São poucos os cristãos verdadeiramente convertidos
|||||||||||||| Pe. Zezinho, scj |||||||||||||
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Quem estudou e psicologia, psiquiatria,
comportamento humano e religião já sabe a história das religiões, das
conversões e dos convertidos.
Alguns se converteram de verdade: a Deus, à
caridade e ao próximo. Na Igreja Católica são chamados de santos.
Outros se converteram até certo ponto!
Encantados com a mensagem, com os pregadores, com a Igreja, com os pregadores,
com o ambiente, com os testemunhos, no começo era um mar de rosas. Tinham
encontrado Jesus!
Não demorou e vieram os problemas:
esperavam mais da sua Igreja, do movimento, dos colegas correligionários, não
foram valorizados, queriam mais e este mais não lhe foi dado , as pregações não
mais lhes serviram, acharam defeitos em quase tudo, ouviram outros pregadores ,
até mudaram de igreja. Descontentes, desconverteram! Então, era só aquilo?
Alguns começaram a dizer que o passado era melhor.
Adotaram costumes e até vestes do passado. Outros quiseram avançar um século. Tentaram
viver na Igreja do futuro que simplesmente ainda não existia. As autoridades
puseram freios porque andavam depressa demais. Romperam também com os Papas do
seu tempo. Não queriam uma igreja lenta e atrasada demais!
Enquanto o grupo lhes servia, adotaram o
grupo; mas não as atualizações da Igreja, que era milhões de vezes mais
importante do que seu grupo. Deixaram o cristianismo pelo grupismo!
E houve os que embarcaram decididamente no fanatismo!
Era aquilo e só aquilo! Igreja era aquilo!
Por que aprender mais se tinham o que
buscavam? E veio a teimosia, o cisma, a heresia. Mas, é daí? Tinham achado um
Jesus que lhes servia! Sua conversão tornou- se um desvio colossal. Deixou de
ser conversão!
Alguns deles anunciam Jesus solenemente em
palcos e púlpitos, mas não vivem o que pregam. Têm milhares de seguidores, mas
sabem que adaptaram os evangelhos a seu gosto!
Eles sabem que não se converteram, mas os
fiéis os que os seguem acham que Jesus está com eles. Só que faz tempo que eles
não estão com Jesus. Abraçaram a incoerência!
Há milhões de católicos e evangélicos e
pentecostais semi-convertidos e vivendo está incoerência. Dizem, mas não fazem,
nem vivem ….
TALVEZ UM DIA DESCUBRAM A RE-CONVERSÃO. Faz
tempo que saíram da estrada!
Serve para mim e para vc ! Todos os dias é
tempo de RE-CONVERSÃO. A natureza humana é rebelde. Acha que pode enganar Deus!
Durante a audiência com os membros da
Comissão Teológica Internacional, Francisco entregou-lhes o discurso preparado
e, de forma espontânea, reiterou a importância da contribuição das mulheres
para a reflexão teológica: "Se não soubermos o que é a teologia da mulher,
nunca entenderemos o que é a Igreja". No texto preparado, o Papa pede
"uma teologia evangelizadora" em diálogo com a cultura e o povo.
"A Igreja é mulher". E "um
dos grandes pecados que cometemos é 'masculinizar' a Igreja". Devemos
"desmasculinizá-la" e fazê-lo a partir da teologia. O Papa se reuniu
com os membros da Comissão Teológica Internacional, o órgão criado por Paulo VI
na então Congregação para a Doutrina da Fé em 1969 - uma proposta da primeira
assembleia do Sínodo dos Bispos - para ajudá-la a examinar as questões
doutrinárias mais importantes.
A capacidade das mulheres para a reflexão
teológica
Recuperando-se da inflamação em seus
pulmões, o Papa entregou o discurso preparado: "Há um belo discurso aqui
com aspectos teológicos, mas do jeito que estou, é melhor não lê-lo",
disse Francisco. De modo espontâneo, no entanto, o Santo Padre compartilhou
alguns pensamentos para reiterar a importância da reflexão teológica e
agradecer à Comissão por seu trabalho. O Papa fez questão de expressar uma
observação: "perdoem minha sinceridade!" - devido à escassa presença
de mulheres no grupo:
"Uma, duas, três, quatro mulheres:
coitadas! Elas estão sozinhas! Ah, desculpe-me: cinco! Mas, quanto a isso,
devemos seguir em frente."
