sábado, 24 de outubro de 2015

Cardeal Bassetti: 
É um novo percurso, não se volta atrás

Cidade do Vaticano (RV) - Existem diferentes sensibilidades, porém, há uma grande harmonia nas discussões fundamentais, nos princípios, como estamos verificando nestes últimos dias de trabalho. A meu ver, está emergindo uma riqueza de material que depois será colocada nas mãos do Santo Padre, de modo que possa fazer um discernimento mais amplo.
É o que afirma o arcebispo de Perugia – região italiana da Úmbria –, Cardeal Gualtiero Basseti, comentando o clima do Sínodo ordinário dos bispos sobre a família, estes dias, na reta final.
“É preciso recordar a diferença entre Concílio ecumênico e Sínodo”, explica:
Cardeal Gualtiero Basseti
“O primeiro tem uma faculdade deliberativa, enquanto o Sínodo é somente propositivo. Daí, também, a grande liberdade que temos em nossas discussões, vez que a decisão final é colocada nas mãos do Papa. Foi ele mesmo quem nos recomendou a ‘parresia’ (franqueza, coragem, destemor, ndr), propriamente porque ela torna mais fácil a tarefa que deverá assumir.”
Meu parecer é de que neste Sínodo há uma comunhão de fundo que é dada justamente pela colegialidade entre os bispos, pela relação dos prelados com os sacerdotes e com os leigos. Porém, ao mesmo tempo, há também essa grande liberdade que, graças a Deus, nos permite discutir”, continua o purpurado.
Mais integração e acompanhamento
“A propósito do tema das chamadas famílias feridas, abordado na terceira parte do Instrumenum laboris, os percursos a serem desenvolvidos para ajudá-las, já acenados no texto, são dois: o acompanhamento e a integração.”
“Porém – explica –, ainda é preciso fazer muito para desenvolvê-los, porque o documento não estabelece o que realizar concretamente para permitir a integração.”
“Há, por exemplo, um alargamento da integração, até então unicamente no nível da caridade, do voluntariado, para o nível litúrgico e catequético.”
“Aí – explica o Cardeal Bassetti –, o campo se alarga, porque também um divorciado recasado, que reconheceu erros, poderia tornar-se um professor de religião ou uma testemunha da fé católica.”
“Também a nível de acompanhamento estamos muito atrasados”, acrescenta. “Hoje preparamos os jovens para a Crisma, e depois os perdemos todos. Somente alguns voltam no âmbito da preparação para o matrimônio e, mesmo assim, muitas vezes procuram não fazê-la totalmente. E depois, nesse caso, se dá um sacramento que implica compromisso tanto quanto o da ordem, porque tem um grande impacto social e de testemunho.”
Jovens: falta educação para a sexualidade
“Aí seria necessário mudar o sistema e acompanhar os jovens não somente antes da Crisma, mas também depois, envolvendo as famílias. Inclusive enfrentando com os jovens todos os problemas da afetividade e da sexualidade, algo que na Itália não se faz”, explica o arcebispo de Perugia.
“Nesse campo estamos no nível do ‘cada qual faça por conta própria’. Muitas vezes a escola não trata desse âmbito, e se trata, do jeito como faz, é melhor que não trate.” Os pais não tratam da questão, a paróquia também não, “e o resultado é que os jovens não são acompanhados”.
“A Igreja – conclui o cardeal – deve acompanhar os jovens até o matrimônio, e, sobretudo, preocupar-se mais em acompanhar os jovens casais de esposos. Porque os fracassos se dão sobretudo nos primeiros anos, é aí que se tem uma abordagem errada”.
O convite de Isaías
Segundo o Cardeal Bassetti, com os dois Sínodos e o Jubileu da Misericórdia que se iniciará em dezembro próximo, o Papa abriu um processo que prosseguirá por muito tempo.
“Não se volta atrás”, comenta o purpurado. “O Sínodo que desemboca no Jubileu é um gesto tal de abertura a todos, que realiza o trecho de Isaías: ‘Ó vós todos que tendes sede, vinde às águas’. A Igreja tem esse belíssimo depósito de graça e o quer verdadeiramente colocar na mão de seus filhos. E mesmo quem não tem nada é acolhido igualmente.” (RL)
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"Sínodo trará convite a discernir e compreender, sem julgar"
Cidade do Vaticano (RV) – O texto final do Sínodo dos Bispos “foi aprovado por unanimidade pela Comissão dos Dez chamada a verificar que tudo se realizasse na máxima transparência para apresentá-lo à Assembleia”: foi o que adiantou Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa, na coletiva concedida aos jornalistas no final da manhã de sábado (24/10). O texto foi lido inteiramente na Sala e será votado, ponto por ponto, na parte da tarde. 
