Na celebração das vésperas da Solenidade de
Maria Santíssima, o Papa afirmou que este tempo de pandemia aumentou em nós o
sentimento de perda. Depois de uma primeira fase de reação, em que nos sentimos
solidários na mesma barca, difundiu-se a tentação do “salve-se quem puder”.
“Mas graças a Deus reagimos novamente, com o sentido de responsabilidade."
Para que o novo ano seja diferente do
anterior, é preciso estupor e gratidão, disse o Papa Francisco em sua homilia
na celebração das Vésperas na Basílica de São Pedro, com o canto do Te Deum, em
agradecimento pelo ano que passou. A celebração foi presidida pelo Decano
do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re. O Papa Francisco
acompanhou a missa de seu assento posicionado em frente ao altar da
Confissão.
Estupor para que o amanhã seja diferente
Há motivos para agradecer, não obstante a
pandemia. Em sua homilia, o Papa recordou que a Liturgia desses dias convida a
despertar em nós a maravilha pelo mistério da Encarnação. E não se pode
celebrar o Natal sem estupor, recordou Francisco. Mas não um estupor que se
limite a uma emoção superficial, ligada à exterioridade da festa ou, pior, ao
frenesi consumista.
“Se o Natal se reduz a isso, nada muda:
amanhã será igual a ontem, o próximo ano será como o que passou e assim por
diante.”
Mas é preciso acolher o centro do mistério
do nascimento de Cristo e o centro é este: “O Verbo se fez carne e veio habitar
entre nós”.
Os problemas existem, mas não estamos sós
E é Maria quem nos reconduz à verdade do
Natal. Ela é a primeira testemunha e a maior, porque é a mais humilde. O seu
coração está repleto de estupor, sem romantismos, porque a maravilha cristã tem
origem não em efeitos especiais, mas no mistério da realidade.
Para o Papa, não há nada de mais
maravilhoso e impressionante do que a realidade, do que uma mãe que segura o
filho em seus braços e o amamenta.
Por isso, o estupor de Maria e o da Igreja
é repleto de gratidão, porque contemplando o Filho sentimos a proximidade de
Deus, que não abandona o seu povo. É o Deus-conosco. Os problemas não
desaparecem, mas não estamos sós. Ele, o Unigênito, se faz primogênito entre os
irmãos, para reconduzir a todos nós à casa do Pai.
Afastar a tentação do "salve-se quem
puder"
Este tempo de pandemia, afirmou Francisco,
aumentou em nós o sentimento de perda. Depois de uma primeira fase de reação,
em que nos sentimos solidários na mesma barca, difundiu-se a tentação do
“salve-se quem puder”.
“Mas graças a Deus reagimos novamente, com
o sentido de responsabilidade. Realmente podemos e devemos dizer ‘graças a
Deus’ porque a escolha da responsabilidade solidária não vem do mundo, vem
Deus; ou melhor, vem de Jesus Cristo.”
Antes de concluir sua homilia, o Papa
dedicou algumas palavras para falar da cidade de Roma, onde todos se sentem
irmãos diante de sua vocação de abertura universal.
“Roma é uma cidade maravilhosa, que não
para de encantar”, mas pode ser cansativa para quem vive e nem sempre digna
para os moradores e turistas. O apelo de Francisco é para deixar de lado a
tendência a descartar, de modo que todos possam maravilhar-se descobrindo na
cidade uma beleza “coerente” e que suscita gratidão.
O convite final do Pontífice é para seguir
o Menino: “Sigamo-Lo no caminho cotidiano. Ele dá plenitude ao tempo, dá
sentido às obras e aos dias. Vamos confiar nos momentos felizes e naqueles
dolorosos: a esperança que Ele nos doa é a esperança que não desilude.”
focadas na solidariedade, fraternidade e amizade social
O ano de 2022 está chegando trazendo na bagagem a esperança altruísta de vivenciar o ‘novo normal’ imposto pela pandemia da covid-19 e o avanço da vacinação no mundo que trouxe um pouco mais de alívio e segurança para a população.
Em mensagem por ocasião do início de um novo ano, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, aponta que a humanidade deve compreender que o chamado ‘novo normal’ não pode significar uma volta ao passado.
