Cidade do Vaticano (RV) - Entre quarta-feira e a manhã desta quinta-feira foram feitos 93 pronunciamentos na Sala do Sínodo sobre a terceira parte do Instrumentum laboris. Foi o que disse o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, na coletiva do dia. Com a tarde desta quinta-feira deve concluir-se o debate geral sobre a terceira parte, acrescentou.
Um caminho
específico para os divorciados recasados: um dos pontos mais delicados em
discussão no Sínodo sobre a família esteve no centro dos últimos
pronunciamentos de muitos Padres sinodais, tanto em Assembleia quanto no âmbito
dos Círculos menores.
Papa e Padre Sinodal dirigem-se à sala de reuniões |
Para outros, foi
evidenciado que o seguir Cristo (sequela Christi) não pode traduzir-se numa
exclusão permanente das pessoas dos Sacramentos – como se, foi observado, os
sacerdotes fossem funcionários encarregados de fiscalizar os fiéis –, porque o
distanciamento em particular da Eucaristia é considerado uma “grave privação”.
Nesse percurso
foi colocado como central a possibilidade, já evocada, de identificar para os
divorciados recasados um acesso não indiscriminado aos Sacramentos, mas
permitindo uma abordagem personalizada, como resumido pelo Pe. Bernd Hagenkord:
“É preciso um
caminho de discernimento bem estruturado para os divorciados recasados, para
permitir-lhes tomar a sua decisão, em consciência. O caminho penitencial foi
discutido. Esse projeto nasce do pronunciamento do Cardeal Walter Kasper, um
ano e meio atrás, porque, em todo caso, o Sacramento da Penitência precede o
Sacramento da Eucaristia: é chamado caminho penitencial. Foi proposta uma
avaliação das situações caso por caso, e uma limitação a tal admissão para
casos particularmente significativos.”
Papa Sinodais em reunião com o Papa |
Em particular,
para que a pastoral familiar seja eficaz, alguns pronunciamentos pediram um
cuidado particular com os futuros sacerdotes. Muitos proveem de famílias
problemáticas do ponto de vista conjugal dos pais, e se eles não forem ajudados
a compreender a beleza do matrimônio cristão – foi ressaltado com lucidez –,
eles, por primeiro, poderão ter problemas em relação à vocação das famílias.
Foi muito
evidenciado, em particular por muitos Padres sinodais africanos e asiáticos, o
tema dos matrimônios mistos, entre católicos e muçulmanos. Foi pedido que o
Sínodo indique medidas que tutelem a parte católica, de modo especial as
mulheres, porque em muitas circunstâncias no matrimônio com um muçulmano, é
pedido à mulher que abandone a própria religião, correndo o risco de ser
repudiada caso se negue a fazê-lo.
Todavia, sobre
essa questão, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé evidenciou:
“Deve ser
apresentado o aspecto positivo desses matrimônios, como uma possibilidade de
viver o diálogo em sentido positivo. O Instrumentum deve mostrá-los não somente
como um lugar de problemas, mas também como um lugar positivo de diálogo, de
anúncio do amor. Certamente foram apresentadas situações difíceis, quer no
contexto muçulmano, quer em outros contextos asiáticos. Consequentemente, há
uma série de problemas que as Conferências episcopais, nesses casos, pedem para
poder enfrentar de modo específico.” (RL)
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Papa visita moradores de rua
no novo dormitório próximo ao Vaticano
Ao final dos trabalhos do Sínodo de quinta-feira (15/10), por
volta das 19h, o Papa Francisco visitou os moradores de rua no novo dormitório
inaugurado nos dias passados pela Esmolaria Apostólica. O dormitório fica na
“via dei Penitenzieri”, perto das colunatas de Bernini, colocado à disposição
pela Cúria Geral da Companhia de Jesus.
Dormitório "Dom da Misericórdia" |
O Papa foi
acolhido pelo esmoleiro, Dom Konrad Krajewski, pelo Prepósito-Geral dos
jesuítas, Padre Adolfo Nicolás, e por três freiras que desempenham seu serviço
junto aos voluntários. Os 30 hóspedes do dormitório acolheram com alegria o
Papa, que os saudou afetuosamente um por um. O Pontífice quis conhecer
pessoalmente a estrutura do novo dormitório, e sua visita durou pouco menos de
meia-hora.
O dormitório,
que recebeu o nome de "Dom de Misericórdia", se encontra nas
proximidades do Hospital Santo Espírito e foi aberto em 7 de outubro, na
memória litúrgica da Bem-aventurada Maria Virgem do Rosário. A comunidade
dos jesuítas quis responder prontamente ao apelo do Pontífice, de destinar
estruturas próprias a pessoas em dificuldade.
O local pode
acolher até 34 homens durante a noite, por 30 dias, e é administrado pelas
Irmãs de Madre Teresa de Calcutá. Eles poderão usufruir também do jantar
oferecido na Casa “Dom de Maria”, administrada sempre pelas irmãs de Madre
Teresa, que oferece 50 leitos para mulheres.Todos os trabalhos são financiados
pela Esmolaria Apostólica, isto é, através das ofertas que provêm da
distribuição das pergaminhos com a Bênção do Papa e da generosidade dos fiéis. (BF)
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