domingo, 4 de outubro de 2015

Papa inaugura Sínodo:
A Igreja seja ponte, não barreira
Cidade do Vaticano (RV) – Com uma celebração eucarística na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco inaugurou na manhã deste domingo (04/10) a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem por tema a família.
A Missa foi concelebrada pelos 270 padres sinodais, que a partir desta segunda-feira vão debater “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
Em sua homilia, o Pontífice comentou as leituras do dia, “que parecem escolhidas de propósito” para o evento que a Igreja se prepara a viver e estão centradas em três argumentos: o drama da solidão, o amor entre homem-mulher e a família.
Solidão
Na primeira Leitura, Adão vivia no paraíso e sentia-se só. A solidão, disse o Papa, “é um drama que ainda hoje aflige muitos homens e mulheres”, e citou os idosos, os viúvos, homens e mulheres deixados pela sua esposa e pelo marido, migrantes e refugiados que escapam de guerras e perseguições; e tantos jovens vítimas da cultura do consumismo e do descarte.
O objetivo da vida conjugal é amar para sempre
Francisco denuncia o paradoxo do mundo globalizado, onde há tantas habitações de luxo, mas o calor da casa e da família é cada vez menor; muitos projetos ambiciosos, mas pouco tempo para desfrutá-los; muitos meios sofisticados de diversão, mas um vazio cada vez mais profundo no coração; tantos prazeres, mas pouco amor; tanta liberdade, mas pouca autonomia... Aumenta cada vez mais o número das pessoas que se fecham na escravidão do prazer e do deus-dinheiro.
O Papa constata ainda que há pouca seriedade em levar avante uma relação sólida e fecunda de amor. Cada vez mais o amor duradouro e fiel é objeto de zombaria e olhado como se fosse uma antiguidade. Parece que as sociedades mais avançadas sejam precisamente aquelas que têm o índice mais baixo de natalidade e o índice maior de abortos, de divórcios, de suicídios e de poluição ambiental e social.
O amor entre homem e mulher
Deus não criou o ser humano para viver na tristeza ou para estar sozinho, acrescentou, mas para a felicidade, para partilhar o seu caminho com outra pessoa; para amar e ser amado. É Ele que une os corações de duas pessoas que se amam e liga-os na unidade e na indissolubilidade. Isto significa que o objetivo da vida conjugal não é apenas viver juntos para sempre, mas amar-se para sempre.
A família
Citando o Evangelho de São Marcos “O que Deus uniu não o separe o homem”, Francisco afirmou que se trata de uma exortação a superar toda a forma de individualismo. Para Deus, explicou o Papa, o matrimónio não é utopia da adolescência, mas um sonho sem o qual a sua criatura estará condenada à solidão.
Paradoxalmente, também o homem de hoje continua atraído e fascinado por todo o amor autêntico, fecundo, fiel e perpétuo. Corre atrás dos prazeres carnais, mas deseja a doação total.
Neste contexto social e matrimonial bastante difícil, a Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade e na verdade. Isto é, defender a sacralidade da vida, a indissolubilidade do vínculo conjugal, sem mudar sua doutrina segundo as modas passageiras ou as opiniões dominantes.
Caridade
Outro elemento fundamental, todavia, é também a caridade. “A Igreja deve viver a sua missão na caridade sem apontar o dedo para julgar os outros, mas se sente no dever de procurar e cuidar dos casais feridos com o óleo da aceitação e da misericórdia; de ser ‘hospital de campanha’, com as portas abertas para acolher todo aquele que bate pedindo ajuda e apoio.”
A Igreja, exortou Francisco, deve procurar o homem e a mulher, para acolhê-los e acompanhá-los, porque uma Igreja com as portas fechadas trai a si mesma e à sua missão e, em vez de ser ponte, torna-se uma barreira.
“Com este espírito, peçamos ao Senhor que nos acompanhe no Sínodo e guie a sua Igreja pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São José, seu castíssimo esposo.” (BF)
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Francisco:
A sociedade se torne família
e acolha crianças que fogem da guerra
A abertura do Sínodo sobre a família foi o tema da alocução que o Papa pronunciou antes da oração do Angelus, na Praça São Pedro, na presença de inúmeros fiéis e peregrinos.
Sínodo
Durante três semanas, disse Francisco, os padres sinodais refletirão sobre a vocação e a missão da família na Igreja e na sociedade, para um atento discernimento espiritual e pastoral. Manteremos o olhar fixo em Jesus para identificar as estradas mais oportunas para um empenho adequado da Igreja com as famílias e para as famílias.
Reciprocidade
A liturgia deste domingo, ressaltou o Papa, propõe o Livro do Gênesis sobre a complementariedade e reciprocidade entre homem e mulher. Ao deixarem os pais, os esposos se unem numa só carne e numa só vida. Desta unidade, os cônjuges transmitem a vida a novos seres humanos e se tornam pais. “Participam da potência criadora de Deus", disse Francisco, que advertiu: "Mas atenção! Deus é amor, e se participa da sua obra quando se ama com Ele e como Ele. É o amor que alimenta a relação, através das alegrias e das dores, momentos serenos e difíceis". É o mesmo amor com o qual Jesus, no Evangelho deste domingo, manifesta às crianças.
Infância maltratada
Francisco pede ao Senhor que todos os pais e educadores do mundo, assim como toda a sociedade, se façam instrumentos daquele acolhimento e daquele amor com o qual Jesus abraça os pequeninos.
Que o nosso amor acolha e abrace concretamente os pequeninos
“Penso nas muitas crianças famintas, abandonadas, exploradas, obrigadas à guerra, rejeitadas. É doloroso ver as imagens de crianças infelizes, com o olhar perdido, que fogem da pobreza e dos conflitos, batem às nossas portas e aos nossos corações implorando ajuda. O Senhor nos ajude a não sermos uma sociedade-fortaleza, mas uma sociedade-família, capaz de acolher, com regras adequadas, mas acolher. Acolher sempre, com amor.”
Por fim, o Pontífice pede a oração dos fiéis pelos trabalhos do Sínodo, para que o Espírito Santo torne os padres sinodais plenamente dóceis às suas inspirações.
Flagelo da guerra
Após a oração mariana, o Papa recordou a beatificação em Santander, na Espanha, de 18 monges trapistas, assassinados por sua fé durante a guerra civil espanhola. “Louvemos ao Senhor por esses testemunhos corajosos e, por sua intercessão, supliquemos que libertem o mundo do flagelo da guerra.”
Guatemala e França
Francisco pediu ainda orações e ajudas concretas às vítimas de um deslizamento de terra na Guatemala e dos temporais na Costa Azul, na França. E saudou de modo especial os peregrinos italianos, que festejam este domingo S. Francisco de Assis, padroeiro do país. (BF)
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                                                                     Fonte: radiovaticana.va     news.va

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