“As atitudes egoístas, o consumo sem limite, o descaso com a casa comum e a indiferença em relação aos mais pobres têm provocado muitos adoecimentos, o novo ano precisa inspirar mudanças profundas. Essas transformações devem começar na interioridade de cada um de nós”, disse.
Dom Walmor ressaltou ainda que os cristãos têm o desafio de apontar o caminho da fraternidade, amizade social, a partir de gestos de solidariedade e defesa dos direitos e da justiça.
“A meta para 2022 precisa ser construir, reconstruir, sempre mais a fraternidade, amizade social, sobre os pilares da solidariedade e dos ensinamentos de Jesus Cristo nosso Senhor”, apontou.
O presidente da CNBB destaca ainda o ano jubilar que vai celebrar os 70 anos de criação da CNBB, a ser comemorado dia 14 de outubro de 2022.
“Este ano jubileu avançarmos mais da tarefa de investir numa igreja sinodal, efetivamente de comunhão e participação fecundos da missão. Contemplaremos a nossa história, atentos aos desafios vencidos pelos evangelizadores que nos precederam para revigorarmos, sempre cada vez mais, o compromisso de ajudar o Brasil a se tornar mais justo, solidário e fraterno. É tempo de reconstruir o Brasil é tempo de reconstruir a sociedade na justiça e na paz”, destacou.
Estão disponíveis os roteiros Celebrar em
Família para as solenidades de Santa Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro,
e da Epifania do Senhor, no domingo, 2 de janeiro. O material é oferecido
pela Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB).
“Continuamos a oferecer esta sugestão de
Celebração da Palavra de Deus para ser celebrada em sua casa, com seus
familiares. São muitos os horários de transmissão de missas em nossos canais
católicos que podemos acompanhar, mas vivendo a dignidade de povo sacerdotal
que nosso batismo nos conferiu, podemos não só acompanhar, mas CELEBRAR com
nossas famílias o Dia do Senhor”, afirma a Comissão para a Liturgia.
No primeiro dia do ano, a solenidade da
Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, é ocasião para “louvamos e bendizemos a
Deus por manifestar a sua misericórdia e amor para conosco”. No Roteiro
Celebrar em Família, todos são motivados a pedir a Deus “que abençoe o ano que
se inicia, mostre-nos o seu rosto, caminhe conosco”. No Dia Mundial da Paz, o
pedido é que “o singelo e “frágil” menino, nascido de Maria, nos traga a paz.
Que os nossos corações, nossas famílias, busquem a paz”.
No primeiro domingo do ano, a Igreja
celebra a Solenidade da Epifania do Senhor. É quando ocorre a manifestação de
Jesus ao mundo inteiro, os Magos representam os povos de todas as línguas e
nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus.
O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.
- Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,/ e sua face resplandeça sobre nós!/ Que na terra se conheça o seu caminho/ e a sua salvação por entre os povos.
- Exulte de alegria a terra inteira,/ pois julgais o universo com justiça;/ os povos governais com retidão,/ e guiais, em toda a terra, as nações.
- Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,/ que todas as nações vos glorifiquem!/ Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe,/ e o respeitem os confins de toda a terra!
Irmãos: Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá — ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.
Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
Que sentido tem para você a celebração do Ano Novo? Mais uma festinha? Ou até uma farra? Um costume social? Uma ocasião para demonstrar seu carinho para com os amigos, trocar votos de paz e felicidade, injetar um pouco de otimismo em si mesmo e nos outros?
Para os cristãos, o novo ano litúrgico já começou, há um mês, no 1º domingo do Advento. Celebrar o Ano Novo no 1º de janeiro não é próprio da Igreja; mas os cristãos participam desta celebração como cidadãos da sociedade civil. Participam da celebração do Ano Novo civil com uma festa de Maria, Mãe do Deus Salvador, Jesus Cristo. Querem felicitar de modo especial a Mãe da família dos cristãos – pois, ao visitarmos hoje a casa de nossos amigos, não cumprimentamos primeiro a dona da casa?
Por que a Igreja marca este dia com uma festa de Maria, Mãe de Deus? É um voto de paz e bênção para a sociedade, para o mundo! Pois o filho de Maria é uma bênção para toda a humanidade e o será também neste novo ano civil, que hoje inicia.
