ter intimidade com Jesus. Falar com
Ele como a um amigo
Continuando suas catequeses sobre o
discernimento, na Audiência Geral, o Papa Francisco disse que "a oração é
uma ajuda indispensável para o discernimento espiritual, sobretudo quando
envolve os afetos, permitindo dirigir-nos a Deus com simplicidade e familiaridade,
como se fala com um amigo. A oração verdadeira é familiaridade e confidência
com Deus. Não é recitar uma oração como um papagaio, blá blá, não. A verdadeira
oração é essa espontaneidade e afeto ao Senhor".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"Os elementos do discernimento. A
familiaridade com o Senhor" foi o tema da catequese do Papa Francisco na
Audiência Geral, desta quarta-feira (28/09), realizada na Praça São Pedro.
Prosseguindo as catequeses sobre o discernimento, o Santo Padre se deteve no primeiro
de seus elementos constitutivos: a oração.
Familiaridade e confidência com Deus
A oração é uma ajuda indispensável para o
discernimento espiritual, sobretudo quando envolve os afetos, permitindo
dirigir-nos a Deus com simplicidade e familiaridade, como quando se fala com um
amigo. É saber ir além dos pensamentos, entrar em intimidade com o Senhor, com
uma espontaneidade afetuosa. O segredo da vida dos santos é a familiaridade e a
confiança em Deus, que cresce neles e torna cada vez mais fácil reconhecer o
que lhe agrada. A oração verdadeira é familiaridade e confidência com Deus. Não
é recitar uma oração como um papagaio, blá blá, não. A verdadeira oração é essa
espontaneidade e afeto ao Senhor. Esta familiaridade supera o medo ou a dúvida
de que a sua vontade não é para o nosso bem, uma tentação que às vezes
atravessa os nossos pensamentos, tornando o coração inquieto e incerto ou
amargo também.
O Papa disse ainda que "o sinal de um
encontro com o Senhor é a alegria". Quando eu faço uma oração, [...]
encontro o Senhor e me torno alegre. Cada um de nós se torna alegre, uma coisa
linda. Por outro lado, a tristeza ou o medo são sinais de distância de Deus:
«Se quiseres entrar na vida, observa os mandamentos», diz Jesus ao jovem rico.
Esse jovem "tinha tomado a iniciativa
de se encontrar com Jesus, mas vivia também muito dividido nos afetos; para ele
as riquezas eram demasiado importantes. Jesus não o obriga a decidir, mas o
texto observa que o jovem se afasta de Jesus «triste». Quem se afasta do Senhor
nunca se sente satisfeito, mesmo que tenha à sua disposição uma grande
abundância de bens e possibilidades".
Discernir não é fácil
"Discernir não é fácil, porque as
aparências enganam, mas a familiaridade com Deus pode dissipar delicadamente
dúvidas e medos, tornando a nossa vida cada vez mais receptiva à sua «luz
suave», de acordo com a bonita expressão do Beato John Henry Newman",
sublinhou Francisco.
O Papa frisou que "os santos brilham
com luz refletida, mostrando nos gestos simples do seu dia a presença amorosa
de Deus, que torna possível o impossível. Diz-se que dois cônjuges que viveram
juntos durante muito tempo, amando-se, acabam por se assemelhar um ao
outro".
Algo análogo pode-se dizer da oração
afetiva: de modo gradual, mas eficaz, torna-nos cada vez mais capazes de
reconhecer o que conta por conaturalidade, como algo que brota das profundezas
do nosso ser. Estar em oração não significa dizer palavras, palavras, não:
estar em oração, abrir o coração a Jesus, aproximar-se de Jesus, deixar que
Jesus entre no meu coração e me faça sentir sua presença. E ali podemos
discernir quando é Jesus e quando estamos com nossos pensamentos, muitas vezes
longe do que Jesus quer.
Rezar a oração do "oi"
Francisco convidou a pedir a graça de
"viver uma relação de amizade com o Senhor, como um amigo fala com um
amigo", e contou um caso sobre "um irmão religioso idoso que era
porteiro de um colégio e sempre que podia se aproximava da capela, olhava para
o altar e dizia: 'Oi', porque tinha proximidade a Jesus. 'Oi, estou perto de
você e você está perto de mim'." Segundo o Papa, "esta é a relação
que devemos ter na oração: proximidade, proximidade afetiva, como irmãos,
proximidade a Jesus. Um sorriso, um gesto simples e não dizer palavras que não
chegam ao coração. Falar com Jesus como um amigo fala com outro amigo".
É uma graça que devemos pedir uns para os
outros: ver Jesus como o nosso maior e fiel Amigo, que não chantageia,
sobretudo que nunca nos abandona, nem sequer quando nos afastamos d'Ele. Ele permanece
na porta do coração. Ele permanece em silêncio, permanece ao alcance do coração
porque Ele é sempre fiel. Vamos em frente com esta oração. Digamos a oração do
"oi", a oração para cumprimentar o Senhor com o coração, a oração de
afeto, a oração de proximidade, com poucas palavras, mas com gestos e com boas
obras.
.................................................................................................................................................. Fonte: vaticannews.va