As mulheres "têm uma capacidade de
reflexão teológica diferente da que nós homens temos", enfatizou o Papa,
lembrando seus estudos dos livros de "uma boa mulher alemã", a
filósofa e escritora Hanna-Barbara Gerl, sobre Romano Guardini. "Ela havia
estudado essa história e a teologia dessa mulher não é tão profunda, mas é
bela, é criativa".
O pecado de "masculinizar" a
Igreja
A "dimensão feminina da Igreja",
acrescentou o Pontífice, ainda falando de improviso, "também estará no
centro dos próximos trabalhos do C9", o grupo de cardeais que auxilia o
Papa no governo da Igreja. O tópico é, portanto, central porque "a Igreja
é mulher".
“Se não entendermos o que é uma mulher, o
que é a teologia de uma mulher, nunca entenderemos o que é a Igreja. Um dos
grandes pecados que cometemos foi "masculinizar" a Igreja.”
Princípio petrino e mariano
"Isso não é resolvido pela via
ministerial; isso é outra coisa", enfatizou o Papa Francisco, referindo-se
às discussões sobre o sacerdócio feminino. "É solucionado pela via
mística, pela via real", afirmou. Em seguida, o Papa reforçou o
"princípio petrino e o princípio mariano" da matriz balthasariana que
lhe deu "tanta luz". "Pode-se discutir isso, mas os dois
princípios estão lá. É mais importante o mariano do que o petrino, porque há a
Igreja como noiva, a Igreja como mulher, sem se tornar masculina",
observou Francisco.
“E vocês podem se perguntar: para que serve
esse discurso? Não apenas para dizer que devemos ter mais mulheres aqui - este
é um ponto - mas para ajudá-los a refletir. A Igreja é mulher, a Igreja é
noiva. E essa é uma tarefa que peço a vocês, por favor. Desmasculinizem a
Igreja.”
"Obrigado pelo que vocês fazem",
reitera o Papa, ao final, recitando com os presentes um Pai Nosso "cada um
em sua língua" e pedindo, como de costume, orações: "Rezem por mim.
Rezem a favor, não contra, porque este trabalho não é fácil".
Conversão missionária da Igreja
No discurso entregue aos membros da
comissão, o Papa reflete sobre “o chamado a dedicar toda a energia do coração e
da mente a uma conversão missionária da Igreja". Francisco, destaca a
mensagem contida em sua Carta dirigida ao novo Prefeito do Dicastério para a
Doutrina da Fé: "Precisamos de um modo de pensar que saiba apresentar de
forma convincente um Deus que ama, que perdoa, que salva, que liberta, que
promove as pessoas e as convoca para o serviço fraterno" (1º de julho de
2023).
Uma teologia de baixo para cima
O pedido do Papa aos membros da comissão é
para que se encarreguem, de forma qualificada, por meio da proposta de uma
teologia evangelizadora, na promoção do diálogo com o mundo da cultura.
“E é essencial que vocês, teólogos, façam
isso em sintonia com o Povo de Deus, eu diria "de baixo para cima",
ou seja, com um olhar privilegiado para os pobres e os simples, e ao mesmo
tempo se colocando "de joelhos", porque a teologia nasce da adoração
a Deus.”
1700 anos do Concílio de Niceia
Ao encorajar a continuação dos estudos
sobre o Concílio de Niceia, que no Jubileu de 2025 completará 1700 anos,
Francisco compartilha três motivos que tornam a redescoberta de Niceia
promissora. O primeiro é o motivo espiritual: “em Niceia, a fé foi professada
em Jesus, o único Filho do Pai: Aquele que se tornou homem por nós e para nossa
salvação é Deus de Deus, luz da luz. Cabe aos teólogos espalhar novos e
surpreendentes lampejos da luz eterna de Cristo na casa da Igreja e na
escuridão do mundo,” ressalta o Pontífice.
Sinodalidade e ecumenismo
O segundo motivo é o sinodal. O Papa
recorda que “o primeiro Concílio ecumênico foi celebrado na Niceia, no qual a
Igreja pôde expressar sua natureza, sua fé, sua missão, para ser sinal e instrumento
da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano".
"A sinodalidade é o caminho, o modo de
traduzir em atitudes de comunhão e processos de participação a dinâmica
trinitária com a qual Deus, por meio de Cristo e no sopro do Espírito Santo,
vem ao encontro da humanidade. Aos teólogos é confiada a grande
responsabilidade de liberar a riqueza dessa maravilhosa energia
humanizadora."