A 1ª leitura de hoje nos faz ouvir a bênção de Deus transmitida pelos sacerdotes do templo de Jerusalém. Maria nos transmite uma bênção maior, da parte de Deus: o seu filho, Jesus. Os nossos votos de paz e bênção, neste dia, devem ser a extensão desta bênção que é Jesus, e que Maria fez chegar até nós. Em Jesus é que desejamos paz e bênção aos nossos amigos.
Então, nossos votos serão profundamente cristãos, e não apenas fórmula social ou até desejo egoísta, mera bajulação de “amigos importantes”… Desejaremos aos nossos amigos aquilo que veio até nós em Cristo: o amor de Deus na doação da vida para os irmãos. Esta é a verdadeira paz, que convém desejar neste Dia Mundial da Paz. Somente onde reinam os sentimentos de Jesus – o esquecimento de si para o bem dos irmãos, como pessoas e como sociedade – pode existir a paz que vem de Deus. É este o espírito de Jesus, no qual chamamos a Deus de Pai e aos outros, de irmãos.
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
Solenidade da Epifania do Senhor (2 de janeiro de 2022):
Leituras e Reflexão
1ª Leitura:Is 60,1-6
Leitura do Livro do Profeta Isaías:
Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços. Ao vê-los, ficarás radiante, com o coração vibrando e batendo forte, pois com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações; será uma inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor.
-As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
- As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
- Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus,/ vossa justiça ao descendente da realeza!/ Com justiça ele governe o vosso povo,/ com equidade ele julgue os vossos pobres.
- Nos seus dias a justiça florirá/ e grande paz, até que a lua perca o brilho!/ De mar a mar estenderá o seu domínio,/ e desde o rio até os confins de toda a terra!
- Os reis de Társis e das ilhas hão de vir/ e oferecer-lhe seus presentes e seus dons;/ e também os reis de Seba e de Sabá/ hão de trazer-lhe oferendas e tributos./ Os reis de toda a terra hão de adorá-lo,/ e todas as nações hão de servi-lo.
- Libertará o indigente que suplica,/ e o pobre ao qual ninguém quer ajudar./ Terá pena do indigente e do infeliz,/ e a vida dos humildes salvará.
Irmãos: Se ao menos soubésseis da graça que Deus me concedeu para realizar o seu plano a vosso respeito, e como, por revelação, tive conhecimento do mistério.
Este mistério Deus não o fez conhecer aos homens das gerações passadas, mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.
Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém.
Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer. Eles responderam: “Em Belém, na Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo”.
Então Herodes chamou em segredo os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. Depois os enviou a Belém, dizendo: “Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo”.
Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande.
Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho.
Reflexão: Epifania do Senhor (2 de janeiro de 2022)
Deixar-se guiar pelo sinais de Deus
A celebração deste domingo ainda está em
profunda sintonia com o Natal de Nosso Senhor. Celebramos a manifestação de
Jesus a todos os homens e mulheres em todos os tempos. A visita dos Magos do
Oriente nos recorda que Jesus não veio a este mundo somente para alegrar a vida
de uma família, de algumas pessoas, de uma região ou mesmo de uma nação: Jesus
pertence a toda humanidade e em todos os tempos.
O Evangelho inicia com duas informações: “Tendo
Jesus nascido em Belém da Judeia”. O local confirma a tradição do nascimento em
Belém, ideia que será repetida mais vezes, isso para confirmar a forte ligação
de Jesus com a tradição sobre o messias como descendente de Davi, rei ungido em
Belém (1Sm 16,1-13). “No tempo do rei Herodes”. Um personagem conhecido,
confirmando que Jesus pertence à história conhecida.
Em seguida, Mateus introduz a história dos
viajantes com “eis que magos”, eles entram na história e não compõem os dois
dados anteriores. Os “magos” não eram reis ou “sábios”, mas eram bem aceitos
nas cortes e muitos reis apreciavam suas previsões, por isso, eles não
encontraram dificuldades de se aproximar de Herodes.
