A
palavra virtude vem de VIR: varão, em latim. Na origem, virtude era uma palavra
masculina, em razão de ter sido criada numa época em que virilidade era
sinônimo de força física e moral. Os tempos mudaram. O que não mudou foi a
certeza do quanto precisamos ser prudentes e justos, por exemplo.
Desde os tempos imemoriais, sete virtudes
foram catalogadas: três virtudes teologais e quatro virtudes cardeais. As
primeiras são a fé, a esperança e a caridade, chamadas de teologais por dizerem
respeito a Deus.
As quatro virtudes cardeais são a
prudência, a temperança, a justiça e a fortaleza. No caso, a palavra cardeal
não tem a ver com os cardeais da Igreja Católica. A palavra cardeal, em latim,
significa “dobradiça da porta”. É a isso que se referem essas virtudes: elas
abrem os caminhos humanos.
A fortaleza, por exemplo, é o que
assistimos hoje diante das terríveis catástrofes que arrasaram a cidade de
Petrópolis: fortaleza dos que sofrem sob os escombros, fortaleza dos que
perderam entes queridos, fortaleza dos voluntários que desconhecem o cansaço ou
de quem ajuda à distância.
A fortaleza é prima-irmã da coragem,
necessária diante do perigo e da dor, sobretudo, quando a finitude humana é
revelada em toda sua nudez. Não se pode praticar a prudência, a temperança, a
justiça sem a fortaleza.
Mas existe uma diferença grande entre
praticar uma ação justa e ser uma pessoa justa.
Em qualquer esporte, um jogador mediano
consegue fazer uma boa jogada de vez em quando. Mas só alguém cujos olhos,
músculos e nervos foram bem treinados possui o tônus necessário para praticar o
esporte em sua total extensão.
Só quem perseverar em praticar ações
justas, no final, obterá um caráter virtuoso. E é a essa qualidade, e não às
ações particulares, que nos referimos quando falamos de virtudes.
Dom José Francisco Rezende Dias – Arcebispo
de Niterói (RJ)
calem-se as armas, quem
faz a guerra esquece a humanidade
Depois do Angelus, novo apelo do
Papa pela Ucrânia: as pessoas simples desejam a paz mas pagam na própria pele
pelas loucuras da guerra, corredores humanitários são necessários para aqueles
que buscam refúgio. Recordando os conflitos na Síria, Etiópia e Iêmen:
"Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a
violência".
Uma voz contra o barulho dos
mísseis, que o crepitar das armas não enfraquece. É uma voz sobre uma grande
praça, mas acima de tudo sobre as consciências, a de Francisco. Não ouvida por
aqueles que estão derramando sangue e transformando um pedaço da Europa em um
campo de batalha, mas que não recua:
Nestes dias, ficamos abalados por
algo trágico: a guerra. Muitas vezes rezamos para que este caminho não fosse
percorrido. E não paramos de falar; pelo contrário, suplicamos a Deus com mais
intensidade.
A verdadeira vítima, o povo
A mensagem do Papa no pós-Angelus é
um refrão que liga todos os últimos apelos. A guerra desencadeada pela Rússia
na Ucrânia torna ainda mais urgente a convocação, na Quarta-feira de Cinzas, de
um Dia de oração e jejum para que a paz possa retornar onde pessoas indefesas
buscam refúgio ou morrem, onde "as mães estão em fuga com seus
filhos...". Rezaremos, é o convite de Francisco, "para sentir que
somos todos irmãos e irmãs e para implorar a Deus o fim da guerra".
Quem faz a guerra esquece a
humanidade. Não parte do povo, não olha para a vida concreta das pessoas, mas
coloca diante de tudo interesses de parte e de poder. Baseia-se na lógica
diabólica e perversa das armas, que é a mais distante da vontade de Deus. E se
distancia das pessoas comuns, que desejam a paz; e que em cada conflito -
pessoas comuns - são as verdadeiras vítimas, que pagam as loucuras da guerra
com a própria pele.