E por fim, o terceiro motivo que o Papa
apresenta é a ecumênica: “Como não lembrar a extraordinária relevância desse
aniversário para a jornada rumo à plena unidade cristã? Não somente o Símbolo
de Niceia une os discípulos de Jesus, mas precisamente em 2025,
providencialmente, a data da celebração da Páscoa coincidirá para todas as
denominações cristãs. Como seria belo se isso marcasse o início concreto de uma
celebração sempre comum da Páscoa!”
Francisco finaliza agradecendo a comissão
pelos esforços realizados e encoraja “a continuar os trabalhos para que a luz
do Evangelho e da comunhão possa brilhar mais intensamente".
Neste tempo litúrgico “B”, mergulhamos nas páginas do Evangelho segundo Marcos, um evangelho que nos conduz a refletir profundamente sobre a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo. Nele, encontramos uma abordagem direta e dinâmica dos eventos e ensinamentos do Salvador.
O Evangelho de Marcos nos apresenta Jesus Cristo como o servo sofredor, aquele que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. É um convite a olharmos para o exemplo de humildade, amor e serviço que Jesus nos deixou.
Ao longo desse tempo litúrgico, somos convidados a refletir sobre a urgência da mensagem de Cristo. Marcos nos mostra um Jesus em constante movimento, realizando milagres, curas e ensinando multidões. Ele nos desafia a não perdermos tempo quando se trata de acolher o Reino de Deus em nossas vidas.
O tempo litúrgico “B” nos lembra da importância da fé e da confiança em Deus. Vemos em Marcos a necessidade de aprofundar nossa relação pessoal com Cristo, de nos aproximarmos D’Ele com um coração aberto e sincero.
Uma das características marcantes desse Evangelho é a constante pergunta de Jesus aos discípulos: “Quem dizeis que eu sou?” Esta questão permanece atual em nossas vidas, convidando-nos a renovar nossa fé e aprofundar nosso conhecimento sobre o próprio Cristo.
O Evangelho de Marcos também nos desafia a assumir uma postura de conversão. Ele nos convida a abandonar tudo aquilo que nos afasta de Deus e a nos voltarmos para Ele de todo o coração. Nosso tempo de reflexão e arrependimento é sempre oportuno diante da misericórdia infinita do Senhor.
Que neste tempo litúrgico “B”, possamos nos comprometer mais com o Evangelho, buscando vivê-lo em nossa realidade diária. Que possamos seguir os passos de Jesus, sendo testemunhas do Seu amor e misericórdia em um mundo que tanto necessita.
Que a Palavra de Deus proclamada neste tempo litúrgico nos inspire, nos console e nos desafie a crescer em nossa fé e compromisso com o Reino de Deus.
Que a graça de Deus, manifestada em Cristo Jesus, esteja conosco durante este tempo litúrgico, fortalecendo-nos na jornada da fé.
Que assim seja. Amém.
Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Francisco não deixou de estar presente na
Audiência Geral desta quarta-feira (29/11). A entrada do Papa na Sala Paulo VI
foi aclamada pelos fiéis e peregrinos. No início da catequese o Pontífice
saudou os fiéis e passou a palavra ao monsenhor Ciampanelli, que leu o texto
preparado para a ocasião.
Realizada na Sala Paulo VI, devido às
quedas da temperatura que antecedem o inverno no hemisfério norte, a Audiência
Geral desta quarta-feira, 29 de novembro, contou com a presença
de inúmeros fiéis e peregrinos que acolheram o Santo Padre com muito afeto
durante seu ingresso para a Audiência Geral.
O Papa Francisco, que ainda se recupera de
uma infeção pulmonar, ao saudar os fiéis, afirmou: "ainda não estou bem
com esta gripe e a voz não está boa”, e passou a palavra a monsenhor Filippo
Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, que leu o discurso preparado
para o ciclo de catequeses sobre a Paixão pela evangelização: o zelo apostólico
do crente.
A proclamação é para hoje
“Quase sempre ouvimos coisas ruins sobre o
hoje” - destaca o texto lido por mons. Ciampanelli - “entre
guerras, alterações climáticas, injustiças planetárias e migrações, crise da
família e da esperança, não faltam motivos de preocupação. De uma forma geral,
o hoje parece habitado por uma cultura que coloca o indivíduo acima de tudo e a
tecnologia no centro de tudo, com a sua capacidade de resolver muitos problemas
e o seu progresso gigantesco em muitos campos”.