Os viajantes do Oriente eram pessoas que
conheciam os astros e as estrelas, característica marcante dos povos daquela
região de onde partiram. Movidos pelo conhecimento que tinham do céu,
perceberam que havia uma “estrela diferente no firmamento”. Até onde
descobriram, concluíram que valia a pena arriscar deixar tudo e buscar o “dono”
daquela estrela diferente. O céu com suas estrelas era visível para todos,
mas somente os magos perceberam que algo diferente estava acontecendo.
Os magos do Oriente representam muito bem a
nossa caminhada de fé e busca de Deus. Eles saíram de longe, se orientaram
com o que sabiam, se perderam na caminhada, foram a lugares errados em busca de
respostas, mas não desistiram jamais. Abandonaram suas terras em busca de um
rei e encontraram um menino. Buscaram nos palácios e terminaram a jornada em um
local simples (Mateus diz “casa”; Lucas, um local para animais). Acharam que
tudo estaria resolvido com as pessoas mais importantes da época, mas tudo só
teve sentido quando encontram a família de Nazaré.
A ciência que eles tinham os conduziu e os
animou em uma longa jornada, mas ela não deu todas as respostas. Chegaram
até Jerusalém, pensando que lá teriam uma explicação para tudo, mas obtiveram
somente parte da solução. A ciência dos magos os levou até a cidade dos
profetas e do Povo de Deus, mas somente conseguiram prosseguir a busca quando
tiveram contato com a Palavra de Deus. O evangelista Mateus nos conta que, de
um lado, a cidade ficou agitada e Herodes ficou com medo e, de outro lado, os
magos se encheram de alegria. Os viajantes do Oriente foram um grande
instrumento de revelação para os grandes de Jerusalém (Herodes e sacerdotes),
mas preferiram ignorar tudo.
Todos os convocados por Herodes (sacerdotes
e Escribas) se mostravam entendidos nas Escrituras, mas estavam fechados em
suas esperanças. Para os sacerdotes, não havia necessidade de novidades e
preferiram ficar com Herodes do que seguir os magos. Eles mesmos foram
instrumentos de uma Nova Esperança, mas não abraçaram aquilo que leram e
conheciam (a Palavra de Deus). Os homens da religião e da Lei preferiram
ficar em Jerusalém, pois lá eles já tinham o Templo, as festas, os sacrifícios
e suas tradições, eles não queriam saber da novidade do menino que atraía
pessoas de terras distantes.
Na cidade, a “estrela guia” não pode ser
mais vista. No palácio do rei, não havia espaço para os sinais de Deus. Nos
lugares onde a prepotência daqueles que se sentem grande, Deus não pôde ser
visto. Onde há mentira, não brilha a luz de Deus. Porém, ao saírem da
cidade dos poderosos daquela época, a alegria retornou. Antes viam a estrela
somente com seus conhecimentos, ao deixarem a Cidade Santa, foram alimentados
pela esperança das profecias da Palavra de Deus. Agora, a viagem deles
estava animada com um novo sentido: estavam no caminho certo e estavam
próximos! Os magos (estrangeiros e vindos de terras pagãs) se aproximavam
cada vez mais de Jesus; os sacerdotes e a religião oficial, cada vez mais
distantes.
Antes, a Cidade Santa, Jerusalém, era o
centro e o ponto de chegada de todos os peregrinos; agora, com Jesus, passa a
ser somente instrumento e passagem que conduz ao verdadeiro sentido de qualquer
jornada. Belém, a “menor das cidades”, faz sombra a grande cidade de Jerusalém.
Eles perceberam que os sinais de Deus
possuíam um sentido próprio e uma grandeza particular. Não deviam mais buscar
entres os grandes, mas deixar ser guiados pelos sinais de Deus, que estão longe
da prepotência, da mentira e da falsa sabedoria humana.
Os magos tinham buscado em lugares onde a
grandeza dos homens brilhava e, por isso, os sinais de Deus não tinham
espaço. Em Belém, tudo se revestiu de significado e sentido. Não
encontraram nada espantoso ou espetacular, mas somente uma família com um
recém-nascido. Os três presentes são simples e significativos: “ouro” para
os reis e deuses, “incenso” para divindade e “perfume” (mirra) para um grande
homem.
Mateus faz questão de lembrar que Jesus, o
recém-nascido, estava com sua mãe: “acharam o menino com Maria, sua mãe”
(v.11a). Em seus braços, o Eterno Rei recebe adoração e veneração. Maria é o
amparo mais profundo para Jesus e, ao mesmo tempo, o trono onde o Messias é
reconhecido. O destino da mãe e do filho estão selados para sempre!