Pedaços de guerras que não devem
ser esquecidos
Para os idosos, as crianças, as
pessoas que procuram refúgio, "é urgente - insistiu Francisco - abrir
corredores humanitários", eles são irmãos e irmãs "que devem ser
acolhidos". E mais uma vez a voz se move sobre o mundo das guerras
"em pedaços".
Com o coração dilacerado pelo que
está acorrendo na Ucrânia - e não esqueçamos as guerras em outras partes do
mundo, como no Iêmen, na Síria, na Etiópia... -, repito: calem-se as armas!
Deus está com os construtores de paz, não com aqueles que usam a violência.
"Porque aqueles que amam a
paz", concluiu o Papa, citando a Constituição italiana, "repudiam a
guerra como instrumento de ofensa à liberdade de outros povos e como meio de
resolver disputas". As bandeiras de muitos ucranianos na Praça São Pedro
balançaram em sinal de agradecimento ao Papa. E Francisco saudou-os em seu
idioma: Хвала Ісусу Христу, "Louvado seja Jesus Cristo".
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) lança, na Quarta-feira de Cinzas, 2 de março, a Campanha da Fraternidade
de 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema bíblico,
extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.
A abertura oficial ocorrerá com a
divulgação de um vídeo às 10h, com pronunciamentos dos membros da presidência
da CNBB e convidados. Será possível acompanhar o vídeo por meio das redes
sociais da entidade (Youtube e Facebook) e
emissoras de televisão de inspiração católica. A abertura virtual, assim como a
do ano passado, deve-se à escolha da CNBB, como forma de prevenção à Covid-19.
Para os veículos de comunicação, a
Assessoria de Comunicação da CNBB organiza uma coletiva de imprensa, com
representantes da direção da entidade, por meio da plataforma Zoom. A sala
virtual, onde os jornalistas poderão assistir ao vídeo de lançamento da CF,
será aberta às 9h50. Um cadastro será necessário para acessá-la e receber o
texto-base da CF. Caso tenha interesse em participar, preencha o
formulário para o acesso: https://forms.office.com/r/UMK5mn5KBN.
Atenderão à imprensa o secretário geral da
CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Joel Portella; o
secretário-executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista e o
padre Júlio César Rezende, membro da Pastoral da Educação e da Comissão
Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB.
A CF 2022
Essa é a terceira vez que a temática da
educação será abordada na Campanha da Fraternidade. O tema já foi objeto de
reflexão e ação eclesial em 1982 e 1998. De acordo com a introdução do
texto-base, foi “a realidade de nossos dias que fez com que o tema educação recebesse
destaque, um tempo marcado pela pandemia da Covid-19 e por diversos conflitos,
distanciamentos e polarizações”.
A presidência da CNBB justifica, na
apresentação do texto-base da CF, que se trata de uma campanha que, mais do que
abordar outro aspecto específico da problemática educacional, vai refletir
sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã.
Nessa perspectiva, a educação é
compreendida não apenas com um ato escolar, com transmissão de conteúdo ou
preparação técnica para o mundo do trabalho, mas de um processo que envolve uma
“comunidade” ampliada que inclui todos os atores (família, Igreja, Estado e
sociedade).
A CF 2022 é impulsionada pelo Pacto
Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. Na carta convocação ao Pacto,
o Santo Padre apresenta elementos constitutivos de uma educação humanizada que
contribua na formação de pessoas abertas, integradas e interligadas, que também
sejam capazes de cuidar da casa comum já que a “educação será ineficaz e os
seus esforços estéreis se não se preocupar também em difundir um novo modelo
relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza”,
conforme explicitado na Encíclica Laudato Si’, 2016, nº 215.
Gesto concreto – A Campanha da
Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade,
realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são
destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam
projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em 2021, o Conselho
Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), da CNBB, apoiou 80 projetos,
nos quais as entidades que se candidataram se comprometeram, entre outros
aspectos, a prestar contas periódicas de sua efetivação e resultados.