O texto do Papa sublinha que a cultura do
progresso técnico-individual leva à afirmação de uma liberdade que não quer
impor limites e parece indiferente para com aqueles que ficam para trás. E ao
ilustrar a catequese com a história da cidade de Babel, Francisco destaca:
“Ainda hoje a coesão, mais do que a
fraternidade e a paz, baseia-se muitas vezes na ambição, nos nacionalismos, na
homologação, em estruturas técnico-econômicas que inculcam a crença de que Deus
é insignificante e inútil: não tanto porque buscamos mais conhecimento, mas
sobretudo porque buscamos mais poder. É uma tentação que permeia os grandes
desafios da cultura atual.”
Não ter medo do diálogo
“Na Evangelii gaudium”, ressalta o texto do
Papa, “apelei a uma evangelização que ilumine os novos modos de se relacionar
com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite os valores
fundamentais”.
“O zelo apostólico nunca é uma simples
repetição de um estilo adquirido, mas um testemunho de que o Evangelho está
vivo aqui para nós hoje.”
“Conscientes disto, olhemos, portanto, para
a nossa época e para a nossa cultura como uma dádiva. Elas são nossas e
evangelizá-las não significa julgá-las de longe, nem ficar numa varanda
gritando o nome de Jesus, mas sair às ruas, ir aos lugares onde moramos,
frequentar os espaços onde sofremos, trabalhamos, estudamos e refletimos,
habitar as encruzilhadas onde os seres humanos partilham o que faz sentido para
as suas vidas. Significa ser, como Igreja, «um fermento de diálogo, de
encontro, de unidade. Afinal, as nossas próprias formulações de fé são o
resultado de um diálogo e de um encontro entre diferentes culturas, comunidades
e instâncias. Não devemos ter medo do diálogo: na verdade, são precisamente a
comparação e a crítica que nos ajudam a evitar que a teologia se transforme em
ideologia»”
“Precisamos permanecer nas encruzilhadas do
hoje. Abandoná-las significaria empobrecer o Evangelho e reduzir a Igreja a uma
seita. Frequentá-las, porém, ajuda a nós, cristãos, a compreender de forma
renovada as razões da nossa esperança, para extrair e partilhar «coisas novas e
velhas» do tesouro da fé.”
Uma pastoral que incorpore melhor o
Evangelho
Na conclusão do texto Francisco ressalta:
“em vez de querer reconverter o mundo de hoje, precisamos de converter a
pastoral para que ela incorpore melhor o Evangelho”.
“Façamos nosso o desejo de Jesus: ajudar os
nossos companheiros de viagem a não perder o desejo de Deus, para que lhe abram
o coração e encontrem o único que, hoje e sempre, dá paz e alegria ao homem.”
Ao final da Audiência Geral desta quarta
(29), Francisco retoma a palavra depois que um funcionário da Secretaria de
Estado lê a catequese e as saudações aos fiéis, devido à dificuldade em falar
do Pontífice por causa de uma inflamação nos pulmões e lança um apelo pelo
drama no Oriente Médio: "que a trégua em Gaza continue, que todos os
reféns sejam libertados e que o acesso à ajuda seja permitido". O convite
para não esquecer da Ucrânia "que sofre tanto, ainda em guerra".
“Paz, por favor, paz... A guerra é sempre
uma derrota, todos perdem. Todos, não. Há um grupo que ganha muito: os
fabricantes de armas. Esses ganham bem, com a morte dos outros.”
A voz é fraca, mas é forte a preocupação do
Papa pelo horror que está ocorrendo na Terra Santa e na Ucrânia por causa da
guerra. No final da Audiência Geral desta quarta-feira (29), realizada na Sala
Paulo VI e não na Praça de São Pedro, devido à queda da temperatura, Francisco
tomou a palavra depois que a catequese e as saudações nos vários idiomas foram
lidas por monsenhor Filippo Ciampanelli da Secretaria de Estado. Isso -
explicou o próprio Pontífice no início da audiência - se deve à dificuldade de
falar causada pela inflamação nos pulmões, da qual está se recuperando, e pela
qual, nesta terça-feira (28), o obrigou a cancelar, a pedido dos médicos, a
viagem programada para Dubai, de 1º a 3 de dezembro, para a COP28.
Libertação de reféns e entrada de ajuda
O Papa, no entanto, quis tomar a palavra e
pronunciar ele mesmo o apelo por uma solução para o drama que se vive no
Oriente Médio, pedindo a extensão do cessar-fogo, agora em seu quarto dia, a
libertação de todos os reféns israelenses nas mãos do Hamas (nesta terça foi
libertado um quinto grupo de 12 homens e mulheres sequestrados em 7 de outubro
nos kibutzim de Nir Oz, Nirim e Nir Yitzhak) e a entrada de ajuda na Faixa de
Gaza, onde a situação humanitária piora de hora em hora. Mas, acima de tudo, o
Papa pediu orações:
“Continuemos a rezar pela grave situação em
Israel e na Palestina. Paz, por favor, paz... Espero que a trégua em curso em
Gaza continue, para que todos os reféns sejam libertados e ainda seja permitido
o acesso à necessária ajuda humanitária.”