Comunhão aos divorciados e discernimento
Dom Raymundo Damasceno presidirá sessão conclusiva
Sobre a hipótese de readmitir à comunhão os divorciados recasados, “o Relatório final não contém um ‘sim’ ou um ‘não’, mas um convite ao discernimento” das situações concretas, antecipou, na coletiva, o Cardeal Christoph Schoenborn, arcebispo de Viena. O documento vai propor critérios para o acompanhamento pastoral, não só para a comunhão, mas para todas as questões”.
“A palavra-chave é discernimento. Convido todos a pensar na palavra de São João Paulo II na ‘Familiaris consortio’, onde se fala da obrigação de exercer o discernimento porque as situações são diferentes e o Papa Francisco, com bom jesuíta, a aprendeu quando era jovem: neste caso, discernimento significa tentar entender a situação de uma pessoa ou de um casal”. 
Homossexualidade
A respeito da homossexualidade, o arcebispo de Viena adiantou que “não consta muito no texto e alguns ficarão desiludidos”.
“Constatamos duas coisas. O tema tocado neste documento é tratado sob o aspecto da família na qual existe a experiência de um irmão, uma irmã ou um tio homossexual. Como cristãos, como lidar com estas situações? Muitos disseram que por razões culturais ou políticas, o tema é delicado demais. No entanto, deixar este tema fora do documento não quer dizer que na Europa ou na América do Norte não seja um tema de Igreja, mas em nível de universalidade temos que respeitar a diversidade das situações políticas e culturais”. 
Em síntese, para o Cardeal Schoenborn, a mensagem principal é o próprio tema do Sínodo: Um grande ‘sim’ à família. “O êxito do Sínodo é justamente este: a família não é um modelo superado, passado; é a realidade mais fundamental da sociedade. Não há uma ‘rede’ mais segura em tempos difíceis do que a família, inclusive as feridas e recompostas”.
Dom Raymundo preside sessão conclusiva
Também estava presente na coletiva de imprensa o Cardeal Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, um dos Presidentes-delegados do Sínodo. Dom Raymundo salientou a necessidade de os governos oferecerem políticas públicas às famílias: “A família sozinha pode fazer pouco”, declarou.
Na expectativa da publicação do Relatório final, previsto para as 18h, ficou claro que em todas as situações, dos divorciados recasados aos jovens que têm receio de contrair o sacramento do matrimônio, as indicações são “atenção às famílias feridas; não julgar, discernir e compreender”. 
(CM)
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Papa ao final do Sínodo:
A Igreja deve proclamar a misericórdia e não aplicar condenações
Cidade do Vaticano (RV) – “Para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!”: palavras do Papa Francisco ao encerrar neste sábado os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a família.
Depois das palavras do Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que presidiu à 18ª Congregação Geral, do Secretário do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o Pontífice agradeceu a todos os participantes que “trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja”.
Francisco no final do Sínodo
Ao encerrar o Sínodo, disse o Papa, “não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família, mas que procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho”; “não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia”. Mas significa "que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família”.
O Pontífice ressaltou ainda as diferentes opiniões que se expressaram livremente – “e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos” – que enriqueceram e animaram o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa 'impressos prontos', mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.
Para Francisco, a experiência do Sínodo fez compreender melhor “que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus”.
“O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor”, acrescentou o Pontífice.
Leia a seguir a íntegra das palavras de Francisco:
Amadas Beatitudes, Eminências, Excelências, Queridos irmãos e irmãs!
Quero, antes de mais, agradecer ao Senhor por ter guiado o nosso caminho sinodal nestes anos através do Espírito Santo, que nunca deixa faltar à Igreja o seu apoio.
Agradeço de todo o coração ao Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, a Dom Fabio Fabene, Subsecretário e, juntamente com eles, agradeço ao Relator, o Cardeal Peter Erdö, e ao Secretário Especial, Dom Bruno Forte, aos presidentes delegados, aos secretários, consultores, tradutores e todos aqueles que trabalharam de forma incansável e com total dedicação à Igreja: um cordial obrigado!
Agradeço a todos vós, amados padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros, párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação.
Agradeço ainda a todas as pessoas que se empenharam, de forma anônima e em silêncio, prestando a sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo.
Estai certos de que a todos recordo na minha oração ao Senhor para que vos recompense com a abundância dos seus dons e graças!
Enquanto acompanhava os trabalhos do Sínodo, pus-me esta pergunta: Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?