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a primeira Jornada de Oração e Missão pela Paz de 2022, no próximo Dia Mundial da Paz, dia 1º de janeiro. A Jornada de Oração e Missão é promovida pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que sofre (ACN) desde abril deste ano, quando foi realizada, dia 1º daquele mês, a Jornada de Oração pelo Haiti.
No primeiro dia do ano, comemora-se o Dia Mundial da Paz. Essa data foi criada pelo Papa Paulo VI em 1967. Apesar da origem, o intuito era compartilhar o sentimento de paz entre todos os homens, independente da religião, conforme desejo de Paulo VI. Em suas palavras a proposta não tem a pretensão de ser qualificada como uma data exclusivamente católica ou religiosa. “Antes seria para que ela encontrasse verdadeira adesão junto a todos os amigos da paz”, expressou.
Nesta jornada, de acordo com o assessor da Comissão para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, padre Daniel Rochetti, os brasileiros são convidados a recordar de todos os países pelos quais a jornada rezou em 2021 e também a rezar por todas as situações que pedem uma atitude orante, intercessora e semeadora de paz e de Esperança.
“Neste dia 1º de janeiro, nos unimos à Igreja Católica em todo o mundo, na tradicional Jornada de Oração pela Paz. Já fazem anos que o dia primeiro de cada ano é um dia de oração pela paz. Que seja assim também neste ano que se inicia: uma oração ao Deus da Vida para que, em nome de Jesus Cristo, Seu Filho e Nosso Salvador, a paz como dom do Espírito Santo seja derramada em toda a criação, movendo homens e mulheres na busca da justiça e do pão para todos”, motiva o assessor da Comissão para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB.
Jornada de Oração como agir missionário
De acordo com o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Daniel Rochetti, a Jornada de Oração e Missão faz parte de uma série que coloca o valor da oração como “agir missionário” e propõe que cada cristão católico dedique um tempo do dia para rezar por determinado país.
“Durante todo o ano de 2021, inspirados pelo exemplo da padroeira das Missões, Santa Teresinha do Menino Jesus, a Igreja do Brasil foi incentivada a rezar pelas missões, e assim, tornar-se realmente missionária. De fato, os Papas sempre ensinam que uma das formas de contribuir com a missão da Igreja missionária é através da oração”, recorda-se o padre Daniel.
Ele ressalta ainda que as jornadas são um convite para contribuir, especialmente, com a oração que é uma das formas mais significativas de colaborar com o trabalho missionário. Em 2021, foram realizadas as seguintes Jornadas de Oração e Missão pelos países, sempre no primeiro dia de cada mês: Etiópia, em 1°/12; Bolívia, em 1º/11; Madagascar, em 1º/10; Afeganistão, em 1º/9; Terra Santa, em 1º/8; Moçambique, em 1º/7; Sudão do Sul, em 1º/6; Haiti, em 1º/5 e Myanmar, em 1º/04.
a migração de hoje é um escândalo
social da humanidade
Na Audiência Geral desta quarta-feira, o
Papa convidou a rezar "por todos os migrantes, todos os perseguidos e
todos aqueles que são vítimas de circunstâncias adversas, sejam circunstâncias
políticas, históricas, ou pessoais".
"São José, migrante perseguido e
corajoso" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta
quarta-feira (29/12).
A família de Nazaré teve que fugir para o
Egito, "experimentando em primeira pessoa a precariedade, o medo e a dor
de ter que deixar a sua terra". Francisco sublinhou que "ainda hoje
muitos dos nossos irmãos e irmãs são obrigados a viver a mesma injustiça e
sofrimento. A causa é quase sempre a prepotência e a violência dos poderosos.
Isto aconteceu também com Jesus".
Através dos Reis Magos, o rei Herodes toma
conhecimento do nascimento do “rei dos Judeus”, e a notícia o perturba. "Ele
se sente inseguro, ameaçado no seu poder" e manda "matar todas as
crianças de Belém de até dois anos. Foi o tempo em que, segundo o cálculo dos
Magos, Jesus teria nascido". Entretanto, um anjo ordena a José:
«Levanta-te, toma o menino e a sua mãe, e foge para o Egito; permanece lá até
que eu te avise, pois Herodes vai à procura do menino para o matar».