Em contato com a paróquia de Gaza
Francisco confirmou que está em contato com
a paróquia latina da Sagrada Família, na Faixa de Gaza, com o pároco, o padre
argentino, Gabriel Romanelli, e o vice-pároco, Youssef Asaad. O Pontífice
recebe atualizações deles, por telefone, quase diariamente.
"Eu conversei com eles da paróquia de
lá, falta água, falta pão. As pessoas sofrem... As pessoas simples, as pessoas
do povo sofrem, não sofrem aqueles que fazem a guerra. Peçamos a paz."
Apelos internacionais
O apelo do Papa se junta ao coro de apelos
internacionais para a continuação da trégua, estendida por dois dias em relação
aos acordos iniciais. Não menos importante, a União Europeia, por meio do Alto
Representante Josep Borrell, que de Barcelona para a reunião da União do
Mediterrâneo comentou sobre o cessar-fogo: "é necessário fazer muito mais
para aliviar a terrível situação em Gaza e encontrar uma saída para a crise
atual".
Os ministros das Relações Exteriores dos
estados-membros do G7 também informaram que "receberam com
satisfação" a libertação de alguns dos reféns sequestrados em 7 de outubro
em Israel e "a recente pausa nas hostilidades que permitiu o aumento da
ajuda humanitária" em Gaza. Ao mesmo tempo, eles pediram ao Hamas "a
libertação imediata e incondicional de todos" os outros sequestrados.
Um pensamento para a Ucrânia que sofre
Um apelo que foi reiterado nesta quarta
(29) pelo Papa que, desde o início da violência, pediu em cada Angelus e
Audiência Geral a libertação de homens, mulheres, idosos e até crianças que
foram sequestrados. Da mesma forma, Francisco pediu que a atenção não fosse
desviada da tragédia que vem ocorrendo há quase dois anos na Ucrânia, onde os
ataques do exército russo continuam e o número de vítimas está aumentando. Cerca
de 1.780 crianças foram mortas desde fevereiro de 2022, anunciou o Unicef em
uma nota emitida nesta terça-feira (28).
“Não esqueçamos, falando de paz, do querido
povo ucraniano, que sofre tanto, ainda em guerra.”
Tempo do Advento: parte integrante do Ciclo
do Natal, como tempo de preparação (espera pelo Senhor que vem). O Ciclo do
Natal é identicamente ao Ciclo da Páscoa, composto por um tempo de preparação,
a festa principal, uma festa na oitava, e um tempo “esticado” para se fazer
memória de outros aspectos da mesma festa.
Possui duas dimensões celebrativas:
celebramos o mistério do Senhor que veio e que virá. Nos dois primeiros
domingos: O Senhor virá; nos dois domingos seguintes: o Senhor veio. O sinal
sacramental da espera, próprio do tempo, faz alusão à segunda vinda de Jesus.
Advento tem a ver com o mundo e com a
Igreja: a proposta da Igreja que anseia pela vinda do Senhor tem ressonância no
mundo. Ela anseia pela vinda do Senhor, mas enquanto sua vinda não se faz
plenamente, celebra, louva e distribui os sacramentos, na esperança de sua
plena concretização. É como se vivêssemos as propostas do Reino (já), mas não
ainda em sua plenitude (ainda não). Por isso, este tempo em preparação ao Natal
do Senhor, suscita o desejo de que o Senhor venha. Eis o sinal sacramental
próprio do tempo: a espera.
Viver o Advento é: viver a espera da feliz
expectativa da realização do Reino de Deus entre nós, espera que é revestida de
uma esperança escatológica (escathom, do grego = fim último), em meio a
tribulações e sofrimentos, mas que se torna sinal de esperança, sinal de que a
salvação de Deus prometida desde a Primeira Aliança (AT) está inserida na
história humana.