No Angelus, Francisco nos convida a termos
cuidado com as palavras que usamos e que podem "alimentar preconceitos,
levantar barreiras" e poluir o mundo. Pede às pessoas que reflitam sobre
seu olhar: "Nós olhamos para nossas misérias. Sempre encontramos razões
para culpar os outros e nos justificarmos.
"Falamos com mansidão ou poluímos o
mundo espalhando venenos: criticando, lamentando-se, alimentando a agressão
generalizada"?
Num momento de crise e tensão, de medo e
desequilíbrios internacionais, Francisco exorta à paz que, disse no Angelus, é
construída a partir da linguagem. Detendo-se sobre o Evangelho de Lucas, no
qual "Jesus nos convida a refletir sobre nosso olhar e nosso falar",
o Papa em sua catequese adverte sobre as consequências de um uso impróprio e
superficial de uma linguagem que pode ferir como uma arma.
Com a língua também podemos alimentar
preconceitos, levantar barreiras, atacar e até destruir nossos irmãos: as
fofocas machucam e as calúnias podem ser mais afiadas que uma faca!
Raiva e agressão no mundo digital
Um risco que está aumentando especialmente
hoje em dia no mundo digital: demasiadas palavras, disse o Papa, que
"correm velozes" e "transmitem raiva e agressão, alimentam
notícias falsas e se aproveitam dos medos coletivos para propagar ideias
distorcidas". O Pontífice citou Dag Hammarskjöld, o diplomata sueco que
foi secretário geral da ONU de 1953 a 1961 e ganhador do Prêmio Nobel da Paz,
que disse: "Abusar das palavras equivale a desprezar o ser humano".
Cuidado com o uso superficial das palavras
É verdade, assim como é verdade que
"como alguém fala, pode-se dizer o que tem no coração".
As palavras que usamos dizem quem somos. Às
vezes, porém, prestamos pouca atenção às nossas palavras e as usamos superficialmente.
Mas as palavras têm peso: elas nos permitem expressar pensamentos e
sentimentos, dar voz aos medos que temos e aos projetos que queremos fazer, de
abençoar a Deus e aos outros.
Vamos nos perguntar que tipo de palavras
usamos, disse o Papa aos fiéis: "Palavras que expressam atenção, respeito,
compreensão, proximidade, compaixão, ou palavras que visam principalmente nos
fazer parecer bem diante dos outros"?
O cisco e a trave
Da mesma forma, devemos também refletir
sobre o nosso "olhar". Isto é, se estivermos concentrados em
"olhar o cisco no olho de nosso irmão sem perceber a trave em nosso
próprio olho". Significa "estar muito atento aos defeitos dos outros,
mesmo aqueles pequenos como um cisco, negligenciando serenamente os nossos,
dando-lhes pouco peso".
Sempre encontramos razões para culpar os
outros e nos justificarmos. E tantas vezes reclamamos de coisas que estão
erradas na sociedade, na Igreja, no mundo, sem primeiro nos questionarmos e sem
nos comprometermos a mudar, antes de tudo, nós mesmos.
"Toda mudança fecunda, positiva, deve
começar por nós mesmos, caso contrário, não haverá mudança", disse o Papa.
Reconhecer as próprias misérias
Fazendo assim, enfatizou o Papa,
"nosso olhar é cego". E se somos cegos "não podemos pretender
ser guias e mestres para os outros: um cego, de fato, não pode guiar outro
cego". A primeira coisa é, portanto, "olhar para dentro de nós mesmos
para reconhecer nossas misérias", porque "se não conseguirmos ver
nossos próprios defeitos, estaremos sempre inclinados a ampliar os defeitos dos
outros". Se, por outro lado, reconhecemos nossos erros e nossas misérias,
a porta da misericórdia se abre para nós".