Certamente não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família, mas que procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança, sem cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse.
Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinâmo-las cuidadosamente, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia.
Significa que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimônio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana.
Significa que escutamos e fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os desafios das famílias do mundo inteiro.
Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família.
Significa que procuramos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, econômica, moral e de prevalecente negatividade.
Significa que testemunhamos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem «endoutriná-lo» como pedras mortas para as jogar contra os outros.
Significa também que espoliamos os corações fechados que, frequentemente, se escondem mesmo por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.
Significa que afirmamos que a Igreja é Igreja dos pobres em espírito e dos pecadores à procura do perdão e não apenas dos justos e dos santos, ou melhor dos justos e dos santos quando se sentem pobres e pecadores.
Significa que procuramos abrir os horizontes para superar toda a hermenêutica conspiradora ou perspectiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível.
No caminho deste Sínodo, as diferentes opiniões que se expressaram livremente – e às vezes, infelizmente, com métodos não inteiramente benévolos – enriqueceram e animaram certamente o diálogo, proporcionando a imagem viva duma Igreja que não usa «impressos prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar os corações ressequidos.¹
E vimos também – sem entrar nas questões dogmáticas, bem definidas pelo Magistério da Igreja – que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase um escândalo, para o bispo doutro continente; aquilo que se considera violação de um direito numa sociedade, pode ser preceito óbvio e intocável noutra; aquilo que para alguns é liberdade de consciência, para outros pode ser só confusão. Na realidade, as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado.² O Sínodo de 1985, que comemorava o vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, falou da inculturação como da «íntima transformação dos autênticos valores culturais mediante a integração no cristianismo e a encarnação do cristianismo nas várias culturas humanas».³ A inculturação não debilita os valores verdadeiros, mas demonstra a sua verdadeira força e a sua autenticidade, já que eles adaptam-se sem se alterar, antes transformam pacífica e gradualmente as várias culturas.4
Vimos, inclusive através da riqueza da nossa diversidade, que o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas.
E, sem nunca cair no perigo do relativismo ou de demonizar os outros, procuramos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2, 4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja está chamada a viver.
Amados irmãos!
A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão. Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia (cf. Rm 3, 21-30; Sal 129/130; Lc 11, 37-54). Significa vencer as tentações constantes do irmão mais velho (cf. Lc 15, 25-32) e dos trabalhadores invejosos (cf. Mt 20, 1-16). Antes, significa valorizar ainda mais as leis e os mandamentos, criados para o homem e não vice-versa (cf. Mc 2, 27).
Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5, 6).
O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor (cf. Jo 12, 44-50).
Do Beato Paulo VI temos estas palavras estupendas: «Por conseguinte podemos pensar que cada um dos nossos pecados ou fugas de Deus acende n’Ele uma chama de amor mais intenso, um desejo de nos reaver e inserir de novo no seu plano de salvação (...). Deus, em Cristo, revela-Se infinitamente bom (...). Deus é bom. E não apenas em Si mesmo; Deus – dizemo-lo chorando – é bom para nós. Ele nos ama, procura, pensa, conhece, inspira e espera… Ele – se tal se pode dizer – será feliz no dia em que regressarmos e Lhe dissermos: Senhor, na vossa bondade, perdoai-me. Vemos, assim, o nosso arrependimento tornar-se a alegria de Deus».5
Por sua vez São João Paulo II afirmava que «a Igreja vive uma vida autêntica, quando professa e proclama a misericórdia, (...) e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador das quais ela é depositária e dispensadora».6
Também o Papa Bento XVI disse: «Na realidade, a misericórdia é o núcleo da mensagem evangélica, é o próprio nome de Deus (...). Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada pelo amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10)».7
Sob esta luz e graça, neste tempo de graça que a Igreja viveu dialogando e discutindo sobre a família, sentimo-nos enriquecidos mutuamente; e muitos de nós experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo. Para todos nós, a palavra «família» já não soa como antes, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal.8
Na verdade, para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a «caminhar juntos» para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus!
Obrigado!
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1 Cf. PAPA FRANCISCO, Carta ao Magno Chanceler da "Pontificia Universidad Católica Argentina", no centenário da Faculdade de Teologia, 3 de Março de 2015.
2 Cf. PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, Fé e cultura à luz da Bíblia. Actas da Sessão Plenária de 1979 da Pontifícia Comissão Bíblica, LDC, Leumann 1981; CONC. ECUM. VAT. II, Gaudium et spes, 44.
3 Relação final (7 de Dezembro de 1985), II/D.4: L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 22/XII/1985), 652.