"Pensemos nas muitas pessoas que hoje sentem dentro de si esta inspiração:
Fujamos! Fujamos porque aqui há perigo", frisou o Papa.
Herodes é o símbolo de muitos tiranos de
ontem e de hoje
"A fuga da Sagrada Família para o
Egito salva Jesus, mas infelizmente não impede que Herodes leve a cabo o seu
massacre. Assim, encontramo-nos diante de duas personalidades opostas: por um
lado, Herodes com a sua ferocidade e, por outro, José com o seu esmero e a sua
coragem. Herodes quer defender o seu poder, a própria pele, com crueldade
impiedosa, como atestam também as execuções de uma das suas esposas, alguns dos
seus filhos e centenas de adversários. Era um homem cruel. Para resolver os
problemas tinha apenas uma receita, matar", disse ainda o Papa,
acrescentando:
Ele é o símbolo de muitos tiranos de ontem
e de hoje, e para esses tiranos as pessoas não contam, conta o poder. Se eles
precisam de espaço de poder, matam as pessoas. Isso acontece hoje. Não
precisamos recorrer à história antiga. Isso acontece hoje. É o homem que se
torna “lobo” para os outros homens. A história está cheia de personalidades
que, vivendo à mercê dos seus temores, procuram vencê-los, exercendo o poder de
forma despótica e praticando gestos de violência desumanos. Mas não devemos
pensar que só viveremos na perspectiva de Herodes se nos tornarmos tiranos; na
realidade, é uma atitude em que todos podemos cair, sempre que procuramos
afugentar os nossos medos com a prepotência, ainda que seja apenas verbal ou
feita de pequenos abusos cometidos para mortificar quem está ao nosso lado.
Também nós temos dentro do coração a possibilidade de sermos pequenos Herodes.
Coragem é sinônimo de fortaleza
A seguir, o Papa sublinhou que "José é
o oposto de Herodes: em primeiro lugar, é «um homem justo». Herodes é um
ditador. Além disso, demonstra-se corajoso na execução da ordem do Anjo.
Podemos imaginar as peripécias que teve de enfrentar durante a longa e perigosa
viagem, e as dificuldades exigidas para a permanência num país estrangeiro. A
sua coragem sobressai também na hora do regresso quando, tranquilizado pelo
Anjo, supera os seus compreensíveis receios, estabelecendo-se com Maria e Jesus
em Nazaré".
Herodes e José são dois personagens
opostos, que refletem as duas faces da humanidade de sempre. É um lugar-comum
errado considerar a coragem como virtude exclusiva do herói. Na realidade, a
vida quotidiana de cada pessoa requer coragem. Não é possível viver sem coragem
para enfrentar as dificuldades de cada dia. Em todos os tempos e culturas
encontramos homens e mulheres corajosos que, para ser coerentes com a sua
crença, superaram toda a espécie de dificuldades, suportando injustiças,
condenações e até a morte. Coragem é sinônimo de fortaleza que, com a justiça,
a prudência e a temperança, faz parte do grupo de virtudes humanas chamadas
“cardeais”.
Ver em Jesus os migrantes de hoje
"A lição que José nos deixa hoje é a
seguinte: a vida nos apresenta sempre adversidades, diante das quais podemos
sentir-nos também ameaçados, amedrontados, mas não é mostrando o pior de nós,
como faz Herodes, que podemos superar certos momentos, mas agindo como José,
que reage ao medo com a coragem da confiança na Providência de Deus", disse
ainda o Papa.
Rezemos hoje por todos os migrantes, todos
os perseguidos e todos aqueles que são vítimas de circunstâncias adversas,
sejam circunstâncias políticas, históricas ou pessoais. Pensemos nas muitas
pessoas vítimas das guerras, que querem fugir de sua pátria, mas não podem.
Pensemos nos migrantes que começam a estrada para serem livres e muitos
terminam na rua ou no mar. Pensemos em Jesus nos braços de José e Maria fugindo
e vejamos nele cada um dos migrantes de hoje. A migração de hoje é uma realidade
diante da qual não podemos fechar os olhos. É um escândalo social da
humanidade.