Ver o bem nos outros, não o mal
Trata-se, em síntese de olhar para os
outros como o Senhor nos olha, "que não vê antes de tudo o mal, mas o
bem".
É assim que Deus olha para nós: Ele não vê
em nós erros irredimíveis, mas filhos que cometem erros. Muda-se a ótica. Ele
não se concentra nos erros, mas nos filhos que cometem erros... Deus sempre
distingue a pessoa de seus erros. Ele sempre acredita na pessoa e está sempre
pronto para perdoar os erros. E nós sabemos que Deus sempre perdoa.
Todos nós somos chamados a fazer o mesmo:
"Não buscar nos outros o mal, mas o bem".
O bom tesouro do coração. A liturgia deste
domingo nos convida a olhar para dentro de nós mesmos antes de julgar os
outros.
Chegamos ao 8º Domingo do Tempo Comum e, na
próxima terça-feira, encerraremos essa primeira parte do Tempo Comum. A partir
da próxima Quarta-feira de Cinzas, iniciaremos o tempo da Quaresma com a
celebração de Cinzas. O Tempo Comum será retomado depois da celebração de
Pentecostes.
Durante o tempo Quaresmal, iremos
acompanhar Jesus no seu caminho até o calvário para sofrer a paixão, morte e,
posteriormente, a ressurreição. Que possamos trilhar esse caminho de retiro
espiritual que a Igreja nos convida e possamos vencer todas as tentações do
mal, assim como Jesus as venceu. Será um tempo de renovação de nossa vida
batismal.
A liturgia deste domingo nos convida a
olhar para dentro de nós mesmos antes de julgar os outros. Se queremos tirar o
cisco do olho do irmão, olhemos primeiro para nós e tiremos o cisco que está no
nosso olho. Todo cristão deve dar bons frutos em sua vida, ensinar o caminho do
bem para o próximo. O cristão nasceu para fazer o bem e agir em nome de Cristo,
mostrando o caminho certo para quem se aproxima dele.
A primeira leitura da missa é do livro do
Eclesiástico (Eclo 27, 5-8). O autor do livro sagrado nos diz que se
conhece um homem a partir do momento que ele fala. Não devemos elogiar ninguém
antes de ouvi-lo falar, pois no falar o homem se revela. Diante de suas
atitudes no dia a dia o homem cai em contradição no seu falar, ou seja, muitas
vezes falamos aquilo que não vivemos ou queremos que os outros façam aquilo que
não somos capazes de fazer.
O salmo responsorial é o 91 (92). O
salmista eleva um salmo de gratidão ao Senhor. Todos nós devemos ser gratos ao
Senhor. O homem que trilha um caminho justo e cumpre as leis do Senhor é sempre
atendido em suas preces, por isso, tem sempre a agradecer ao Senhor.
A segunda leitura da missa deste final de
semana é da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,
54-58). Paulo continua discursando sobre o tema da morte e que a morte não
é o fim para aquele que crê em Jesus Cristo. A morte é fruto do pecado e a
ressurreição é a vitória sobre a morte. Empenhemo-nos em viver uma vida reta,
pois apesar das fadigas e preocupações do dia a dia, teremos como meta final a
ressurreição.
O Evangelho é de Lucas (Lc 6, 39
-45). Jesus conta uma parábola aos seus discípulos e diz a eles que um
cego não pode guiar outro cego, pois os dois podem cair num buraco. Com essa
parábola, Jesus quer dizer que antes de julgar o outro, temos que olhar para
nós mesmos e avaliar a nossa conduta, antes de julgar a conduta do outro. Antes
de tirar o cisco do olho do outro, tenho que tirar primeiro do meu próprio
olho.
O Evangelho da semana passada falava sobre
o perdão, e que devemos colocar em prática aquilo que rezamos na oração do Pai
Nosso. Se Deus nos perdoa, devemos perdoar o nosso próximo. Em sequência, nesse
Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que só Deus pode nos julgar. Não somos
capazes de julgar ninguém e, da mesma forma que julgamos os outros, também
seremos julgados.