Nossas atitudes no Tempo do Advento: termos
a cabeça erguida, estarmos despertos e acordados, a fim de que percebamos no
decorrer da história os sinais de libertação, sobretudo nos acontecimentos
históricos. Essas imagens são-nos relembradas nas leituras e na oração da
Igreja durante as celebrações deste tempo. Sob o prisma da ação ritual, essas
imagens simbólicas são traduzidas para nosso ‘hoje’, por isso duas atitudes
fundamentais se destacam: vigilância e da oração, consequências da santidade
(frutos próprios do tempo). Essas atitudes preparam o coração para a grande
vinda, a escatológica (última vinda), e nos conforta sua presença misteriosa
através da ação litúrgica (memória da primeira vinda), e através dos pequenos
gestos realizados em prol do/a outro/a (vinda intermediária de Cristo), mas que
com o auxílio de Deus, isso é possível.
Acolher o Senhor que vem: é crer na
salvação do cosmos e da pessoa humana. Somos os responsáveis por acolher a
salvação, primeiro ‘abrindo o coração’, ‘aplainando os caminhos’, ‘abaixando as
montanhas’. As leituras e a oração da Igreja deste tempo mostram isso: a
alegria do povo que se volta, que espera, que permanece fiel, na expectativa da
vinda do Messias.
Celebrar o mistério do Senhor que vem e que
veio no Tempo do Advento é: manifestar no rito e na vida um momento novo para a
humanidade nova, para o mundo novo. Se o Ciclo da Páscoa é marcado pelo
sacramento da alegria, o Tempo do Advento é um tempo em que celebramos
sacramentalmente a espera.
Advento da Igreja: de fato, a Igreja vive o
tempo todo um eterno Advento, na medida em que na liturgia eucarística
aclamamos: “Vinde, Senhor Jesus” e na oração do Senhor: “Venha a nós o vosso
Reino”.
O projeto de Deus nos personagens bíblicos:
Maria, a imagem da Igreja, é a portadora da Arca da Aliança, que traz em seu
ventre o sinal da salvação, por isso se entrega totalmente ao projeto de
salvação de Deus. Os personagens deste tempo nos ajudam a compreender como é
que Deus age em prol da humanidade a fim de salvá-la, guardando-a do mal,
mostrando a todos o verdadeiro Sol do Oriente, que ilumina todos os povos que
andam por entre as trevas, conforme canta Zacarias.
Esperamos que neste Advento possamos ser
como Igreja, povo de Deus, portadores da boa nova do Reino de Jesus. Que nossas
celebrações levem-nos a um verdadeiro compromisso da edificação de seu Reino
entre nós! A feliz expectativa do Reino seja o motivo para celebrarmos o Cristo
que vem.
Você já viu estes três nomes? E sabe as posições que assumiram no catolicismo? Não opine sem ter lido os livros que contam suas histórias.
Para Bento XVI os católicos não poderiam nem batizar o marxismo, nem aderir á luta de classes. A doutrina do Vaticano II, assumida por Ratzinger não aceitava parceria com o marxismo. Aceitava dialogar, mas não assinar em baixo de regimes marxistas.
O padre Camilo Torres, maoísta ligado ao Sendero Luminoso era militante em favor de cristãos revolucionários armados. Morreu na guerrilha. E os irmãos Ernesto e Fernando Cardenal da Nicarágua, abraçaram um ramo de marxismo que entrou em colisão com o Vaticano II. Para os Papas e o Cardeal Ratzinger naqueles dias haveria diálogo, mas não parceria. Não haveria igreja católica marxista!
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São nomes que católicos de meia leitura conhecem e são de meia leitura porque aceitaram cair em chavões ou esquerdistas ou direitistas.
Outros, mais informados e mais estudiosos, leram tudo o que os três escreveram. Os três eram teólogos pensantes. E nem sempre concordaram em tudo, mas ao menos sabiam que em Eclesiologia se tratava de coisas sérias que tinham a ver com o conceito da Igreja Católica em atualização a partir dos anos 1960. O mundo mudara e os católicos também estavam mudando! E este é o papel dos teólogos e sociólogos e pastoralistas católicos. Estudar estas mudanças!
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Um dos três, o teólogo Joseph Ratzinger tornou-se Papa. E quem estudou Teologia e a História da Igreja Católica dos últimos 60 anos sabe o conteúdo dos três e que posição assumiram um como padre, o outro como frei e o outro como Papa.
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Ratzinger que ainda não era Papa, escreveu claramente na “Instrução” de setembro de 1984 e na outra de outubro de 1986 sua opinião sobre regimes sem liberdade, entre eles o comunismo; e pronunciou também o seu juízo sobre a homossexualidade. Era seu dever já que João Paulo II o nomeara para este cargo!
É claro que ele não concordava com a velocidade das mudanças. Mudanças, sim, mas teólogo propõe e não governa! A Igreja tem hierarquia. E o teólogo, a menos que seja eleito Papa, opina, mas não governa!
