseja
que as pessoas vivam o matrimônio como vocação. As pessoas não se casam, apenas
para realizar uma exigência jurídica, apenas por questão de tradição de
costumes, o casamento é vocação e se é vocação ele também tem uma missão a
cumprir no mundo. Como dizia o Papa João Paulo II: ‘o futuro da humanidade
passa pela família’. Isso implica em quê? Implica em preparação. O documento
fala em uma preparação remota que se faz desde o seio da família, onde as
crianças são educadas para os valores humanos e cristãos. Fala também da
preparação mais próxima e da preparação imediata, de modo que ao abraçar o
matrimônio, a pessoa tem que se preparar, como se prepara para qualquer vocação,
para qualquer missão”, analisou.
Junto a essa
discussão, o cardeal lembrou que muitas vezes os casais não tem uma preparação
adequada em vista do matrimônio. “Muitas vezes o que acontece com nossos
noivos, aqueles que querem se casar? Uma preparação de poucas horas. Para
assumir uma responsabilidade para a vida toda. Então, o Sínodo lembra a
importância dessa preparação dos noivos que vão abraçar o matrimônio, não como
eu disse como uma exigência meramente jurídica, ou por uma questão social,
tradicional, mas vão abraçar este estado de vida, como uma vocação, como um
chamado de Deus, que ele deve se entregar a uma amor pleno total, a seu esposo,
esposa, com um amor uno e indissolúvel aberto à vida e com uma grande
responsabilidade social, tanto na sociedade como na Igreja, e isso não pode ser
improvisado”, declarou.
O Relatório
Final do Sínodo dos Bispos sublinha especialmente a beleza da família, a Igreja
doméstica baseada no casamento entre homem e mulher, e reafirma a doutrina
da indissolubilidade do matrimônio sacramental como uma verdade fundada em
Cristo mas ressalva que verdade e misericórdia convergem em Cristo e, portanto,
convida ao acolhimento das famílias feridas.
O documento está
disponível até o momento no idioma italiano, no site da Santa Sé.
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Fonte: a12.com Foto: jovensconectados.org.br
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