O homem fala e faz aquilo que está cheio o
seu coração. Se o coração humano só tem maldade, ele só fará maldades, não há
espaço para coisas boas. Se o coração humano é bom, produzirá coisas boas. A
raiz de uma árvore é conhecida através dos frutos que ela produz. Quanta
maldade o ser humano produz nos dias de hoje? O mundo está cheio de violência,
crimes contra o meio ambiente, doenças e tantas outras coisas. Tudo isso devido
à maldade do coração humano.
Que cada um de nós possa mudar essa
situação, agindo no caminho do bem, amando e servindo o próximo. Cuidemos da
natureza, de nossa saúde, e que possamos anunciar a paz. Só depende de cada um
de nós construir um futuro melhor.
Celebremos com alegria esse 8º Domingo do
Tempo Comum e nos preparemos para logo mais iniciarmos um período de retiro
espiritual junto com a Igreja, que é o Tempo da Quaresma. Durante estes dias
prosseguem os costumes dos retiros espirituais, agora mais diversificados,
presenciais com as precauções ou à distância (online). Que o Espírito Santo nos
fortaleça e nos ajude nessa caminhada e nos dê a certeza de que passaremos pelo
calvário, mas chegaremos a luz da ressurreição. Amém.
Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. -
Arcebispo metropolitano de São Sebastião Rio de Janeiro do, RJ
A Igreja celebra no próximo 27 de fevereiro
o 8º Domingo do Tempo Comum. E a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) oferece o roteiro Celebrar em
Família, com o rito da celebração dominical da Palavra de Deus. Também está
disponível o material para a Quarta-feira de Cinzas, no dia 2 de março.
“Continuamos a oferecer esta sugestão de
Celebração da Palavra de Deus para ser celebrada em sua casa, com seus familiares. São muitos os horários de transmissão de missas em nossos canais
católicos que podemos acompanhar, mas vivendo a dignidade de povo sacerdotal que nosso batismo nos conferiu, podemos não só acompanhar, mas CELEBRAR com
nossas famílias o Dia do Senhor”, motiva a Comissão para a Liturgia da CNBB.
“A Palavra que a liturgia dirige aos fiéis
no próximo domingo traz a advertência do apóstolo Paulo: “no Senhor, nossas
fadigas não serão em vão”. E Jesus, no Evangelho, ensina que “toda árvore é
reconhecida pelos seus frutos”.
A Igreja abre a Quaresma, tempo litúrgico
na preparação para a Páscoa, na próxima quarta-feira, 2 de março. É dia de
jejum e abstinência. Para celebrar em família, já está disponível o roteiro:
Papa na Embaixada da Rússia para expressar preocupação
Francisco, nesta
manhã, na sede em Via della Conciliazione, por mais de meia hora. O Pontífice
está acompanhando de perto a evolução da situação no país do Leste Europeu, sob
ataque desde 24 de fevereiro, onde se contram inúmeros mortos e feridos. Nesta quinta-feira
o apelo do cardeal Parolin a dar mais espaço à negociação.
O Papa quis
manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia dirigindo-se por volta do
meio-dia desta sexta-feira, à sede da Embaixada da Federação Russa junto à
Santa Sé, chefiada pelo embaixador Alexander Avdeev. O Papa chegou em um
veículo utilitário branco e permaneceu no prédio na Via della Conciliazione por
mais de meia hora, como confirmou o diretor da Sala de Imprensa vaticana,
Matteo Bruni.
