Com o Sínodo, família recupera seu espaço na Igreja
Cidade do Vaticano (RV) – Colocar a família no devido lugar no contexto da ação pastoral da Igreja: para o Arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, este é um dos saldos deste Sínodo sobre a família.
Em entrevista à
Rádio Vaticano, Dom Geraldo falou dos aspectos que se sobressaíram em seu grupo
de trabalho:
Comemoração dos 50 anos do Sínodo |
RV: Há um tema
em especial que concentrou os debates no seu círculo menor?
Dom Geraldo: “Eu diria que o leque se abriu, porque além das questões melindrosas, difíceis,
complexas como se tem levantado, a situação dos divorciados e recasados
civilmente, debateu-se a questão dos desafios que a família vive hoje nas
realidades de violência. Seja a família como vítima de violências, as guerras,
os atentados, o problema das drogas, seja também a violência no interior da
própria família, que infelizmente em muitas situações acontece. E, em geral,
vítimas dessas violências são as mulheres e as crianças. Tudo isso foi muito
considerado e o leque foi se abrindo. O Sínodo não se deteve apenas em alguns
aspectos, por mais que gerem expectativa na opinião pública, entretanto o tema
do Sínodo é muito amplo. Parece-me que o grupo do qual participei esse leque se
manteve aberto nessas várias perspectivas.” (BF)
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Família
não é somente um desafio, mas oportunidade para ser feliz
Concluiu-se na manhã desta terça-feira, no Sínodo dos Bispos
sobre a família, o trabalho dos Círculos menores sobre a terceira e última
parte do Instrumentum laboris, dedicado ao tema “A missão da família hoje”.
Na parte da
tarde, a apresentação, aos Padres sinodais, dos Relatórios dos 13 grupos
linguísticos e, esta quarta-feira, a publicação destes.
O diretor da
Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, conduziu a coletiva do dia
sobre os trabalhos sinodais, tendo três cardeais como convidados: o espanhol
Lluís Martínez Sistach (arcebispo de Barcelona); o sul-africano Wilfrid Fox
Napier (arcebispo de Durban); e o mexicano Alberto Suárez Inda (arcebispo de
Morelia).
A família não é
somente um desafio, mas também e, sobretudo, uma oportunidade para ser felizes:
disse o Card. Sistach reiterando que a preparação para o matrimônio, quer
remota, quer imediata, é fundamental para evitar separações e divórcios.
Em seguida, o
purpurado deteve-se sobre o Motu proprio do Papa Francisco acerca da reforma
dos processos de nulidade matrimonial e reiterou tratar-se de uma reforma em
harmonia com a misericórdia da Igreja, mas à luz da indissolubilidade.
Sínodo na reta final |
Desse modo, os
casais que experimentaram um falimento podem refazer sua vida, de cabeça
erguida, diante de Deus e da Igreja.
Daí, o apelo do
purpurado espanhol a fim de que seja incrementada a gratuidade de tais
processos. Na eventualidade de não ser possível encontrar a verdade objetiva e
imediata, observou o Cardeal, o processo breve torna-se ordinário.
“Nem todos os
Tribunais eclesiásticos das dioceses do mundo dispõem de pessoas adequadamente
preparadas” no setor, concluiu o arcebispo de Barcelona, e, portanto, o desafio
se encontra também nesse campo.
A família
constitui a base da sociedade, é sua célula fundamental, reiterou, por sua vez,
o Cardeal Suárez Inda, fazendo votos de que todas as instituições atuem em
defesa da família. Em seguida, o purpurado mexicano deteve-se sobre o drama dos
migrantes, cuja situação cria muitas dificuldades às famílias não somente por
causa da distância geográfica, mas também pelo aspecto normativo que por vezes
impede a reunificação familiar.
A esse
propósito, o arcebispo de Morelia agradeceu aos bispos dos EUA pelo grande
trabalho de acolhimento que fazem com os migrantes mexicanos.
Outra chaga que
atinge as famílias é a da criminalidade organizada e da globalização que muitas
vezes deixa os jovens sozinhos, no processo educacional, ressaltou o purpurado.
Em seguida, em
relação aos processos de nulidade matrimonial, afirmou: “Nós, bispos, temos
agora uma maior responsabilidade, o Papa reconhece-nos como juízes
misericordiosos a nível diocesano e, portanto, devemos ser testemunhas da
Igreja, mãe de ternura”.
Por fim,
respondendo à pergunta de um jornalista a propósito de uma possível viagem do
Papa ao México, o Cardeal Suárez afirmou:
“Sem dúvida, a
visita do Papa é um motivo de imensa alegria.” As datas ainda não foram
estabelecidas, mas certamente será uma viagem centralizada nos temas da
reconciliação e da paz.
Seguramente,
continuou o purpurado, o Santo Padre irá ao Santuário de Guadalupe e, talvez,
tenha a oportunidade de visitar alguma casa de detenção e de encontrar os
jovens, para dar esperança ao país.
Depois foi dado
espaço à África, com a reflexão do Cardeal Napier:
“Os bispos
africanos trouxeram uma lufada de otimismo ao Sínodo”, a exemplo de Deus, mas
também do Papa Francisco, afirmou o purpurado, que em seguida voltou seu olhar
para os leigos, sobretudo para as famílias felizes.
“São eles –
disse – que de certo modo indicam ao Sínodo a direção a ser tomada. É
importante, portanto, concentrar-se na vocação e missão da família na Igreja de
hoje e acompanhar os cônjuges, tanto antes quanto depois do matrimônio, porque
se reforma a Igreja reformando a família, que constitui sua base.
Por fim,
interpelado pela imprensa sobre a carta enviada por alguns cardeais ao Papa, o
purpurado sul-africano reiterou: era uma missiva reservada ao Pontífice e
estava muito no espírito daquilo que ele disse, ou seja, falar com sinceridade
e ouvir com humildade.
Em todo caso,
concluiu o arcebispo de Durban, trabalhando junto no Sínodo, nós, bispos,
reencontramos o espírito de colegialidade, sempre buscando fazer o melhor da
Igreja. (RL)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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