.........................................................................................................................................................................Oração do Papa a São José:
ampara todos os que fogem da guerra, do ódio e da fome
No final da última Audiência Geral de 2021,
Francisco doa aos fiéis uma nova oração ao esposo de Maria, a quem confia os
perseguidos de hoje.
São José,
vós que experimentastes o sofrimento de quem deve fugir
vós que fostes obrigado a fugir
para salvar a vida dos entes mais queridos,
amparai todos aqueles que fogem por causa da guerra,
do ódio e da fome.
Ajudai-os nas suas dificuldades,
fortalecei-os na esperança e fazei com que encontrem acolhimento e
solidariedade.
Guiai os seus passos e abri o coração de quantos os podem ajudar. Amém!
Mais uma vez, o Papa dirige-se a São José,
homem justo e símbolo daquele "heroísmo" que se expressa na vida
cotidiana, para pedir a sua proteção para a vida dos migrantes, dos abandonados
e perseguidos do nosso tempo.
Na última Audiência Geral de 2021, depois
de uma catequese inteiramente centrada na "coragem" do pai putativo
de Jesus ao guiar a fuga de sua família ao Egito, Francisco doa aos fiéis uma
nova oração para rezar no ano que se inicia. Um breve texto no qual se
condensam as palavras da Patris Corde, a carta com a qual o Papa
abriu, em 8 de dezembro de 2020, o Ano dedicado a São José, concluído em dia 8
de dezembro deste ano, durante a visita à Comunidade Cenáculo.
Pedidos de agradecimento
O pedido do Papa de proteção a São José,
cuja profunda devoção nunca escondeu desde a juventude, está simbolicamente
entrelaçado com o gesto que Jorge Mario Bergoglio faz há décadas, ou seja, o de
confiar ao santo intenções de oração, pedidos de graças e intercessões
especiais, colocando alguns bilhetes sob a imagem de José adormecido que o
acompanha desde que foi reitor do Colégio Máximo de São Miguel e que agora
guarda no seu gabinete pessoal na Casa Santa Marta.
Uma oração coletiva
Com a oração de hoje, o Papa Francisco pede
que a oração ao esposo de Maria não seja apenas uma oração pessoal, mas que
todos os fiéis se voltem para ele neste ano de 2022 e coloquem em suas mãos as
esperanças e dificuldades daqueles "que são vítimas de circunstâncias
adversas e que se sentem desanimados e abandonados por causa disso".
Não esquecer quem está longe de casa
A oração se expressa em intenções ou ações
precisas feitas nas saudações em várias línguas, que o Papa pronuncia no final
das audiências de quartas-feiras. Aos fiéis de língua árabe, o Papa pediu:
"Que a coragem de José, que se confiou à Providência de Deus, seja uma
fonte de inspiração e compromisso para todos nós perante as crianças, para
ensinar-lhes que só assim é possível repelir todo o mal e deter toda fuga sem
medo".
O Pontífice exortou os franceses a não
"se esquecerem daqueles que, como a Sagrada Família no Egito, estão longe
de casa e de seus entes queridos". Ele pediu aos peregrinos alemães para
que "rezem pelos migrantes, pelos perseguidos e por todos aqueles que se
sentem abandonados e desanimados. Que o Senhor lhes dê esperança e nos ajude a
estarmos próximos a eles".
A intercessão de São José para o novo ano
Da mesma forma, o Papa Francisco indicou
aos fiéis espanhóis o exemplo de São José para que, como ele, possam
"confiar na Providência divina em todos os momentos" e terem "a
coragem de acolher com espírito cristão de caridade e solidariedade todos os
nossos irmãos e irmãs que tiveram que fugir de suas terras e deixar suas casas".
Eis a intenção de oração dirigida aos
poloneses, válida para todos os fiéis do mundo, em vista do novo ano:
"Por intercessão de Maria Santíssima
Mãe de Deus e de São José, seu esposo, rezamos para que o próximo ano seja
feliz para nós e para todas as pessoas, para que a pandemia cesse e possamos
desfrutar da paz em nossos corações, em nossas famílias, nas sociedades e no
mundo".