O apelo na
audiência geral
Francisco
acompanha de perto a evolução da situação no país do Leste Europeu, sob ataque
desde a noite de 24 de fevereiro, onde se contam inúmeros mortos e feridos. O
próprio Pontífice havia expressado "grande pesar em seu coração" pelo
agravamento da situação no país na última quarta-feira, 23 de fevereiro, no
final da Audiência geral, quando a violência ainda não havia eclodido. O Papa
apelou "aos que têm responsabilidades políticas para fazer um sério exame
de consciência diante de Deus, que é o Deus da paz e não da guerra". E ele
chamou tanto os crentes quanto os não crentes a se unirem em uma súplica coral
pela paz em 2 de março, Quarta-feira de Cinzas, rezando e jejuando: "Jesus
nos ensinou que à diabólica insensatez da violência se responde com as armas de
Deus, com oração e jejum pela paz", disse o Pontífice. "Convido a
todos a fazerem no próximo 2 de março, Quarta-feira de cinzas, um dia de jejum
pela paz. Encorajo os crentes de uma maneira especial a se dedicarem
intensamente à oração e ao jejum naquele dia. Que a Rainha da Paz preserve o
mundo da loucura da guerra”.
Declaração do
cardeal Parolin
Ontem, porém,
"na hora mais escura" para a Ucrânia, a declaração do cardeal
Secretário de Estado, Pietro Parolin. Recordando o apelo dramaticamente urgente
do Papa após o início das operações militares russas em território ucraniano, o
cardeal observou que "os trágicos cenários que todos temiam estão
infelizmente se tornando realidade", mas que "ainda há tempo para a
boa vontade, ainda há espaço para a negociação, ainda há espaço para o
exercício de uma sabedoria que impeça o prevalecer dos interesses de parte,
tutele as legítimas aspirações de cada um e poupe o mundo da loucura e dos
horrores da guerra". "Nós fiéis", disse Parolin, "não
perdemos a esperança num vislumbre de consciência daqueles que têm o destino do
mundo em suas mãos".
Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar. Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa. O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem. Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar; pois é no falar que o homem se revela.
- Como é bom agradecermos ao Senhor! - Como é bom agradecermos ao Senhor!
- Como é bom agradecermos ao Senhor/ e cantar salmos de louvor/ ao Deus altíssimo!/ Anunciar pela manhã vossa bondade,/ e o vosso amor fiel,/ a noite inteira.
- O justo crescerá como a palmeira,/ florirá igual ao cedro que há no Líbano;/ na casa do Senhor estão plantados,/ nos átrios de meu Deus florescerão.
- Mesmo no tempo da velhice darão frutos,/ cheios de seiva/ e de folhas verdejantes; e dirão:/ “É justo mesmo o Senhor Deus:/ meu rochedo,/ não existe nele o mal!”
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:
Irmãos: Quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?”
O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que vossas fadigas não são em vão, no Senhor.
Naquele tempo, Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre.
Por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.
Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de plantas espinhosas.
O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio”.
Fala-se hoje em crise de autoridade e liderança. Os jovens não têm limites, e a decadência dos adultos tampouco … Não há mais em quem colocar sua confiança.
A 1ª leitura de hoje dá muita importância à palavra como espelho do ser humano: de alguma maneira revela, cedo ou tarde, o mais profundo da pessoa. No evangelho, Jesus denuncia os “cegos guias de cegos” e nos ensina a avaliar as pessoas conforme os seus frutos (Lucas 6,39-45, no “Sermão da Planície). Não os belos discursos, mas aquilo que produzem, seus atos e atitudes, isso mostra o que as pessoas valem e a confiança que se pode ter nelas.
Jesus, ao falar, visa em primeiro lugar a sociedade de Israel. Havendo política ou religião no meio, nunca faltam as belas palavras vazias. É contra isso que Jesus adverte. No tempo de Jesus, como nos dia de hoje, os graúdos na política e na religião falavam, mas não faziam; prometiam, mas não cumpriam; e ainda viravam o casaco … Jesus expõe esse comportamento inconfiável ao juizo de Deus, definitivamente. Ele mesmo, em sua palavra e prática, é o juízo de Deus face a esses comportamentos marcados pela hipocrisia. Os frutos que Deus espera de nós são amor e justiça – amor com justiça. Não palavras e orações vazias. A verdadeira religião é ajudar os pobres, as viúvas, os órfãos … (Tg 1,27).