4 «Em virtude da sua missão pastoral, a Igreja deve manter-se sempre atenta às mudanças históricas e à evolução das mentalidades. Certamente não para se submeter a elas, mas para superar os obstáculos que possam opor-se à recepção das suas recomendações e das suas directrizes» (Entrevista ao Cardeal Georges Cottier, La Civiltà Cattolica, 3963-3964, 8 de Agosto de 2015, p. 272).
5 Homilia, 23 de Junho de 1968: Insegnamenti 6, 1968, 1177-1178.
6 Carta. enc. Dives in misericordia, 30 de Novembro de 1980, 13. Disse também: «No mistério pascal, (…) Deus mostra-Se-nos por aquilo que é: um Pai de coração terno, que não se rende diante da ingratidão dos seus filhos, e está sempre disposto ao perdão» (JOÃO PAULO II, Alocução do «Regina Caeli», 23 de Abril de 1995: Insegnamenti 18/1, 1995, 1035). E descrevia a resistência à misericórdia com estas palavras: «A mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar ao homem» (Carta enc. Dives in misericordia, 2).
7 Alocução do «Regina Caeli», 30 de Março de 2008: Insegnamenti 4/1, 2008, 489-490. E, referindo-se ao poder da misericórdia, afirma: «É a misericórdia que põe um limite ao mal. Nela expressa-se a natureza muito peculiar de Deus - a sua santidade, o poder da verdade e do amor» (Homilia no Domingo da Divina Misericórdia, 15 de Abril de 2017: Insegnamenti 3/1, 2007, 667).
8 Uma análise, em acróstico, da palavra «família» ajuda-nos a resumir a missão da Igreja na sua tarefa de: Formar as novas gerações para viverem seriamente o amor, não como pretensão individualista baseada apenas no prazer e no «usa e joga fora», mas para acreditarem novamente no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como o único caminho para sair de si mesmo, para se abrir ao outro, para sair da solidão, para viver a vontade de Deus, para se realizar plenamente, para compreender que o matrimónio é o «espaço onde se manifesta o amor divino, para defender a sacralidade da vida, de toda a vida, para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente» (Homilia na Missa de Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de 2015) e para valorizar os cursos pré-matrimoniais como oportunidade de aprofundar o sentido cristão do sacramento do Matrimónio; Aviar-se ao encontro dos outros, porque uma Igreja fechada em si mesma é uma Igreja morta; uma Igreja que não sai do seu aprisco para procurar, acolher e conduzir todos a Cristo é uma Igreja que atraiçoa a sua missão e vocação; Manifestar e estender a misericórdia de Deus às famílias necessitadas, às pessoas abandonadas, aos idosos negligenciados, aos filhos feridos pela separação dos pais, às famílias pobres que lutam para sobreviver, aos pecadores que batem às nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos deficientes e a todos aqueles que se sentem feridos na alma e no corpo e aos casais dilacerados pela dor, a doença, a morte ou a perseguição; Iluminar as consciências, frequentemente rodeadas por dinâmicas nocivas e subtis que procuram até pôr-se no lugar de Deus criador: tais dinâmicas devem ser desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela dignidade de cada pessoa; ganhar e reconstruir com humildade a confiança na Igreja, seriamente diminuída por causa da conduta e dos pecados dos seus próprios filhos; infelizmente, o contratestemunho e os escândalos cometidos dentro da Igreja por alguns clérigos afetaram a sua credibilidade e obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica; Labutar intensamente por apoiar e incentivar as famílias sãs, as famílias fiéis, as famílias numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas diárias, a dar um grande testemunho de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e aos mandamentos do Senhor; Idear uma pastoral familiar renovada, que esteja baseada no Evangelho e respeite as diferenças culturais; uma pastoral capaz de transmitir a Boa Nova com linguagem atraente e jubilosa e tirar do coração dos jovens o medo de assumir compromissos definitivos; uma pastoral que preste uma atenção particular aos filhos que são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares; uma pastoral inovadora que implemente uma preparação adequada para o sacramento do Matrimônio e ponha termo a costumes vigentes que muitas vezes se preocupam mais com a aparência duma formalidade do que com a educação para um compromisso que dure a vida inteira; Amar incondicionalmente todas as famílias e, de modo particular, aquelas que atravessam um período de dificuldade: nenhuma família deve sentir-se sozinha ou excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro escândalo é o medo de amar e de manifestar concretamente este amor.
[01826-PO.01] [Texto original: Italiano]      [B0817-XX.01]
Asssita:
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