Ratzinger foi duro contra regimes anti democráticos e foi bem mais gentil contra os homossexuais. Discordava deles, mas não usou a palavra “pecaminoso”. Porém insistiu que o instinto e a energia sexual deveriam ser dirigidos apenas para o matrimônio entre homem e mulher! Cutucou os avançados com vara curta!
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É claro que ficou odiado pelo que disse e ensinou. Mais ainda: na Declaração “Donum Vitae”, sendo ele Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, disse que o embrião tem os mesmos direitos de viver que tem qualquer ser humano.
Foi agredido por gente que se considerava cristã e católica, com palavras impublicáveis e de baixo calão! E ele por dever de ofício, estava apenas defendendo a fé e a moral católica! Era seu papel! Joseph Ratzinger nunca teve medo de ser católico que pensa e opina como bispo católico!
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O CONFLITO com o teólogo Hans Kung vinha desde o Concílio. Era sobre os limites da autoridade do Papa. Hans Kung ultimamente não tem falado muito!
Leonardo BOFF ainda fala. Acabou de falar nestes dias seguintes à sua morte!
O conflito com o, até então frei Leonardo BOFF, veio da leitura que o frei fizera da Teologia da Libertação proposta originalmente de Gustavo Gutierrez.
Não era a mesma proposta, tanto que ambos: criador e divulgador seguiram rumos diferentes.
Mas tudo isto caíra na mesa do Cardeal Ratzinger a quem, por ofício, cabia defender a “ortodoxia” da fé.
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Deu no que deu até hoje... Hanz Kung foi proibido de lecionar em algumas cátedras católicas e Leonardo BOFF deixou o sacerdócio e a vida de frei por sua defesa da Teologia da Libertação do jeito dele, e não do jeito do Padre diocesano Gustavo Gutierrez, que hoje é frei e sacerdote dominicano.
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Como os três tiveram seguidores ferrenhos sobraram críticas e invectivas contra o Cardeal Ratzinger, o mais injustiçado dos três.
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Criou-se um tipo de ódio virulento contra o futuro cardeal alemão. Eleito Papa depois de João Paulo II, quem ousou defendê-lo também ganhou apelidos de conservador e intolerante! Eu mesmo passei e passo por isto. Era um tipo de crime de ignorância defender o Papa polonês João Paulo II, ou o cardeal alemão.
Agora, doze anos depois, há correntes de católicos de direita excessivamente politizados agredindo quem defende o Papa argentino! Eram contra o Papa conservador e agora são contra o Papa inovador …
Não entendem o papel de um Papa! Nenhum deles pediu para ser Papa! Não nestes últimos 150 anos de catolicismo!
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O cardeal Ratzinger estava fazendo o que o Papa João Paulo II pedira: defender a doutrina oficial da Igreja, por mais populares que fossem os famosos teólogos norte-americanos, alemães, holandeses, belgas e brasileiros. A decisão era: “Atualiza-se a doutrina, mas não se mexe com o núcleo da fé!”
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Quem não os leu defendia e ainda hoje defende apenas a tintura; mas quem os leu sabia dos argumentos de todos os lados. É claro que Ratzinger não cedeu. Nem poderia! Os outros, ou continuaram a opinar e debater, ou cederam.
Teologia e Eclesiologia são ciências católicas que exigem muita pesquisa, estudo e leitura. A admiração, a torcida ou a ideologia não podem prevalecer na nossa Igreja!
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Quem sempre leu, entendeu que não era apenas questão se ser retrógrado, conservador ou avançado. Era questão de saber o que estes teólogos católicos queriam para a Igreja depois do Concílio Vaticano II. Que mudanças? Que tipo de mudanças? Até que ponto?
Quem ficou Papa com o nome de Bento XVI manteve o que sempre defendeu. Fora eleito para isto e talvez por causa disto.
Bento XVI morreu no último dia do ano 2022 como teólogo sólido, talvez o mais culto e sólido católico destes últimos 100 anos da História do Catolicismo.
Nós, cristãos, levamos vinte séculos falando de amor. Repetimos constantemente que o amor é o critério último de toda atitude e comportamento. Afirmamos que a partir do amor será pronunciado o juízo definitivo sobre todas as pessoas, estruturas e realizações dos seres humanos. Não obstante, com essa linguagem tão bela do amor, podemos muitas vezes estar ocultando a mensagem autêntica de Jesus, muito mais direta, simples e concreta.