Então, ponhamos nossa confiança em quem produz “os frutos do Espírito” de que fala Paulo em Gl 5,22: amor, alegria, paz … “Com ações e de verdade” (1Jo 3,17) … Deus, é preciso crer para vê-lo. Os seres humanos, é preciso ver para acreditar. .. A lei supõe a inocência até que se prove o contrário, mas a experiência nos ensina a confiar apenas em quem prova sua integridade. Cristo nos ensinou o sistema de Deus. Devemos reservar nossa confiança para investi-la naqueles que, por seus atos, mostram-se participantes do projeto de Deus, produzindo atos de justiça, solidariedade e amor.
Quem anda com a Bíblia debaixo do braço ou faz longas orações não merece necessariamente nossa confiança. Primeiro vamos ver o que faz e por que o faz. O mesmo se diga de politiqueiros, pretensos pregadores e conselheiros, e de todo bom conselho que nada custa … No fim das contas, só merece “confiança evangélica” quem, de alguma maneira, vivendo ou morrendo, realmente dá sua vida pelos outros. Eis o bom senso do Reino.
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
Diante da violência avassaladora da guerra,
às populações atônitas do mundo inteiro não resta que rezar e ajudar aqueles
que sofrem. Há medo e perplexidade diante da loucura de um conflito que pode se
tornar muito maior. Não podemos ficar indiferentes.
Não nos resta que rezar. Diante da
violência inaudita e avassaladora da guerra, diante dos pesadelos de um
conflito maior e devastador, diante da loucura e da irracionalidade que fazem o
mundo tremer, nada mais resta senão invocar a Deus. Toda a humanidade está
angustiada com as notícias que chegam da Ucrânia. Há incredulidade, medo,
perplexidade. Há quem fala de sinais apocalípticos: a pandemia, as alterações
climáticas, a guerra. Há quem recorde como começou a II Guerra Mundial: o
Anschluss, a Sudetenland, a Polônia. O que podemos fazer diante do grande
mistério da iniquidade? Somente elevar os olhos para o céu e rezar.
Podemos ajudar aqueles que sofrem. A
Caritas está na linha de frente. Podemos pensar nas crianças, nas mães, nos
pais, nos avós, nos homens e mulheres da terra ucraniana, que agora está tão
próxima de nós. Eles pedem ajuda, solidariedade. Juntamente com eles estamos
chocados, aterrorizados. Hoje sofrem eles, amanhã quem sabe. Não podemos ficar
indiferentes. Eles são nossos irmãos e irmãs.
O que se quer ocupar? O que se quer
destruir? Que armas serão usadas? Outros países serão atacados? Com que
justificativas estúpidas e falsas? Não queremos acreditar que haja alguém tão
louco a ponto de arriscar devastar o mundo para acrescentar um pouco de poder
ao seu poder. O poder deste mundo passa rapidamente. E depois virá o juízo de
Deus. Mas a história nos ensina que, nestes casos, muitas vezes, o julgamento
humano vem por primeiro.
Soldados vão para a guerra. Obedecem. Eles
matam e são mortos. Por um pedaço de terra que algum poderoso ambiciona. Alguém
vai recusar a ordem de matar inocentes? Alguém se rebelará contra o comando
para realizar um bombardeio indiscriminado e atroz? Ou todos terão orgulho em
esmagar os mais fracos? Gigantes orgulhosos em espezinhar os menores.
Diante desses eventos, sentimo-nos inermes,
sem palavras. Não nos resta que rezar. E ajudar, cada um como pode. Todos nós
devemos rezar. Elevando nossa voz fraca para Deus. Mesmo aqueles que pensam que
são ateus podem rezar. Basta um pensamento. O Criador ouve o grito de todas as
suas criaturas. Devemos estar todos unidos agora, esquecendo toda divisão, todo
contraste, todo rancor, para poder dizer juntos: Senhor, livrai-nos do mal.