É surpreendente observar que Jesus dificilmente pronuncia nos evangelhos a palavra “amor”, também não nesta parábola que nos descreve a sorte final da humanidade. No final não seremos julgados de maneira geral sobre o amor, mas sobre algo muito mais concreto: O que fizemos quando encontramos com alguém que precisava de nós? Como reagimos diante dos problemas e sofrimentos de pessoas concretas que fomos encontrando no nosso caminho?
O decisivo na vida não é o que dizemos ou pensamos, o que cremos ou escrevemos. Tampouco bastam os belos sentimentos ou os protestos estéreis. O importante é ajudar a quem precisa de nós.
Os cristãos, em sua maioria, sentem-se satisfeitos e tranquilos porque não fazem nenhum mal especialmente grave a ninguém. Mas esquecem que, segundo a advertência de Jesus, estão preparando seu fracasso final sempre que fecham seus olhos às necessidades alheias, sempre que eludem qualquer responsabilidade que não seja em benefício próprio, sempre que se contentam em criticar tudo, sem estender a mão a ninguém.
A parábola de Jesus nos obriga a fazer-nos perguntas bem concretas: Estou fazendo algo por alguém? A que pessoas posso prestar ajuda? O que faço para que reine um pouco mais de justiça, solidariedade e amizade entre nós? O que mais eu poderia fazer?
O último e decisivo ensinamento de Jesus é este: o Reino de Deus é e sempre será dos que amam o pobre e o ajudam em sua necessidade. Isto é o essencial e definitivo. Um dia nossos olhos se abrirão e vamos descobrir com surpresa que o amor é a única verdade, e que Deus reina ali onde há homens e mulheres capazes de amar e preocupar-se com os outros.
JOSÉ ANTONIO PAGOLAcursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
Assim diz o Senhor Deus: “Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão.
Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito. Quanto a vós, minhas ovelhas, — assim diz o Senhor Deus — eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes”.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos.
Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.
E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.
«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram.’
Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não me foram visitar’. Também estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos?’ Então o Rei responderá a esses: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.»
_____________________________________________________________________________________ Reflexão do padre Johan Konings:
Jesus, Rei do Universo
Ensina o profeta Ezequiel: Deus, no tempo de sua intervenção, assumirá pessoalmente o governo do seu povo, como um dono que quer cuidar pessoalmente do seu rebanho – já que os pastores não prestavam (1ª leitura).
No evangelho de hoje, último domingo do ano litúrgico, Jesus evoca essa imagem para falar do Juízo no tempo final. Ao mesmo tempo “rei” e “pastor”, o “Filho do Homem” vai separar os bons dos maus, como o pastor separa os bodes dos carneiros. E o critério dessa separação será o amor ao próximo, especialmente ao mais pequenino. Aliás, Jesus se identifica com esses pequenos. Conforme tivermos acudido a esses, nas suas necessidades, Jesus nos deixará participar do seu reino para sempre – ou não.
A 2ª leitura completa esse quadro pela grandiosa visão de Paulo sobre Jesus, Rei do Universo. Ele subjuga todos os inimigos, inclusive a morte; e então, ele mesmo se submeterá a Deus, para que este seja tudo em todos. Assim, a obediência e o despojamento de Jesus o acompanham até na glória.
Chamar Jesus Rei do Universo significa que é ele quem dirige a História. Sua mensagem, selada pelo dom da própria vida, é a última palavra. A mensagem do amor fraterno gratuito, manifestado ao mais pequenos dos irmãos, é o critério que decide sobre a nossa vida e sobre a História.
Entretanto, vivemos num mundo de pouca gratuidade. Até aquilo que deve simbolizar a gratuidade é explorado e comercializado (indústria dos brindes…). Esforçar-se por alguém ou por algo sem visar proveito parece um absurdo. Contudo, é isso que vence o mundo. É deste amor não interesseiro que Cristo pedirá contas na hora decisiva.
Ora, olhando bem, descobrimos que esse amor gratuito existe no mundo. Mas por sua própria natureza, ele fica na sombra, age no escondido, produzindo, contudo, uma transformação irresistível e sempre renovada. Temos assim exemplos de pessoas individuais que optaram pelo amor gratuito, ou também de grupos que vencem a exclusão pelo modo solidário de viver. Evangelho é educar as pessoas para a caridade não interesseira e criar estruturas que a favoreçam (contra o consumismo, a competição exacerbada, o classismo e o racismo e todas as formas de negação dos nossos semelhantes). Neste sentido, os humildes projetos de solidariedade não interesseira (creches de favela, hortas comunitárias, escolas atendidas por voluntários, etc) são uma coroa para Cristo Rei, que hoje celebramos.
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.